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Valente Fazedor de Chuva - Roraima
8º/15 - 09 e 10/02/2013 - Município de Amajari (420 km de ida e volta)
Ainda dolorido pela viagem ao Munícipio de Uiramutã, aceitei o convite de seis integrantes do Caveira MC de Manaus que de passagem por Boa Vista, com suas esposas, iriam até a Serra do Tepequém no Amajari.
Somos amigos e apaixonados pelo motociclismo, logo, seriam ótimas companhias na viagem.
Combinei com o Mauro e o José do Roraima Moto Clube e partimos no sábado as 13h para mais uma etapa do Valente FC.
A viagem teve inicio pela BR 174, sentido norte até o Km 100 quando tomamos à esquerda pela RR 203 para 55 km depois chegar ao municipio de Amajari.
http://goo.gl/maps/m7eD3
A rodovia estadual está mal cuidada e são muitos buracos na pista. Não bastasse isso, a região concentra grandes fazendas de gado e é muito comum ver animais sobre o asfalto.
Ao longo deste trecho o cuidado deve ser redobrado. Até a sede do município há três pontes de madeira muito mal cuidadas que permitem a passagem de apenas um veiculo por vez.

Nesta região, há muitos criadores de gado. Além disso, há várias aldeias e é costume indígena criar animais soltos, sendo muito comum você ver pequenos grupos de bois e cavalos atravessando a estrada sem a menor cerimônia.
Nos lavrados roraimenses, ainda há cavalos selvagens que cavalgam livremente. Estes animais soltos durante o período da colonização, foram procriando e hoje formam pequenos bandos.
Isso me fez lembrar uma cena há dois anos, onde eu, voltando com minha Amazonas 1600 de um festejo no Amajari, já escuro, quase atropelei meia dúzia destes cavalos. Confesso que dei sorte, pois havia diminuído a velocidade para cruzar uma ponte de madeira, senão.....

Chegamos ao municipio e tratamos de abastecer as motocas.


O povoado que deu origem à cidade começou com um bar, em 1975, cujo proprietário é o morador e comerciante, Senhor Brasil. A partir daí surgiram as primeiras residências ao redor,
cresceram em número e formaram uma vila, elevando-se a categoria de Vila Brasil, em homenagem ao fundador. Em 17 de outubro de 1995 transformou-se em município levando o nome de Amajarí, devido ao principal rio da região do Estado - o rio Amajarí, afluente do rio Uraricoera.
A população da região é composta de índios e nordestino, que, pelos seus costumes, acabaram por transformar o lugar na “Capital do Forró”. Descobri que "tenho" um supermercado na cidade (é a globalização eheheh).

A bacia hidrográfica é composta pelos rios Uraricoera, Parimé e Amajarí (foto abaixo) e a cobertura vegetal é caracterizada por florestas densas e savanas.

Esse município possui uma área demarcada como reserva indígena de 16.790,99 Km2, representando 58,71% em relação às terras do Município.
Suas principais áreas são ocupadas pelos indígenas da etnia macuxi nas comunidades do Ananás, Aningal, Cajueiro, Ouro, Ponta da Serra e Santa Inês; os wapixanas na comunidade Anaro e Araçá (esta última, dividida também com os macuxis) além dos yanomamis na área yanomami .
A sede do município é relativamente pequena. São pouco mais de 9 mil habitantes distribuídos entre a cidade e o campo.
Subindo a serra, neste pequeno trecho há outras nove pontes de madeira e na subida da serra há dezenas de curvas e subidas “de assustar” qualquer vivente.
Tepequém se caracterizou pela exploração de diamantes entre os anos de 1950 a 1980, tendo ali nascida a Vila do Paiva. Como já afirmei antes, Roraima é riquíssima em minerais e o diamante é apenas uma das riquezas desta terra. Infelizmente, hoje a extração é proibida mas ainda assim alguns garimpeiros sobrevivem desta atividade.
A 1.100 metros acima do nível do mar, é um refúgio para os fins de semana com belas cachoeiras e clima de inverno, muito diferente daquele da capital roraimense.



De Amajari até a Vila do Paiva no topo da serra são cerca de 50 km de subidas, curvas e belas paisagens.



O Tepequem hoje é uma pequena vila com cerca de 500 habitantes. Entre 1950 e 1980 chegou a ter 10 mil moradores quando se extraía muito diamante naquele local. Hoje é um pequeno paraiso ecologico onde alguns ainda sobrevivem do garimpo.
É um excelente local para passar o fim de semana, tomando banho nas cachoeiras do Paiva, do Barata e mais distante a cachoeira do Funil (aberta pelos garimpeiros com constantes explosões de dinamite em busca do diamante).

Depois de um dia relaxante, é hora de voltar para casa para mais uma semana de labuta.
Última edição por Cezar Riva; 13-02-13 às 11:44.
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Valente Fazedor de Chuva - Roraima
9º/15 - 16/02/2013 - Boa Vista - Pacaraima - Boa Vista (450 km de ida e volta)
O sábado era esperado com ansiedade para percorrer mais uma etapa do VFC Roraima.
Já haviamos combinado ao longo da semana esta viagem com direito a uma esticadinha até a Venezuela.
Por volta das 10h30 nos reunimos no posto de combustivel 2.90 (dois noventa) na saída da cidade. Coincidentemente outro motoclube havia planejado fazer a viagem no mesmo dia, de tal sorte que cerca de 15 motociclistas estavam no local.

Como o grupo era composto por motocicletas esportivas, deixamos eles seguirem viagem, pois o rítmo de viagem deles é outro.

Na companhia do Mauro, Genes, José e João do Roraima Moto Clube e do Torquato do Anarquia MC, deixamos Boa Vista as 11h rumo a Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
http://goo.gl/maps/NVMge
A BR 174 está em boas condições, porém o pavimento a partir do Km 85 apresenta muitas desníveis pelas constantes operações de tapa buraco, exigindo concentração na pilotagem.

Não há postos de combustíveis ao longo dos 215 quilometros desta rodovia. Então, como tradicionalmente acontece, paramos no KM 100 para o reabastecimento das motocicletas com a "gasolina alternativa" vendida a R$ 2,50/litro por moradores da pequena vila que se formou no entrocamento da BR 174 com a RR 203 que segue para o município de Amajari.

Já citado em posts anteriormente, a gasolina da Venezuela quando abastecida no posto da fronteira, custa aos brasileiros cerca de oitenta centavos por litro. A partir de Santa Elena, passa a custar cerca de tres centavos de real por litro.
Aos venezuelanos ela é comercializada a tres centavos de real por litro, facilitando assim o descaminho para o Brasil onde motoristas brasileiros adaptam tanques maiores em seus veículos, principalmente carros de baixo valor comercial. Já vi abastecimento de quase 400 litros em uma Pampa, enquanto esperava para abastecer na Venezuela.
Verdadeiros carros bombas, é comum encontrar carcaças destes veículos destruidas pelo fogo ao longo desta rodovia. Do mesmo modo, é grande o número destes veículos apreendidos pela Receita e Policia Rodoviaria Federal.
Depois do reabastecimento, seguimos rumo norte e entramos da Reserva Indígina São Marcos que se estende até a fronteira do Brasil com a Venezuela

Antes de Pacaraima, começa a serra e parte da rodovia foi destruida por deslizamento há dois anos, tendo pequeno trecho em apenas uma pista. Não há previsão de quando será reconstruida e todo cuidado é pouco pois ao lado tem um precipício de quase duzentos metros.

Chegando em Paracaima, tratamos de tirar as fotografias na frente da prefeitura.



Distante 215 km de Boa Vista, o município de Pacaraima situa-se na fronteira com a Venezuela.
Acessível somente pela BR 174, são duas horas e meia de viagem em razão condições da rodovia, principalmente nos últimos 50 km, na subida da serra.
O município encontra-se às margens da rodovia BR-174, na fronteira com a Venezuela, sendo o primeiro ponto de visita para quem entra pela rodovia no Brasil pela região norte.

Criado em 1995 tem vegetação de savana e limita-se ao norte com a Venezuela; ao sul com Boa Vista e Amajarí; a leste com Normandia e Uiramutã e a oeste com o município de Amajarí. O gentílico é pacaraimense.
As etnias de maior predominância na região são os Macuxi, Wapixana e Taurepang, onde a Prefeitura Municipal mantém exposição permanente com material artesanal da cultura desses índios.
Pacaraima está inserido na Reserva Indígena de São Marcos e Raposa Serra do Sol, na primeira encontra a Pedra Pintada, no Vale do Parimé, uma pedra com 60m de diâmetro, por 30 a 40m de altura. Seu mural com inscrições de arte rupestre, ainda hoje não decifradas, retoma os primórdios do homem caribenho. Na região, também, se encontram os cavalos selvagens de Roraima, no Lavrado do Maruai, tidos como os últimos grandes selvagens da terra.
A economia da cidade baseia-se no comércio e agricultura de pequena escala uma vez que está encravada dentro da área de reserva indígena e sem muita opção de crescimento geográfico. A cidade foi construida literalmente na fronteira e os marcos divisórios são visíveis por toda a cidade.

Claro que quem vêm a Pacaraima, geralmente o faz, em razão da possibilidade de compras na vizinha cidade de Santa Elena de Uairén, 15 quilometros à frente, dentro da Venezuela.
Apesar da política econômica implementada pelo presidente Hugo Chavez, ainda há muita coisas com preços atraentes, principalmente bebidas como cerveja e uísque. O câmbio hoje é de nove bolivares fortes por um real.
Mesmo aceita no Mercosul, a Venezuela ainda não está totalmente integrada, fato que obriga aos visitantes a tomar algumas precauções em relação à documentação.

Para ir além de Santa Elena, ainda se exige o “nada consta” do veículo que pode ser tirado no Detran em Boa Vista e custa cerca de R$ 26,00. Outra obrigatoriedade é fazer o seguro do veículo, que no caso de motocicletas custa algo em torno de noventa reais na Mapfre de Santa Elena, valendo por um ano. Não se exige o passaporte para o piloto, contudo, caronas e garupeiras devem portar o documento e cópias.
Em Pacaraima deve-se dar a saída no passaporte e no Seniat da Venezuela, um quilometro depois, dar a entrada do veículo e das pessoas.

O Seniat emite um “permisso” temporário para trafegar no país, documento que deve ser apresentado sempre que solicitado pela Guarda Nacional.
Ao deixar da Venezuela, não se esqueçam de dar a saída, inclusive do veículo, sob pena multa pesada quando por ventura regressarem. Tenho um amigo que quase dançou com U$ 10 mil por esquecer-se disso e quando voltou à Venezuela, a "continha" estava lá para ser paga.
Aproveitamos para almoçar em uma churrascaria de brasileiros, compramos algumas coisas “para não perder a viagem” e iniciamos a volta Boa Vista. Contudo, após cerca de 60 km percorridos, a motocicleta HD do José apresentou problemas (de novo) e praticamente tivemos que nos "arrastar" até o KM 100 com velocidade máxima de 30km/h, chegando à noite. Detectado que o problema da Switchback era embreagem, não restou outra alternativa se não deixar a motocicleta em um local seguro para buscá-la no outro dia e o José veio na garupa.
Cumpro assim mais uma etapa do VFC Roraima.
Nota:
Durante a madrugada fomos surpreendidos pela notícia de que um amigo (Hernandes Gomes, o "Dinho"), empresário boa vistense fôra assassinado durante tentativa de assalto na Venezuela. Dinho era um grande incentivador do motociclismo em Roraima e figura sempre presente nas confraternizações semanais do Roraima Moto Clube.
Dinho passou o Carnaval com a família e amigos na Ilha de Margarita e voltava para Boa Vista, quando parou seu veículo em lugar ermo (para fazer xixi) na auto pista entre Anaco e El Tigre, e quando já estava dentro do carro, foi abordado por um assaltante. Assustado, acelerou o veículo e foi atingido no pescoço por projetil, vindo a falecer imediatamente, deixando os amigos e a população de Roraima, consternada e revoltada com o fato.
Aos amigos motociclistas que se aventuram por estradas venezuelanas, fica um alerta: o trecho entre Porto La Cruz e El Tigre é considerado muito perigoso e nunca deve ser percorrido à noite. Se possivel, é aconselhavel viagem em grupo pois já ouve outros assaltos naquela região.
Registro assim nosso pesar com o passamento deste amigo.
Última edição por Cezar Riva; 18-02-13 às 15:39.
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Caro Cezar,
Confesso que tenho visto neste conceituado site, várias publicações destes verdadeiros loucos, como são chamados, aqueles que aceitaram o desafio do Valente Fazedor de Chuva, e isto sem dúvida engrandece ainda mais os FC.
Como não há como acompanhar a todos em suas aventuras, sómente o Dolor tem tempo ahahahahaha, resolvi eleger a tua aventura para seguir. E porque fiz isso? Porque, sem dúvida alguma, o teu desafio é muito maior do que todos os outros. Acho que alguém ja havia comentado isto, que embora fossem apenas 15 municipios, mas o desafio de se chegar a cada um deles, faria este desafio do Valente, ser especial, assim pensei.
Nao que os outros nao o sejam, mas tem estados da federação cujas estradas são quase todas duplicadas, asfaltadas, bons hoteis, ou seja, um verdadeiro paraiso. Roraima, pelo que tenho visto, não é assim.
E olha, esta valendo a pena, pois JAMAIS conheceríamos os âmagos do Brasil nao fossem voces, que aceitaram o desafio do Valente e estao, literalmente, passando o Brasil a limpo. Maravilhosas as tuas viagens, teus relatos e a tua coragem. Mas gostei mesmo foi do nome do PREFEITO da ultima cidade visitada: PACARAIMA. O nome do cara é HIPERION, este eu nunca tinha visto antes...ahahaha.
Boas aventuras amigo, e continue a nos mandar estes relatos e fotos que mostram o verdadeiros confins do Brasil !!!!
Um abraço
Sergio Pires
Blumenau-SC
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Prezado Sérgio,
Grato pelos seus comentários.
Eu também acompanho os desafios dos FC e torço para logo, logo tenhamos outros malucos FC percorrendo todos os estados brasileiros. Já imaginou juntar todos os comentários em um livro? Que enciclopédia não teríamos?
Estranhou o nome do prefeito? Se eu fizer uma lista dos nomes que encontramos por aqui, aí sim você vai rir muito kkkkk!!
Grande abraço.
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FC Cezar, de tirar o fôlego!
Quanto Brasil para conhecer, quanta diversidade e quantos problemas em comum!
A leitura dos teus relatos é um acontecimento com a respiração presa pela coragem e determinação por enfrentares tantos nomes que para nós soam distantes, como na realidade o são, e ao mesmo tempo tão próximos, quando falas de Caracaraí, Monte Caburaí, Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, Venezuela, Guianas, dificuldade para abastecimento, hospedagem, enfim, uma situação muito particular e bem diferente daquela, que bem o sabes, aqui do sul, mas em contra partida, tantas paisagens, interações e sensações vividas, seguramente superam todas as dificuldades.
Muito boa a participação do FC Sérgio Pires, sempre muito preciso e gentil nas suas colocações e ao comentar sobre a quantidade dos municípios de Roraima, me lembro de uma anedota sobre uma disputa sobre quem comeria mais frutas.
Um dos desafiantes subiu num pé de jabuticaba e imediatamente começou a cantoria sobre a quantidade de frutas que iam sendo ingeridas; uma, cinco, 10, 30 e assim crescente enquanto o outro contendor se limitava a cantar, um décimo, dois, três décimos e quando cantou uma, caiu da árvore, e para surpresa de todos, o nosso Manoel havia subido num pé de jaca.

Assim é o teu estado de Roraima; pois reune características muito particulares posto que enquanto cantamos dezenas de municípios, levantas a tua voz para 1, 2, 9, e quando as pessoas se dão conta do tamanho da fruta que divides conosco com tanta generosidade, é porque estão totalmente envolvidas, haja vista que está sendo digerida por todos, conforme atestam as mais de mil visualizacões desta loucura que vives e ainda bem que nos levas junto.
Quanta responsabilidade, heim Fazedor de Chuva?
Assim vamos aquietando as nossas almas!
Parabéns e desejamos quilômetros e se permitido fosse, toneladas deles de pura felicidade!
Tu és um orgulho e uma grande inspiração para todos nós!
Última edição por Dolor; 20-02-13 às 20:46.
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Obrigado GCFC Dolor,
Na verdade, quando posto algo, fico na expectativa dos comentários. Acredito que aconteça o mesmo com outros FC.
As palavras de incentivo são o combustível que precisamos para cumprir cada uma das etapas deste desafio.
E, confesso, fico extremamente feliz com suas palavras muito bem colocadas e que nos dão a energia necessária para seguir em frente.
(Monte Roraima - Divisa do Brasil com Venezuela e Guiana - Foto sem crédito do autor)
Estou aprendendo muito sobre nosso Brasil ao acompanhar os relatos dos FC e sinto-me honrado em fazer parte deste seleto grupo, contribuindo com o pouquinho que representa Roraima para que em breve tenhamos todo o país desbravado pelos Valentes, Bandeirantes e Cardeais Fazedores de Chuva.
Vamos em frente!
Última edição por Cezar Riva; 21-02-13 às 10:46.
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Valente Fazedor de Chuva - Roraima
10º/15 - 24/02/2013 - Boa Vista - Bonfim Lethem (Guiana) - Boa Vista (260 km ida e volta)
BONFIM
Durante a semana tinha programado fazer outro roteiro. Contudo, compromissos profissionais me "seguraram" em Boa Vista e tendo somente o domingo, resolvi fazer um trecho com menor quilometragem.

Orla Taumanan - Boa Vista/RR
Combinei com alguns colegas que sairiamos no domingo as 09h. Porém, na noite do sábado choveu muito (apesar de não ser época) e isso assustou alguns "coxinhas" que tem medo de se molhar na estrada (eu avisei que ia postar isso ehehehe).
Mesmo assim, o Paulo, o Torquato e a Marinês e o Cristiano (filho do Torquato e da Marinês) estavam a postos.
Partimos pela BR 401 debaixo de uma garoa insistente.
http://goo.gl/maps/cqaI2
Logo depois de cruzar a Ponte dos Macuxis parou a chuva e pudemos aumentar a velocidade.


Nesta região a paisagem é composta pelo lavrado (especie de savana) e de vez em quando cortada pelos buritizais nas margens dos igarapés.

Chegando no km 85 a motocicleta do Paulo começou a falhar e logo "morreu". Apesar das tentativas, tivemos que voltar 2 km para deixar a moto e o Paulo em um bar. Lá chegando, por sorte, um amigo do Paulo, que regressava de Bonfim, estava parado tomando café. Se prontificou a levar a moto em sua camionete. Então carregamos, nos despedimos e seguimos viagem.

Chegamos ao entrocamento da BR 401 que segue para Normandia, distante 80 km. O local confunde o viajante pois a BR 401 segue para Normandia, diante 80 km e sem asfalto a partir deste ponto, e que será encarada em breve, pois Normandia será o último município a ser visitado no desafio FC. Continuamos seguindo para Bonfim.
A passar na frente da cidade, decidimos seguir direto para a Guiana pois era domingo e queríamos fazer algumas compras antes do comércio fechar as 14h.

Aduana brasileira na fronteira com a Guiana

Aduana guianense
Vindo a Bonfim, não tem como deixar de dar uma “esticadinha” até Lethem, pequena cidade na Guiana que tem como principal economia o comércio de produtos de origem, digamos, duvidosa em relação aos verdadeiros fabricantes.

Aqui, camisas pólo de marcas famosas são vendidas a preços que variam de dez a vinte reais. Do mesmo modo, tênis e outras produtos “de marca” tem preços muito acessíveis.

A moeda local, o dólar guianense, tem seu câmbio equivalente a 100 dólares por um real mas, praticamente todo comércio é feito na moeda brasileira.

Neste país, em 1966, ocorreu a Revolução de Independência contra a Inglaterra, apoiada pela União Soviética, que também fora chamada de “revolução guianense”. Com a expulsão dos ingleses pela maioria negra, a nova nação passa a denominar-se República Cooperativista da Guiana, com forte influência do governo de Moscou.
Com isso, ocasionou o aumento da emigração para o Brasil, provocando uma explosão demográfica em Bonfim, o que resultou em mudanças na sua estrutura sócio-econômica. Com a influência externa na Guiana deslocando-se de Londres para Moscou, terminou o intercâmbio comercial com Lethem.

Como era colônia inglesa até poucos anos, há que se tomar cuidado, pois aqui se adota a chamada “mão inglesa”, ou seja, o deslocamento de veículos é pela pista da esquerda. Para quem está habituado com o padrão brasileiro, a principio é um choque: a todo momento parece que estamos dirigindo na contra-mão. É hilário observar motoristas brasileiros que cruzam a fronteira pela primeira vez. Por sorte, o trânsito de veículos é pequeno nas ruas empoeiradas de Lethem.

De Boa Vista até Bonfim não há postos de combustível na estrada. Com a pequena autonomia das motocicletas, o jeito é abastecer em Lethem, onde a gasolina custa R$ 2,50/L. Então, full up!
A Guiana guarda em sua memória o triste episódio, quando o “missionário” norte americano Jim Jones, que fundou no país em 1974 uma colônia religiosa chamada Jonestown, induziu quase mil pessoas ao suicídio coletivo, fazendo-os ingerir suco de uva envenenado em 1978. Este maluco viveu em Belo Horizonte e Rio de Janeiro entre 1961 e 1965.

A partir daqui, são 580 km até Georgetown, capital da Guiana, onde somente 130 km tem asfalto. Se não quiserem encarar a estrada, eis o endereço e telefone de quem pode levar a moto em cima de uma camionete até lá.

Até pouco tempo a travessia entre os dois países eram feito por balsa sobre o Rio Tacutu.

Com a construção da ponte há dois anos, a mudança de mão, ou de pista, como queiram, é feita em uma espécie de viaduto, onde você sai da ponte no lado guianense, passa sobre o viaduto e já está na mão esquerda. Ao regressar ao Brasil, o procedimento é o oposto.
Depois de comprar algumas coisas, voltamos para visitar Bonfim.

Bonfim surgiu no século passado e o primeiro morador a fixar-se próximo ao que hoje é a sede do Município, foi o baiano Manoel Luiz Silva que deu o nome à localidade em homenagem ao padroeiro de sua terra natal, o Senhor do Bonfim.
A História da colonização do Município teve épicos de aventura e pioneirismo, mostrados através de suas fases históricas: expansão agrícola, fomentação do comércio, abertura de estradas, revolução guianense e a catequização de índios.
No começo do século XX com a criação da primeira fazenda de gado, pertencente ao ex-militar Vicente da Silva, que serviu no Forte São Joaquim, surgiu o primeiro ciclo econômico, o agrícola. Ainda hoje os seus descendentes vivem na região desenvolvendo a pecuária.
De 1910 a 1960, houve desenvolvimento nos empreendimentos agropecuários, com o surgimento de várias outras fazendas de gado. Assim, surgiram os primeiros núcleos de comércio, que também abasteciam parte da então Guiana Inglesa.
Bonfim, criado em 1982 tem cerca de 11 mil habitantes e também tem terras indígenas onde habitam os povos Wapixana e Macuxi. Sua atividade econômica baseia-se na agricultura e pecuária.
Apesar de ser Área de Livre Comércio, a atividade comercial é insipiente.

Ao chegarmos na Prefeitura, nova decepção. O prédio está sendo reformado e a placa foi retirada.

Conversamos com pessoas que estavam trabalhando na pintura da agencia do Banco do Brasil, anexo da prefeitura e não tivemos como registrar a foto da placa pois o prédio estava fechado.

Depois das fotos decidimos almoçar em Bonfim e retornamos a nossa bela Boa Vista, onde chegamos no fim da tarde, tendo cumprido mais uma etapa do Valente FC - Roraima.
Última edição por Cezar Riva; 25-02-13 às 19:30.
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O Cezar, mas que azar heim??
Chegar em frente ao predio da PM e estava em reforma!!!
Mas, antecipamos para voce a placa que com certeza estará posta na parede esquerda.
La vai.....rsrsrsrsr
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Valeu Cezar Riva.....mais uma e com isso também vamos conhecendo peculiaridades de um outro Brasil, dentre muitos nessa pátria enorme e multipla.
Parabéns , continuo aqui na garupa.....
abração
FC Jacob
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FC Cezar Riva, nada como se ter um FC de por perto, pois assim ficou resolvido o problema da falta de identificação na prefeitura de Bonfim.
Parabéns aos FC Sérgio Pires, um gentleman!
Gostaria também de destacar a maravilhosa foto, aquela de autor desconhecido, a respeito do Monte Caburaí.
Que felicidade!
Espero que a moto do Paulo já esteja em ordem e tudo não tenha passado de um susto. Aliás, particularmente fico meio ferido de morte quando a minha moto apresenta algum tipo problema, como no fim de semana retrasado quando a danada simplesmente se negou a pegar. Hoje o pessoal da Promenac, revenda Honda de Itajaí, SC, coletou-a na minha garagem e a levou para a oficina. Simplesmente vazou gasolina para dentro da câmara de combustão e estou receoso para saber amanhã de manhã se não deu o tal do calço hidráulico quando tentei fazê-la pegar. Não sabemos se a gasolina vazou em função de problemas no diafragma da chave de combustível, se alguma sujeira impediu que alguma agulha do carburador ficasse aberta, enfim, nesta terça teremos um diagnóstico conclusivo. Entretanto sabemos que a origem de todos os problemas é a péssima qualidade da nossa gasolina.
Um desastre e uma vergonha!

Bem, mas estou aqui para falar do teu pé de jaca e da minha preocupação em aumentar o número de cidades do teu estado de Roraíma para te termos mais tempo na estrada, nos encantando com as tuas histórias e com a apresentação de lugares tão distantes do nosso cotidiano, além, de relembrar fatos tão interessantes da história recente, como a tragédia de Jim Jones no final da década de 70 e a própria independência da Guiana.
Quantas lembranças!
Neste mesmo diapasão, anexo mapa de Roraima, crendo que deveríamos, sem custo para o erário público, até porque não podemos mais suportar despesas, acrescentar umas 30 ou 40 cidades em Roraima.
Seria uma felicidade para todos os FC!
Cresce Roraima!
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