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Uma grande alegria voltar a receber notícias do Alexandre, agora na companhia do Álvaro Barcelos, que conhecemos em Ushuaia, percorrendo a América por todos os seus quadrantes.
Como sempre, muita sensibilidade nos seus relatos.
Aproveitem!
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10 pesos

terça-feira, 28 de Agosto de 2012
Se estabelecermos um paralelismo entre a Cidade do México e Lisboa, falaremos de megalopolis e micropolis. Do Metro diremos metro e centímetro!
Não se faz uma viagem de Metro na Cidade do México sem que nos sejam apresentados pelo menos 10 produtos diferentes ou semelhantes, mesmo numa viagem curta; mas com deontologia, cada marketeer (dos 7 anos em diante) apresenta à vez o seu produto na mesma carruagem! Por vezes assistimos a verdadeiras aulas de marketing e representação. Os preços dos produtos raramente excedem 10 pesos (€ 0,60).
Vendem CD’s (da música clássica à popular), carteiras à prova de ladrão, batons, pasta de dentes, canetas e cadernos escolares, ventoinhas portáteis, memórias USB, leques, balões, guarda-chuvas, bonés, etc., etc. Os pregões são feitos com amplificadores portáteis com um som altíssimo, tal como permitem as actuais tecnologias.
Também se mendiga, mas muito pontualmente para a dimensão da rede.
Muito mais se passa nos trajectos do metro: é como se se passasse do pijama ao traje de noite, tal o engenho das transformações mesmo à nossa frente e perante balanços e travagens incríveis: maquilhagem completa (olhos, pestanas, rimel, retorcer pestanas, baton, etc.) tudo com uma agilidade e arte inimagináveis. E ainda há lugar à troca de sapatos! Ah e também refeições: iogurtes, frutas, coca cola, imensa coca cola. Aquele amor inevitável pelo consumo do grande vizinho...
Muitos lêem, dormem ou observam como eu.
Segundo um taxista, e eles sabem sempre tudo sobre tudo, alguns habitantes da Cidade do México levam 3 h para chegar ao emprego.
Para esta enorme metrópole com 21 milhões de habitantes, a rede de Metro é extraordinariamente bem organizada e vasta. São mais de 10 linhas, devidamente identificadas com cores, nomes e belos ícones, com centenas de estações. Cada estação tem zonas reservadas ao sexo feminino e pessoas idosas. No entanto, nem toda a gente parece dar importância a tal situação, excepto em horas de ponta.
Allende, Garibaldi, Indios Verdes, Universidad, San Antonio, La Raza, Pino Suárez, Sevilla, Tacuba, Moctezuma, Tasqueña, Etiopia, Chapultepec, Guerrero, Talismán, Tlatelolco, Insurgentes, Barranca del Muerto, Zapata, Revolución, Zócalo, Salto del Agua, Niños Heroes, Coyoacán,... alguns dos belos nomes das estações.
Álvaro Barcelos
Última edição por Dolor; 03-12-12 às 19:45.
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Fico pensando com os meus botões, se um bilhete para o metro da Cidade do México, com uma vasta rede, custa menos de U$1,00, por que em São Paulo custa U$1,50?
De certo porque somos milionários!
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Azul, Azul

sexta-feira, 31 de Agosto de 2012
Azul, como o céu na maior cidade do planeta.
Nesse dia, uma 4ªfeira, fomos visitar as monumentais ruínas de Teotihucán, a 50km do centro. No programa delineado, estava ainda uma visita a Coyoacán.
As ruínas aztecas revelaram-se extraordinárias: pirâmide do Sol e da Lua, Calçada dos Mortos, Cidadela, Templo de Quetzalcóatl e muito mais, numa extensão inimaginável à partida (2 km só a Calçada dos Mortos) - portanto, ruínas com uma área visitável fora de comum.
Viajámos normalmente em transportes públicos, o que nos permitia permanecer o tempo necessário para fotografar e contemplar a gosto.
Como nos demorámos mais que do que imaginávamos, quando regressámos à Cidade do México, já só dava para incluir uma breve visita a Coyoacán. Autocarro de carreira e mais 15 estações de Metro nos separavam. Apesar de considerarmos que deveríamos voltar noutro dia, resolvemos fazer o reconhecimento que nos facilitaria a futura visita.
Mas a fome apertava!
Para além do pequeno almoço, só um granizado de tamarindo: raspa de gelo com concentrado deste fruto.
Quando chegámos a Coyoacán a fome era tanta que não resistimos a entrar, de imediato, num moderno Centro Comercial.
O que nos levava a Coyoacán? A Casa Azul de Frida Kahlo, a casa Trotsky e uma arquitectura colonial espanhola bem preservada.
Ao chegarmos à Casa Azul deparámo-nos com uma aglomeração, pouco usual para uma hora de fecho. A casa museu fechava no horário, mas reabriria pela 19h por ser 4ªfeira. O mesmo para a casa Trotsky. Como viajantes tentamos não programar museus à 2ªfeira, mas aberturas tardias não esperávamos. Persistência.... e sorte!
Este breve intervalo ainda nos permitiu um rápido olhar pela bela Coyoacán, cheia de igrejas e edifícios coloniais, com belas cores saturadas.
Por acaso ou pelo desejo e cheiro, chegámos ao melhor e mais interessante café que encontrámos no México. Neste café de esquina, torrava-se, moía-se, confeccionava-se e bebia-se um óptimo café, sentados em bancos, tipo jardim, existentes no passeio.
Ainda deu tempo para visitar o animado centro histórico e a Casa-Museu Léon Trotsky.
Trotsky, ideólogo e activista comunista, exilado no México, viveu inicialmente na Casa Azul, tendo posteriormente habitado esta casa, hoje Museu. Visitá-la foi emocionante, face ao “congelamento” dos espaços, objectos e memórias aí contidos.
Mais e melhor, a Casa Azul ia ser habitada de novo pela sua personagem principal - Frida, maravilhosamente interpretada pela actriz María Elva Zermeño. A actriz percorreu os espaços mais emblemáticos da casa e jardins, pontuando a vida e amores de Frida* , Diego**, e outros, com música do folclore mexicano. Começou com LLorona!
Tarde, após um copo de mescal, abandonámos a Casa Azul e Coyoacán...
Notas:
* Frida Kahlo (1907-1954), artista multifacetada. Pintou angustiantes auto-retratos e imagens surrealistas.
** Diego Rivera (1885-1957), artista multifacetado. Muralista famoso da pós-revolução mexicana.
Álvaro Barcelos
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Entre Querétaro e Mazatlán

sábado, 8 de Setembro de 2012
O contacto com o grupo de “Forcados Amadores de Mazatlán”, em Alcochete, levou- nos a visitá-los aquando da nossa passagem pelo México. Primeiro, em Querétaro e depois em Mazatlán. Não consigo descrever como o Álvaro e eu fomos recebidos e tratados.
O carinho e amizade, com que falam de Alcochete, é enternecedor. Falam desta nossa terra como sendo sua. Para descrever os dias passados com eles, seriam necessárias algumas páginas.
Ao Arturo, Fernando, Alfredo, Alejandre, René e Noel e seus familiares, deixo três frases:
Arturo: “A vida é a arte do encontro” (Apesar dos desencontros da vida – acrescento eu);
René (Cabo do Grupo de Forcados de Mazatlán): “Se fizer por vós, metade do que nos fazem os Alcochetanos, fico feliz”;
Alexandre: “A amizade é a minha bandeira”.
Nada disto teria sido possível, se não fosse a colaboração da Câmara Municipal de Alcochete, do Grupo de Forcados Amadores do Aposento do Barrete Verde e do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete.
Alexandre Costa
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Zion, Bryce

quinta-feira, 13 de Setembro de 2012
Estes belíssimos parques do Utah permanecem um pouco subvalorizados, face à dimensão e importância do Grand Canyon e do Yosemite. Talvez em dimensão, mas não em beleza!
O Zion National Park visita-se junto à linha de água, na parte inferior do desfiladeiro; o Bryce Canyon apresenta-se em todo o seu esplendor quando se visita pelas cristas montanhosas.
O primeiro resulta da erosão do rio Virgin, e respectivo sistema, cujo caudal é balizado por altos rochedos, por vezes a curta distância (6 m). O Bryce, apesar de se chamar “canyon”, tecnicamente não devia ser, pois a sua génese não resulta da erosão provocada por um rio, mas sim do forte efeito provocado pela chuva, gelo e ventos ao longo de milhões de anos.
Ambos pertencem ao sistema do rio Colorado encontrando-se na sua vasta área de influência.
Quando se visitam em sequência, uma vez que distam aproximadamente 125 quilómetros, não há exclamação mais óbvia, do que: O que mais nos espera! Como é possível tal diversidade e beleza a tão curta distância!
O que fascina em cada um destes parques:
O Zion NP impressiona pela altura do desfiladeiro (muitas vezes superior a 1500 m), pela beleza das enormes formas rochosas esculpidas pelos elementos naturais (praça dos patriarcas, o grande trono branco, a rocha que choraminga, o templo de Sinawava, etc), pelos belos percursos com dificuldades várias, como a subida/descida do rio Virgin, leito escavado ao longo de 25 ou mais quilómetros. Este percurso é feito quase sempre atravessando o rio em ziguezague, com banhos obrigatórios em águas geladas. O caminho é o rio! Rafting, canoying, kayaking são actividades comuns neste parque. O trekking ao Observatório (6 quilómetros com um desnível de mais de 600 m) é de uma enorme beleza. No percurso atravessa-se o Echo Canyon com quedas de água onde os veados vêm matar a sede. Por tal motivo, é chamado, vulgarmente, armadilha de veados. No seu ponto mais elevado (cerca de 2000 m), podemos admirar o parque em toda a sua extensão.
Ao pôr-do-sol este panorama é magnífico!
O Bryce Canyon, ao primeiro relance, é de pura estupefacção e fascínio: uma floresta de pináculos e castelos rochosos entre o laranja e o vermelho (The Hoodoos) que desafiam a imaginação. Chegamos a pensar se não estaremos noutro planeta! Parece que o escultor universal usou como modelos a acrópole, Partenon e cariátides incluídas, colunas de templos egípcios ou mesmo algumas esculturas barrocas. Devido à erosão contínua, arcos darão lugar a pináculos e agulhas desaparecerão, tal o dinamismo do sistema! Uma espécie de Capadócia vermelha...Ao pôr-do-sol estas formas mágicas revelam uma transparência inesquecível! O trekking que fizemos é considerado o mais belo de pequena rota: Queens garden + Navajo loop, 4,5 quilómetros culminando numa subida íngreme entre altíssimas paredes rochosas a que chamam acertadamente Wall Street.
Com esta crónica pretendo prestar humilde homenagem aos belíssimos parques norte-americanos manifestando o desejo de voltar um dia!
Álvaro Barcelos
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Por correio ou pessoalmente?

sexta-feira, 21 de Setembro de 2012
Tinha comprado postais e selos. A escrita estava feita, só faltava colocá-los no marco do correio. – “Ponho-os na fronteira de Tijuana!” – pensei!
A fila era imensa e nós lá íamos andando a passo de caracol. Passa por nós um polícia de fronteira, de nacionalidade Estado Unidense, levando um individuo algemado, para o entregar a um polícia Mexicano. Achei insólito. Parecia a entrega de mercadoria despachada pela UPS (empresa transportadora de mercadorias). Não havia posto fronteiriço Mexicano, mas somente a fronteira dos EUA. O guarda achou esquisito que eu entrasse a pé e questionou-me? Respondi-lhe que aos 67 anos não vinha trabalhar para o seu país, estava a passear. Com um encolher de ombros mandou-me passar.
Tínhamos um encontro marcado na fronteira de San Diego, no Mac Donalds. Estávamos a tentar localizar o restaurante, quando uma senhora se lança nos braços do Álvaro, com a alegria dos bons encontros - a sua prima Margarida que nos levou para casa onde ficámos principescamente alojados.
A Margarida, Hal, Manuel Nunes, Zélinha e família trataram-me como se fosse um deles, um ente querido, muito chegado. O meu eterno obrigado. Levaram-nos a conhecer vários locais, que registámos fotograficamente e que farão parte do nosso livro, por duas razões: pela beleza dos locais em si e como forma de agradecer, a quem optando por outro país, não esquece e perpetua a nossa maneira de receber. Uma das coisas boas, entre muitas, que nos distingue e faz com que sejamos Portugueses....
Com tudo isto os postais serão entregues por mão própria quando regressar....
Alexandre Costa
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Passeando em Vancouver

sábado, 24 de Novembro de 2012
O comboio levou-nos a Vancouver. Os Estados Unidos da América ficaram para trás, mas a ele voltaremos, em breve, e aos seus parques naturais.
Vancouver é uma cidade onde me sinto bem, onde se respira um ar leve, onde a alegria de viver anda de mãos dadas com um passado não muito remoto, mas não renegando as origens.
No Hosteling International, na Granville Street, tivemos o nosso porto de abrigo nesta cidade. Partimos à sua descoberta: Water Street, iluminada a gás; na esquina das ruas Water e Cambie, o relógio a vapor, do século XIX, lembra a sua existência de 15 em 15 minutos, aproveitando os passeantes para o registo fotográfico junto deste marco histórico da relojoaria; Jack Gastown, marinheiro inglês que, em 1867, abriu um bar na Carrall Street está imortalizado numa estátua em bronze, sobre um barril que marca a sua área de negócio; o Museu de Antropologia, os Tótemes no seu exterior, mas também no interior do Grande Salão; o Corvo e os Primeiros Homens, trabalho escultórico de Bill Reid; os jardins, os parques, a praia e o mar.
O som de fundo é nos dado pelos acordes do “Vancouver International Jazz Festival”. Foi ao som destes que partimos para “Beautiful British Columbia”.
Os Parque Naturais esperavam-nos. Entre eles Yoho National Park, Banff National Park e Jasper National Park.
Alexandre Costa
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Continuar a viajar....

segunda-feira, 26 de Novembro de 2012
O Alaska e a cidade de Anchorage, onde chegámos de avião, contingência de longa viagem com alguns percalços pelo meio, eram o ponto limite do nosso projecto.
Verão com temperaturas baixas, rondando os dez graus centigrados. Sinto a falta do nosso sol.
“Parque Natural Denali”, nosso destino mais a Norte. Chuva intensa e frio, limita-nos o horizonte deixando a amargura das fotos por fazer. Onde está a luz, matéria prima de uma boa foto?
Partimos para Seward, o dia sorriu-nos um pouco. Passeio de barco durante um dia no “Parque Nacional Kenai Fjords”, viagem que nos levou até ao Glaciar “Harding Icefield”. Durante o percurso partilhámos, à distancia, a companhia de leões marinhos e baleias deixando-se fotografar, assumindo a postura de modelos não contratados, mesmo assim simpáticos.
“Alaska Native Heritage Center”- neste museu são contados e demonstrados hábitos de vida, trabalho, jogos e danças dos nativos do Alaska. Memórias nem sempre lembradas pelas mais nobres razões.
Esta viagem foi longa. Durante dez meses vivi intensamente. Tal como escrevi na segunda crónica, “...a maior viagem será ao interior de mim...” e é certo que o foi, sem qualquer margem para dúvida.
Como a sede de conhecer não se extinguiu, vou continuar a viajar dentro e fora de mim...
Alexandre Costa
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