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GCFC Elton, nos lembramos muito daqueles dias em Balneário Camboriú e quando passamos em frente aquele boteco, com o mesmo nome do nosso grupo, não resistimos e fizemos a foto, que não consegue traduzir a emoção que sentimos naquele momento.
Bobagem, mas a vida é assim de pequenas lembranças, pequenos estímulos e grandes sentimentos!
Pensamos nestas fotos mas não nos sentimos no direito de postar nenhuma, mas agradecemos a tua gentileza em faze-lo.
Tempos bons, muito bons mas a roda roda pra frente e se formos cair, que seja para cima.
Beijos
Dolor e Angela
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058/293 - Meleiro
Mesmo com o fim da tarde chegando, o prazer que sentimos pilotando a moto por estas estradas do interior de Santa Catarina nos chama a atenção sobre outras experiências que já tivemos, com esta mesma moto, por outros países e o questionamento foi imediato: tem alguma diferença entre se rodar "em casa" e no exterior?
Sem dúvida que a excitação de estar viajando fora é diferente daquela caseira, mas concordamos a Angela e eu, que a base de toda a alegria de se estar viajando de moto, é o de se estar em cima da moto.

Este é o ponto principal, não importa se em Nova Roma, como era conhecida esta cidade hoje rebatizada como Meleiro, ou na própria dita cuja velha, a original, aquela da Europa.
O fundamental é se livrar dos grilhões, das amarras do cotidiano e sair, não importa para onde.
Quantos compromissos nos seguram, sejam familiares, profissionais ou da incapacidade que temos muitas vezes de simplesmente...sair...não importa para onde e nem por quanto tempo, desde que seja muito e melhor ainda, se para bem longe.

Vamos nos tornando reféns de nós mesmos e consequentemente, sem capacidade para pegar a chave da moto, daquela amada que tem o poder de nos incendiar com o seu ronco e nos levar para qualquer lugar distante do portão de casa.
Enquanto isto a vida vai passando...e quantos não vão se frustando por não poderem dar ronco às asas das nossas adolescências que afortunadamente, hoje, para muitos, está na garagem, ao alcance de uma girada de chave e do controle remoto do portão...que insiste em não abrir.

Para nós, hoje está sendo mais um ótimo dia, literalmente, com o sol ainda com força para nos manter levemente encalorados, mas felizes, ao vermos mais uma pequena cidade do sul de Santa Catarina, tão arrumadinha, quanto esta Meleiro, nome dado em função da grande quantidade de colméias e à fartura de mel que tinha na região quando os italianos chegaram.
Continuou o sotaque na população com pouco mais de 7.000 habitantes, mas as abelhas, estas sumiram, e a cidade vive da sua vocação agrícola.

Este trecho de 37 km voou e praticamente nem percebemos que já estávamos fazendo as fotos na prefeitura, bem ajeitada, conforme pode ser verificado.
059/293 - Morro Grande
As origens dos nomes das cidades, normalmente estão relacionadas com alguma característica do lugar onde os colonizadores se instalaram, e aqui não foi diferente, pois ao chegarem a região, perceberam logo após os cortes das primeiras árvores para as construções das suas casas, que o lugar era cercado de morros, e não foi necessário um grande esforço para concluírem pelo morro maior, o grande, para batizar o vilarejo.

Também com sotaque italiano, os quase 3.000 habitantes, vivem da agricultura, que infelizmente, salvo melhor juízo, até porque a análise que faço é muito superficial e baseada naquilo que vamos vendo, sentindo e depois pesquisando, é que grandes potenciais turísticos vão sendo desprezados pelas comunidades, que não sabem avaliar a dimensão do que tem nas mãos, como no caso aqui desta pequena cidade, que entre outras maravilhas, tem várias cachoeiras, lindas, inclusive com possibilidade da prática do surf, para mim, inusitado, e que não as exploram, pelo menos como deveriam.

Foto divulgação
Imaginem divulgar mundo afora que aqui há possibilidade de surfar numa cachoeira!
Não viriam surfistas de tudo quanto é lugar, especialmente se pudessem viver a cidade com todos os outros equipamentos naturais e ou construídos?

Por acaso é pecado construir atrações!
É pecado ganhar dinheiro?
Uma pena que o nosso país vá deixando de lado tantas potencialidades, aqui extremamente generosas em belezas e quantidades!
060/293 - Forquilhinha
Agora o buraco já começou a ficar mais embaixo, pois a noite se fez presente neste sábado, movimentado como em todas as cidades que se transformaram em aglomeracões urbanas, especialmente aqui quando não sabemos onde termina Forquilhinha e começa Criciúma, o trânsito é simplesmente caótico, a sinalização inexistente, as lombadas em profusão e os radares extorquidores.
Isto não dá um samba?

O pior é que a letra pode ser a moto embaixo de um desses milhares de veículos que trafegam como se fossem donos daquela metade da rodovia estadual, em condições de manutenção abaixo da crítica, que se confunde muitas vezes com as calçadas para pedestres, que se confundem com as bicicletas, motos, caminhões, enfim, um caos.
O prazer da pilotagem aqui se transforma em temores e a atenção é mais do que redobrada para que se evite acidentes e armadilhas produzidas pelos avisos de radares que o GPS insiste em nos informar preventivamente.

Não queremos nem pensar que aqui é uma cidade com sotaque alemão e um tipo de celeiro de padres, alguns bem famosos, como o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns entre outros que tão bem representam ou representaram esta comunidade.

Foto divulgação
Também não nos esquecemos da Da. Zilda Arns, médica, falecida em Porto Príncipe, como uma das vítimas do terremoto que aconteceu no Haiti e uma dos 16 irmãos do Cardeal, que nos orgulhou como brasileira e como ser humano.
Todavia, tudo isto naquela selva que vivíamos parecia não ter a importância que deveria, porque queríamos fazer a foto na prefeitura e partir depois de havermos rodado em torno de 30 km.
Posso estar exagerando um pouco, mas o sentimento que tivemos foi o de sobrevivência!
E olha que estamos falando de uma cidade com pouco mais de 23.000 habitantes.
Ufa!
061/293 - Criciúma - Capital do Carvão

Sinceramente, ainda no campo do exagero, aqui então, ficamos virados do avesso.
Como diz o caboclo, tirando a Av. Centenário "de fora", que é bonita, o que sobra, pelo que vimos neste sábado, ainda noite, era uma visão do inferno.
Para chegarmos a prefeitura e depois sairmos dela para Urussanga, foi uma sucessão de desvios, obras inacabadas no sistema viário, lombadas, radares, enfim, uma barbaridade.

Sinto que a estrutura atual está chegando no seu limite, não por culpa do desenvolvimento, porque isto é o que queremos, mas pela ausência do estado em prover as necessidades que as comunidades vão criando e o país vai afundando na falta de infra estrutura.
Fora isso, é chover no molhado!
Infelizmente, não é privilégio de Criciúma, que nada mais é do que mais uma vítima, mas da falta de visão de futuro das nossas autoridades, que numa grande maioria, são "pitocas".

O problema todo é que ficamos no meio deste tiroteio, sem possibilidades de escape, porque concluo também, que quanto maiores são as cidades no nosso país, numa proporção geométrica, são piores.
Estamos transformando as nossas cidades, em aglomerações, em amontoados de gente e de veículos, sempre com um radar a espreita para nos saquear.
Uma imoralidade!
Fizemos a foto na prefeitura e procuramos sair logo, com muita dificuldade tal a quantidade de "quebradas" que tivemos que tomar para achar a saída, isto com o GPS quase pedindo socorro e nós nos escapando, de verdade, de um acidente que teria proporções gravíssimas, caso eu não tivesse desviado intuitivamente, e não só por isso, pela sorte de não vir, exatamente naquele segundo, um carro na faixa contrária para onde tive que jogar a moto, para não ser abalroado lateralmente.
Uma selva, foi o nosso sentimento, nesta cidade com praticamente 200.000 almas!
Voltaremos um dia com mais calma para tirar esta má impressão e usufruir das belezas que a cidade oferece, entre outras, da possibilidade de se visitar uma mina modelo, o que pode ser uma experiência muito interessante.
A única do país, se não estou mal informado!

Foto Lysandro Lima
Finalmente, chegamos em Urussanga e relaxamos num simpático restaurante...

Mas daí é história para amanhã!

Total percorrido : 131 km - Total geral : 3.404 km
Última edição por Dolor; 13-08-12 às 21:31.
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062/293 - Urussanga - A Capital do Bom Vinho - 15/07/2012
Os ditados nada mais são do que a síntese da sabedoria popular, portanto, segui-los não deixa de ser uma boa idéia.
Para não fazer uma bobagem conte até três, e para não fazer uma bobagem maior ainda, conte até dez!

Contamos até mil e refreamos os nossos ímpetos e instintos com relação ao trânsito, louco, de ontem a noite, talvez potencializado pelo nosso cansaço, que se arriou após nos instalarmos, cômoda e honestamente, no Hotel Contessi, por R$110,00, uma das melhores relações custo benefício até agora, nem tomamos banho e nos dirigimos para o Restaurante Marias e Rosa, com vocação italiana, que após a primeira taça de vinho, transformou tudo em alegria e cumplicidade.
Rimos até do nosso quase acidente, que teria sido muito sério, não fora a sorte que tivemos em nos livrar do dito cujo.

Urussanga, como diz o seu slogan, é a terra do bom vinho, que infelizmente, nesta noite, não pudemos provar pois o restaurante não tinha a meia garrafa do local, dose certa para a Angela.
Optamos então por um argentino, na terra do "vino", pode?

Teremos que voltar para cá, com mais calma, talvez durante a Festa do Vinho, que se realiza no mês de agôsto dos anos pares, portanto, este ano haverá a festa ou quem sabe, em setembro, durante o Moto Vinho, provavelmente a nossa opção.
O sotaque italiano é presença muito forte nas construções, tipo casario, nas igrejas, praças, vinículas, enfim, se respira um forte ar da magia da Itália por onde quer que se ande.

É uma comunidade com 20.000 pessoas que celebra ainda durante os anos ímpares, o Ritorno alle Origini, ou seja, tem festa todos os anos, bem dentro do espírito dos imigrantes que aqui deixaram as suas marcas, fortes.
Entretanto, falamos de uma população de aproximadamente 320.000 habitantes na microrregião de Criciúma, a qual Urussanga faz parte, para podermos ter uma dimensão mais próxima da movimentação da área, porque praticamente as fronteiras entre boa parte destes municípios se confundem.

Apesar de ter sido a maior colônia italiana no sul de Santa Catarina, curiosamente, o nome adotado vem do tupi guarani, que significa "rio de águas frias", no lugar dos homônimos de cidades italianas, mormente da origem dos imigrantes, com que batizavam as cidades por aqui.
Também durante muitos anos a principal atividade econômica da cidade foi a extração de carvão mineral.
063/293 - Cocal do Sul

Os próximos 11 km que separam Cocal do Sul, de Urussanga, praticamente em nada muda o panorama desta região italiana, no sul de Santa de Catarina.

Claro que as diferenças estão em função das mãos de administram as cidades, que vão dando contornos diferenciados.

Com uma população de pouco mais de 15.000 pessoas, é no interior do município que a colonização se faz presente com muito mais intensidade, através da grande quantidade de pequenas igrejas, onde as comunidades se organizam, com forte presença na agricultura, porém, ficando o esteio econômico em torno das cerâmicas, herança também dos italianos, que são especialistas nesta área, sendo a estrela, a empresa de pisos e revestimentos Eliane, referência nacional, ironicamente, de origem polonesa.
Durma-se com um barulho desse!

Total percorrido : 11 km - Total geral : 3.415 km
Última edição por Dolor; 13-08-12 às 21:31.
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Santa Catarina está ficando pequena!
Boa sorte, Aventureiros!!
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064/293 - Siderópolis - Nova Belluno
Indiscutivelmente os momentos de grandes dificuldades dos seres humanos, via de regra, foram os mais produtivos. Com relação aos europeus, o dito não foi diferente, pois os mesmos de um modo geral viviam naquele século XIX, um período difícil e a coragem para buscar novas paragens foi o grande motor que trouxe para o Brasil, as ondas imigratórias tanto de italianos, quanto de alemães, poloneses, enfim, cada um ao seu tempo, buscou acalento nas novas terras.

Siderópolis foi uma das primeiras colônias italianas no Brasil, que se beneficiou de incentivos dado pelo governo brasileiro, com redução do preço das passagens, as vezes até mesmo gratuidades, especialmente para o sul, de europeus, que quer queiramos ou não, tinham uma qualificação de mão de obra, distantes anos luzes da nossa, especialmente após a libertação dos escravos, abriu um país extremamente carente de trabalhadores mais qualificados, que tiveram também grandes facilidades na compra de terras para se instalarem e produzirem.
Boa época aquela que nos deu como legado grandes empreendedores, estudiosos e famílias que vieram a participar da base de sustentação do país.
Para variar, os imigrantes batizavam as novas colonizações com os nomes dos seus lugares de origem, daí então Nova Belluno, em homenagem ao lugar de onde vieram, que entretanto, não resistiu ao nome atual, que significa cidade do ferro.

Rodamos somente 25 km do nosso último ponto até aqui, onde se nota a religiosidade católica da cidade, quando vemos do alto dos seus 29 metros a estátua de Nossa Senhora de Fátima, a mais alta do Brasil, protegendo os seus poucos mais de 13.000 habitantes.

Morro da Janela Furada
Cidade pequena, ordeira, tendo parte da sua população com dupla nacionalidade, experimenta os duplos idiomas nas ruas, e em função das experiências vividas, especialmente na Itália, os sideropolitanos em geral, sabem exatamente com quantos minutos se faz uma hora, tal é o rigor aplicado aos trabalhadores no país irmão, convertendo-se desta maneira em pessoas muito produtivas.

Município como tantos outros aqui pelo sul do estado, com muita fartura de água, seja na forma de cachoeiras, rios, lagoas, riachos, barragens, enfim, um grande potencial turístico que pensamos seja explorado ainda de forma tímida, sendo possível ainda, um lindo passeio com a Maria fumaça, na Ferrovia Tereza Cristina, saindo de Tubarão, permitindo uma visão muito interessante das antigas estações, criminosamente desativadas, para infelicidade do estado e do país.
065/293 - Treviso

Esta é outra pequena comunidade, em torno de 3.600 pessoas, quase que poderíamos dizer, de italianos, tal a importância desta etnia na sua formação.
Isto tanto é verdade, que quando nos preparávamos para fazer a foto em frente da prefeitura, fomos abordados por um italiano, agora ele com dupla cidadania, a brasileira, casado uma brasileira, com dupla cidadania, a italiana, com uma filha, brasileira e italiana, num jogo de nacionalidades que dá gosto de se ver.
Gente bonita, agradável e alegre!

Faz jus ao nome de Treviso, cidade italiana que emprestou o nome para a brasileira, finalizando, "tutti buona gente", no "Nosso tempero", um pequeno e muito simpático restaurante que não dava vontade de sair de dentro.

Servidos por brasileiros, que são também italianos, de uma mesma família, os Levati, onde trabalham, a mãe, dois irmãos, um cunhado, uma sobrinha, enfim, aquela coisa gostosa da convivência familiar as 24 horas do dia.

Tem na extração do carvão mineral a principal fonte de renda da cidade, que ainda possuí vários equipamentos naturais para a exploração turística, uma vez que também está no costão da serra, o que permite banho de cachoeiras, passeios por trilhas de matas fechadas, tudo ao sabor do "dolce far niente" para quem quer descansar e contemplar.

Um capricho!
Também queremos voltar para cá com um pouquinho mais de calma, aliás, são tantos os lugares que queremos voltar que creio devamos fazer um novo Valente Fazedor de Chuva, ao término deste.
066/293 - Nova Veneza

Que surpresa este nosso novo destino!

Mesmo os poucos quilômetros que pegamos de terra, foi nos encantando à medida que nos aproximávamos desta nova comunidade, claro que italiana de cabo a rabo.

Muito agradável a nossa chegada e a interação com as pessoas, que gentilmente se acercavam e nos sugeriam opções do que fazer e ver.

Todos orgulhosos das suas origens e da cidade que tem, nos remetem para aquela Santa Catarina, dos sonhos, da organização, da produção, enfim, daquele estado que aprendemos a admirar e a nos orgulhar.

Aqui é puro orgulho!

Inicialmente fomos apresentados para a via sacra assim que rompemos a fronteira do município, já em italiano, e nos deparamos com o antigo prédio da prefeitura transformado em um lindo e gracioso museu, contando a história de trabalho do imigrantes.

Passeio de gôndola?
Claro que sim. Nesta Veneza, a Nova, também tem uma linda gôndola para encanto dos turistas.

Praças, casarios, de pedra também, polenta, a melhor do Brasil, gente alegre e educada em profusão, inclusive arrecadando fundos na via principal da cidade, para que aqueles lindos jovens pudessem ir dançar em Joinville, por ocasião do Festival de Dança, contaminando os visitantes com os bons fluídos das boas vindas.

Imediatamente mudamos o nosso pensamento de seguir viagem e nos instalamos no novo e ótimo Hotel Bomon, um dos primeiros excelentes equipamentos para a nova década de turismo do município, que haverá de ser num espaço bem curto de tempo, o novo polo de atração do Brasil que quer viajar e conhecer.

Tivemos ainda a alegria de sermos convidados pelos proprietários das Casas de Pedras, elevadas à condição de Patrimônio Nacional, que do alto da montanha, guarda toda Nova Veneza.

Uma maravilha!

E o que falar então do Baile de Máscaras?
Uma sucessão de cartões postais!

E o que falar da melhor polenta do Brasil, no Restaurante Veneza, com a cozinha comandada pela Mamma Luiza Bratti?
Haja regime para aguentar tanta comida!

Total percorrido : 49 km - Total geral : 3.465 km
Última edição por Dolor; 13-08-12 às 21:32.
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Fazedores de Chuva, sinceramente nos distanciamos de Nova Veneza com um sentimento gostoso de estarmos saindo de um lugar que vive a positividade das coisas que estão dando certo e isto nos orgulha.
Se não houver nenhuma surpresa, deverá se tornar nestes próximos anos num dos importantes pontos de turismo do nosso país, conforme já tivemos oportunidade de relatar, porque sentimos a atmosfera da cumplicidade cidadã em todos os lugares onde estivemos e com quem interagimos.

Tanto assim que é considerada a Capital Catarinense da Gastronomia Italiana, baseada naquela coisa gostosa do macarrão caseiro, polenta, aliás, considerada a melhor do Brasil, galinha caipira ensopada, salada de batatas com ovos, de "radiche", queijos coloniais, salames, puína (queijo pré-fermentado), enfim, o sabor e a fartura da casa do "nonno" e da "nonna", especialmente para aqueles que tem o sangue "azurra" nas suas veias.

Outra boa surpresa, sem nenhum tipo de preferência religiosa, foi o distrito de Nossa Senhora do Caravaggio, com o seu Santuário dedicado a santa, testemunhando a fé dos seus habitantes que trouxeram lá do outro lado do Atlântico, para colocar neste altar as suas homenagens.
Chegamos a pensar que se tratava de outra cidade de tão arrumado que é este bairro, que nos aparentou muita dinâmica e prosperidade, com inúmeras empresas de porte ao longo da rodovia.

Nova Veneza mescla alegria, espontaneidade, trabalho e respeito, mostrando desta maneira que existe um caminho, quando a sociedade e provavelmente as autoridades locais, conspiram positivamente, em função de um bem comum.
É aquele Brasil que dá certo!
067/293 - Içara - Capital do Mel
Trinta e três quilômetros foram o suficiente para nos colocar de novo naquele ambiente de aglomeração urbana, apesar dos seus 60.000 habitantes, com trânsito beirando o caótico, tal a agitação e movimentação entre Criciúma, esta cidade e a BR 101, que de imediato nos retirou a sensação de relaxamento e de interação com o que nos rodeava.
As vezes tenho também a impressão de estarmos nos transformando em bichos, tipo do mato, pois os engarrafamentos das vias de escoamento das cidades tem me incomodado muito, porque transitar de moto pelos centros, tem sido um exercício de sobrevivência.
Ando muito assustado com os perigos que rodeiam os motociclistas nestes trânsitos insanos.

Içara é o nome de uma palmeira típica da Mata Atlântica, em extinção, que ao nosso ver, produz o melhor palmito do mundo, também conhecida, a planta, como juçara. A cidade tem entre as suas atividades econômicas principais, a apicultura, daí a razão do slogan da cidade, confecção, metalurgia e com grande destaque, a responsabilidade de ser a maior produtora de descartáveis da América Latina.

Quando da pose para a foto na frente da prefeitura, que carece de muitos cuidados de manutenção, fomos surpreendidos pela gentileza de alguns funcionários, extremamente corteses, com a capacidade de mudar, inclusive, a nossa má impressão da região onde está o centro administrativo.

Demos entrevista para um jornalista, Maso Nieto, que naquele momento cobria a rotina da prefeitura com o seu jornal jinews.com.br
068/294 - Balneário Rincão
Rumo ao leste, cruzamos a BR 101 e nos dirigimos para o Balneário Rincão, ainda distrito de Içara, porém, a partir das próximas eleições municipais, em 7 de outubro, será guindado à condição de mais um emancipado na região, quando passaremos a ter 294 municípios, fora o de Pescaria Brava, aqui perto, que também será elevado.

Portanto, a partir desta visita, estamos não sei se corretamente ou não, alterando em primeira mão o número de municípios de Santa Catarina.

Sinceramente, não sei se é bom ou ruim, pois pelo visto, falta tudo aqui neste futuro município, principalmente estrutura ecônomica para a própria sustentação, ou então, mais um agarrado na teta do estado.
Ficamos pensando que este é o Brasil que dá errado.

Aquele que vive dos dois meses, quando muito da temporada, da venda de serviços e do comércio, neste momento fechado e aparentando pobreza.

Sei lá...

De qualquer maneira nos surpreendemos com a placa na entrada deste distrito de Içara, indicando que ali será inaugurado no dia 25 de julho um portal turístico, ou seja, em pouco mais de uma semana, só se for por obra de alguma mágica que desconhecemos, pois não vimos nem um tijolo sendo erguido, isto sem discutir a importância da obra numa região nitidamente pobre e carente, provavelmente, de escolas, creches, postos de saúde... bem... aí já começo a viajar na maionese de novo.

Com o devido respeito à população, do jeito que está o futuro município de Balneário Rincão, não sentiremos saudade, a não ser do tratamento e do almoço gostoso que comemos no Restaurante do Russo, o artista da foto juntamente com outro cliente ao lado da Bonitona.

Assim finalizamos mais uma etapa do nosso programa Valente Fazedor de Chuva, nos preparando para a próxima semana, se tudo correr bem, cairmos na estrada de novo.
Aprocheguem-se Fazedores de Chuva!

Total percorrido : 353 km - Total geral : 3.818 km
Última edição por Dolor; 13-08-12 às 21:33.
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Oi, Pai!
Como sempre, é muito bom ler o que escreves!
Estou até pensando em pedir para o meu "patrão" deixar eu trabalhar de segunda a quarta para ver se dou uma acelerada no meu desafio de ser Valente!
Te amo!
Paula
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069/295 - Pomerode - "A cidade mais alemã do Brasil"
Finalmente por volta das três da tarde conseguimos vencer a preguiça que se instalara nestes corpos que a terra haverá de comer...um dia...bem distante!
Desde a véspera estávamos combinados de sair neste sábado, tipo cedo, por volta das 10 h, que foi exatamente a hora em que levantamos, daí tudo começou a conspirar de maneira diferente daquela inicial.

Em seguida veio o desejo de comer arroz bem quentinho com ovo frito, pode?
Seguramente foi uma recaída de pobreza, se é que nos afastamos dela alguma vez. O importante, entretanto, é que lambemos os beiços de tão gostoso que estava este menu pra lá de especial, para quem já tinha saboreado com antecipação aquela rica cozinha alemã, pois o roteiro que nos propúnhamos fazer neste final de semana, era nada mais nada menos do que o Vale Europeu... e... terminar com ovo frito, vai uma diferença enorme.

Mas como o que importa é ser feliz, saímos por volta das três da tarde diretamente para a cidade mais alemã do Brasil, que atende pelo nome de Pomerode, uma beleza de lugar, onde se tem a impressão que a ditadura do tempo não chegou, especialmente num sábado meia tarde passada.

Como aquele ovos não garantiram o sustento destes corpinhos, no lugar de visitar qualquer uma das lindas atrações da cidade, fomos direto para o café colonial, Torten Paradies, onde descontamos todas as diferenças calóricas que havíamos economizado com o almoço.
Fomos dominado pela gula, naquele buffet repleto de convites para este pecado.

A partir daí, confessamos, já esperando algum tipo de perdão, foi um pesadelo com os estômagos cheios, claro que o plural é utilizado pela somatória dos dois, mas que também, poderia ter sido potencializado, tanto o foi o que comemos.

Como a noite já começava a se aproximar velozmente resolvemos mudar do sotaque alemão desta Pomerode com os seus 28.000 descendentes daqueleque vieram da região da Pomerania, Alemanha, há mais de 100 anos e que dotaram esta pequena cidade, com excelente qualidade de vida, cujos filhos souberam acrescer uma porção de charme.
Do arroz com ovos até "apfelstrudel", não foram mais do que 97 km.
070/295 - Rio dos Cedros
A vantagem de se estar em Santa Catarina é que se muda de sotaque em poucos quilômetros, pois o odômetro apontava como 12 os percorridos e a língua oficial passou a ser o italiano.

Claro que escondemos a nossa habilidade lingüística na noite que não nos permitiu, também por uma questão de comodidade, ir até a Barragem do Pinhal, em Alto Cedros, um santuário ecológico, distante ao redor de 38 quilômetros do centro, uma vez que a maioria do trajeto é feito em estrada sem pavimentação.

Resolvemos deixar para visitar novamente, em outra oportunidade este pedaço do paraíso, cujo convite a todos fica postado aqui, tendo como peça de resistência, as Barragens tanto do Pinhal quando do Rio Bonito, uma vez que é uma região de beleza e tranqüilidade ímpar.
Claro que o batismo como Rio dos Cedros veio da grande quantidade de madeira de lei que tinha na região, especialmente esta que emprestou o nome para designar a cidade, hoje com aproximadamente 10.000 riocedrenses.
071/295 - Timbó - A Pérola do Vale
Mais 22 km foi o suficiente para voltarmos para o sotaque alemão ainda com pitada italiana, só que agora de Timbó, com os seus 33.000 habitantes, que dão um exemplo para o estado e para o país, pelos excelentes índices de analfabetismo, com apenas, 1,9% da população, ficando ainda no âmbito estadual entre as três melhores cidades quando falamos em qualidade de ensino.
A prova de que a educacão é a base que sustenta toda uma civilização, é que a ONU classificou esta pequena Timbó, como a 10ª melhor cidade do Brasil para se morar.

Pergunto?
É mole?
Tudo isto porque a herança dos imigrantes não se perdeu ao longo dos anos e se encontra presente especialmente na força do trabalho, nas indústrias portentosas que aqui tem sede, na limpeza das ruas e jardins, na hospitalidade do seu povo, enfim, na somatória de coisas boas que somente a força da educação consegue estabelecer.

Tudo o demais é conseqüência!
Não é um Brasil que dá certo?
Só não deu certo o nosso projeto de jantar porque ainda armazenávamos todas os quitutes que havíamos comido em Pomerode e nesta reação de última hora da preguiça, nos rendemos e terminamos a noite com estes corpos recém banhados, prostrados na cama, tipo mortos!

Total percorrido : 131 km - Total geral : 3.949 km
Última edição por Dolor; 13-08-12 às 23:34.
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072/295 - Benedito Novo - 12/08/2012
Acordamos mais preguiçosos do que o próprio domingo.

Nos arrastamos para o restaurante movidos pelo "cheirinho" gostoso de cucas e de café que tinha no ar, emoldurado pelo lindo trabalho de madeira que sobressaia no teto da sala, típico dos artesãos com sobrenomes alemães.

Uma beleza!

O nosso destino do dia era Benedito Novo, distante apenas 15 km deste ponto de partida, por uma estrada que nos permitia usufruir do charme da cultura alemã que vai se alternando pelo caminho, através das casas enriquecidas por lindos jardins, que continuam a ser destaque da região, por construções tipo enxaimel e por propriedades agrícolas, fonte de subsistência de boa parte da população que vive fora do centro, mesmo se tratando de uma cidade com pouco mais de 10.000 habitantes.

Museu da música no caminho de Timbó para Benedito Novo. Não é lindo?
Ficamos imaginando onde ficam os beneditenses durante o domingo, posto que foi muito difícil se ver, como se diz, um pé de gente na rua.

Várias são as teorias a respeito da origem do nome, mas ficaremos, mesmo sem crer, que foi uma homenagem feita ao filho do escravo Benedito, o Novo, que foi ou foram, pessoas extremamente prestativas quando da chegada dos imigrantes alemães.

Se a razão foi esta, parabéns para os homenageados e homenageadores.
073/295 - Doutor Pedrinho
Vamos repetir este nosso sentimento por várias vezes, uma vez que a alegria sentida ao percorrermos os meandros do nosso estado, nos alimenta a alma com os jacintos que fazem parte de uma das regras que regem os Fazedores de Chuva:

"Com os seus últimos vinténs, não compre pão para o corpo, mas jacintos para a alma"

Que felicidade termos este tipo de alimentação sendo sentida pelos nossos sentidos ao percorrer com a nossa moto, o casal, pedaços de história que vão aumentando o nível daquela contaminação positiva, da vida, da vontade de viver e de continuar nos doando um para o outro.

Depois de quase quarenta anos de casamento, voltar um para o outro, em cima da moto, respirando estes ares de liberdade e de cumplicidade quase nos faz sair da realidade e pensar que estamos voando ou mesmo planando, o que não deixa de ser uma verdade, pois não percebemos a não ser pelas belezas terrenas que nos rodeiam, que estamos visitando todos os municípios de Santa Catarina e na menor menção de que falta somente pouco mais de dois centos deles, uma pequena névoa de tristeza nos toma conta, preocupados que tudo isto termine logo e voltemos à terra.

Salto Donner
Realidade esta que nos faz sair da estrada para visitar saltos, cascatas, florestas, quintais, interagir com pessoas e demarcar territórios, permitindo desta maneira que nos sintamos "linkados" com este mundo que se chama Vale do Itajaí, de tantas histórias de obstinações e de sucessos.

Salto Véu da Noiva

Ouvir o barulho da água caindo dos despenhadeiros, o canto dos pássaros que por aqui nos saúdam, nos enchem de alegria quase incontida, posto que a nossa vontade é sair gritando para os transeuntes, se os víssemos, que somos Fazedores de Chuva, quase Valentes.

E o que dizer então quando o único lugar disponível para o almoço era uma quermesse de igreja, com aquele famoso churrasco, maionese e pão?

Aproveitar e gritar para todos os 3.600 pedrinhenses ali presentes, que homenagearam o pai do governador Aderbal Ramos da Silva, quem elevou a vila para a condição de distrito, com o nome da cidade, que gostaríamos de parar o relógio e usufruir daqueles momentos sem a preocupação da partida.

Total percorrido : 49 km - Total geral : 3.998 km
Última edição por Dolor; 23-08-12 às 01:37.
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Vale a pena, para efeito de explicação e de respeito para com os nossos Fazedores, informar que passamos a utilizar o total de 295, como o número de municípios de Santa Catarina, no lugar de 293, porque não conseguiremos terminar antes de 7 de outubro o nosso desafio Valente FC e como a partir das eleições serão criadas as cidades de Balneário Rincão, desmembrada de Içara, e Pescaria Brava, oriunda de Laguna, ambas no sul do estado, nos antecipamos e elegemos o novo número como o nosso objetivo.
074/295 - Rodeio - "Vale dos Trentinos"
Cansados de circular pela Alemanha, como se isto fora possível, resolvemos dar uma esticada até a Itália, aqui representada pela cidade de Rodeio, cujo sotaque, audível onde quer que estivéssemos, era puro italiano, que de certo, tontos de tanto andarem em volta da região onde chegaram, cercado por lindas montanhas, não tiveram dúvidas em colocar este nome numa menção direta as montanhas que "rodeiam" o lugar.

Certamente, zonzos, e na dúvida do batismo, que aliás é sempre um momento difícil nas nossas vidas, dar nomes para os negócios, filhos, aventuras, enfim, muitas vezes depois de tomada esta decisão é que vemos as besteiras feitas, os imigrantes não hesitaram e batizaram este novo pedaço trentino como Rodeio.
E pegou!

Bonito de se ver também é a homenagem feita à estes desbravadores em placa contendo os nomes das famílias que para cá imigraram, por volta do quarto final do século XIX, deixando aqui as suas marcas, visíveis nos descendentes que continuam orgulhando os seus antepassados, mormente, mantendo dupla cidadania.
Um total de 11.000 rodeienses vivem no município.

Não fora o churrasco de igreja que havíamos almoçado, teríamos nos atirado na primeira polenta com galinha ensopada que encontrássemos por aqui.
075/295 - Ascurra
Outra italiana legítima, que hoje vista assim, de maneira singela, não nos permite avaliar com precisão a dificuldade encontrada pelos imigrantes, que vindos da Europa, se embrenharam por uma selva fechada e habitada por índios.

Vale a pena a transcrição de parte da história desses colonizadores, para que tenhamos uma idéia do que foi a vida dessa gente, que honestamente, não nos permite tecer nenhum comentário com viés crítico sobre as dificuldades que vivemos hoje, quando olhamos por cima do ombro, o que essa gente passou, na expectativa de nos darem um futuro.
Tudo bem, cada tempo com a sua história e as suas dificuldades, mas se embrenhar numa floresta, no outro lado do mundo, o tal do novo, sem nenhum tipo de conforto e sem direito a voltar, é no mínimo uma valentia que merece o nosso respeito sem fronteiras.

"A história do município de Ascurra inicia-se no ano de 1874, quando o Dr. Hermann Blumenau designou dois agrimensores para que procedessem a demarcação de lotes urbanos e rurais, estradas a serem construídas, pontes e bueiros sobre os ribeirões e córregos, bem como, houvesse a delimitação dos terrenos para a instalação da futura sede da povoação.
Simultaneamente foram projetadas as praças, logradouros públicos e foram designados os locais onde se construiriam escolas, igrejas e cemitérios.
Os primeiros imigrantes italianos, designados a ocupar as primeiras terras da Colônia de Ascurra, aportaram em Itajaí, em setembro de 1876, época que havia muita imigração, do velho para o novo mundo, originada pela falta de trabalho e de terras para o cultivo.
Dias após o desembarque, guiados por caboclos práticos, alcançaram a sede da Comarca, tendo sido recebidos por Dr. Blumenau, onde, por causa da fadiga de terem caminhado aproximadamente 50 Km, foram acomodados precariamente, juntamente com suas famílias, nos barracões de imigrantes, onde ficaram entre uma e duas semanas.
Após esse período chegou a notícia de que partiriam para seu destino, onde, acompanhados por pessoas práticas em transporte através de montanhas e bosques e de vencerem distâncias através de atalhos, deslocaram-se dos barracões e seguiram pela margem direita do Rio Itajaí-Açu até a Foz do Ribeirão São Pedro, na localidade denominada Picada Rodeio, daí passaram para a margem oposta com canoas improvisadas construídas de troncos de árvores.

Desse local margearam o Rio Itajaí-Açu mais 01 Km acima, onde seria implantada a nova sede da Colônia.
Deram início à construção de miseráveis barracos para se alojarem. Com diversas dificuldades e vivendo em situação de penúria, com poucos recursos alimentares, senão da caça, começaram a desbravar a mata com pequenas clareiras derrubadas a foice e a machado, ferramentas essas trazidas da Itália.
Escolheram como sendo as primeiras sementes a plantar o milho e o feijão, pois são produtos com um ciclo vegetativo curto e se associam na mesma roça, cuja colheita insignificante, mas porém muito próxima, serviria para suprir as necessidades da cozinha.

Em 15 de novembro de 1876, Dr. Blumenau em visita oficial ao povoado, doou os primeiros lotes às famílias de imigrantes, dando início oficialmente a colonização e a fundação da povoação de Ascurra."

Com esta pequena reprodução da história de Ascurra, prestamos as nossas homenagens à estes homens e mulheres que tiveram a ousadia de vencer os seus medos para nos emprestar os seus nomes.
Vivem em Ascurra menos de 7.500 ascurrenses, que segundo a história teve como padrinho o Dr. Blumenau, que buscou em um local na Serra do Ibitirapé, tomado pelo exército brasileiro durante a Guerra do Paraguai, o nome para batizar a comunidade.
Nessa o Dr. Blumenau foi longe demais!
076/295 - Apiúna
Aqui os idiomas se embaralham entre o italiano, alemão e polonês, que confere à cidade, aquele encanto que somente os bosques que a circundam conseguem traduzir essa miscelânea de línguas.

O Rio Itajaí Açu, fica mais bravio, não querendo partir e se entregar para o oceano, formando corredeiras que tem conferido à cidade endereço certo para os apaixonados pelos esportes mais radicais, como o rafting, cujo Campeonato Pan Americano, acontece exatamente aqui.

É incrível, mas a cidade possui mais de 100 cascatas que atraem os praticantes do rapel, contrastando com os belos recantos que convidam para passeios a pé ou de bicicleta.

Mesmo se tratando de uma comunidade com pouco mais de 9.600 habitantes, esta cidade não fosse a tradução do tupi-guarani, seria conhecida como Cabeço Negro, como é chamado o Morro Dom Bosco, com os seus quase 400 metros de altura.
077/295 - Indaial
O passeio continua lindo, na mesma mescla de idiomas e etnias, mas desde que saímos de Doutor Pedrinho, sem querer fazer graça, o trânsito começou a ser uma pedra no sapato, pois circular pela BR 470 é um tormento e um atestado da incompetência das autoridades que tinham e continuam tendo o dever, a obrigação e a responsabilidade de prover, em se antecipando, as necessidades que vão sendo criadas em nome do desenvolvimento.

Mesmo que os nossos espíritos estivessem tentando ficar imunes a contaminação oriunda desta ausência criminosa da falta de ação e de planejamento das autoridades, não há, como se diz, Cristo que agüente, a falta de espaço para que os veículos circulem com conforto, segurança e prazer.

Enfrentar uma BR desta, num final de domingo, lindo, ensolarado e preguiçoso, é uma tarefa hercúlea de paciência e de resignação.

Será que temos que culpar o crescimento, o desenvolvimento e a evolução, pela incompetência do estado e torcer para que retrocedamos para o carro de boi e para as carroças?

Com o Prof. Nelson, "ziqueiro" de grandes jornadas
Mas isto os 55.000 indaialenses não tem culpa e são tão vítimas quanto nós, uma vez que o movimento urbano da cidade nos dava uma projeção de mais de quatro vezes a população existente, ou então, cada um tem e anda ao mesmo tempo, com dois ou três carros.
Bonito de se ver o movimento e o trânsito, claro, atravancado pelas deficiências já expostas, das quais somos todos reféns.
Imaginamos que está sendo difícil para Indaial, cujo nome vem de um tipo de palmeira, a indaiá, muito comum na época da sua fundação, manter o pouco que ainda resta dos seus primórdios, visto que, como a maioria das cidades, não consegue conter o ímpeto da desordenação urbana, que se alastra Brasil afora, tornando as nossas cidades em amontoados urbanos.

Total percorrido : 198 km - Total geral : 4.196 km
Última edição por Dolor; 24-08-12 às 18:59.
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