Página 2 de 5 PrimeiroPrimeiro 1234 ... ÚltimoÚltimo
Resultados 11 a 20 de 41
  1. #11
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    Fotos complementares do segundo post: Argentina.

    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         21.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	71,9 KB
ID:      	73896Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         22.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	45,0 KB
ID:      	73897Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         23.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	41,8 KB
ID:      	73898Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         24.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	86,8 KB
ID:      	73899Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         25.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	96,1 KB
ID:      	73900Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         26.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	92,3 KB
ID:      	73901Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         27.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	69,8 KB
ID:      	73902Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         28.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	72,6 KB
ID:      	73903Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         29.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	56,6 KB
ID:      	73904Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         30.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	40,1 KB
ID:      	73905

  2. #12
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    Boa noite amigos FC´s, vamos a mais um post em nome do FC José Alencar:

    TERCEIRO POST. DESAFIO GRANDE CACIQUE FAZEDOR DE CHUVA. PERU.


    A travessia do Peru começou também em Ananindeua - Pará - Brasil, passando pelas capitais brasileiras de Goiânia - GO, Cuiabá - MT, Porto Velho - RO e Rio Branco - AC.
    Este relato, entretanto, para simplificar, começa com a partida de Rio Branco - AC (Hotel Guapindaia) para a fronteira do Brasil com o Peru, feita em Assis Brasil - AC e Iñapari, onde os trâmites fronteiriços não são difíceis. É uma tríplice fronteira, pois Bolpebra, na província de Nicolás Suárez do Departamento de Pando, Bolívia, fica juntinho. Fiz câmbio mas não consegui comprar o seguro obrigatório (SOAT). Segui pela novíssima rodovia Interoceânica para Puerto Maldonado, no Departamento de Madre de Dios, atravessando a quase intacta selva Amazônica peruana. A degradação fica por conta dos garimpos. Pernoitei na Cabaña Quinta, onde ficam motociclistas, jipeiros e turistas brasileiros que vão para Cusco. O motociclista Juan Espinosa Gaete, Major da Polícia Nacional do Peru, veio ao meu encontro e jantamos no excelente restaurante do Cabaña (uma cecina de cerdo da melhor qualidade), onde conhecemos motociclistas brasileiros (um casal e um amigo em duas BMWs bigtrails). Pela manhã Juan Espinosa nos ajudou a comprar o seguro obrigatório SOAT e nos orientou quanto a travessia dos Andes até Cusco, daí até Lima e o regresso por Arequipa e Puno. Usei a segunda pele e uma roupa de frio Curtlo por baixo da jaqueta (Durban Alpinestar) na subida da vertente oriental Andes. A paisagem vai mudando e logo a selva amazônica vai desaparecendo para dar lugar às alturas andinas. Em Marcapata compramos gasolina a granel e Sorojchi Pills - drágeas bolivianas com uma dose cavalar de aspirina combinada com outra de cafeína para prevenir o soroche, o mal de altitude - a retalho, na beira da estrada, que tomamos ali mesmo. Passamos pelo ponto culminante da Rodovia Interoceânica, o Abra Pirhuayani, com neblina, chuvisco, frio e o efeito da altitude (4.725 metros) se fazendo sentir. Parei junto da placa mas não consegui descer para fazer uma foto e preferi seguir em frente para baixar logo e reduzir os efeitos da altitude. Era a primeira vez que fazia essa travessia de motocicleta - minha experiência anterior era uma caminhada de quatro dias pela Trilha Inca Clássica - e a pilotagem segura e defensiva era mais importante que uma fotografia. Meus companheiros das BMWs avançaram bem mais rápido. Os jipeiros que estavam em Puerto Maldonado também. A paisagem é deslumbrante e a sucessão de curvas é estonteante para quem vem da planície. Muitas curvas são um cotovelo, quase sempre em subida ou descida. O uso da buzina é obrigatório. Todo o cuidado com caminhões é pouco. Ultrapassagem requer muita prudência. A medida que me aproximo de Cusco o tráfego aumenta e as curvas diminuem porque estamos chegando nas planuras do Vale Sagrado. E assim cheguei com segurança à Plaza de Armas, em Cusco, e por sorte consegui vaga no mesmo hotel já reservado a partir do dia seguinte para eu e minha esposa Araceli, que estava em Puno (viajou para lá por via aérea) e chegaria depois de um dia de aclimatação na casa de um morador de uma das ilhas do Lago Titicaca, a quase 4.000 metros sobre o nível do mar.
    Em uma farmácia de Cusco me indicaram um produto melhor para prevenir o soroche (mal de altitude), a Acetazolamida, que pode ser comprada no Brasil (Diamox). Basta tomar um comprimido a cada oito horas que os sintomas não aparecem ou logo desaparecem.
    Araceli chegou bem e com muita alegria fomos passear pela capital do Império Inca, aproveitar a gastronomia peruana e fazer os passeios clássicos nos arredores de Cusco e em Machu Picchu, com tudo o que é de direito, inclusive um ótimo cuy chacteado (porquinho-da-Índia assado no forno) em um restaurante bem simples de Águas Calientes. Voltamos de Macchu Picchu no dia seguinte pernoitando em Cusco. Araceli voou para Lima um dia depois, enquanto eu prossegui de motocicleta para Puquio, Província de Lucanas, Departamento de Ayacucho, a 3.214 metros de altitude - nessa rota enfrentei chuva fina e aguanieve - pernoitando no Coralia Hotel, onde encontrei um casal de motociclistas canadenses (de Edmonton) que estavam indo para Ushuaia em duas motos de baixa cilindrada (Yamaha de 250 cc motor aspirado, ano 1972, que aparecem na foto).
    De manhã cedo parto para Nasca, na Província de Nasca, Departamento de Ica, sigo diretamente para o aeroporto e contrato um sobrevoo sobre as Linhas de Nasca, programa imperdível para quem passa por aqui. Depois do sobrevoo sigo pela Carretera Panamericana para o oásis de Huacachina, em pleno deserto de Ica - nele o Rally Paris-Dakar deixara marcas - e no Hotel El Huacachinero faço minha base para excursões à Reserva Nacional de Paracas e à Rota do Pisco (o dono da Bodega Lazo diz ser tataraneto de Simon Bolívar que passou por aqui e também deixou marcas).
    Sigo de Huacachina para Lima e fico no mesmo Hotel El Tambo onde esteve minha esposa Araceli, em Miraflores, aproveitando a excelente gastronomia da cidade e desse bairro em particular (nele fica a filial peruana do Cordon Bleu).
    Começo a volta para casa no dia seguinte, partindo para Nasca, onde pernoito no excelente Hotel Alegria, cujo proprietário tem uma agência de viagem e monomotores que sobrevoam as Linhas de Nasca.
    No dia seguinte prossigo para o Sul pela Carretera Panamericana, junto ao Oceano Pacífico, pernoitando em Camaná, Província de Camaná, Departamento de Arequipa, no Hotel San Diego, sempre aproveitando o que tem de melhor na gastronomia peruana, onde reinam absolutos o ceviche e outros pratos a base de pescados e frutos do mar sempre fresquinhos. É, sem margem para dúvida, uma das melhores coisas da viagem.
    De Camaná para a belíssima Arequipa, de volta aos Andes (vertente ocidental), não demorou muito, e no excelente Hostal La Casa de Mi Abuela faço minha base para passear pela cidade e fazer uma excursão ao Vale del Colca, comprada na agência do Hostal. É uma visita imperdível ao Cañon del Colca, com suas belíssimas paisagens e avistamento de condores e de camélidos típicos dos Andes.
    De volta a Arequipa começo a viagem para Puno e na primeira tentativa tive que regressar porque havia desabado uma imensa pedra sobre a rodovia e levaria o dia inteiro para ser removida. Na segunda tentativa deu certo e passei ao lado da gigantesca pedra, seguindo pelo belíssimo altiplano até Juliaca e daí para Puno, à margem do Lago Titicaca, 3.800 m de altitude, onde cheguei no início da tarde e não consegui passar para o hotel que reservara na Plaza de Armas porque era domingo, um festival religioso atraíra vários grupos (diabladas e morenadas) e as ruas estavam fechadas ao tráfego. Tive que ficar em um hotel um pouco distante. Era um pouco tarde quando fui almoçar trutas do Lago em um restaurante próximo - Tradiciones del Lago - e dele vi passar dezenas desses grupos que dão força e alma à cultura peruana, viva e forte (que assim fique por muitos milênios).
    De Puno segui viagem bordejando o Lago Titicaca - que brilhava ao sol da manhã - passando por Juliaca de novo, agora no rumo Norte. Passei pelo divisor de águas entre o Lago Titicaca e a Bacia Amazônica - tem uma feira de artesanato no local - contornei os arredores distantes de Cusco e fui pernoitar em Marcapata, Provincia de Quispicanchi, Departamento de Cusco, onde cheguei sob neblina, chuva, aguanieve, frio e pouca visibilidade. A aguanieve grudava na viseira e no parabrisa da motocicleta, me obrigando a reduzir a velocidade ao mínimo e pilotar inclinado para lado interno de cada curva pois só assim conseguia ver o leito da rodovia. Levantei a viseira e os pingos de chuva e aquanieve eram como agulhas. Tive que tirar os óculos também e quando batia um no olho a dor era terrível. Um suplício que só terminou perto de Marcapata. Pedi para guardar a moto na chefatura da Polícia Nacional do Peru, na Plaza de Armas, como me orientara Juan Manuel. Pernoitei em um hostal rústico e sem calefação, mas com um pouco de água quente escorrendo da ducha elétrica. No restaurante uma canja bem quente recuperou as energias e na manhã do dia seguinte, ainda com tempo chuvoso e frio, fiz como os trabalhadores que cuidam da Rodovia Interoceânica e tomei uma canja fumegante no lugar do café-da-manhã.
    Com a motocicleta abastecida - gasolina comprada a granel - parti para Assis Brasil, descendo a vertente oriental dos Andes, pela mesma rota já conhecida. Passei direto por Puerto Maldonado e, sem maiores complicações, fiz a travessia da fronteira em Inãpari e Assis Brasil, Estado do Acre, onde pernoitei.
    E assim terminou bem a travessia peruana do desafio, voltando para casa pela mesma rota, passando pelas capitais Rio Branco - AC, Porto Velho - RO, Cuiabá - MT e Goiânia - GO, onde revisei a motocicleta novamente e três dias depois estava em casa, em Ananindeua - Pará - Brasil.
    Missão dada, missão cumprida!

    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         1.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	76,8 KB
ID:      	74535Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         2.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	91,2 KB
ID:      	74536Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         3.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	57,9 KB
ID:      	74537Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         4.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	46,7 KB
ID:      	74538Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         5.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	33,0 KB
ID:      	74539Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         6.jpg
Visualizações:	2
Tamanho: 	62,6 KB
ID:      	74540Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         7.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	78,1 KB
ID:      	74541Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         8.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	70,1 KB
ID:      	74542Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         9.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	60,1 KB
ID:      	74543

  3. #13
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    Fotos complementares do 3º post

    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         10.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	33,1 KB
ID:      	74544Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         11.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	54,8 KB
ID:      	74545Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         12.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	32,7 KB
ID:      	74546Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         13.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	65,4 KB
ID:      	74547Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         14.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	32,6 KB
ID:      	74548Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         15.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	53,9 KB
ID:      	74549Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         16.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	52,1 KB
ID:      	74550Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         17.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	52,7 KB
ID:      	74551Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         18.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	65,6 KB
ID:      	74552Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         19.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	34,0 KB
ID:      	74553Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         20.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	44,2 KB
ID:      	74554Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         21.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	81,7 KB
ID:      	74555

  4. #14
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    QUARTO POST. DESAFIO GRANDE CACIQUE FAZEDOR DE CHUVA. AMAZÔNIA BRASILEIRA.


    A travessia das três Américas rumo a Deahorse/Prudhoe Bay, no Alaska, Estados Unidos da América, começou com uma curta viagem de minha casa em Ananindeua - Estado do Pará - Amazônia - Brasil ao porto de Belém, onde embarquei a motocicleta no Navio/Motor Clívia e com ela naveguei Rio Amazonas acima até Manaus - Estado do Amazonas, uma experiência única e rara para motociclistas, mesmo que amazônidas como eu. São cinco dias de viagem tranquila rio acima, conhecendo pessoas e lugares que só assim podem ser conhecidos. É uma viagem no espaço, mas também no tempo, pois os vestígios dos tempos áureos da borracha (a bonanza cauchera) estão por toda parte. Não tem nada igual. O navio não é um cruzeiro de luxo, mas a riqueza da paisagem fluvial e humana não tem preço e não é vista pelos olhos dos cruzeiristas que passam por aqui em (raros) transatlânticos. São vidas que se se cruzam como as redes que no convés balançam e embalam sonhos de crianças, jovens, velhos, garimpeiros, artesãos, vendedores e pelo menos um motociclista. A moto viaja bem amarrada com cordas e coberta com lona plástica - que comprei no Ver-o-Peso, o famoso mercado de Belém - no mesmo convés onde viajam tomates, cebolas, melões, tucumãs, remédios, cabos de vassouras e outras mercadorias. Aqui, como sabemos, o rio comanda a vida. E assim fui passando pela enorme Baía de Marajó, pelas proximidades de Limoeiro do Ajuru e de Oeiras do Pará, pelos Furos de Breves, por Gurupá, Prainha, Almeirim, Monte Alegre, Santarém, Óbidos, Parintins e Itacoatiara até atracar no porto de Manaus, capital do Amazonas, onde fui recebido pelos motociclistas Genghis Souza e Elvis Maciel, pernoitando no Hotel Ibis. Genghis me leva para comprar fivelas do alforje e Elvis me leva para passear pela cidade e pela nova ponte estaiada sobre o Rio Negro.
    No dia seguinte tomei o rumo Norte pela Rodovia BR-174 e logo estava em Presidente Figueiredo - Estado do Amazonas, último lugar onde é possível abastecer antes de atravessar a Terra Indígena Waimiri-Atroari (o próximo posto fica em Rorainópolis - Estado de Roraima, logo após a Terra Indígena e no limite da autonomia da motocicleta). Atravessei a linha do Equador e ingressei no Hemisfério Norte, chegando a Boa Vista, capital do Estado de Roraima, antes do sol se pôr. Ali fui acolhido por Cezar Riva, grande motociclista que organiza o maior encontro de motociclistas do Norte do Brasil, atraindo gente da Venezuela e Colômbia.
    Pela manhã me encontro com Cezar Riva, que me entrega o documento do Departamento Estadual de Trânsito - uma espécie de nada consta da motocicleta que evita a passagem de motos roubadas para a Venezuela - e me leva para comprar duas cintas com catracas para prender o alforge (as fivelas estavam quebrando a cada sacolejo mais forte). Me despeço de Cezar Riva e atravesso o Lavrado, bioma que é uma espécie de continuação da Gran Sabana venezuelana, chegando cedo a Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, assim terminando o trecho da Amazônia Brasileira e me despedindo do Brasil.
    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         1.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	82,2 KB
ID:      	74569Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         2.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	55,1 KB
ID:      	74570Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         3.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	40,4 KB
ID:      	74571Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         4.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	45,0 KB
ID:      	74572Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         5.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	48,5 KB
ID:      	74573Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         6.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	88,6 KB
ID:      	74574Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         7.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	69,0 KB
ID:      	74575Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         8.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	49,2 KB
ID:      	74576Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         9.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	75,3 KB
ID:      	74577Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         10.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	42,0 KB
ID:      	74578Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         11.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	45,1 KB
ID:      	74579

  5. #15
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    QUINTO POST. DESAFIO GRANDE CACIQUE FAZEDOR DE CHUVA. VENEZUELA.


    A travessia da Venezuela começa já em Pacaraima, Estado de Roraima, onde vive o grande motociclista venezuelano Edwin Valbuena, fundador do grupo Planeando Rutas América, uma rede que reúne motociclistas das três Américas e que me ajudou muito no planejamento da motoviagem. Ele mora em Pacaraima, trabalha em Santa Elena de Uairén e ajuda todos os motociclistas que fazem essa travessia e que por ele procuram. Foi meu caso. Depois de tentar sem sucesso fazer a exportação temporária da motocicleta na Alfândega brasileira - para evitar eventuais problemas na volta - e ser muito bem atendido por um Delegado da Polícia Federal que é também motociclista, passei para a Venezuela e fui cuidar dos trâmites fronteiriços. Estava nessa faina quando chegou Edwin Valbuena e passou a me auxiliar daí em diante. Para essa travessia é preciso fazer a importação temporária e um seguro obrigatório da motocicleta. Nada demais se fosse tudo no mesmo lugar. Mas o seguro obrigatório é feito no centro de Santa Elena de Uairén, vinte quilômetros adiante, e foi para lá que Edwim me guiou. Fiz o seguro na Mapfre e as fotocópias necessárias. Como a fila no posto de gasolina para estrangeiros estivesse grande eu resolvi arriscar o que me restava de autonomia e voltar para a fronteira, sempre guiado por Edwin. Completei os trâmites fronteiriços, mas a gasolina já não bastava para prosseguir até Santa Elena de Uairén. O jeito foi comprar gasolina a granel em uma borracharia de Pacaraima, pagando preço relativamente alto. Em seguida fui fazer câmbio com um comerciante conhecido de Edwin. Troquei 300 dólares e tive que espalhar vários maços cintados de bolívares nos muitos bolsos da jaqueta e da calça Durban (da Alpinestar). Gentil, Edwin coloca plásticos no parabrisas da motocicleta (um da Gran Sabana e outro da bandeira atual da Venezuela), que estão lá até hoje e lá ficarão para sempre. Voltamos para Santa Elena de Uairén e me hospedo no Hotel Garibaldi, de um motociclista venezuelano. Jantamos no restaurante do hotel onde recebo as instruções de Edwin para fazer a travessia da Gran Sabana e de toda a Venezuela, pois ele vai mobilizar os membros da rede Planeando Rutas pelo WhatsApp.
    No dia seguinte parto cedinho para Puerto Ordaz, Estado de Bolívar - cidade geminada com San Felix formando a Ciudad Guayana (850 mil habitantes) - passando por Rápidos de Kamoiran - onde abasteço de graça (fui doar um dólar para o frentista mas o Guarda Nacional foi mais ágil...) - e atravessando a Gran Sabana sob chuva fina e neblina, o que impediu a visão dos sete tepuys - elevações com o topo plano como o Monte Roraima, que é na verdade um tepuy - reabastecendo (de graça) em Eldorado e encontrando do meio para o final da tarde, perto de Guasipati, com Carlos Salazar, grande amigo motociclista que havia hospedado em minha casa quando ele e seus amigos Pedro Figarela e Richard foram para Ushuaia. Fraternal e solidário Carlos E Salazar me escoltou e acolheu em sua casa com sua não menos fraternal e solidária esposa Yuddy. E como se fosse pouco ele regulou o cabo da embreagem, limpou o párabrisas com um produto que repele a chuva, instalou mapas da América Central no GPS, fixou os suportes da câmara GoPro no capacete e no pára-brisas, me apresentou o casal de advogados Miguel e Eugenia e o veterano motociclista Álvaro Eljach, com os quais jantamos um bom asado com as excelentes arepas (tortillas de milho típicas) da Yuddy. Carlos varou noite para atualizar os mapas de meu GPS. Mesmo dormindo tarde acordou cedo e teve a delicadeza e a solidariedade de me acompanhar até El Tigre, apesar de minha insistência para que ele me deixasse na saída de Ciudad Guayana. Em El Tigre nos despedimos e a atendente no banheiro do posto fez nossas fotos e ficou espantada quando Carlos lhe explicou o destino da motoviagem.
    Embora meu plano fosse chegar a Maracay, nos arredores de Caracas fui recebido por Edwin Andrade (do motoclube Depredadores del Camino) e sua esposa Iris Samantha - mobilizados por Edwin Valbuena - que me escoltaram e aconselharam a pernoitar em Caracas, onde já haviam reservado hotel, no qual jantamos na companhia de seu filhinho. Uma bela família e mais um amigo para lembrar e ser grato para sempre.
    No dia seguinte saí cedo - para me livrar do tráfego infernal de Caracas - e segui pelos Llanos para Barinas (350 mil habitantes), terra do clã Chávez. Na entrada de Barinas, logo após passar por uma alcabala (posto policial) da Guarda Nacional, tomei um susto quando fui trancado por um automóvel de onde saía um braço que gesticulava freneticamente me mostrando o acostamento. Mas eram as boas-vindas dos queridos irmãos motociclistas Ramón Sosa e Carlos Molina, ambos do grupo Planeando Rutas América, que haviam sido mobilizados por Edwin Valbuena. Ramón Sosa organiza anualmente o evento Hermandad Motera Barinas, que reúne três mil motociclistas. Fui hóspede de Ramón, que é também da rede de motociclistas Alaska-Sturgis, liderada pelo mexicano Miguel Urista, de Etzatlán (perto de Guadalajara), aos quais pretendia me juntar a partir de Los Angeles. Eles me levam para jantar arepa e uma gostosíssima cachapa, outra tortilla típica da Venezuela, feita de milho quase maduro. É impossível não gostar dessas comidas e de um povo tão hospitaleiro e gentil como os venezuelanos e, por extensão, da Venezuela, um belo país, que não merece o sofrimento por que passa.
    Cedinho saio para a fronteira com a Colômbia e atravesso o que resta de Los Llanos, me aproximando dos Andes. Rodei 360 Km com a planície à esquerda (Los Llanos) e pouco a pouco os Andes à direita. Belíssima paisagem. A estrada tem uma quantidade imensa de policiais deitados (policias acostados, as nossas lombadas). Comecei a subida dos Andes, com centenas de curvas para todos os gostos. Não raspei a pedaleira nenhuma vez (na subida dos Andes peruanos raspei dezenas de vezes antes de encontrar a inclinação correta). Descendo ao vale aí estava San Cristóbal e mais uma vez um pequeno erro me levou ao congestionado centro de uma cidade grande e espalhada. Na alcabala da saída de San Cristóbal fui parado pela primeira vez e ao saber do meu destino o jovem policial pediu para adicioná-lo no Facebook e agora ele vai acompanhar a rota. Passei meu nome para ele, marquei as coordenadas exatas da alcabala no SpotMessenger e elas foram para o Facebook. O tráfego é pesado até San Antonio del Táchira, onde cheguei bem - mas muito cansado - às 15:30 h. Fui atendido com toda a calma - exasperante calma - pela recepcionista do Hotel Centro Internacional (2.400 bolívares a diária de quarto duplo porque os simples estavam ocupados, algo como trinta reais ou dez dólares). Logo estou descansando um pouco e esperando Duvian Contreras, odontólogo, e Carlos Mário, comerciante, motociclistas colombianos de Cúcuta, também membros da rede Planeando Rutas América, que vão me ajudar nos trâmites fronteiriços, em mais uma impressionante demonstração de solidariedade, pois eles largaram seus afazeres para me atender. Para não ter que fazer os trâmites fronteiriços de suas motocicletas eles vieram de mototaxi até o hotel, onde nos encontramos com muita alegria, como se fosse um reencontro de velhos amigos. Jantamos e celebramos o, digamos assim, reencontro, marcando para o dia seguinte cedinho a travessia da fronteira.
    Sou muito grato a Edwin Valbuena, Carlos Salazar, sua esposa Yuddi, Álvaro Eljach, Edwin Andrade, sua esposa Iris, Ramon Sosa, Carlos Molina, Duvian Angulo Contreras e Carlos Mário, quase todos membros da rede Planeando Rutas América, graças aos quais essa travessia foi uma viagem por belas paisagens, físicas e humanas. Renovei assim, a cada quilômetro, a crença na cultura da paz e no bom futuro da Venezuela e da Humanidade.


    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         12.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	54,9 KB
ID:      	74667Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         13.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	41,3 KB
ID:      	74668Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         14.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	54,5 KB
ID:      	74669Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         15.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	41,9 KB
ID:      	74670Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         16.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	63,2 KB
ID:      	74671Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         17.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	49,7 KB
ID:      	74672Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         18.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	46,9 KB
ID:      	74673Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         19.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	65,5 KB
ID:      	74674Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         20.jpg
Visualizações:	31
Tamanho: 	17,4 KB
ID:      	74675

  6. #16
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    SEXTO POST. DESAFIO GRANDE CACIQUE FAZEDOR DE CHUVA. COLÔMBIA.


    A travessia da Colômbia começa ainda em San António del Táchira (Município de Bolívar, Estado de Táchira, 800 metros de altitude e 50 mil habitantes, aproximadamente), de manhã cedo, pois Carlos Mário, sempre solidário e prestativo, saiu de sua casa em Cúcuta, capital do Departamento Norte de Santander - Colômbia (600 mil habitantes e 300 metros de altitude aproximadamente), na Cordilheira Oriental dos Andes, passou no hotel e me levou para fazer a saída da Venezuela (imigração e alfândega). Um inferno porque para dar saída da motocicleta no SENIAT (a Receita Federal venezuelana) é uma guerra, pois apesar da consulta prévia feita pelo Carlos Mario, tivemos que entrar em uma fila de motociclistas gigantesca. Para abreviar entramos no posto de gasolina internacional para sair um pouco adiante e disputar espaço com aguerridos motoboys. O frentista ganha uma gorjeta e marca com tinta lavável um número no paralamas dianteiro, para controle pela Guarda Nacional. Essa multidão de motoboys, que disputam freneticamente o espaço, na verdade levam gasolina no tanque para o outro lado da fronteira, na Colômbia, e ganham mais quanto maior a quantidade de viagens ao dia. Consta ser esse um bom negócio, pois a gasolina venezuelana era quase doada (tempos depois o governo caiu na real e fez um pesado reajuste). Quando finalmente chega minha vez eu sou o único que vai ao SENIAT dar saída na moto, que havia sido internada em Santa Elena de Uairén pelo prazo de 90 dias. A multa em caso de atraso é de 80% do valor declarado da moto. O atendimento no SENIAT é simples e cordial e finalmente posso sair da Venezuela e ingressar na Colômbia. Na imigração colombiana o procedimento é simples e bem perto fica o DIAN (a Receita Federal colombiana) onde apresento cópias da CNH, título de propriedade e do passaporte ao servidor que vistoria a moto, faz um decalque do chassi e me encaminha para o servidor que emite a permissão de internação temporária da motocicleta, esclarecendo que no meu caso a empresa que transportar a moto para o Panamá vai ter que me orientar como proceder para dar saída. A demora foi na seguradora para fazer o SOAT, o seguro obrigatório. Pelo menos era refrigerado o ambiente porque lá fora o calor estava infernal e eu já consumira mais da metade do cantil (camel bag) instalado na costa da jaqueta com água congelada. Na saída Carlos Mário me ofereceu um refresco de tangerina que estava uma delícia. Era um merecido brinde pois agora eu estava de fato e de direito na Colômbia. Sem esse apoio solidário dos irmãos motociclistas fica muito mais difícil fazer sozinho os trâmites fronteiriços.
    Guiado por Carlos Mário, logo passamos em frente à casa natal do General Santander, em Villa del Rosário, e vamos para Cúcuta visitar Duvian Contreras, no seu moderno consultório odontológico, ali conhecendo sua esposa e filhinha, uma linda e simpática família. Perto já do meio-dia é a vez de conhecer a esposa e filhas de Carlos Mário, em sua loja também no centro de Cúcuta, onde trabalham todas. É também uma linda família. Saímos para fazer câmbio e me perdi de Carlos Mário. Fiz o câmbio sozinho, em duas casas de câmbio, e iniciei a viagem depois do meio-dia. Sabia que Carlos Mário e Duvian Contreras não ficariam preocupados porque me seguiriam pelo Facebook, onde as coordenadas geradas pelo SpotMessenger começariam a aparecer.
    A viagem agora pelos Andes colombianos é no rumo Sudoeste, com belíssimas paisagens, uma sucessão de cumes e vales, com curvas para todos os gostos e cuidados. Mais alguns quilômetros subindo a cordilheira e passando por Pamplona (2.342 metros de altitude e 50 mil habitantes aproximadamente), estou nos belíssimos páramos (altiplanos) colombianos, que parecem com os do Equador e do Peru, mas tem lá suas diferenças. O tempo frio, chuvoso, nublado e com neblina me levou, por segurança, a pernoitar no Páramo de Berlin, no Município de Tona, já no Departamento de Santander, e pernoitar em um páramo, a 3.214 metros de altitude, era uma vivência que me faltava. A simplicidade da Hospedaje Berlinera, o frio, a sopa de batata e a truta salmonada fresca preparada com simplicidade (simplesmente frita) tornaram a experiência inesquecível, pois quando cessou o tráfego o silêncio e a solidão baixaram sobre o páramo.
    De manhã cedo, depois de um desjejum reforçado - caldo de costilla con arepa santanderense - com o tempo ainda nublado, prossigo no rumo Sudoeste e me interno mais ainda na cordilheira dos Andes. Logo estou em Bucaramanga, a surpreendente capital do Departamento de Santander (cerca de um milhão de habitantes, 1.189 metros de altitude), situada no fundo de um belo vale, La Ciudad Bonita de Colombia. A travessia pelo centro da cidade não foi das piores, apesar das ladeiras empinadíssimas (pelo menos para quem vem da planície amazônica), mas devo ter cometido algum erro pois o GPS me guiou para uma saída pelos empobrecidos arredores e por estradas secundárias de tráfego pesado. Apesar disso, em nenhum momento senti faltar segurança e as pessoas eram cordiais e solidárias ao prestar as informações que eu ia pedindo na rota. Continuei a viagem desfrutando as belas paisagens andinas e chegando do meio para o final da tarde a Barbosa, ainda no Departamento de Santander, a meio caminho de Bogotá (30 mil habitantes e 1.600 metros de altitude aproximadamente). Procurando hotel para pernoitar logo cheguei a Moniquirá (21 mil habitantes e 1.700 metros de altitude aproximadamente), uns 10 Km mais adiante, já no Departamento de Boyacá, Província de Ricaurte, onde passei a noite.
    Pela manhã, ao alvorecer, parti para a última etapa da travessia rumo a Bogotá (10 milhões de habitantes aproximadamente), 200 Km ao Sul de Moniquirá e 2.600 metros más cerca de las estrellas. Combinei encontrar com Maurício Lopez - que havia sido mobilizado por Edwin Valbuena desde que eu passei por Santa Elena de Uairén - na entrada de Bogotá. Nos desencontramos aí mas nos encontramos na concessionária da Harley-Davidson, onde ele estava me esperando e deixei a motocicleta para revisão. Ele me seguia pelas coordenadas enviadas ao Facebook pelo SpotMessenger. E assim tive a prova mais uma vez da solidariedade que me acompanhou desde Manaus até Bogotá. Mauricio já passou por Belém e foi acolhido por Alex Reis de Menezes, mas eu não o conhecia. Mesmo assim ele estava me esperando e ofereceu sua casa para hospedar-me, oferta que delicadamente recusei porque combinara esperar Valcir Alberto e Neviton Custodio no Hotel Ibis Museo. Essa extensa rede de solidariedade é articulada pelo WhatsApp e Facebook e sem ela eu teria enfrentado algumas dificuldades. Sou muito grato a todos e, agora, sou particularmente grato ao Mauricio Lopez, com quem no dia seguinte vou almoçar uma bandeja paisa, o gigantesco prato nacional que é a alma gastronômica da Colômbia, ao qual devo acrescer o ajiaco santafereño, que é típico de Bogotá.
    A trilha sonora deste trecho colombiano é a cúmbia e o vallenato. A cúmbia é ouvida em toda parte, montanha, páramos, planícies, pueblos ou capitais. E ouvindo cúmbia volto aos anos sessenta e início dos anos setenta do século passado, quando ela dominava as gafieiras de Bragança e da periferia de Belém, Estado do Pará, onde ela chegava pelas rádios AM e pelos long-plays contrabandeados desde as Guyanas. A cúmbia é a ilustre ancestral da lambada, agora no perigeu. A cúmbia continua em alta.
    Bogotá continua linda, beleza que o caos no trânsito não chega a ofuscar. Valeu a pena.
    Fiz contato com a Air Cargo Pack para transportar as motos para o Panamá (1.200 dólares cada), o que só vai ser possível na segunda-feira e por isso espero por Valcir Alberto e Neviton Custódio, que haviam saído de Palmira, no vale do Rio Cauca, cerca de 500 km a Sudoeste de Bogotá, sempre na Cordilheira dos Andes. É um trecho longo e difícil e Valcir rodou até duas da madrugada para chegar a Bogotá, um ato heróico e arriscado (ele acabou as lonas de freio nesse trecho). Depois ainda rodou mais três horas tentando encontrar o hotel (ele não usa GPS) e terminou se hospedando às proximidades. Neviton optou por pernoitar no meio desse trajeto. Pela manhã nos encontramos: Valcir veio para o Hotel Ibis daí seguimos para a concessionária Harley-Davidson, onde em seguida chegou Neviton. Agora todas as motocicletas estavam na revisão e pudemos ir todos para o hotel e desfrutar das belezas de Santa Fé de Bogotá, que não são poucas, da gastronomia ao Museo del Oro. No sábado retiramos as motocicletas revisadas da concessionária e levamos para o estacionamento do hotel, aproveitando bem o final de semana.
    Ajustamos os detalhes finais do transporte aéreo das motocicletas e na segunda-feira as entregamos no Terminal de Carga Aérea do Aeroporto El Dorado - a Air Cargo Pack se encarrega dos trâmites, mas os motociclistas devem estar presentes - e compramos os bilhetes aéreos para Ciudad Panamá (tivemos que comprar ida-e-volta para sair mais barato, paradoxalmente). Na terça-feira deixamos o hotel cedo e fomos para o Aeroporto El Dorado, de onde partimos para Ciudad Panamá, assim terminando a travessia da Colômbia e da América do Sul.
    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         1.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	44,4 KB
ID:      	74755Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         2.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	95,7 KB
ID:      	74756Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         3.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	55,0 KB
ID:      	74757Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         4.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	40,8 KB
ID:      	74758Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         5.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	42,4 KB
ID:      	74759Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         6.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	89,7 KB
ID:      	74760Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         7.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	82,3 KB
ID:      	74761Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         8.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	58,5 KB
ID:      	74762Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         9.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	57,0 KB
ID:      	74763Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         10.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	19,5 KB
ID:      	74764

  7. #17
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    SÉTIMO POST. DESAFIO GRANDE CACIQUE FAZEDOR DE CHUVA. PANAMÁ.


    A travessia do Panamá começa com um voo tranquilo de Bogotá ao Aeroporto de Tocumen, Ciudad Panamá, onde nos espera um respeitado odontólogo panamenho que é também motociclista, Noriel Antonio Chang Aparício, amigo do Grande Cacique Fazedor de Chuva Carlos Alberto Facioli Chedid, colega e amigo meu de Florianópolis - SC, a pedido de quem ele foi nos receber. Noriel nos levou ao Terminal de Carga Aérea (Bodega Tabosa), que estava fechado para o almoço, pelo que fomos também almoçar em uma fonda de comida chinesa (ele é descendente de chineses) ali perto. Depois de demorados trâmites - Noriel nos esperou com paciência chinesa por três horas - recebemos as motocicletas - que são transportadas sobre pallets de aço, presas com cintas e estavam assim quando finalmente fomos autorizados a retirá-las. Na Aduana encontramos plásticos de motociclistas que passaram por aqui. No estacionamento encontramos duas motocicletas BMWs de brasileiros que estavam fazendo os trâmites e também seguiam para o Alaska, com os quais trocamos rápidas informações. Saímos escoltados por nosso anjo da guarda no Panamá, sob um calor infernal. Por segurança as motos são transportadas com o mínimo de combustível e fomos logo abastecer, seguindo depois para o hotel Marbella, no bairro El Cangrejo, reservado por Noriel Antonio Chang Aparicio, que ali mesmo consertou uma fechadura do alforge da moto do Neviton. Em seguida ele nos levou para passear pela cidade. Melhor recepção que essa impossível. Mais uma prova da generosidade das gentes de Nuestra América. Panamá é uma pequena república onde pulsa um imenso coração de sua gente.
    No dia seguinte nosso generoso anfitrião nos levou para visitar o Canal do Panamá (eclusas de Gatún, no Mar do Caribe/Oceano Atlântico; de Miraflores, no Oceano Pacífico, e as obras do novo canal). Noriel, mais que generoso anfitrião é um verdadeiro anjo da guarda, a quem somos gratos e rendemos homenagens. Nossa dívida para com ele é muito grande e um jantar no Friday do shopping Albrook e uma lembrança da Harley-Davidson - ele nos levou para visitar a concessionária local - não pagam.
    No terceiro dia, com 3.962,2 Km rodados desde a porta de casa, começo o trecho mesoamericano da motoviagem. Iniciamos a travessia do Panamá propriamente dita e Noriel foi ao Hotel Marbella se despedir. A motocicleta de Neviton não dava partida e foi Noriel que ajudou mais uma vez, fazendo uma chupeta da bateria de sua caminhonete. Assim, com boas lembranças, partimos no rumo da Costa Rica, pois pretendíamos pernoitar em Ciudad Neily, logo depois de atravessar a fronteira em Paso Canoas. Como a motocicleta de Neviton continuava com problema na partida paramos em San José de David (180 mil habitantes aproximadamente), capital do Distrito de David e da Província de Chiriqui, já perto da fronteira, rodando cerca de 500 Km pela Via Panamericana, onde ficamos sob a proteção do Ildemaro Atonaidan, da rede Planeando Rutas América, mobilizado por Edwin Valbuena desde Santa Elena de Uairén. Estou com um problema de vazamento de óleo da corrente primária, velho conhecido (nas concessionárias eles apertam demais a tampa enfeitada até ela empenar e vazar óleo quando estaciona a moto). Espero resolver isso em San José de Costa Rica, com apoio de Mayi Castro e seu esposo Oscar, amigos dos Grandes Caciques Fazedores de Chuva Antonio Carlos Facioli Chedid e Carlos Alberto Bragagnolo, amigos meus de Florianópolis - SC. O problema da moto de Neviton Custodio logo está sendo resolvido com ajuda do motociclista panamenho Luis Alberto Horna Resende, que é filho de uma brasileira de Oliveira - MG, Maria Auxiliadora Horna Resende. Ele é amigo de Ildemaro e espera a moto esfriar para ver o motor de partida e, se for o caso, na manhã do dia seguinte levar para um especialista consertar.
    Ildemaro estava nos esperando na Via Panamericana, em um posto de gasolina, mas a sede e o calor nos fizeram parar um posto antes. Tão logo o avisei por WhatsApp que já estávamos no hotel ele veio ao nosso encontro com alegria e felicidade contagiantes, como se me conhecesse desde a infância lá em Bragança. Ele colocou no meu braço uma pulseira plástica azul com o nome do Panamá que uso até hoje e me deu uma garrafinha de azeite de oliva - ele é dono de um pequeno supermercado - para temperar comida na viagem, mas que preferi guardar de recordação. Estou cada vez mais impressionado com a fraterna e calorosa solidariedade que recebemos de motociclistas brasileiros, venezuelanos, colombianos, panamenhos, ticos (costarriquenhos) e mexicanos, renovando minha fé nos homens e na Humanidade (fé algo abalada antes de começar a planejar a viagem, admito). Esses fatos provam que é possível construir uma cultura da paz. Se motociclistas podemos, todos podemos. Gracias, Noriel, Luis Alberto, Ildemaro y todos de la red Planeando Rutas y Akaska-Sturgis.
    À noite saímos com Ildemaro Atonaidan e fomos visitar a família de Luis Alberto Horna Resende, conhecendo seus pais. Luis Alberto nos deu a boa notícia de que o problema da moto de Neviton era só bateria. Ele emprestou uma e o motor de partida funcionou muito bem.
    Saimos para jantar - consomé de mariscos e camarões con salsa criolla - em um excelente restaurante indicado pelos nossos anfitriões (David está muito perto da costa do Oceano Pacífico e os pescados e frutos do mar são muito bons).
    Pela manhã cedo Ildemaro saiu com Neviton Custodio para comprar uma bateria nova e em seguida seguimos em animado comboio para a fronteira, em Paso Canoas, onde tivemos a preciosa ajuda de nossos anfitriões e anjos da guarda - Luis Alberto abortou uma tentativa de cobrança de propina por um despachante panamenho - que ainda tiveram a delicadeza final de deixar suas motocicletas no lado panamenho e atravessar a pé a fronteira para nos auxiliar nos trâmites para ingressar na Costa Rica e se despedir.
    Assim, cercados de hospitalidade, de solidariedade e de generosidade dos nossos irmãos motociclistas Noriel Antonio Chang Aparicio, Ildemaro Atonaidán e Luis Alberto Horna Resende, concluímos a travessia do Panamá.
    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         1.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	55,1 KB
ID:      	74775Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         2.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	43,7 KB
ID:      	74776Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         3.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	63,1 KB
ID:      	74777Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         4.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	47,3 KB
ID:      	74778Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         5.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	58,2 KB
ID:      	74779Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         6.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	43,8 KB
ID:      	74780Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         7.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	60,3 KB
ID:      	74781Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         8.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	84,1 KB
ID:      	74782

  8. #18
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    OITAVO POST. DESAFIO GRANDE CACIQUE FAZEDOR DE CHUVA. COSTA RICA.

    Vencidos os trâmites fronteiriços em Paso Canoas - cidade compartilhada entre Panamá e Costa Rica, Províncias de Chriqui e Puntarenas, respectivamente, com cerca de 10 mil habitantes - com a inestimável ajuda dos motociclistas panamenhos Ildemaro Atonaidán e Luis Alberto Horna Resende, seguimos viagem Costa Rica adentro, no rumo de San José de Costa Rica, sua simpática capital, onde nos esperam Oscar e Mayi Rivera, amigos dos Grandes Caciques Fazedores de Chuva Antonio Carlos Facioli Chedid e Carlos Alberto Bragagnolo, por estes mobilizados.
    Melvin Madriz Picado, motociclista amigo de Noriel Antonio Chang Aparício e por ele mobilizado, foi nos esperar em Palmar (Província de Puntarenas, cerca de 10 mil habitantes) e nos escoltou até seu Hotel Los Crestones, em San Isidro de El General (Província de San José, 700 metros de altitude, 50 mil habitantes aproximadamente, a 200 Km de Paso Canoas mais ou menos), onde chegamos sob chuva e fomos alcançados por Oscar, seu irmão Paco, Roberto e amigos motociclistas, que em comboio vieram de San José ao nosso encontro. Formamos um comboio e guiados por eles seguimos pela costa - e não pelo Cerro de La Muerte, como previsto, porque chovia, tinha neblina e fazia frio de 8 graus Celsius - até a casa de Oscar e Mayi Rivera, em San José, onde nos esperava um jantar típico (gallo pinto não poderia faltar e não faltou) com amigos do casal - agora nossos também - tudo muito bom e acolhedor. Agora são os ticos que nos acolhem e protegem. A conversa é agradabilíssima e se não fosse a necessidade de descansar para partir cedinho para a fronteira com a Nicarágua ela vararia a noite.
    Pela manhã cedo Mayi nos brindou com um desjejum tipicamente costarriquenho. Tomás veio compartilhar o desjejum e se despedir, fazendo muitas fotos da nossa partida. Nos despedimos de Tomás e de Mayi e Oscar nos levou para passear pelo centro de San José - era domingo e estava tudo muito tranquilo - e em seguida nos guiou até boa parte do caminho para a fronteira. Paramos uns 150 Km mais adiante, em Limonal (Província de Guanacaste, 200 m de altitude), a meio caminho da fronteira, um local que eu já conhecia de uma excursão rodoviária que fiz alguns anos atrás pela Gray Line. Lá estavam as mesmas araras (guacamayas), o mesmo restaurante (Mi Finca) e as mesmas mangueiras. É o ponto de encontro das vans e ônibus de turismo. Oscar é um veterano piloto aposentado. Ele começou a carreira voando em Douglas DC-3 e terminou em Airbus, passando por toda a evolução da aviação civil (aviões a hélice com motores aspirados e turbinados, turbohélices e jato puro). Mas agora ele só quer saber de motociclismo. Sua BMW é dos anos setenta, com milhares de quilômetros rodados, mas parece que saiu da loja ontem. Ele é um excelente motociclista e não é fácil seguir o ritmo dele. Na véspera eu ficara para trás várias vezes pois o ritmo forte dele era seguido pelos demais e eu não sou de andar rápido sob chuva e em estradas desconhecidas. Como chovia bastante ele nos brindou com seus conhecimentos da meteorologia e nos esclareceu que se tratava de uma camada de cumulus nimbus (as temíveis CBs) que descarregaria toda a água em meia hora. E assim foi mesmo. Nos despedimos e seguimos para a fronteira, pelas belíssimas paisagens costarriquenhas. Os flamboyants floridos ficaram na lembrança para sempre.
    Rodamos mais outros 150 Km e chegamos a Peñas Blancas (Província de Guanacaste, 328 metros de altitude e pouco mais de 2 mil habitantes), na fronteira com a Nicarágua, muito perto do Lago Nicarágua. Dividimos as tarefas entre nós: eu fiquei vigiando as motocicletas e Neviton e Valcir foram cuidar dos demorados trâmites fronteiriços, nos revezando no que era necessário e possível. Esses trâmites - via de regra inspeção sanitária e veicular, internação temporária e seguro obrigatório da motocicleta - são a parte mais aborrecida e até exasperante de uma motoviagem na América Latina. De bom apenas o fato de não precisar fazer imigração até chegar na fronteira da Guatemala com o México, graças a um acordo internacional entre Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala. Basta fazer uma entrada na Costa Rica e uma saída na Guatemala.
    Entardecia quando conseguimos, finalmente, sair da Costa Rica e ingressar na Nicarágua, levando as boas lembranças da acolhida calorosa, gentil e solidária dos ticos.
    Muito obrigado Oscar, Mayi, Paco, Roberto, Tomáz e amigos de San José de Costa Rica.
    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         11.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	72,6 KB
ID:      	74792Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         12.jpg
Visualizações:	1
Tamanho: 	83,5 KB
ID:      	74793Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         13.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	84,4 KB
ID:      	74794Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         14.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	71,7 KB
ID:      	74795

  9. #19
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    NONO POST. DESAFIO GRANDE CACIQUE FAZEDOR DE CHUVA. NICARÁGUA.


    Chegamos às quatro da tarde de domingo na fronteira com a Nicarágua, en Peña Blanca. Do lado costarriquenho os procedimentos de saída foram simples e rápidos, ao custo de oito dólares. Fiquei vigiando as motos enquanto Valcir Alberto e Neviton Custodio faziam os trâmites fronteiriços de todos nós. Policiais costarriquenhos cortesmente nos saudavam ao passar e um veio me ajudar a calçar o descanso lateral com uma pedra, pois resolvera conviver com o vazamento do óleo da corrente primária conforme orientação do meu mecânico em Belém, o Arthur Coelho, que sabe tudo de motocicleta (e da minha em particular). Deixando a moto na vertical não vazava óleo e por isso precisava calçar o descanso lateral. Isso tudo fixou definitivamente uma boa impressão e uma boa lembrança da Costa Rica e de sua gente, os amáveis e simpáticos ticos. O céu estava bonito, depois da chuva na saída de Limonal. Como do lado costarriquenho os procedimentos foram rápidos logo atravessamos a fronteira para o lado nicaraguense. Neviton Custódio, que liderava o comboio, foi cercado por uma chusma de despachantes que trotavam ao lado das motocicletas portando crachás como se fossem servidores públicos, e a primeira impressão que tivemos da Nicarágua foi essa invasiva e agressiva abordagem, que incomoda todos que por aqui passamos, conforme vários relatos que li quando planejava a motoviagem, pois sabia muito bem que travessia de fronteira é sempre um momento crítico, que alguns preferimos esquecer. Nos desvencilhamos deles com firmeza, quase rispidez, e começamos os procedimentos. Primeiro os pneus das motos foram borrifados com uma substância para controle de pragas e para isso tivemos que pagar três dólares - o sandinismo convive bem com o dólar - por moto. Em seguida fomos inspecionados por uma pessoa que parecia ser um servidor público, com o símbolo da bordado FSLN na manga da camisa de listrinhas azuis e brancas, deixando claro não haver separação entre Estado e partido. Eu fiquei novamente vigiando as motos e revezando para fazer a aduana, o seguro obrigatório e a imigração (pagando tudo com dólares, até uma esquisita taxa de um dólar por passaporte, cobrada pela Alcaldia de Cárdenas, o Município da fronteira). Terminamos tudo três horas depois, por volta de sete horas da noite. Decidimos pernoitar em San Juan del Sur (municipalidade do Departamento de Rivas com cerca de 15 mil habitantes), onde chegamos uma hora depois, quando já estava escuro, viajando por uma rodovia construída em uma estreita faixa de terra entre o Lago Nicarágua e o Oceano Pacífico, à margem do qual fica essa simpática cidadezinha praiana, paraíso de jovens surfistas e gringos. As luzes vermelhas que se avistava no caminho eram das turbinas eólicas, como constatamos no dia seguinte. Nos hospedamos em um hotel simples e procuramos um restaurante na beira da pequena baía para jantar. E foi um bom jantar, para compensar os dissabores da travessia na fronteira. Ficamos sabendo pelo mesero (garçon) que as luzes que se avistam sobre uma colina no final da praia são de um condomínio fechado onde militares e suas familias veraneiam.
    Em San Juan del Sur ficaria uma das extremidades do futuro canal interoceânico que chineses e nicaraguenses prometem construir ligando o Pacífico ao Mar do Caribe, um projeto que remonta aos tempos da colônia e foi abandonado no início do Século XX quando o Canal do Panamá foi construído (os panamenhos acham que o canal nicaraguense não passa de um conto chino…).
    Saímos por volta de 9 h de San Juan del Sul, deixando para trás sua pequena baía com uma colina em cada extremidade da praia, voltamos à rodovia (Carretera Panamericana) e seguimos no rumo de Honduras, bordejando o Lago Nicarágua e com o Oceano Pacífico à nossa esquerda, como era possível ver na tela do GPS. Agora é possível ver as turbinas do parque eólico cujas luzes avistamos na véspera. Felizmente, os ventos estavam camaradas. Passamos por Granada, uma simpática cidade colonial de 120 mil habitantes aproximadamente, às margens do Lago Nicarágua; pela capital Manágua, uma cidade moderna (a antiga foi destruída por terremotos em 1931 e 1972) com 3,5 milhões de habitantes aproximadamente; por León, outra simpática cidade colonial (a segunda maior cidade da Nicarágua, com perto de 400 mil habitantes), viajando por boas estradas, alguns trechos em concreto. A paisagem parece nossa caatinga, com montanhas à nossa direita e alguns vulcões perto de León. Um deles surge depois de uma curva bem na nossa frente na linha do horizonte, entre flamboyants floridos, uma paisagem inesquecível.
    Disputamos espaço nessa moderna rodovia com caminhões transportando cana a granel (e largando pedaços na pista), com veículos de tração animal (e até humana), com animais e até com uma boiada inteira que nos obrigou a freiar bruscamente e sair para a contra-mão, passando entre uma caminhonete que vinha em sentido contrário e os bois.
    Chegamos à fronteira com Honduras, que é um horror e o calor terrível piorava mais. Ao chegar na fronteira fomos cercados por bandos de adultos e crianças oferecendo serviços (despachantes e guarda das motos). É um momento crítico. Falo em inglês para não ser entendido e eles vão em busca de outras vítimas. Fico vigiando as motos e Neviton Custodio e Valcir Alberto vão cuidar dos trâmites, pagos em dólares. Tomo um refresco de tamarindo e uso o saco como bolsa de gelo para resfriar a cabeça. Uma hora depois, mais ou menos, passamos para o lado hondurenho e assim terminamos a travessia da Nicarágua, com boas e más lembranças.
    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         1.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	49,1 KB
ID:      	75013

  10. #20
    Data de Ingresso
    Oct 2012
    Localização
    Vila Velha - ES
    Posts
    6.388
    DÉCIMO POST. DESAFIO GRANDE CACIQUE FAZEDOR DE CHUVA. HONDURAS.


    Depois de mais ou menos uma hora fazendo os trâmites do lado nicaraguense atravessamos a fronteira para Honduras por El Guasaule - o mesmo topônimo dos dois lados da fronteira - e a cena se repetiu, com hordas de tramitadores nos cercando, trotando ao lado das motos. Nos desvencilhamos deles falando em inglês e agora é minha vez de ir com Neviton Custódio cuidar dos trâmites sob um calor infernal, enquanto Valcir Alberto vigia as motocicletas. Na Imigração somos atendidos por um simpático Francisco, que preencheu os formulários e nos acompanhou até a Aduana. Agora estamos em uma estufa que faz tudo parecer mais lento. Pergunto por banheiros e a gentil servidora pública diz que não tem, banheiros só voltando à Nicarágua. Não tinha água sequer para molhar o rosto (depois vi que chegara um caminhão pipa para abastecer a cisterna do lugar). Atravessamos um estacionamento para fazer cópias e a proprietária riu muito quando perguntei por banheiros ou pelo menos uma torneira. Comprei água gelada, refrescamos a garganta e eu consegui, finalmente, molhar o rosto. Quase três horas de trâmites fronteiriços depois, sempre sob calor infernal, mas finalmente já dentro de Honduras, nos esperavam cerca de 40 Km de buracos, como avisara Ildemaro Atonaidan. Reduzimos a velocidade também para poupar combustível. A estrada parecia não ter fim e ao entardecer chegamos a Choluteca - uma antiga cidade colonial no Departamento de Choluteca com cerca de 200 mil habitantes - a um salvador posto de gasolina e... ao Paraíso, sob a forma de hotel com piscina (Hotel Rivera). Me meti embaixo do chuveiro, meus companheiros foram para a piscina e logo desabou uma tempestade com tormentas elétricas. Jantamos na Pizza Hut em frente ao KFC. Parecia que já tínhamos chegado aos Estados Unidos. Voltamos para o hotel e dormimos bem.
    No dia seguinte nos preparamos para atravessar o restante de Honduras, ingressar em El Salvador e tentar atravessar até a Guatemala com luz solar, pois estaremos nos territórios das temíveis maras, gangues que já estão cobrando até um imposto de guerra, conforme notícias que tivemos na Costa Rica.
    Rodamos uns 90 Km e logo chegamos a El Amatillo, na fronteira com El Salvador, onde os trâmites fronteiriços, em comparação com os anteriores, foram bem mais tranquilos, sem dispensar, entretanto, os cuidados de sempre, respondendo as perguntas dos curiosos com evasivas. Afinal, estamos em território dos antigos mayas e das atuais e temíveis maras, as gangues salvadorenhas nascidas na Califórnia nos tempos da guerra civil, foram repatriadas na marra pelos norteamericanos e aqui cresceram e se tornaram internacionais. Assim, mais uma vez eu fiquei cuidando das motocicletas e meus companheiros Neviton Custódio e Valcir Alberto foram fazer os trâmites fronteiriços de todos nós, em um prédio construído nos anos quarenta do Século XX, cercado da balbúrdia de sempre por todos os lados, bem conhecido de todos os motociclistas que fazem a mesma rota.
    E foi assim que fizemos a travessia dos escassos 140 Km do trecho hondurenho da motoviagem.
    Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         2.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	29,8 KB
ID:      	75014Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         3.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	33,0 KB
ID:      	75015Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         4.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	41,5 KB
ID:      	75016Clique na imagem para uma versão maior

Nome:	         5.jpg
Visualizações:	0
Tamanho: 	51,9 KB
ID:      	75017

Página 2 de 5 PrimeiroPrimeiro 1234 ... ÚltimoÚltimo

Tags para este Tópico

Permissões de Postagem

  • Você não pode iniciar novos tópicos
  • Você não pode enviar respostas
  • Você não pode enviar anexos
  • Você não pode editar suas mensagens
  •