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  1. #1
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    No Vento com o Sonho

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    Prefácio

    Bem, finalmente aconteceu aquilo que vinha sendo prorrogado já não sei há quanto tempo e pelas mais variadas razões, entre as quais destaco a preguiça e principalmente a inspiração, é que este encontro foi sendo postergado.

    Momento desejado, aguardado, porém nunca realizado, talvez represente o passo decisivo para que esta nossa ligação se torne mais íntima, mais intensa e principalmente mais frequente.

    Da minha parte vou caprichar para que tal aconteça e mesmo que lutando contra as razões já apontadas, o contato já está feito, foi gostoso e, de agora em diante, já que nossa relação começou, não há mais o que esconder, até porque a partir de hoje torna-se pública.

    Penso que nos tornaremos grandes amigos e porque não dizer íntimos e confidentes, uma vez que será através desta relação que conseguirei conversar e contatar com um Universo que me cerca, que sei existir, que consigo tocar, e que pela alquimia das suas formas, conseguirei ser tocado.

    Não nos afastaremos nem um minuto sequer por estes próximos meses!

    Diuturnamente estaremos juntos, mesmo que por vezes, por longas horas não nos toquemos, toda a minha atenção, toda minha energia estará voltada para os momentos em que a sós, tomarás conhecimento da minh’alma e, juntos, a levaremos para dentro dos corações daqueles que, em querendo nos conhecer um pouquinho, estarão abertos para receberem todo este bombardeio de positividades, de amor e de vida, que a partir de hoje, compartilharemos.

    Obrigado por teres me aguardado tanto tempo, por teres sido paciente e por permitires que te use como um instrumento maravilhoso de comunicação. Por estas tuas formas delicadas, sinuosas e silenciosas, estarei podendo, a partir de hoje, pela magia dos novos tempos, navegar.

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    Ah! e como navegaremos, MEU TECLADO.

    E para começar, nada melhor do que se falar de sonhos. De sonhos doces, sonhados ao longo de uma existência e que hoje, impulsionados pelo vento, força maravilhosa da natureza, que com sua capacidade de ir e vir, de levar e de trazer, nos seduz, nos amedronta, nos encanta e, que em batendo, acaricia, impulsionando nossos pensamentos, desejos e sonhos de liberdade para onde eles nos permitirem.

    E neste vento os levaremos.

    Impulsionados por ele, orientados pelo teclado e guiados por estes sonhos, é que nos lançamos numa aventura maior, iniciada nesta quarta-feira, dia 26 de fevereiro deste ano de 2003, em Itajaí - SC, tendo como destino final o estado do Alasca, no extremo norte do continente Norte Americano.

    Depois de todo o amadurecimento e preparação para que esta aventura passasse a coabitar nossa rotina, finalmente chegou o dia, ou melhor, chegou a semana da contagem regressiva e, obviamente junto com ela, o momento das despedidas, e antes das delas, da avaliação de tudo aquilo que fizemos nos nossos quase trinta anos de casamento, de convivência, dos negócios, e finalmente, da Família, da nossa Família, dos nossos filhos, das suas novas vidas hoje compartilhadas por aqueles que seus leitos dividem, até chegarmos a nossa já terceira geração, representada pelo nosso neto.

    São avaliações evidentemente feitas em cima já dos frutos que, pela generosidade de Deus, são saudáveis, perfumados e saborosos.

    Sim e como são saborosos!

    E que esta benção divina que entrou em nossa casa, nos completando, nos alimentando e nos enchendo de alegria e de paz perdure para sempre.

    Bem, agora já começamos nossa viagem, e junto com vocês, plugados por este mundo de Deus afora, nos apoiando e nos incentivando, estarão vivendo conosco, nosso desafio maior que é o de estarmos juntos, em nossa moto,
    NO VENTO COM O SONHO.

    Boa viagem.
    Dolor e Ângela
    Última edição por Dolor; 01-08-12 às 17:16.

  2. #2
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    Dolor, com certeza esta experiência sua e da Angela tem muito a contribuir a todos os Grandes Caciques, Caciques e a todos sonhadores que apenas querem este sonho. Mas todos podem conquistá-lo!

  3. #3
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    Capítulo 2 - Primeiros Ventos

    Capítulo 2 - Primeiros Ventos

    Com as primeiras lágrimas sendo secadas pelo teclado, nosso novo companheiro de viagem,
    oriundas das despedidas junto aos nossos funcionários, que nos encheram de boas vibrações e bênçãos,
    foi a vez dos últimos abraços e beijos dos filhos, do neto, das mães e dos amigos.

    Foram momentos que já estão impressos em nossos corações para sempre!

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    São ondas de energia positiva, que várias vezes por dia nos invadem de forma "energizante" e tenra.

    Este almoço, de certa forma, foi diferente dos almoços festivos de todos os dias, porque se sentia nos gestos,
    movimentos e risos, a carga emotiva que aquele encontro proporcionava.

    Tem sido para a Ângela e para mim, os melhores momentos de todos os dias.

    Aguardamos a hora do almoço, sempre com a ganância de não se perder nem um minuto na chegada,
    para podermos aproveitar todos os segundos destas festas diárias, em que se tornaram os nossos almoços.

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    Hora com as avós, hoje travestidas de bisavós, hora com alguns amigos, com os quais temos o privilégio de partilhar a mesa, hora com parentes recém chegados, com irmãos de sangue e também com aqueles que a vida nos
    aproximou e nos estreitou, mas sempre, sempre com a Família reunida, e como costumo dizer,
    nem que seja para brigar.

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    E assim transcorreu nossa manhã de preparação das bagagens, das suas locações
    e de todo o frenesi de encilhar a Bonitona, forma carinhosa como nos referimos a nossa moto,
    uma Honda F6 modelo Valkyrie, ano 98, amadurecida nos seus quase 125.000 km de estradas por este mundo afora.

    Uma bela companheira!

    Tudo devidamente no lugar, arrumado, preparado, porém com uma pontinha de decepção,
    uma vez que o cartão com saída "USB" para o nosso notebook não havia chegado de São Paulo e,
    dentro da nossa concepção e expectativa de se tentar fazer um bom trabalho de informação diária,
    esta peça é fundamental para que possamos fazer se comunicarem a máquina fotográfica e o computador.

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    Com as despedidas devidamente feitas, confidenciamos aos nossos filhos que este primeiro dia de uma viagem,
    que programamos para fazer em 10 meses e por mais de 80.000 km,
    teria em seu primeiro dia de estrada não mais de 40 e poucos quilômetros,
    pois pensávamos em nos hospedar em Gaspar, onde aguardaríamos o Black,
    especialista em computação e figura muito querida, para fazer a instalação do tal cartão,
    que deveria chegar no dia seguinte.

    E como tal fizemos.

    Domando nossas ansiedades e apetite por vento, completamos nosso primeiro dia de viagem no Fazenda Park Hotel,onde muito bem instalados, acalmamos nossos espíritos, aquietamos nossa ansiedade e, pacientemente,
    sabedores de que temos ainda alguma coisa como 79.950 km a serem percorridos, aguardamos para amanhã,
    quinta-feira, a vinda do Black com o bendito cartão.
    Última edição por Dolor; 01-08-12 às 17:22.

  4. #4
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    Capítulo 3 - Dia de Lagarto - 26 a 28-02-2003

    Tenho de reconhecer, que qualquer semelhança, não é mera coincidência.

    Os modos, a vontade e o jeito de ser, lembra em muito este réptil, que sem querer, faz escola.

    Hoje, sem dúvida nenhuma, foi um dia dedicado à esta bela espécie, pois desde a hora em que acordamos até o
    final do dia, tudo o que fizemos foi "ene a de a", ou seja, nada.

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    Benditos sejam os lagartos, que nos legaram este modo de vida fantástico, do comer e dormir entremeados por nada.

    Como é bom não fazer nada!

    Que exercício maravilhoso este do não fazer nada, colocando a "HD" em stand by, sem pensar em nada, sem se
    ocupar com nada, esperando somente a batida do sino anunciando a hora da boia.

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    E assim foi com as primeiras badaladas às 7.30 h da manhã anunciando o serviço do desjejum, com frutas, frios,
    pães e doces os mais variados possíveis, regados a bons sucos com o tradicional café com leite.

    Após encher o porão, convés e passadiço, nos transferimos para a piscina,onde com mais propriedade, literalmente, "lagarteamos" até as novas badaladas anunciando o já antigo e famoso, meio dia panela cheia barriga vazia.

    Preocupações?

    Nenhuma.

    Informações chegaram que a nossa placa, o famoso cartão com saída "USB", ainda não havia chegado, isto é, havia ido para Mafra, aqui no norte de Santa Catarina.

    Isto posto, com o rigor das Leis de Murphy, podemos sugerir uma outra que poderia ser mais ou menos assim:
    quanto maior for a pressa que tens em receber uma encomenda de São Paulo, maiores são as chances dela chegar em Mafra.

    Pois foi exatamente isto que aconteceu.

    Houve um erro no CEP e a bendita encomenda foi parar em Mafra.

    Mas, Murphy não para por aí: pois se a tua pressa for maior ainda, teu fornecedor te remeterá novo material e te
    enviará via aérea, pasmem, para Joinville, também aqui no estado.

    Foi o que acabou acontecendo.

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    E nós? Olha nós aí, que nem lagarto, fazendo o que?

    "Lagarteando".

    Nesta altura do campeonato, só estou com medo que quando ela chegar nós já estejamos tão grandes e gordos, que possamos ser confundidos com jacarés, abatidos e transformados em cintos e bolsas.

    Seria um fim muito interessante, foram para o Alasca e terminaram em couro.

    E antes que isto aconteça, sugiro que elejamos o dia 27 de fevereiro como o DIA DO LAGARTO.

    Penso que seria uma justa homenagem, sem entretanto alterarmos o título deste relato, que continua sendo: DIA DE LAGARTO.

    Como o tempo continua passando, a Ângela acaba de me perguntar a que horas será servido o lanche, pois temos
    um novo encontro com a mesa, justo às cinco horas.

    Alasca? Oras bolas, a mesa é o que interessa.

    Calma lagarta, ainda tem algum tempo, e como dizia meu avô, "para esquentarmos o sol".

    Pressa?

    Nenhuma.

    Alasca?

    De novo?

    Ele que nos aguarde, porque o amanhã chegará e, com ele, nosso reencontro com nosso amigo vento.

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    Desculpem, mas sou obrigado a me virar de lado, porque ficar sempre com a direita para cima não dá.

    Agora é chegada a hora de tostarmos e darmos a vez à esquerda, que espera sua vez faz muito tempo.

    Só espero não tostá-la demais.

    Finalmente o sino soou e, obedientes que somos, cumpriremos com a nossa obrigação biológica de nos
    alimentarmos de novo.

    Estão vendo como é divertido ir para o Alasca?

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    Total percorrido : 45 km
    Última edição por Dolor; 01-08-12 às 18:31.

  5. #5
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    Capítulo 4 - Boca Santa - 28-02-2003

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    Com o espírito devidamente apaziguado, fomos dormir o sono dos anjos.

    Foi uma noite tranquila, reparadora, entremeada somente pela expectativa da chegada da bendita peça, que tinha ido parar em Joinville.

    Mas não foi isto o que aconteceu.

    Mandamos um motoboy até o aeroporto daquela cidade, munido do conhecimento, tudo certinho etc. e tal, não
    contando entretanto, com a possibilidade de que a triste não tivesse chegado.

    Bem, o que importa é que finalmente começamos a sentir nossos corações batendo no compasso acelerado da
    contagem regressiva, porque agora, com a placa ou sem ela, para nós, nesta sexta-feira, 28 de fevereiro,
    efetivamente começaria nossa viagem.

    Porém, neste meio tempo, recebemos a informação de que o Black viria logo no inicio da tarde para a devida
    instalação e quiçá, funcionamento desta porta de comunicação entre nosso notebook e a máquina fotográfica.

    “Êta” casamento difícil!

    Esperamos que seja duradouro e com muitos filhos.

    Para não continuarmos imitando nosso amigo lagarto, mas também não o desprezando totalmente, fizemos algumas
    ligações, propusemos algumas alterações no nosso site, e contando com a ajuda sempre discreta porém presente e
    eficiente do Cesar, nosso homem da internet, chegamos a algumas conclusões que em breve estarão sendo disponibilizadas.

    O calor é intenso, lembrando que estamos nesta estação maravilhosa que é o verão, talvez não a mais adequada para a montoeira de equipamentos que somos obrigados a utilizar para uma pilotagem mais segura, mas sem sombra de dúvidas, um período especial para se aproveitar as delícias de uma boa lagarteada.


    Agora, com relação ao casamento duradouro e com uma grande prole, lamento informar que já aconteceu a
    separação, e a partir de hoje, tanto nosso notebook, como a máquina fotográfica estão apartados, e ainda por cima
    numa lambança desgraçada, como manda a tradição quando a separação é litigiosa.

    Depois de inúmeras tentativas de conciliação, as partes foram cada uma para o seu lado, e nós num frenesi enorme para pegarmos a estrada, nos trocamos no toalete do restaurante, onde a temperatura beirava os 300 graus, e nos mandamos, impulsionados pela nossa adrenalina, que a esta altura do campeonato já estava sendo transpirada por
    tudo quanto é poro.

    Levantamos acampamento e pegamos aquela mancha infinita de piche que nos enfeitiça, empurrados pela Bonitona,
    torrados pelo sol e embalados por aquela música envolvente que somente o vento sabe cantar: vem, vem, vem...e
    nós, ébrios, obedecendo.

    Que sensação maravilhosa esta de seguir nossos instintos, que sensação maravilhosa esta de trocarmos com o vento, carícias, que sensação maravilhosa esta de disputarmos o equilíbrio com a nossa moto e que sensação maravilhosa
    esta de vivermos tão próximos desta linha que divide o que é vida e o que é morte.

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    Bem, com relação ao título da matéria de hoje, vale pela intuição da Ângela, quando há alguns meses atrás ao
    escolhermos a data para saída, previu que a mais provável seria o dia 28 e eu com a minha agonia, antecipei a
    partida para o dia 26, daí então...um a zero para ela.

    E já que estamos falando de boca, aproveitamos uma boca livre aqui em Curitibanos, quando ao ligarmos para o
    nosso amigo Boca, que estava participando de uma "Jeepada" na Serra da Canastra, felizes, nos cumprimentamos, nos abraçamos, nos beijamos, e o danado, ligando para o dono do restaurante, mandou liberar a conta.

    Valeu Boca e em homenagem a estas bocas livres, fica instituído o dia de hoje, como o Dia da Boca Livre.

    Um beijo para todo mundo e obrigado pelos e-mails que temos recebido, o que sem sombra de dúvidas nos motiva,
    nos encoraja, mas acima de tudo, nos emociona.

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    Total percorrido : 241 km - Total geral : 286 km
    Última edição por Dolor; 01-08-12 às 18:21.

  6. #6
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    Capítulo 5 - A Cabana - 01-03-2003

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    Amanheceu um dia como há muito não víamos.

    Calmo, limpo, com uma luminosidade toda especial.

    Aliás, esta região do centro-oeste e oeste catarinense, com suas incríveis variações de verde, nos oferece um espetáculo à parte.

    Com uma topografia bem acidentada, rodovia sinuosa, tal qual uma serpente, iluminada por um sol muito particular, não queríamos outra coisa senão montar em nossa moto e pegar o mais rapidamente possível a estrada.

    Manhã fresca para esta época do ano, aproveitamos para nos fartar nestas curvas desenhadas especialmente para quem está com vontade de pilotar.

    E nós estávamos!

    Era uma beleza a tocada , ora para esquerda, ora para direita, levantando e deitando a Bonitona, freando, acelerando, e abusando da caixa de troca.

    Que delícia!

    No sistema de som rolava Eagles, que cantavam somente para nós, no nosso ritmo e na nossa balada redonda, redonda, numa sensação que somente os iniciados podem compreender toda a extensão deste prazer.

    E nesta tocada, acenos e abanos eram trocados a todo instante com aqueles que cruzávamos ou ultrapassávamos como se nos dissessem, boa viagem até o Alasca, que sigam bem, estamos torcendo por vocês, estamos juntos com vocês, e nós extremamente sintonizados com todos estes acontecimentos, sentíamos que já não viajávamos sozinhos, porque todos estes sentimentos estavam se incorporando a um comboio que imaginariamente nos acompanhava.

    Que mágica tem as motos, que conseguem somente elas, incorporarem tantos sentimentos de pessoas tão diferentes, de formações diferentes, de origens diferentes, que suscita tanto paixão como temor, medo e ousadia, desejos e repulsas, porém, todos cúmplices de uma vontade enorme de disputarem com o vento um lugar no pódio dos sentimentos de liberdade, de ousadia e de rebeldia que as motos com seus brilhos, roncos e formas insinuantes nos seduzem.

    E se juntarmos a tudo isto, um pouco de fronteiras latino-americanas, a fórmula fica completa para que não se morra de tédio.

    Para quem já teve oportunidade de viajar de moto, ou mesmo, de carro, concordará que é extremamente monótono aquele primeiro mundo evoluído, sem fronteiras e sem carimbos, onde as divisas não são mais do que linhas imaginárias, dividindo o igual pelo semelhante.

    Que coisa mais sem graça!

    Das sete fronteiras que cruzamos de moto na Europa, recebemos somente um carimbo, mais precisamente quando atravessamos o Canal da Mancha e entramos em território real inglês.

    Que falta nos fizeram os carimbos!

    Imaginávamos, pelas contas às quais estamos acostumados, no mínimo, entre idas e vindas e novas idas e novas vindas, pelo menos umas “parari”, “parará”, 2197 carimbadas.

    Não troco por nada deste mundo a meia dúzia de carimbos que somos obrigados a obter em nossas fronteiras latino-americanas. É pura emoção, se saber que a simples falta de um carimbo, num pequeno papel de 6 x 6 cm pode ser decisiva para abrir ou fechar a porta de entrada de um País.

    É "frissionante".

    Já em território argentino, e com o astro rei tinindo, tivemos a impressão de ter visto um camelo com a língua de fora a pedir água, muita água.

    A esta altura do campeonato acredito a temperatura já havia passado de novo dos 300 graus e a sensação de calor começava a ganhar contornos de que iria nos vencer.

    Mas para vencer uma "pareja" de verdadeiros papa-siris, agora já embalados no ritmo do quero mais, mandamos ver, e praticamente planávamos por estas terras portenhas, agora em busca de Posadas, quando no horizonte começamos a vislumbrar, a presença, normalmente inoportuna de uma invejosa, que se chama chuva.

    Mas hoje foi diferente!

    Quando percebemos seus contornos escuros, fortes, pensamos: Posadas deve ficar para aquelas bandas e nós iremos atrás, já antevendo um belo banho, uma vez que não portávamos nosso equipamento de chuva e nem iríamos coloca-lo, porque o que queríamos sinceramente, era um banho de verdade.

    Daqueles de levantar água e de molhar até a alma.

    E foi o que aconteceu.

    Literalmente penetramos no meio daquela tormenta, e com as rodas a substituírem nossos pés, e a estrada no lugar das sarjetas, levantamos água até Deus ver.

    Foi pura traquinagem!

    Foi a mesma sensação que se tem, quando se sai de uma sauna super quente e se mergulha de cabeça numa piscina fresca, muito fresca.

    Molhamos capacetes, jaquetas, calças e chutamos com a moto a água das nossas infâncias, dos nossos banhos de chuva proibidos e dos temores paternos das gripes que nunca vinham.

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    Nos fartamos com tanta generosidade divina, que tivemos que entrar em Puerto Rico, deixando Posadas para amanhã, até por que, quem tem pressa?

    E para encerrar este sábado farto de alegrias, fiz uma surpresa para a Ângela, alugando no Hotel em que nos hospedamos, uma cabana de madeira no meio do mato para terminarmos nosso dia brincando de cabaninha.

    Acho que isso não vai acabar bem...

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    Total percorrido : 435 km

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    Total percorrido : 203 km - Total geral : 924 km
    Última edição por Dolor; 01-08-12 às 19:56.

  7. #7
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    Capítulo 6 – Dia de Fartura - 02-03-2003

    Mais um dia magnífico amanhece neste primeiro domingo desta jornada rumo ao Alasca, e depois de uma excelente noite hospedados na Hosteria Suiza, em Puerto Rico, Província de Missiones, iniciada com uma bela milanesa e no que concerne a Ângela, regada com um bom vinho brindando a calmaria reinante depois da trovoada de verão, nos levantamos para acompanhar o que Deus fez no sétimo dia, descansar.

    Até acho que não é muito justo para com o Senhor, que trabalhou duro durante seis dias, enquanto nós...bem, façamos de conta que fizemos por merecer este dia de descanso.

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    E aproveitamos esta folga, para fazer o que mais gostamos, andar de moto.

    Felizes, nos dirigimos à “carreteira” que para nos brindar, estava tingida de vermelho como se quisesse nos prestar uma homenagem. Pensamos: puxa vida, este pessoal de Puerto Rico é mesmo especial nos fazendo uma gentileza deste tamanho, digna das pessoas coroadas. Evidentemente que a coloração avermelhada desta terra que este povo mexe e vive, é típica das terras altamente produtivas, fato que fomos comprovando enquanto avançávamos rumo a Corrientes, nosso objetivo do dia.

    Claro que nada para nos estressar, pois era nosso dia de folga, logo um “tirinho” de 450 km seria o suficiente para brincarmos neste domingo preguiçoso e silencioso.

    Caminhamos boa parte dele, desta maneira, absortos nos nossos pensamentos, que procuravam se refrescar do intenso calor, nos frescores dos bons momentos que temos vivido juntos, do que temos feito, dos negócios, e claro, sempre, dos filhos.

    E me lembrei deles à medida que o tempo passava, pensando em quando eram pequenos, diria até para ser mais preciso, pouco mais que recém nascidos quando ao deitar-me ao lado deles, por ordem de chegada, chamava a Ângela quase todo instante para que os olhasse, pois enquanto os observava, torrentes de preocupações me tomavam de assalto, pois hora faziam caretas, ora reviravam os olhinhos, respiravam diferente, riam, faziam expressões de dor, enfim, um tormento quando se tem filhos bebezinhos e resolvemos lhes acompanhar o sono.

    Quem tem filhos sabe muito bem do que falo.

    E hoje não foi diferente, só que desta vez com a moto, pois com todo aquele silêncio, com retas agora quase que contínuas, característica da maioria das rodovias argentinas, me pus a escutar, observar e a sentir a moto em toda a sua movimentação. Ora sentia vibrações diferentes, ora ruídos estranhos, ora isso, ora aquilo, pensei, é muita neura para um dia tão lindo e discretamente me virei para ver a Ângela e surpreso a flagrei num sono daquele de babar capacete, descansada e segura, como somente as mães se sentem, quando veem que os rebentos dormem o sono dos anjos.

    Então disse, Dolor, pare de ficar acompanhando o sono das crianças porque tudo está muito bem.

    Relaxe e flutue!

    E assim, agora com este novo comportamento, chegamos a Corrientes após algumas paradas junto aos postos policiais, que curiosos e apaixonados como são os argentinos por motores e motos, faziam questão de fazer uma verificação oficial sobre as características da Bonitona, nos questionando sobre a cilindrada, a quantidade de cilindros, de onde viemos, para onde vamos, deixando normalmente a verificação da documentação para uma próxima oportunidade.

    Faz parte do negócio!

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    Depois de bem instalados fomos tomar um café na cidade de Resistência, capital do Chaco, onde esperamos passar mais uma trovoada de verão, cercados pela gente simpática e hospitaleira desta cidade do outro lado do rio Paraná.

    Com nossa HD literalmente parada, da maneira como gostamos, demos uma namoradinha e sem economizarmos tempo, respondemos aos inúmeros e- mails que temos recebido de todas as partes do Brasil e que tem nos servido como um combustível de alta octanagem para esta empreitada que estamos vivendo.

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    E para encerrar, lembro que se existe um elemento que é absolutamente democrático, talvez o único no planeta, que é o mesmo para todos, rigorosamente todos, sem exceção, seja rico ou pobre, feio ou bonito, trabalhador ou vadio, é o TEMPO, aqui limitado nas suas 24 horas do dia.

    E neste quesito que nos nivela de forma rasa, gostaria de lançar um desafio a todos, para que o gastem da melhor maneira possível, que sejam extremamente esbanjadores e perdulários com o TEMPO, porque uma vez passado, não se consegue mais recuperar. E não nos esqueçamos de que temos todos, todos mesmo, 31.536.000 segundos por ano para gastarmos sem preocupações, uma vez eles serão disponibilizados um a um, e não adianta querer guarda-los ou economiza-los, porque não existe poupança que aceite este tipo de depósito.

    Portanto, mãos à massa milionários!

    OBS: Me esqueci de falar que ainda podemos fazer as contas de mais 86.400 segundos referente ao ano bi-sexto.

    Oba!

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    Total percorrido : 500 km - Total geral : 1.424 km
    Última edição por Dolor; 01-08-12 às 20:42.

  8. #8
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    Queridos Dolor e Tia Ângela.
    Lembro-me com muito carinho do domingo em que nos encontrávamos no Escritório, forma íntima a que nos referimos ao Chaplin e arredores, e surgiu, de forma muito alegre, o convite para que eu participasse desta despedida somada à comemoração dos seus, Dolor, 50 anos, se não me engano, uma vez que na data oficial do aniversário já estariam em viagem.
    É muito interessante olhar para trás e ver que a única coisa que mudou em "Dolor e Ângela" nestes útimos 9 anos foi o seu cabelo, pois a simpatia, a alegria, o senso de humor, as brincadeiras e, principalmente, esse sorriso que não sai do teu rosto e da tia Ângela permaneceram com a mesma intensidade que eram em 2003 e, se Deus quiser (e Ele há de querer) permanecerão para sempre, pois lembrar de vocês é lembrar apenas de coisas boas e bons momentos.
    Em um destes posts seus, você escreve sobre os "irmãos de sangue e os irmãos que a vida aproximou".
    Parafraseando você e um "cantorzinho aí", Roberto Carlos, existem pessoas na nossa vida que nós não escolhemos: Pais, irmãos, tios, avós, eles são naturais. Mas existem pessoas que a Vida nos permite escolher. E eu, embora com a real certeza de que a recíproca seja verdadeira (e sem nenhuma falsa modéstia), escolhi vocês dois para a minha Vida. É um privilégio ser merecedor da amizade de vocês.
    Ótima semana. Conversamos
    Um, digo, dois, beijos (um para cada um né)
    Chiquinho

  9. #9
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    Querido FC PHD Chiquinho, obrigado pela gentileza das tuas palavras, carinho e claro, tu sempre fizeste parte daquele grupo de "velhos" que viviam os teus sonhos, pilotando aquelas máquinas que sabias, um dia, que passou como num piscar de olhos, seriam a chave que transformaria os teus desejos em realidade.

    E como chegou rápido, não é verdade?

    Que felicidade para a tua família, que soube construir o belo ser humano que és, professor admirável e amigo fraterno que nos alegra com o teu sucesso!

    Agora só falta nos abraçarmos numa dessas estradas, para acima de tudo, dividirmos a paixão pelo vento que nos manterá acordados, para que nos sintamos verdadeiramente como parte do mundo.

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    Deixe a Lindona pronta para decolarmos qualquer hora dessa!

  10. #10
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    Capítulo 29 - Colômbia, que pasa! - 28-03 a 04-04-2003 - Parte dois

    Planando desde Ipiales por altitudes a partir da casa dos três mil metros, foi um tal de subir e descer em forma de nó, que tornou a viagem, como sempre, ainda mais prazerosa.

    Boas cidades pelo meio do caminho, destacando-se a região cafeeira da Colômbia, entre Armênia, Pereira e Manizales, almoçamos um churrasco quase que a nossa moda, matando desta maneira um pouco das saudades dos nossos hábitos alimentares e regados a boas chuvas para abençoar nossas passagens por estas plagas, chegamos a Medellín, ai meu Deus!

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    E Medellín, com as suas quase três milhões de almas, chegou juntinho com a noite que para comemorar, nos demos como presente de sobrevivência a estes dois desafios vencidos, uma bela noite de hospedagem no Hotel Intercontinental de Medellín, com uma tarifa super especial de U$50,00, sob a batuta agora do nosso amigo Tony, venezuelano e como nós dizemos, gente boa pra caramba que nos acolheu como irmãos.

    Através dele tivemos a oportunidade ainda de sermos apresentados ao General Leonardo Gallegos, homem mais do que responsável pelo intenso combate ao narcotráfico na Colômbia, ganhando evidentemente inimigos mortais.

    Nos causou admiração a "entourage" de "guardas espaldas" que o acompanhavam, armados até os dentes.

    Boa sorte meu General e que o senhor continue ajudando a transformar a sua Colômbia neste lugar que tão rapidamente aprendemos a amar e a respeitar.

    Valeu também Tony pelo carinho, pelas fotos e pelas despedidas, agora num dia belíssimo, ensolarado e digno das grandes pilotadas.

    Trazemos cada um de vocês, dos seus acenos e dos seus bons votos, bem apertados em nossos corações, que já fazem parte da nossa história.

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    Moto na estrada, para mais uma jornada, agora de 650 km, distância que nos separava de Cartagena, via Monteria e Sincelejo.

    Bem, agora sim, é que chegaram as curvas.

    Mas põe estradinha torta sô!

    Cheguei a ficar com dor nos braços de tanto nó que foi dado nesta estrada.

    Sinceramente, agora foi sacanagem!

    Nos deixou tontos, a triste!

    Claro que sempre por uma região belíssima pois verde é o que não falta nesta enigmática Colômbia.

    É uma fartura a variedade de cores deste trajeto que se iniciou em Ipiales, desde que, obviamente, a cor escolhida seja o verde.

    É um show com a estrada beirando sempre esta parte da cordilheira, com precipícios enormes, que nos fizeram de novo lembrar da nossa adorada Serra do Rio do Rastro que juramos, vamos subir também "discostas" tal a agressividade desta topografia colombiana.

    Com todos os pedidos e juras feitos pelo meio dos caminhos de que jamais iríamos viajar à noite, porque dizem, até o exército desarma a barraca e "carcam", e os folgados, sem pressa, pensando que estão no Vaticano, param para almoçar, quase tiram uma pestana e não se apercebem de que as distâncias por aqui são quantificadas por horas, pela dificuldade em se vencer topografia tão particular.

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    E desta maneira, agora sim, com os nossos fantasmas nos pressionando, a noite nos pegou ainda distantes de Cartagena, uns cem quilômetros.

    E eu tentando acalmar a Ângela dizia: te preocupa não, porque a guerrilha é só por aqui, em Cartagena só tem pirata!

    E à medida que avançávamos íamos percebendo que os "retén", quer dizer, postos do exército, estavam vazios e quando ultrapassamos alguns caminhões carregados de soldados se dirigindo para as suas unidades e quando eles balançavam as cabeças em nos "mirando" em tom de despedida, o cheiro, sinceramente aumentava.

    Para terem uma idéia da tranquilidade reinante por estas bandas, a Ângela, provavelmente motivada pelo chá de coca que havia bebido, ou pela insolação que nos apertou durante a tarde e num devaneio chegou a me dizer: Aí “nêgo”, se eu soubesse que teríamos um final feliz, até que eu gostaria de ter um contato com essa guerrilha, "o que achas?

    E eu: acho que “tás” é doida, doida varrida mulher!

    “Tás” pensando que isso aqui é brincadeira?

    ...Ah! eu tinha só pensado que seria interessante!

    Em questão de minutos o breu era total e não me contive em questiona-la sobre o seu desejo de encontrar com a Farc, cuja resposta foi incontinenti: pelo amor de Deus, toca, não para...e... falta muito?

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    Com a ansiedade crescente, pensávamos que pelo andar da carruagem o Alasca chegaria antes de Cartagena.

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    Finalmente Cartagena de Índias chegou, iluminada, linda, deliciosa e alegre, transpirando hospitalidade entre os seus mais de 750.000 habitantes.

    Após uma geral pelos hotéis da região de Boca Grande, nos hospedamos maravilhosamente bem no Hotel Charlotte, por U$40,00, um presente para os nossos nervos descansarem de toda esta "neura" que envolve a Colômbia.

    Bom café da manhã, agradecendo mais uma vez ao nosso Deus de todos os apertos, corremos atrás dos contatos que onosso amigo Marcellus Dadan, de Brusque, outro doido que se dirige também ao Alasca nos forneceu, fomos providenciar a documentação necessária para que pudéssemos despachar a bonitona para o Panamá.

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    Sem nenhuma moleza, estes três dias, compreendidos entre um e três deste mês, foram dedicados a este mister, que se encerrou com a vistoria da Bonitona, pela polícia antinarcóticos.

    Foi, confesso, uma trabalheira danada, pois havia necessidade da confecção de uma embalagem, que começava pela compra de madeira, contratação de carpinteiros e vai por aí afora.

    Para quem não está mais acostumado a trabalhar, pois este fardo passei com muito prazer pro nosso "gadinho", conseguimos administrar bem toda esta lambança, finalizando com uma bela embalagem de presente para ser recebida na outra América, agora chamada Central.

    Durante todos estes dias de Colômbia não entendíamos o porquê de tanta má fama, sendo que até o presente momento, não havia se justificado nem pela menor desconfiança ou mau momento que pudéssemos ter vivido.

    Tudo absolutamente tranquilo, sem havermos observado nestes quase dois mil quilômetros neste território, um só momento, uma só situação de perigo, ou mesmo que seja, um só carro de escolta, extremamente comum em nossa terra pátria.

    Não seria justo com este país se levantássemos uma só suspeita, temor ou dúvida durante nossa passagem por estas terras.

    Com as pessoas com as quais falamos e nos relacionamos fizemos questão de deixar registradas estas nossas impressões e sentimentos.

    E todos alegres com nossos conceitos sobre seu país nos agradeciam com belos sorrisos e ternas palavras.

    Foram e tem sido esta nossa estadia pela Colômbia uma verdadeira surpresa, principalmente porque estávamos dosados num alto grau de expectativa negativa e o que encontramos foi rigorosamente o inverso.

    Nos surpreendemos com a bondade e com a alegria desta gente que não se cansa em fazer gentilezas.

    Tem sido uma emoção muito grande poder nos mesclar com este povo, embalados que estamos por este clima caribenho, de corpos úmidos, gingados pelo envolvente som de rumbas, merengues e salsas que dão um colorido todo especial a esta ponta final da nossa América.

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    E como foi bom o nosso reencontro com o nosso velho e querido Atlântico, que pensávamos enciumado, depois de toda a nossa "arrastação" de asas para o seu irmão Pacífico.

    Continuamos te achando lindo Pacífico, porém, não vamos deixar nosso velho amor chamado Atlântico, que banha esta Cartagena de Índias, por todos os lados, em nuances de esmeralda ao topázio.

    É um espetáculo deste Deus Natureza que lava estas costas de ombro a ombro, modeladas por ilhas e penínsulas, sempre supervisionadas pelos fortes que as guardam.

    São sentinelas permanentes, hoje para darem as boas vindas aos piratas deste século que vem aqui não para levar, mas sim para trazer suas homenagens à esta terra que tão bem sabe acolher.

    É, tranquilamente, uma das cidades mais lindas em que já estivemos e, se nos derem licença, porque hipnotizados que estamos, somos obrigados a atender ao chamado desta salsa que nos embala e nos atrai.

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    E antes de nos entregarmos a este bailado, ainda temos tempo, para em nome de tudo o que de bom passamos por aqui, te perguntar:

    Colômbia, que pasa?

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    Total percorrido : 634 km
    Última edição por Dolor; 07-08-12 às 12:36.

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