Obrigado GCFC Dolor,
Também estou agoniado e não vejo a hora de pegar a estrada.
Infelizmente compromissos profissionais também me seguram em BV até amanhã.
Depois é partir para a alegria.
Estou lhe esperando para mais uma etapa do Cardeal FC.
Nos veremos em breve.
Boas estradas.
VALENTE FAZEDOR DE CHUVA
Por Cezar Carlos Soto Riva
Apaixonado por motocicleta
Li e reli o regulamento
Já inspirado, tracei minha meta
Estou na estrada... em pensamento
Em Roraima serei protagonista
Ouso encarnar o poeta do asfalto
Torcida para que eu não desista
Valente aqui no Norte mais alto!
Buscando sonoridade em rima e verso
Chuva ou poeira não serão concorrência
Concentro-me na jornada, imerso
Sou mensageiro... o resto é conseqüência
Noto minha esposa enciumada
Por tanto buscar esta meta
Sabe que é minha segunda amada
Esta belíssima motocicleta
O asfalto é tapete e roteiro
Avanço sobre ele sem hesitar
Nas rodovias deste Brasil estradeiro
Que tanto aprendi a amar
Em cada cidade sou forasteiro
A emoção é de arrepiar
Povo muito hospitaleiro
Fazendo gentileza de me convidar
Até quiseram pagar a despesa
Quando parei para almoçar
Imagina tamanha surpresa
Deste motociclista acostumado a rodar
Percorrer todos os municípios
Há muito tempo cobiço
Agora tornou-se questão de princípio
De volta prá casa, dominado o feitiço.
01º/15 -Dia 19/01/2013 – Alto Alegre (185 km ida e volta)
Meu primeiro objetivo do Valente FC é chegar a Alto Alegre distante 90 quilometros de Boa Vista.
Como é período de férias, vários amigos estão viajando, razão pela qual posso contar somente com a companhia do meu amigo José Simão, o Tiranossauro Rex e sua Harley.
Partimos as 10:30 horas pela RR 205. A rodovia estadual tem seus primeiros 45 km com asfalto de boa qualidade até a ponte do Igarapé Au Au. A partir dali começa trecho de muitos buracos e em outros lugares parece que a pista recebeu apenas lama asfaltica, deixando o pavimento com ondulações, algumas no mesmo sentido da pista, exigindo maior atenção do piloto, pois a motocicleta tende a desviar seu trajeto.
Por volta do meio dia, entramos na pequena cidade e procuramos a prefeitura local. Com informações de transeuntes, localizamos o prédio que estava fechado, afinal era sábado. Não havia nenhuma placa que identificasse o local e tiramos uma foto através da grade.
Conversamos com um vigia que nos disse que o novo prefeito havia retirado a placa “para fazer uma melhor”. Aproveitamos então para fotografar o prédio do Fórum de Justiça que fica ao lado da prefeitura.
Enquanto fotografávamos o local, fomos informamos que em uma das casas próximas morava um dos fundadores da cidade e que o mesmo era o pai do atual prefeito. Não hesitamos e fomos bater um papo com a senhora Rosimar, esposa de Pedro Costa que nos contou algumas histórias. Seu Pedro sofreu um AVC há pouco tempo e não pode conversar conosco. Aproveitamos então para uma foto com o simpático casal.
O povoado que deu origem ao município, foi formado a partir da Colônia agrícola “Coronel Mota”, composta por imigrantes japoneses que abasteciam a capital com produtos hortifrutigranjeiros.
Em 1977, foi emancipado à vila e, em 1º de julho de 1982, passou a município, desmembrando-se de Boa Vista.
Tem sua base populacional dividida entre indígenas e nordestinos vindos principalmente do Maranhão. Apresenta três áreas de terra indígena e grupos indígenas respectivamente: Anta, Barata/Livramento, Boqueirão, Raimundão, Truaru com índios
Macuxi/Wapixana); Mangueira, Pium, Sucuba (Macuxi) e Yanomami (Yanomami).
O gentílico do município é alto alegrense. http://goo.gl/maps/u51tJ
Com o adiantado da hora, resolvemos almoçar na cidade. Achamos um pequeno restaurante onde foi possivel comer um bife com arroz e feijão.
Na volta, observamos melhor a paisagem, composta basicamente por grandes fazendas de gado de corte. É muito comum nesta época do ano, atearem fogo para renovação das pastagens. É desolador percorrer vários quilometros observando queimadas.
Chegando a Boa Vista, meu amigo Zé faz um sinal de que sua HD estava com problemas. Parei e ele encostou dizendo que várias luzes estavam acesas no painel. Desligou a moto e ai não teve jeito de fazê-la funcionar novamente. Por sorte estávamos na entrada da cidade e tivemos que chamar o Naldo, nosso mecânico para fazer o socorro. Nos últimos cinco quilometros, a HD do Zé foi rebocada.
Fechei assim o primeiro trecho do desafio com 186 km percorridos. Restam outros 14 municipios pela frente.
FC Cezar Riva, já fazendo história e inspiração para as tuas poesias.
E assim vamos construindo parte do nosso país, com prefeituras, cujo privilégio não é exclusivo de Roraíma, sem identificação, como se estivessem escrevendo a nossa história com caneta sem tinta. A prioridade dos novos administradores é, via de regra, exatamente oposta a daqueles a quem substituem e desta maneira, vamos rodando em volta do próprio rabo, sem nunca chegarmos a lugar nenhum.
Mas vamos em frente, interagindo, conhecendo pessoas que fizeram a história, como este casal Pedro Costa, que esperamos e torcemos pela sua pronta recuperação, desviando dos buracos, da queimadas, mas amando a vida e este privilégio de poder andar de moto.
Parabéns FC Cezar Riva, pela sua insanidade de palmear este lindo estado de Roraíma e obrigado por nos permitir ir conhecendo com esta riqueza de detalhes todos os seus rincões, materializada por fotos tão bonitas e tão bem "tiradas".
Finalmente, espero que a moto do FC Zé já esteja em ordem, e claro, pronta para uma nova sessão de aventuras.
Quanto a mim, a senzala me prendeu por mais alguns dias e não vejo a hora de pegar a minha carta de alforria e me mandar por este Brasil afora perseguindo os nossos desafios Bandeirante e Cardeal.
FC Cezar Riva, o teu novo teto se chama Almas Inquietas, portanto, peço licença para providenciar esta mudança, cheia de poesia, como convém à tua alma poética.
Para tanto, lembro de parte do conceito do nosso sentimento sobre O Sonho:
Ter o vento passando por todos os poros da face é sentir-se parte do mundo. É sentir-se dono da própria história, mesmo que a velocidade não permita movimentos bruscos, apenas involuntários sorrisos, apenas cuidadosas mãos firmes que desafiam a resistência do vento e do tempo, sobre duas rodas.
Os desafios foram, um dia, sonhos, mas que tomaram conta de nós e viraram metas pessoais. Saiba que ao final, todo sonho planejado transforma-se em uma conquista.
E além de acreditarmos na conquista dos sonhos, acreditamos na importância da família, das trocas, da convivência pacífica, do amor e da beleza deste mundo.
Acreditamos no poder das palavras, dos toques, do vento e dos sonhos.
As viagens estão longe de serem fugas de nossas vidas ou de nosso cotidiano, são, ao contrário, quando nos descobrimos ou redescobrimos.
E por que não colocá-los dentro de um mapa, por exemplo?
Tua Jornada VFC em Roraima só faz me animar para fazer o mesmo aqui pelo Paraná. Parabéns pelo inicio deste desafio e estarei por aqui acompanhando tuas viagens. Até breve.
Obrigado Carlos Prado Jr
Tenho muita saudade do Paraná. Foi onde comecei minha "carreira" motociclistica tendo rodado por muitas cidades, como Foz do Iguaçu, São Miguel, Medianeira, Matelandia, Ceu Azul, Cascavel, C. Mourão, Maringá, Londrina, etc.....
Eu morava em Foz e minha namorada (hoje esposa) era de Arapongas. Quase todo fim de semana eu fazia de moto um bate-volta de 1000km. Até hoje minha esposa acha que era mais a vontade de rodar..eheheheh.
Não hesite em pegar a estrada. Além da adrenalina, tem muita coisa bonita para se ver neste Estado.
Grande abraço.
Belas palavras GCFC Dolor
Realmente "agora é irreversível" e não vejo a hora de pegar a estrada novamente.
Estou aprendendo a usar o Google Maps e já já vou postar o mapa para que todos possam acompanhar melhor os trajetos.
Alma Inquieta na estrada!
02º/15 - 26/01/2013 - Municipio de Cantá - (85 km ida e volta)
Com muita dor no pulso esquerdo (consequencia de queda no futebol) decidi fazer hoje um trajeto pequeno indo até o vizinho Municipio de Cantá.
Parti as 10h atravessando a Ponte dos Macuxis sobre o Rio Branco. Próximo da ponte, várias empresas fazem a extração de areia utilizando balsas com dragas e na cabeceira da ponte é comum encontrar muita areia sobre o asfalto, consequência do grande número de caminhões que ali passam carregados com este material. Há que se tomar cuidado pois derrapagens são comuns naquele local.
Como estamos no verão, a vazante do Rio Branco deixa a mostra imensos bancos de areia no meio do leito formando praias naturais durante os meses de outubro a abril. Em alguns locais é possivel atravessar a pé, praticamente toda extensão.
O tempo contribui e apesar de nublado, não há previsão de chuva. Aliás, na região amazônica só há duas estações climáticas no ano: o verão, caracterizado por longos períodos ensolarados e muito quente e o chamado inverno, época em que chove todo santo dia. No Amazonas, geralmente chove de novembro até maio e em Roraima de abril a setembro, razão pela qual costuma-se dizer que “quando pára lá, começa cá”.
Tomei a BR 401 até o entroncamento com a BR 432 e dali parti para o Cantá. Com a rodovia em boas condições, porém com muitas ondulações, o trecho requer alguns cuidados pois há curvas acentuadas e uma ponte de madeira onde só passa um veículo por vez.
Ao longo do trajeto é possivel observar a típica vegetação do lavrado roraimente. O caimbé é planta nativa e presente em todos os lugares. Trata-se de uma árvore pequena e retorcida com folhas grossas e ásperas muito utilizada no interior e comunidades indígenas para limpeza de panelas pois sua ação é semelhante à palha de aço. Outra planta típica da região é o buritizeiro, palmeira que só cresce nas margens de pequenos igarapés ou lagoas. Do fruto do buriti se extrai a polpa para sucos, sorvetes e cosméticos além de ser muito apreciado por animais roedores como cutia, paca e capivara que se alimentam deles.
Na entrada da pequena cidade descobri que o temporizador da minha câmera não está funcionando e como fui sozinho, o jeito é tirar foto apenas da moto ao lado da placa que indica onde chegamos.
Esta rodovia, que passa por dentro da cidade, em seu traçado original, pretendia ligar em uma linha reta Boa Vista ao sul do estado, mas com o passar dos anos, apenas um pequeno trecho de 50 quilometros foi asfaltado, permanecendo quase 250 quilômetros sem qualquer pavimentação. Este trecho durante o período chuvoso torna-se intrafegável e quem mais sofre são os produtores rurais que não tem como escoar seus produtos.
Cantá é um pequeno município no centro leste de Roraima e que surgiu no final do século XX através da Colônia Brás de Aguiar, composta basicamente por imigrantes nordestinos e recebeu essa denominação em homenagem ao capitão-de-mar-e-guerra, Brás Dias de Aguiar, que foi um importante geógrafo e demarcador das fronteiras brasileiras. Dados do Ministério da Defesa, (2004), mostram que a Colônia Brás de Aguiar, foi criada, com a finalidade de abastecer Boa Vista, com produtos de primeira necessidade, principalmente arroz e mandioca. Mais tarde passou a se chamar Vila do Cantá, até que em 1995 se tornou município.
Ao chegar na prefeitura nova decepção. É a segunda prefeitura que visito que não tem placa de identificação. Aliás, a do Cantá até tem, mas a lona está rasgada.
Aproveitei a passagem de dois garotos e pedi a eles que me fotografassem em frente do prédio junto com o Lucas, um indígena de uma comunidade próxima.
A passagem pela cidade e relativamente rápida. Não há muito que se ver, pois 85% da população mora na área rural.
A exemplo de outros municípios do Estado de Roraima, Cantá padece com a falta de investimentos públicos e privados. A pequena cidade de 14 mil habitantes tem sua economia baseada na agricultura e pecuárias de pequenos produtores cantaenses alem da extração e beneficiamento de madeira.
Dentro da área do município, encontramos as terras indígenas da Taba Lascada e Muriru onde habitam povo da etnia Wapixana. http://goo.gl/maps/QtclM
Durante a volta, é possivel observar barracos de lona e palha nas margens do Rio Branco. É a Vila Vintém, comunidade de oleiros que fazem tijolos artesanalmente. Quando o Rio Branco está cheio, alaga e inunda toda a comunidade. Quando as águas começam baixar com a vazante, os oleiros começam a produzir os tijolos com o barro deixado pelo rio nos inúmeros poços escavados na margem esquerda.
Finalizo assim mais uma etapa do Valente Fazedor de Chuva, voltando para Boa Vista para um belo churrasco com a família.
Na minha terra natal (Belém) a gente diz que tem duas estações também: Uma em que chove todo dia e a outra em que chove o dia todo (rsrsrsrsrs). Valeu FC. Boas fotos. Até a próxima.