TRANSAMAZÔNICA (BR-230) - Um desafio na minha vida, um caminho a ser trilhado.
A Rodovia Transamazônica (BR-230) é a terceira maior rodovia do Brasil, com 4 290 km de comprimento, ligando a cidade de Cabedelo, na Paraíba à Lábrea, no Amazonas, cortando sete estados brasileiros: Paraíba(516,7 km), Ceará(247,8 km), Piauí(310,6 km), Maranhão(668,1 km), Tocantins(146,4 km), Pará(1.569,6 km), e Amazonas(831,4 km). É classificada como rodovia transversal. Em grande parte, principalmente no Pará e no Amazonas, a rodovia não é pavimentada. Em todo o nordeste somente um trecho de 49 km, no estado do Ceará, entre as cidades de Farias Brito e Assaré, não é asfaltado, e por falta de conhecimento desse detalhe muita gente boa que diz ter percorrido a BR-230 em toda sua extensão vai ficar só na ilusão.
A Rodovia Transamazônica (BR-230), foi planejada no governo militar do General Emílio Garrastazu Médici, para integrar melhor o Norte brasileiro com o resto do país, foi inaugurada em 27 de agosto de 1972. Inicialmente projetada para ser uma rodovia pavimentada com 8 mil quilômetros de comprimento, conectando as regiões Norte e Nordeste do Brasil com o Peru e o Equador, não sofreu maiores modificações desde sua inauguração. Depois o projeto foi modificado para 4 977 km até Benjamin Constant, porém a "construção" foi interrompida em Lábrea totalizando 4 290 km.
Quando apresentei o desafio e o planejamento prévio para amigos do ramo, muitos se interessaram e passaram a dividir o sonho, no entanto, a realidade do que seria a aventura freou o ímpeto de muitos, que desistiram e resolveram somente assistir, como se diz por aqui, de camarote.
Com os corajosos remanescentes do sonho inicial decidimos que o grupo teria no máximo 6 integrantes, e naquele momento estávamos com cinco, porém o companheiro João Alano, de Alagoas, por motivos de não enquadramento de data formou parceria com outros três companheiros, e partiu alguns dias após o nosso grupo ter iniciado o roteiro. Lamentamos a não participação dele, mas por outro lado foi bom, pois o ritmo do seu grupo era muito diferente do nosso, o que poderia ter trazido algum desconforto para o relacionamento de todos.
Com o grupo definido, vamos a suas identificações e motos utilizadas:
Ahhhhh assim vai ter alagamento aqui no TFC, mais uma aventura de dar água na boca...
Manda ver meus amigos, agora com o time de malucos insanos reforçado, fica a clara sensação de estarmos diante de um quarteto arretado, com garra e disposição de sobra para essa empreitada que realmente é para poucos... muito poucos motociclistas.
Forte abraço e na expectativa de suas excelentes postagens.
Sem margem de dúvidas: vocês são excelentes "aquisições" para este TFC.
Depois de muitos meses de pesquisas e acertos, finalmente chegou o dia da partida. Cada um partirá de um local diferente com destino a Cabedelo, na Paraíba. Eu saindo de Oeiras com passagem em Paulo Afonso-Ba e Maceó-Al, Manga saindo de Sorocaba também com passagem por Maceió, Rocha e Sáris saindo de Fortaleza-Ce, somente na véspera do início da viagem.
Nas proximidades de Paulo Afonso contato com os lagos e barragens das diversas hidrelétricas da região.
Em Paulo Afonso sempre contamos com a amizade e o apoio do irmão Wyle, na foto abaixo com três dos aventureiros em uma outra oportunidade.
Dia seguinte, destino Maceió, mais precisamente a casa do amigo João Alano, onde havia marcado de me encontrar com o Manga. Nosso amigo João Alano, que sairia dias depois para uma aventura ainda maior que a nossa, mora na Barra Nova, um local calmo e gostoso à beira de uma lagoa que o separa do mar.
Chegando em Maceió tive o prazer de encontrar o companheiro Márcio Melo e sua filha que estavam passando uns dias com o Alano.
Agora já na companhia do Manga, seguimos viagem direto para João Pessoa-Pb, que fica ao lado de Cabedelo, não sem uma parada rápida em frente ao hotel onde nos conhecemos em 2010, em Maragogi-Al.
Ao chegarmos em João Pessoa fomos direto para o hotel aguardar os demais aventureiros para os devidos registros no "Marco Zero da BR-230", a famosa "Transamzônica".
Abaixo o adesivo para marcar a nossa passagem ao longo da rodovia.
Com a chegada dos aventureiros vindos de Fortaleza, vamos então ao local que marca o início da Transamazônica.
No local há também um imenso painel em homenagem à rodovia, e que destaca alguns locais por onde vamos passar, inclusive a minha cidade, Oeiras-Pi.
Agora estamos prontos para o grande dia, para enfrentar todas as dificuldades e surpresas que nos esperam ao longo desse grande desafio. O mapa a seguir é o resumo inicial do caminho a ser seguido durante uma quantidade de dias que não podemos precisar, tudo vai depender do que vamos encontrar e como vamos encontrar. Sabemos que a chuva nos ajudaria no combate à poeira, mas por outro lado seria uma adversária terrível com água, lama, atoleiros e deslizes.
Convidamos vocês para virem conosco neste desafio, e que Deus nos proteja e ajude.
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Hoje, efetivamente, começamos o nosso desafio. A previsão para o dia é percorrer quase 1000 km até a cidade de Oeiras, e aí pernoitarmos, cruzando toda a Paraíba, o Ceará e parte do Piauí, conforme mostra o mapa abaixo. Saímos de João Pessoa ainda no escuro e debaixo de chuva, o que nos induziu a um erro no trânsito e quando percebemos estávamos indo para Natal-RN. Tivemos que fazer um certo malabarismo ilegal para corrigir a trajetória e evitar percorrer um longo trecho, desnecessariamente.
Aprendi com o Manga a procurar fotografar as placas de km exatas, se possível múltiplos de 300. Próximo a Santa Luzia-PB essa placa não existe, portanto lá vai a 299.
Existe no interior do Ceará, entre as cidades de Farias Brito e Assaré, um trecho de 49 km de terra, e este é o único trecho de terra da Transamazônica no nordeste. Muitos que partiram na intenção de percorrer a BR-230 em sua totalidade, por falta de informações, contornaram esse trecho passando pelas cidades de Crato, Nova Olinda e Aratama.
Eu já havia passado por esse trecho e não via muitos problemas em sua travessia, no entanto, não contávamos com uma chuva que caiu na região neste mesmo dia. Em determinados trechos a estrada ficou quase intransitável: escorregadia, com muita água e atoleiros. Não tínhamos opção, era enfrentar ou enfrentar. Foi difícil, até houve moto atolada, mas depois de algumas horas estávamos novamente no asfalto, na cidade de Assaré. Nesse trecho o Augusto Rocha perdeu sua carteira com dinheiro e documentos, o que inviabilizaria a sua continuidade na viagem. De Assaré, ele voltou pela estrada, numa busca sem acreditar no sucesso. Alguns quilômetros à frente a carteira foi encontrada, intacta. Agradecemos a Deus mais essa proteção e seguimos para Oeiras, onde chegamos bem mais tarde que o previsto, 20 h, devido aos dois incidentes acontecidos nesse primeiro dia.
Na entrada da cidade de Assaré, onde o Rocha sentiu falta da carteira.
Na divisa entre os estados da PB e CE não existem placas de identificação, foram arrancadas por vândalos ou por outro motivo qualquer que não é justificável. A placa km-519 fica no estado da PB e a aproximadamente 2 km de onde deveria estar a identificação da divisa entre esses estados.
Já a divisa entre CE e PI está muito bem sinalizada e identificada.
Última edição por Everardo Passos Luz; 16-09-15 às 14:07.
Agora o pensamento é só seguir em frente e atingir os objetivos traçados no planejamento. Segundo dia: quase 700 km de Oeiras a Carolina-MA. O planejamento previa dormir em Riachão, mas depois de alguma conversa resolvemos enfrentar o sol na cara e viajar diretamente para oeste até Carolina.
Depois de uma noite de sono para nos recuperarmos do dia anterior, acordamos um pouco mais tarde, coisa rara durante toda a viagem, e partimos para a etapa do dia.
Antes da partida uma pausa para uma foto, acompanhados do meu filho José Neto, da namorada Elayne, do caseiro Chagas, e da grande amiga e motociclista Lauriene, que veio de Teresina só para prestigiar a nossa passagem por minha cidade.
Depois de cruzarmos o rio Parnaíba, divisa natural entre Piauí e Maranhão, chegamos a São João dos Patos e fomos recepcionados por motociclistas locais em um clube de campo. O primeiro à esquerda é o nosso amigo motociclista Marcelo Guimarães que mora em Floriano, e que nos prestigiou indo nos encontrar em Oeiras e nos acompanhando até a cidade de São João dos Patos.
Quando fizemos uma parada em São Raimundo das Mangabeiras, para abastecimento das motos e matar um pouco a nossa fome, o Rocha fotografou este significativo aviso.
A partir de Balsas entramos na região da Chapada das Mesas, região turística com muitos atrativos, também conhecida como Paraíso das Águas.
Esse é o rio Tocantins em Carolina, a sua outra margem é o estado do Tocantins, mas a travessia não será aqui, será daqui a 100 km, na cidade de Estreito-MA.
Jantando em Carolina-MA, portal da Chapada das Mesas, uma bela de uma pizza.
A seguir algumas fotos das atrações dessa região que fiz em uma outra viagem por essas bandas, espero que sirva de atrativo para que quem as veja se decida a aventurar-se por essas bandas.
Encanto Azul
Cachoeira dos Namorados
Poço Azul
Cachoeira de Santa Bárbara
Cachoeiras Gêmeas de Itapecuru
Santuário da Pedra Caída - Nenhuma foto pode retratar o encanto desse lugar, as fotos a seguir são só um aperitivo. Aceite meu convite: venha conhecer!
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Última edição por Everardo Passos Luz; 12-04-15 às 17:47.
Hoje temos um percurso de menos de 400 km até a cidade de Marabá-PA, onde deveremos fazer revisão em algumas das motos e troca de óleo de outras. A partida não foi tão cedo, mas é importante chegar o mais cedo possível naquela cidade e ter os serviços terminados o mais cedo possível.
Sainda da pousada em Carolina, às 6:30 h.
Uma parada em Estreito-MA, antes da travessia do rio Tocantins, e a divisa entre esse estado e o Estado do Tocantins, que tem apenas 146 km da BR-230 em seu território.
Logo ali na frente saímos dessa rodovia e pegamos a BR-230 à direita.
Ponte sobre o rio Tocantins de onde se vê a ferrovia de um lado e uma hidrelétrica do outro.
A divisa entre os estados do Tocantins e Pará é o rio Araguaia. Ao atravessarmos a ponte entramos em um trecho de aproximadamente 20 km de terra, com muita poeira e buracos.
Ao chegarmos na cidade de Marabá procuramos de imediato uma concessionária Yamaha, onde fomos muito bem atendidos, e deixamos as motos aos seus cuidados. Nos hospedamos, fomos almoçar, e em seguida voltamos para receber as motos, ato contínuo, alugamos um táxi e fomos conhecer a cidade.
Hoje teremos os primeiros contatos com a segunda parte da Transamazônica, a parte desafiadora e mais perigosa. Quando chegarmos em Novo Repartimento vamos fazer a primeira saída da BR-230 para visitarmos a cidade e hidrelétrica de Tucuruí, praticamente todo o trecho é de terra, somente na saída de Marabá ainda existe um pouco de asfalto.
Foto na primeira das mais de 100 pontes de madeira que teríamos pela frente. Essa está em boas condições, o que não é regra geral.
A partir dessa ponte entramos na reserva dos índios Parakanã.
Logo após essa enorme ponte de madeira termina a reserva indígena e podemos ver uma bonita paisagem, bem como as instalações de um "bar, lanchonete, restaurante", onde paramos para descansar um pouco e beber algo. A poeira neste trecho não foi tão intensa como esperávamos porque a estrada estava um pouco molhada.
Registro da nossa passagem por Novo Repartimento, onde pegamos a bifurcação com destino a Tucuruí.
Do corredor do hotel o Manga observa a grandeza da Hidrelétrica de Tucuruí.