-
30/04/2001 - Sábado - 8o. dia

Acordamos por volta das 7:00 horas, com sinal de mais chuva. Por isso acabamos de fazer o "chek out do hotel", nas dependências do posto. Em seguida fui arrumar as varetas da barraca, quando um serralheiro improvisou uns caninhos para os locais quebrados e aproveitamos para ajeitar os alforges que estavam bastante tortos.
Seguimos para a divisa com o objetivo de arrumar a documentaçao de saída do Brasil e entrada na Bolívia. Porém, para nossa surpresa, a fila era enorme e o horásrio de expediente era até as 13 horas, e nao conseguimos ser atendidos. Teríamos que passar mais um dia em Corumbá.
Dessa vez, conseguimos um local melhor para acampar. Aproveitamos o restante do dia para passear e passar um super bonder no meu capacete que quebrou durante a tempestade noturna; provavelmente sentamos nele.
-
A "Adelita" Edivânia vai para a galeria das heroínas.
Parabéns para o casal pela alegria e determinação em superar as dificuldades com tanta naturalidade.
Abs
Dolor e Angela
-
01/05/2011 - Domingo - 9o. dia

Acordamos por voltas das 6:30 horas e até fazer o "chek out" demoramos e quando chegamos na Aduana já tinha mis de 50 pessoas na nossa frente. Menos sorte tiveram um grupo de 8 motociclistas Bolivianos que chegaram no dia anterior após o término do expediente e foram para Corumbá dormirem. Porém demoraram e quando chegaram nao foram atendidos novamente. Tiveram que esperar segunda-feira. Sobre esses colegas falarei depois.
-
02/05/2011 - Segunda-feira - 10o. dia

Ontem tivemos que usar a reserva de 10 litros de gasolina dos tanquinhos e hoje achei seguro comprar 4 litros de um motorista de taxi, tendo que o próximo posto ainda está a 200 km de distância.

A nossa mente foi toda dedicada às estórias ouvidas durante o caminho. Os oito Harleyros bolivianos que encontramos na aduana disseram que tiveram que contratar um caminhao para transportar as motos por 47 km sem asfalto. Alegaram existência de muito barro e grandes trechos de pedras em aclives. Passaram tanto medo que a minha corajosa companheira ficou com medo. Para complicar ouvimos os mais absurdas estórias de assalto e roubo nesse percurso.

Meu argumento foi:"quando chegarmos mais perto a gente fica sabendo". Assim partimos. Quanto mais perto chegávamos do trecho mais otimistas eram as informaçoes.
Até que enfim, após quase 500 km sem posto, chegamos à San José de Chiquitos, onde abastecemos. A respeito da pobreza da regiao, o dono do posto apresentou o seguinte argumentou: "hoje estamos no mesmo estágio de desenvolvimento que Mato Grosso, no Brasil, estava em 1965. E eu acrescento: a regiao Oeste da Bolívia está no mesmo estágio de desenvolvimento do Tocantinis na década de 80, ou seja: com 30 anos de atraso. Esse senhor foi otimista quanto à nossa subida na estrada sem asfalto.
Esse senhor nos recomendou visitar a igreja da sua vila. Foi uma grata surpresa. Uma maravilha construida por volta de 1800 que tem capacidade para comportar 20% da atual populaçao da cidade. Hoje a vila deve ter 3 mil habitantes, imagine por volta de 1800, para que uma igreja daquele tamanho?
Assim resolvemos fazer o que as Harley nao fizeram: enfrentar o trecho. Depois de umas 4 horas chegamos ao final dos 47 km felizes da vida. Quando eu consertar meu netebook, vou gerar um filme contendo as peripécias dessa viagem.
-
03/05/2011 - terça-feira - 11o dia

Saimos tarde de Santa Cruz. Fui ao Banco do Brasil ver como estava os gastos e encontrei a maior fila já vista na porta de um banco. Todos Brasileiros que estudam medicina na Bolívia, na esperança do Mercosul liberar a profissao entre os países do acordo.

Fui em uma lan-house atualizar o blog e esperar o escritório turístico onde eu obteria informaçoes turísticas ao longo do percurso até La Paz. Uma observaçao do rapaz das informaçoes turísticas nos chamou atençao: "nao parem nessa regiao da Villa Tunari, ela é muito perigosa. É onde está concentrado o maior polo de narcotráfico da Bolívia!". No próximo post retornarei a esse assunto.

Logo que saímos da cidade começou a escurecer e procuramos um posto para dorimir. Logo enxergasmos uma excelente estrutura nos funtos do posto e paramos. Segue a foto da agradável palhoça. O gerente do posto que morava ao lado nos deu todo apoio.
-
04/05/2001 - quarta-feira - 12o dia

Durante a viagem eu dizia para mim mesmo: "viva Evo Morales!!!!!, gasolina a menos de R$1.00, só um cara de peito para tomar a Petrobrás". No dia do trabalhador, que aqui comemora no dia 02/05, eu o vi num comunicado oficial pela TV se vangloriando por ter estatizado o Petróleo, a Energia, as Telecomunicaçoes, etc. Com o preço da gasolina nesse preço nem fiquei grilado com o fato dele ter nos surrupiado a Petrobrás. Pensei "azar da Petrobrás! No Brasil ela coloca o petroleo a R$3,20 para dar lucro aos assionistas que se dane ela!".
Porém minha alegria acabou logo: foram oito postos de gasolina sem o produto. Tive que comprar gasolina no paralelo quase ao custo da do Brasil. Na cidadezinha que estou já vi um posto sem gasolina e uma fila enorme em outro. A sorte é que estou com o tanque e os galoes cheios e vai dar para eu subir a serra até Cochabamba.
Parando de posto em posto, nossa viagem rendeu muito pouco e logo o sol estava caindo e precisávamos parar para dormir. Na primeira abordagem sobre acampar, nos informaram um parque da cidade que era ótimo e grátis. Nos mandamos para lá. Logo na chegada vimos uma moto vermelha estradeira estacionada na porta de uma casa, que por sua vez ficava na porta do referido parque. Nas primeiras palavras ele já me franqueou seu alpendre, conforme foto em anexo.

Lembram-se daquele recomendaçao sobre regiao do narcotráfico? Pois entao, na conversa com esse senhor, nos disse que na cidade, Villa Tunari, nao existe polícia, porque os traficantes matam todos. E ficam por isso mesmo, porque é a regiao onde nasceu e cresceu o atual presidente do país. Carro e moto nao usam placas, para nao pagarem imposto.
Mas a harmonia do parque era tao legal que nem me preucupei com esse pequeno detalhe de segurança.
Em Villa Tunari, encontrei uma coisa pitoresta. O parque é uma reserva onde sao soltos animais recuperados em gaiolas, circos e contrabando. Até aí, tudo normal. O anormal é que umas três dezenas de jovens de vários cantos do mundo (Alaska, França, Alemanha), pagam 30 dólares por mês para trabalhar e cuidar dos bichos. E olha, que eles trabalham duro, carregando alimento para cima do morro. O valor que eles pagam serve para ajudar nos custos de alojamento e alimentaçao que recebem.
-
05/05/2011 - Quinta-feira - 13o dia

Como a hospedagem em Villa Tunari foi boa, resolvemos passar duas noites e aproveitar para lavar a roupas que estavam bem sujas da estrada de terra que passamos e do suor que nos castigou em alguns trechos. No geral temos pegado tempo frio desde Bonito no Matro Grosso do Sul. Em Villa Tunari está em torno de 18 graus e a informaçao é que La Paz está em 4 graus e no Lago Titicaca -2 graus. Com essa temperatura nesse lugar eu nao contava.

Como nao tinha nada para fazer, aproveitei para fechar a contabilidade (Dados até ontem 04/05):
- Total de km rodados : 2.815 km; - Média de Km / dia: 234.58 km/dia
- Total das despesas : R$ 1.092,24; - Média despesas: R$ 91.02 dia.
Portanto pelos dados acima, estamos devendo km rodados cuja média prevista é de 300 km por dia.
Vale ressaltar que no total de valor gastos consta R$ 296.00 com passeios. A comida e o combustível na Bolíva permite juntar "gordura" financeira para os locais mais caros.
Agora vou embora, porque um cachorro mordeu minha bunda e está incomodando meu acento em frente ao micro. Vou colocar meu anfitriao para vigiar o bicho a respeito de raiva. Até nisso tenho que contar com a sorte.
Vou complementar uma informaçao de ontem que esqueci. É que encontramos três brasileiras numa cidade chamada Monteiro, logo após Santa Cruz. Na realidade foi a Nanci, do Rio de Janeiro, que nos achou e nos levou para conhecer as outras duas: Vera, também do Rio e Maria Ramos de Itumbiara. Essas três mulheres coordenam projueto de criança carente através da Igreja Católica que é um exemplo de voluntariado. Tenho mutas coisas para escrever a respeito do projeto, mas vou me limitar a duas: - Às crianças elas ensinam os valores: cumprimento de horário, honestidade e ética; - Aos pais sao ensinado: cuidar da higiene e alimentacao das crianças e a exigir-lhes assiduidade e cumprimento dos deveres escolares. Segue a foto com o grupo.
-
06/05/2011 - Sexta-feira - 14o dia

Saimos cedo com vista a subir a primeira fase da serra até Cochabamba. Saimos de de uma altitede de 600 msnm com destino a La Paz que fica em torno de 4.000 msnm. Sabíamos que nao daria tempo de chegar à La Paz no mesmo dia, mesmo porque tinha Cochabamba para conhecermos no caminho.
A primeira fase da subida, até Cocha, foi maravilhosa. Paramos no meio da serra para comer uma Truta muito gostosa e depois continuamos subir.

Uma passada rápida por Cochabamba, para compra dos suprimentos do restante do dia até a manha do dia seguinte, conforme é de praxe. A minha preocupacao com a subida da segunda parte da serra era grande. Tínhamos informacao que o estado de conservacao da estrada era péssima, o que veio a confirmar. A Celestina por ser carburada, já dava sinais de falta de oxigenio. Por isso a viagem rendia pouco.

Na media que o sol baixava a preocupacao aumentava. Será que teríamos que dormir numa comunidade Andina daquela. Nao deu outra: tivemos que parar numa dessas.
As fotos de Dom Quixote sao de Cochabamba. A serra verde é a primeira fase da serra e de terra a segunda.
-
07/05/2011 - Sábado - 15o dia

Considerando que o sol sumia e o vento e frio aumentavam consideravelmente resolvemos pedir poso numa Comunidade Andina que nao entendiam nada que falávamos. Depois que apareceu um enfermeiro deles que sabia falar espanhol.

Armamos a barraca na maior velocidade possivel visando esquentar o corpo e entrar dentro dela. Entramos e vestimos a maior quantidade de roupas possível e entramos dentro dos sacos de dormir previstos para suportar zero graus célsius.

A Edivania dormiu super bem, mas eu senti os efeitos da altitude e nao consegui dormir quase nada. Era uma dor de cabeca constante, estomago enjoado e corpo meio febril.

No dia seguinte a surpresa: tinha caído uma geada das bravas. Resultado: os sacos de dormir estao apravodados.

Na viagem rumo a La Paz encontramos um grupo de motociclistas de Uorus na Bolivia.
-
08/05/2001 - domingo - 16o dia

Ontem chegamos em La Paz por volta das 12 horas, demos um volta pela cidade, reabastecemos num dos poucos supermercados da cidade e partimos rumo a Coroico, tendo em vista que meu planejamento preve passar pela estrada mais perigosa do mundo entre La Paz e Coroico.
Porém nao contávamos com uma manifestacao religiosa no meio da rodovia e lá pedermos mais de duas horas, obrigando-nos a deixar a descida da serra para hoje, domingo.

Hoje a estrada nao é a mais perigosa como dizem na internet, tendo em vista que tiraram o tráfego dela e hoje é destinada apenas para os passeios turisticos, sobretudo para as dezenas de ciclistas que a desceram junto com a gente.
Na tentativa de encontrar um lugar para dormir descemos até a cidade de coroico pela via asfaltada. Depois que voce enxerga a cidade, ainda faltam 60 km só de curva, passando de um lado a outro da montanha. Sai de 4 mil metros de altitude para 1200.
De manha tivemos que subri a serra por 60 km até alcanñar a estrada de terra. A qual tivemos que subir novamente após a descida.
A descida foi maravilhosa, foi como se estivéssemos curtindo um passeio dominical ao redor da minha querida Morrinhos, olhando a paisagem e esperando o dia passar. Aproveitamos uma cachoeira na beira da estradinha para tomar um banho, tendo em vista que já fazia calor.
Permissões de Postagem
- Você não pode iniciar novos tópicos
- Você não pode enviar respostas
- Você não pode enviar anexos
- Você não pode editar suas mensagens
-
Regras do Fórum