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Bom dia caros FC's
Depois de um longo tempo ausente estamos de volta (e espero que permanentemente dessa vez). As amarras apareceram com certa força durante este ano, por conta de algumas oportunidades de trabalho e estudo que acabaram por consumir boa parte do meu tempo, e assim remanejando prioridades acabei deixando um pouco de lado o desafio. A Alma Inquieta se tornou mais inquieta ainda, sendo saciada em partes nas idas e vindas quinzenais à Floripa para cursar a pós-graduação, o que é muito pouco para quem já tinha 115 cidades no currículo.
Mas de qualquer forma, no final do mês de Outubro consegui dar uma escapada rumo à serra, e poder conhecer mais um pouco dos cantinhos de nossa Santa Catarina.
Grande amigo FC Ulisses, me desculpe também pela demora na resposta, mas retornando agora no começo do ano (vim passar uns dias em minha cidade natal em SP) vamos trocar ideias sim, te contatarei.
Portanto, depois de um longo e tenebroso inverno longe das estradas, eis que estamos de volta. Por conta do curto tempo, havia planejado por várias vezes um ataque à região do Litoral Sul, que dá para fazer um bate-e-volta de um dia, partindo daqui de BC, até que me lembrei de um detalhe: já se passaram dois anos de minha visita à Serra do Rio do Rastro, então o foco da viagem acabou sendo este, embora até este momento em meus pensamentos ela perdera um pouco da graça, depois da descida da Serra do Corvo Branco em Fevereiro (que agora está interditada para a chegada do asfalto – por mais que seja um benefício enorme para a região, me dói o coração saber que não existirá mais aquela descida surreal recheada de pedras, pedras e mais pedras hehehe).
Sendo assim, exatamente às 05:45 deste 28/10/2014, lá estávamos tomando o rumo da BR-101 Sul, naquela fria manhã de primavera, onde por mais que a expectativa seria de calor por conta dos últimos dias, a segunda pele fez seu efeito por debaixo da jaqueta, principalmente na subida da serra da BR-282, entre Rancho Queimado e Alfredo Wágner, onde o sol deu suas caras no lugar da cerração, que resolveu baixar para os vales existentes na região, formando aquele mar de nuvens nos arredores da rodovia.
Seguindo assim, sem pressa alguma, às 09:00 hrs faço uma rápida parada em Urubici, no mirante do Belvedere, onde após a travessia da Serra do Panelão o tempo ficou fechado novamente. Ué, mas a RBS não havia previsto um dia de sol sem nuvens. Talvez este longo tempo longe da estrada me causou este efeito na mente: havia me esquecido da força do nome Fazedor de Chuva.

E ela veio por uns 10 minutos, aquela garoa fraquinha, acompanhada da cerração, que até fez a Cascata do Avencal logo adiante se tornar apenas um vulto no meio da paisagem. Porém, não muito depois novamente cruzo a cerração e volto a pilotar com o céu limpo, onde por volta das 10:00 hrs chego ao primeiro destino do dia.
116/295 – São Joaquim

Em minha infância no interior de São Paulo, sempre ouvíamos falar em São Joaquim por conta da neve. Claro que agora no mês de Outubro seria um pouco mais difícil encontra-la, mas a cidade aproveitou este fenômeno para utiliza-lo no turismo, até mesmo o pórtico da cidade faz referência a ele com o boneco de neve:

Coitado do boneco, se fosse mesmo de neve, com o calor que estava começando a sentir neste momento do dia ele facilmente se dissolveria.
Além disso, ao lado da prefeitura a Igreja Matriz também se destaca, com o seu aspecto meio medieval:

Outro ponto turístico de meu interesse seria a Vinícola Villa Francioni, porém por conta do roteiro do dia optei por deixa-lo como motivo para um dia voltar a São Joaquim.
Saindo pela SC-390 em direção ao litoral, encontro uma estrada um tanto esburacada, que me leva ao segundo destino do dia.
117/295 – Bom Jardim da Serra

Bom Jardim da Serra teve sua origem no caminho dos tropeiros, que atravessam toda a região Sul do Brasil rumo à São Paulo para fazer negócios.
Confesso que sempre ouvi falar de Bom Jardim da Serra e achava que seria uma cidade maior, mais estruturada, de certa forma turística, e fiquei um pouco decepcionado (sei lá, às vezes foi impressão minha, esperava tipo uma São Joaquim). Mas de qualquer forma, a paisagem serrana ao redor da SC-390 é um convite para voltar à estrada.
E claro, acho difícil falar de Bom Jardim da Serra sem a cereja do bolo do dia, alcançada exatamente às 11:07 deste já ensolarado dia. Hora de fazer o clássico registro:

Claro que outros registros também são benvindos:



Como é bom poder voltar aqui, é um sentimento bom, poder ficar lá e contemplar este local que seja assombroso, poder observar os veículos transitando como formigas no meio dela, observar e identificar as cidades que ficam no pé da serra.
A descida, já no território de Lauro Müller, e como de praxe, é lenta, aproveitando cada mirante, cada curva, cada pedaço de chão daquele local:



Após a descida, por volta de meio dia, o sol começa a dar sinais do clima que virá a partir daquele momento.
118/295 – Lauro Müller

Na chegada a Lauro Müller, pedi a um rapaz que passava pela rua com sua esposa para fazer o registro, e o rápido diálogo mostra mais uma vez as impressões que se causa por fazer um desafio como este:
- Ô amigo, por favor, podes tirar uma foto para mim?
- Posso sim, mas onde?
- Daqui de frente para a prefeitura, estou fazendo um desafio dos Fazedores de Chuva, preciso visitar e registrar todas as cidades do estado?
- Cara, tu és maluco...
- É nada, com esta faltam só 177 cidades.
Hahaha depois refletindo, a palavra “só” não foi força de expressão: a vontade é que cresça o número de cidades para que este não termine, mesmo com um ano um pouco longe das estradas (tirando o trecho BC-Floripa, feito quinzenalmente).
Voltando ao desafio, a italiana Lauro Müller possui uma população de cerca de 15 mil habitantes, e sua grande atração turística, não poderia deixar de ser, é a Serra do Rio do Rastro.
119/295 – Orleans


O nome de Orleans remonta ao seu passado: suas terras foram um presente de casamento do imperador Dom Pedro II à filha Princesa Isabel com o Conde d’Eu, príncipe de Orleans e Bragança. Todavia a origem portuguesa, a cidade, assim como Lauro Müller, tem grande descendência italiana, por conta de sua colonização.

Após Orleans, o planejamento era seguir alguns kms de estrada de chão até Pedras Grandes. Porém, seguindo o conselho de um senhor que passava por perto da prefeitura, resolvi alterar o trajeto e abortar este trecho. Sendo assim, segui em direção de São Ludgero e atravessei Braço do Norte rumo à próxima parada.
120/295 – Rio Fortuna

Pacata cidade da região sul do estado, Rio Fortuna, com seus 4.446 habitantes (segundo o Censo 2010), se destaca por possuir um IDH muito alto, destacando-se dentro deste o nível de sua educação, um dos maiores do estado.

121/295 – Santa Rosa de Lima

Seguindo mais um pouco sentido norte, chegamos a Santa Rosa de Lima, situada aos pés da margem sudoeste da Serra do Tabuleiro, onde possui muitas belezas naturais. Além disso, sua agricultura, livre de agrotóxicos, possibilitou ao município a alcunha de Capital da Agroecologia.
De qualquer forma, a tranquilidade dessa cidadezinha de 2.000 e poucos habitantes em plena quinta-feira a tarde foi de se impressionar, parecia até que eu era o único na rua naquele momento.


Conversando depois desta trip com uma amiga que já foi bancária, ela dizia que o medo dos bancários era ser transferido para Santa Rosa de Lima. De fato, para nós que estamos acostumados com o dia-a-dia corrido de Balneário seria um impacto de início, mas conhecendo a cidade e todo esse verde de seus arredores a impressão que fica é das melhores.

Na volta, procurei a saída para a estrada de chão até São Martinho e Armazém, porém não a encontrei, sendo assim, toquei em direção à BR-101. Depois, analisando no mapa vi que a saída para São Martinho era a própria avenida da prefeitura de Rio Fortuna. Como não era meu planejamento inicial passar por lá (iria sair na BR-101 por Pedras Grandes), notei a necessidade de deixar pronto o plano B para as próximas viagens hehehe.
Chegando à BR, a placa “Paço Municipal” me fez entrar para dentro de Tubarão, porém a combinação cansaço + sol torrando + jaqueta torrando + temperatura de 37º me fez pensar duas vezes e então tomei o rumo norte da BR-101, passando pela quase pronta ponte de Cabeçudas em Laguna, pelo congestionamento de praxe do Morro dos Cavalos na Palhoça, e o já familiar (e mesmo por conta disso não menos bonito e surpreendente trecho Floripa-BC), até aportar novamente em BC, exatamente doze horas depois da saída.
O cansaço estava latente, nunca havia ficado assim depois de pegar a estrada, mas a sensação de mais uma pernada do desafio e de mais um grande tiro com a motoca compensou (e muito) os percalços. Que venham as próximas!!
Última edição por Allan Gustavo; 29-09-15 às 11:03.
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Por fim, a hora da contabilidade:
Foto do dia: Hors-Concours? Claro que não, vamos cravar Serra do Rio do Rastro no topo!

Km do dia:

740,4 kms rodados

Trajeto realizado no dia

Ih...esse mapa tá muito concentrado no litoral, já é hora de partir para o Velho Oeste.
121 cidades visitadas.
6831,2 kms rodados
Bom, me despeço desejando um ótimo final de ano para todos nós, que 2015 seja um ano de boas estradas e boas surpresas para todos, e que as amarras sejam quebradas para que possamos fazer sempre aquilo que “Qualquer um pode fazer, porém poucos o fazem”.
Grande abraço!
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Salve Fazedores!
Continuando o desafio, no dia 17/01 cá estive mais uma vez rodando pelas estradas deste baita estado, as quais ainda percorro meio que abobado pelas surpresas que surgem a cada curva. E após o ver o sol nascer aqui em Balneário, o destino foi mais uma vez a BR-101 Sul:

122/295 – Pescaria Brava


Sim, esta é a prefeitura do município de Pescaria Brava. Não fosse a placa indicando, talvez teria passado direto e chegado até a São Martinho, pois nunca iria imaginar que este seria o prédio do poder executivo deste município.
Para chegar à cidade caçula do estado catarinense (antigo bairro de Laguna, a cidade foi fundada oficialmente em 2013), precisei passar pelo canal das Laranjeiras, principal foco dos congestionamentos da BR-101 Sul. E onde, se nada mais atrapalhar, até maio teremos a inauguração da nova ponte:

Passando o canal, deve-se virar à direita no primeiro acesso, uma rodovia simples vai contornando o traçado a lagoa do Imaruí:

Muitas são as especulações em torno do nome da cidade, desde a bravura dos primeiros habitantes da região nas expedições de pesca até às brigas ocorridas no momento da divisão dos peixes. Uma coisa me pareceu certa: a pescaria por aqui pode ser brava, mas também é boa, visto a quantidade de pessoas pescando na beira da lagoa.
123/295 – Capivari de Baixo


Depois de voltar à BR-101, o próximo destino é Capivari de Baixo, sede do Complexo Termoelétrico Jorge Lacerda. E de fato, seja da BR ou do centro da cidade, as chaminés do complexo são onipresentes:

Na frente da prefeitura, o que chamou a atenção foi a guarda....ou melhor, a guarda canina, que se disparou a correr atrás de mim quando deixava o local hahahah:

124/295 – Tubarão

Tubarão se destaca por ser o segundo maior centro comercial do sul do estado. Esta bela cidade, com cerca de 100 mil habitantes, é referência da região visitada neste dia, e cujo nome originou-se do rio Tubarão, sendo que este ganhou o nome não por causa do animal marinho, mas sim por significar em tupi-guarani “pai feroz”, ou como diriam os índios, “Tubá-Nharô”.
O mesmo rio que dá o nome a cidade também foi o que causou a grande enchente de 1974, devastando a cidade em poucos dias de chuva continua. Para sorte dos tubaronenses, estes foram dias atípicos, e atualmente o rio proporciona um bom contato com o verde e a natureza, como nesta foto tirada em uma das pontes localizadas no centro da cidade:

Neste momento começo a ser acompanhado por nossa velha companheira de guerra: a chuva, que veio de forma fraca (tanto que nem precisei me equipar com a capa de chuva), apenas para refrescar esta manhã de sábado de verão e tornar mais suportável a viagem.
125/295 – Armazém


Saindo em direção à planície sul do estado, logo se chega a Armazém, pacata cidade com seus 7.700 habitantes. Situada entre o litoral e a serra catarinense, o caminho por entre as paisagens rurais torna esta rodovia em lugar muito agradável para se pilotar:

Resumindo em apenas uma frase: mais um tesouro descoberto graças ao desafio dos Fazedores de Chuva. Pode ser que esta seja a primeira e última vez que passe por aqui, porém se não fosse o desafio tenho minhas dúvidas se um dia chegaria a conhecer estas paragens.
Deixando os devaneios filosóficos de lado, por este caminho logo chego ao próximo destino:
Última edição por Allan Gustavo; 29-09-15 às 11:02.
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126/295 – São Martinho


Colonizada por alemães, mas encravada em uma região colonizada majoritariamente por italianos, São Martinho é uma cidade que vem a reforçar os traços germânicos existentes em nossa Santa e Bela. Com cerca de 3.500 habitantes, a arquitetura enxaimel presente nas construções faz referência à cultura dos pioneiros, assim como o monumento existente em frente à prefeitura, homenageando essa gente que veio de longe e que ajudou a construir o nosso estado.

Na volta ao litoral, mais uma vez passamos por paisagens bucólicas, como esta simples ponte de madeira que atravessa o ribeirão.

Mais um exemplo das belezas de nosso estado, e mais um motivo para continuar a querer conhecer cada pedaço escondido de SC.
127/295 – Jaguaruna

Na entrada de Jaguaruna, parei para abastecer no primeiro posto, e em conversa com o pessoal todas as especulações envolviam o canal das Laranjeiras. Uns recomendavam a BR, outros diziam que a fila da balsa de Laguna seria mais rápida do que a BR. Só sei que peguei um congestionamento considerável até chegar ao centro de Jaguaruna, do tipo devagar quase parando.
Para minha sorte, o fluxo de veículos direcionou-se para a praia do Arroio Corrente, e assim tive pista livre no sentido oposto, passando por vários balneários, o último deles o de Camacho, já na divisa com Laguna:

Uma curiosidade foram os vários carros circulando pela areia na região, não posso afirmar se isso causa algum tipo de estrago ao meio ambiente, só sei que o povo daqui não liga muito para isso não.
128/295 – Laguna

E depois de atravessar o Canal do Camacho, logo chego à minha grande expectativa do dia: a estrada geral do Farol de Santa Marta. Como ando com um mapa de 2013 da 4 Rodas, onde toda esta região está marcada como não pavimentada, imaginei que iria pegar um bom trecho de estradas de chão (parte de minha expectativa girou em torno deste motivo, até porque não encontrei facilmente notícias das condições atuais da rodovia). Porém, todo o caminho entre Jaguaruna e Laguna encontra-se asfaltado, sobrando apenas o ramal que liga a rodovia ao farol. Pelo que vi, logo este ramal estará em paralelepípedos.
Quanto ao farol e as redondezas, as fotos falam por si:





Mais um pontinho anotado no mapa para retornar com mais calma (quando fizer um Valente SC sem a afobação de querer terminar logo as cidades hahah).
De volta à estrada, dei sorte de pegar uma balsa que estava saindo, e logo estava no centro histórico da cidade, o qual achei meio abandonado (como comparação, no centro histórico de São Francisco do Sul minha percepção foi exatamente oposta), até mesmo pela fama de Laguna que sempre ouvi falar bem.
Mas de qualquer forma, e principalmente por conta da vila do Farol, um dia irei de voltar.
129/295 – Imbituba

E o último destino do dia foi Imbituba, importante centro portuário do sul do estado, e único porto brasileiro localizado em uma enseada de mar aberto:

Por conta do porto e sua expansão, Imbituba é uma das cidades que mais cresce no sul do estado, tanto na população quanto economicamente, graças às atividades portuárias. No turismo, o destaque é a badalada praia do Rosa, já na divisa com a vizinha Garopaba, e também o Projeto Baleia Franca, cujos animais dão o ar da graça neste trecho do litoral no inverno.
Em frente à prefeitura, uma abordagem diferente me chamou a atenção: um rapaz mudo veio me perguntar (através de gestos), o que estava fazendo tirando foto em frente à prefeitura. E o mais legal foi ver que o simples apontar em direção ao adesivo dos FC já o fez abrir um largo sorriso!
E assim, concluo mais um passo em busca da conquista do estado.
Última edição por Allan Gustavo; 29-09-15 às 11:02.
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E o balanço final do dia foi assim:
Foto do dia: No caminho para o Farol de Santa Marta

Km do dia:

573,2 kms rodados

Trajeto realizado no dia

E assim mais algumas peças deste quebra-cabeça são encaixadas, agora faltam só 166.
129 cidades visitadas.
7.404,4 kms rodados
Me despeço lembrando mais uma vez o nosso lema, sabendo que estamos fazendo o que "Qualquer um pode fazer, porém poucos o fazem”.
Abraços!
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Bom dia FC Allan Gustavo,
Que maravilha seus posts, narrativa, fotos e a sensibilidade para fazer os registros dentro e, principalmente, fora das cidades.
Sinceramente??? Dá vontade de ir fazer o Valente FC - SC, cada lugar delicioso e tantas opções distintas de ambiente.
A foto da ponte de madeira sobre o rio ficou show. A da praia em Laguna só com pedras recebendo a arrebentação também ficou linda. Achei interessante também muito diferente, na foto em Laguna logo depois da foto do Farol de Santa Marta, algo que me parece um cemitério na encosta do morro, de frente para o mar e uma grande praia no lado oposto. Muito legal para morar, mas o tema da moradia não me atrai nem um pouquinho... rsss.
Mas que o local é lindo num tem como negar.
Estás quase chegando ao meio do desafio e os sintomas típicos já estão se manifestando: o paradoxo de, por um lado, sentir a ansiedade crescer para terminar e cumprir e missão versus a pergunta: tá eu termino logo, mas e depois, o que eu vou fazer da vida??? Está passando isso na sua cabeça?? Se estiver, fique tranquilo, é o sintoma básico de quem foi inoculado com o vírus pluvia facere.
Um Fazedor de Chuva sempre estará com um olho na conclusão de um desafio e outro já visualizando o próximo. E esse sentimento é uma delícia.
Por favor, siga nos deliciando com sua narrativa envolvente e com fotos que demonstram uma percepção sensível para as belezas naturais e construídas pelos nosso semelhantes. Siga obtendo as histórias típicas e culturais desse estado tão diversificado em termos de belezas naturais que o tornam um convite para viajantes de todo o país.
Seus relatos mostram que há muito mais pra se ver em SC do que a Serra do Rio do Rastro.
Parabéns!!!
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Olá NFC VFC Gilmar Dessaune!
Muito obrigado pelas palavras!
De fato, sempre soube da fama das belezas naturais de Santa Catarina, porém mudando-me para cá, e conhecendo cada cantinho do estado através do Valente, noto que o que aparece na mídia seria apenas a ponta do iceberg...eita lugar que tem paisagens incríveis.
E é daí que surge o paradoxo né...a vontade é de concluir logo o desafio, mas se concluir logo, onde vou buscar estes locais para recarregar as energias? Hahahah a intenção é partir para o Cardeal e o Bandeirante, mas se até para concluir o Valente as amarras já estão bem fortes, imagine para fora do estado? É meu amigo, é difícil hahahaha mas o segredo é dar um passo de cada vez, concluindo uma pernada e planejando a próxima.
Em seguida vou postar uma viagem que fiz no carnaval, mas antecipando...sobre a Serra do Rio do Rastro, dias antes da viagem estávamos em uma discussão no meu serviço, e havia afirmado que ela havia meio que perdido a graça, principalmente depois que conheci a Serra do Corvo Branco. Nessa viagem do carnaval, acabei passando por lá, e senti que a Serra quis foi me desmentir viu... o ambiente estava surreal, sensacional, portanto retiro essa minha afirmação hahaha.
Mas, concluindo, Santa Catarina tem muito mais a oferecer do que apenas os lugares mais famosos, só fazendo um desafio deste porte para conseguir conhecê-la de fato. É por isso que digo que o desafio está na verdade sendo um batismo catarinense para mim.
Abraço!
Última edição por Allan Gustavo; 29-09-15 às 11:01.
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O contexto estava mais ou menos assim para este carnaval: chuva na sexta-feira (que inclusive criou vários pontos de alagamento em Balneário), chuva no sábado (o dia inteiro naquele “chove não molha”), será que a viagem seria comprometida? A meteorologia indicava que a frente fria se deslocaria para o norte do estado nos dias seguintes, e no caso meu destino ia para o caminho contrário (sul do estado). Além disso, outro ponto importante merecia consideração: o que seria empecilho para muitos (chuva), na verdade era motivação para nós.
E assim, naquela manhã chuvosa de domingo, por volta das 06:30 hrs, lá estávamos nós saindo por Itajaí para aquele que seria o maior tiro até o momento no desafio. Logo, estava entrando no vale do Itajaí debaixo daquela chuvinha “molha-bobo”, e graças ao planejamento a pista estava livre, o tráfego do carnaval havia ficado no sábado.
A viagem seguiu tranquilo para dentro do vale, e a boa sensação de transitar pela bela porém extremamente perigosa BR-470 voltava à tona depois de muito tempo longe dessas paragens. Após passar por Rio do Sul, ela, a chuva, desabou sem dó. Logo a visibilidade tornou-se zero, os caminhões no sentido inverso começavam a jogar rios de água em cada passagem, e uma parada estratégica em Pouso Redondo tornou-se necessária. Aliás, não via a hora de chegar em Pouso Redondo, pois neste contexto a pilotagem foi “nas pontas dos dedos”, e uma parada no acostamento seria mais perigosa ainda.
E ali, em Pouso Redondo, momento crucial: volto ou sigo em frente? Já estava a três horas de viagem de BC, ia ter que encarar chuva no caminho de volta do mesmo jeito, e neste momento resolvi usar a cabeça rsrsrs...devo arriscar a seguir em frente, 15 kms adiante tem a subida da serrinha da Santa, quem sabe a chuva não está concentrada só aqui na parte baixa? Como nosso sobrenome, além de Fazedor de Chuva, é insanidade, e o nome do meio é desafio, resolvi seguir em frente. E não é que a estratégia deu certo, após passar a serra o tempo continuou nublado, mas nenhuma gota de chuva, poderíamos seguir em frente com o sinal de alerta um pouco mais relaxado.
130/295 – Otacílio Costa


Localizada no planalto serrano, Otacílio Costa foi a primeira parada (oficialmente) do dia. A cidade se destaca na economia catarinense pela extração de madeira e pela indústria de papel e celulose, com destaque para a unidade da Klabin. E o melhor de tudo, em meio ao verão escaldante com temperaturas elevadas que estamos tendo no litoral, foi poder sentir novamente o friozinho característico da região serrana.
131/295 – Palmeira


A menos de 10 kms de Otacílio Costa chegamos à Palmeira, cidadezinha de 2.200 habitantes, cuja prefeitura mantém um jardim bem cuidado. Em seus arredores, transitando pela SC-114, várias e várias araucárias, relembrando outro aspecto característico da região serrana, os campos de Lages.
Chegando à BR-282, começo o retorno (ou não) para o litoral.
132/295 – Bocaina do Sul


Trevo de entrada da cidade
Localizada entre Florianópolis e Lages, Bocaina do Sul é uma cidade mais uma típica cidade desta parte da região serrana: pequena (cerca de 3.000 habitantes), belas paisagens ao seu redor, economia voltada no extrativismo e no turismo rural.
Cabe ressaltar uma comparação: das duas principais rodovias que ligam o litoral ao interior do estado (BR-470 e a BR-282), nem se comparam as condições de conservação destas rodovias, a BR-282 está bem melhor para andar.
133/295 – Rio Rufino


Rio Rufino é conhecida como Capital Nacional do Vime, destacando-se pela confecção de cestarias e móveis trabalhados em vime. Ademais, assim como as outras cidades (pelo menos para mim), ela também reúne as belas características desta acolhedora região, o que não é nenhum demérito, pelo contrário.
Saindo de Rio Rufino, eis que chego à SC-112, onde adentro naquele que é conhecido como o trecho rodoviário mais alto do Brasil, a cerca de 1450 metros de altitude:


E nessas alturas o friozinho vai chegando ainda mais, apesar de ser perto do meio-dia. Estava melhor que ar condicionado rsrsr.
134/295 – Urupema


E todo esse friozinho se justifica, afinal de contas estamos na cidade mais fria do Brasil, onde mesmo no verão a temperatura raramente ultrapassa os 30°C. Tanto que é em Urupema que está localizada a famosa Cachoeira que Congela, cuja queda de água nos meses de inverno transforma em gelo.
Tanto frio se explica pela localização da cidade, situada a uma altitude de 1450 metros, sendo que ao seu redor as serrarias atingem cerca de 1750 metros, agindo como uma barreira natural para que a temperatura permaneça nestes níveis.
Última edição por Allan Gustavo; 29-09-15 às 11:01.
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135/295 – Painel


Já próximo novamente de Lages, a próxima parada é Painel, cidadezinha com cerca de 2.300 habitantes. E aqui, novamente sou atacado por cachorros em frente a prefeitura hehehe será que estes cachorros de prefeitura não gostam de Fazedores de Chuva? Hahahaha
Saindo de Painel, o sentido agora é definitivamente o retorno ao litoral. O caminho ao redor da SC-438 é deslumbrante, mas o mesmo não se pode dizer da rodovia. Pelo que vi a mesma está em obras, em vários trechos estão sendo implantadas terceiras faixas, porém o estado de conservação está péssimo, ainda mais se considerando que ela leva à São Joaquim, uma das cidades mais visitadas da serra catarinense.
E, quando achava que o dia já estava tranquilo, a fatura liquidada, o tempo firme, eis que surge a viração poucos quilômetros antes da Serra do Rio do Rastro. Visibilidade zero novamente, não se enxergava nada do mirante, não se conseguia nem avistar o posto policial quando passei pela rodovia, o tempo ficou virado em um breu só.
Dificuldade? Não, motivação novamente haha, para quem chegou a pensar que a Serra do Rio do Rastro tinha perdido a graça, como foi bom encarar a descida da serra com visibilidade baixa, garoa, e aquele panorama de nuvens subindo e descendo pelas encostas da serra. Mesmo que a viração ficou concentrada no topo, e logo depois de um pouco da descida a visibilidade ter voltado ao normal, a sensação foi surreal.





Cadê a serra que estava aqui?
Com a alma lavada novamente, achei mais uma vez que as emoções do dia haviam acabado, visto que estava a apenas 40 quilômetros do ponto final do dia. Mais uma vez, estava enganado.
136/295 – Treviso


A rodovia entre Lauro Müller e Treviso está em processo de pavimentação. Achei que seria o percurso todo, mas quando descobri que eram apenas os 4 últimos kms que ainda eram de terra, achei que seria mais fácil. O problema é que havia acabado de chover, e foi aí que descobri o porquê do distrito se chamar Barro Branco. A mistura de barro e pedras estava um verdadeiro sabão, e trouxe uma emoção adicional ao percurso.
Voltando à cidade, Treviso, como o nome sugere, teve origem através de colonos italianos. Aliás, esta cidade foi o portal de entrada para mim neste dia para o pedacinho da Itália encravado no sul de Santa Catarina.
137/295 – Siderópolis


No caminho entre Treviso e Siderópolis, é marcante a constante presença da serra ao fundo na paisagem. E olhando bem, dava até pra ver o tempo que deixei para trás na serra:

E, nessas horas, surge a seguinte dúvida cruel: atenção na estrada ou contemplação da paisagem? Alternando a estrada com algumas paradas para contemplação da paisagem, resolvemos a questão desta dúvida ingrata.
Com cerca de 13.000 habitantes, Siderópolis é mais um pedacinho da Itália encravado no sul do estado. Um fato curioso é que uma boa parcela da população possui dupla cidadania (brasileira e italiana), sendo assim alguns inclusive passam temporadas na Itália trabalhando em indústrias e depois de um tempo retornam ao Brasil.
Última edição por Allan Gustavo; 29-09-15 às 11:01.
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138/295 – Criciúma


Andando mais um pouquinho, chegamos à Criciúma, a cidade mais populosa do sul catarinense, e também conhecida como a Capital Brasileira do Carvão.
O chamado ciclo do carvão, cujo auge ocorreu entre as décadas de 1940 e 1970, foi o fator determinante para o crescimento da economia e o desenvolvimento do município, que graças a estes fatos tornou-se o polo de toda a região situada ao redor.

Criciúma seria o ponto final do dia, seguindo o meu planejamento, porém como ainda estava com gás, a vontade de continuar na estrada foi maior, e logo estava procurando a saída da cidade chegar à outra a qual mantinha grande expectativa (já contarei o porquê). No caminho, passei também pelo Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio:

139/295 – Nova Veneza

Visitar Nova Veneza seria voltar no tempo, mais precisamente na história de minha família materna. Mais precisamente minha bisavó Velina Facchini, nascida em Udine, na Itália, e que em algum momento da vida veio para o Brasil e acabou se instalando na região Oeste do estado de São Paulo.

Gostaria de poder proporcionar ao meu avô uma visita à Nova Veneza, aos traços italianos constantes na cidade, à singeleza da praça central, à gôndola doada pela Veneza italiana que remete ao local de origem dos colonizadores da cidade. No último natal (portanto antes de conhecer Nova Veneza), estive em Marília e conversei com ele sobre a cultura daqui de Santa Catarina, os traços germânicos e italianos presentes no Vale do Itajaí (inclusive sobre as cidades de Rodeio e Ascurra), e deu para notar o fascínio só de me ouvir falar.

Infelizmente, pela sua idade (82 anos), apesar de ter acabado de vencer um câncer nessa idade (ele é um verdadeiro guerreiro), e pela longa distância de Marília até aqui, não sei se esta visita será possível. Quem sabe não aconteça uma oportunidade e eu possa lhe proporcionar esta felicidade.
Apenas uma ressalva: apesar de ressaltar o orgulho da ascendência italiana, e também portuguesa (avó materna), não menos importante é carregar a ascendência brasileiríssima de meu velho pai, que já não se encontra entre nós há quinze anos, mas do qual com certeza herdei este espírito aventureiro, mais conhecido neste recinto como Alma Inquieta hahaha.
Mas isso tudo são apenas devaneios que vieram à tona por conta dessa breve visita à Capital Catarinense da Gastronomia Italiana.
140/295 – Forquilhinha



Voltando um pouco em direção ao litoral, a próxima visita é ao município de Forquilhinha, também localizado nos arredores de Criciúma. Aliás, o entorno de Criciúma se caracteriza como um asterisco, onde em cada uma das extremidades localiza-se uma cidade.
Com a visita à Forquilhinha, talvez uma das extremidades mais importantes, por sediar o aeroporto que atende a região, ficariam faltando apenas duas extremidades, que seriam vencidas apenas no dia seguinte. Logo, retornei para Criciúma, e após um choppinho para celebrar o dia (se bem que pela predominância italiana na região o correto seria um cálice de vinho, mas não tem problemas hahaha), dormi o sono dos justos.
No dia seguinte, hora de seguir meu caminho, sem antes efetuar o último registro de Criciúma:

141/295 – Cocal do Sul


Com cerca de 15.000 habitantes, e praticamente colada à Criciúma, Cocal do Sul também foi colonizada por italianos, e sua economia está baseada na indústria cerâmica.
142/295 – Urussanga


Urussanga é mais uma pérola italiana do sul do estado. É famosa pela produção de vinhos, e também há muitos traços italianos nas ruas desta simpática cidade, considerada cidade-irmã da italiana Longarone.
Neste momento, a intenção era cruzar os 20 quilômetros de estrada de chão até Pedras Grandes, passando pelo distrito de Azambuja, encerrando a peregrinação italiana da região, mas diante do tempo instável, e sem muitas informações das condições desta estrada, resolvi retornar à BR-101, e pouco antes da ponte sobre o rio Tubarão, entrei na rodovia rumo à Pedras Grandes.
Última edição por Allan Gustavo; 29-09-15 às 11:00.
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