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Continuando as postagens neste espaço, referentes às cidades/pontos visitados na perseguição ao desafio “Cardeal Fazedor de Chuva”, chegamos a Cruzeiro do Sul, no extremo oeste do Estado do Acre, e do Brasil.

Esta é a BR 364, entre Manoel Urbano e Feijó, no Acre
Quarta-feira, 23 de janeiro.
Já que estávamos em Rio Branco, capital do Estado do Acre, resolvemos dar uma esticada até Mancio Lima, no Acre, ponto extremo oeste do Brasil.
Choveu a noite inteira. Dormi com aquele gostinho na boca do açaí cremoso que saboreamos ontem à noite, e a preocupação com o estado geral da estrada, tendo em vista que o trecho que tínhamos pela frente é conhecido como muito ruim, nessa época do ano. Soube que há dois anos, o governador do Estado ordenou que o trecho da BR 364, entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul fosse mantido em condições de tráfego o ano todo. Espero que a ordem dele esteja sendo cumprida.
Estamos aqui no chamado inverno (para eles), que é a estação de chuvas. E chove todos os dias. E todas as noites. E a estrada tem muitos trechos bastante delicados, que se danificam com as chuvas e o trânsito de caminhões. Nesta época, está proibido o trânsito de caminhões. Vimos mui-tos caminhões grandes parados.
Ainda estava escuro quando acordamos. Nada de chuva. Que continue assim, pensei. Eram sete horas da manhã quando saímos de Rio Branco. Meu GPS informa que por volta das catorze horas estaríamos chegando a Cruzeiro do Sul. Hummmm!!!!! Acho que ele não sabe das condições da estrada.

Bujari, a primeira cidade pelo caminho. Até aqui, tudo bem!

Estamos apenas no começo...

Assim é o asfalto da BR 364, nos primeiros quilômetros

As pastagens, na área desmatada, formam belas paisagens.

Muitas madeireiras ao longo da rodovia
A estrada está toda asfaltada. Ou deveria estar. Em muitos trechos, o pavimento simplesmente sumiu, dando lugar a imensos atoleiros. Em outros, traiçoeiros buracos aguardam os motoristas (e motociclistas) desatentos. E noutros, o asfalto é tão irregular, que parece vai desmanchar a moto. A tocada não rende. Observamos, em alguns lugares, operários trabalhando na recuperação da rodovia, tentando tapar os buracos. Em vão. O material utilizado é terra, e que na próxima chuva se transformará em lama, aumentando ainda mais o problema.

Sena Madureira, segunda cidade ao longo da BR 364

Aqui, a vida não tem pressa.

Mas que bela castanheira restou!

Ponte sobre o rio Purus

A viagem começa a complicar

Mais madeireiras, mais desmatamentos

Manoel Urbano, terceira cidade...

Olha o estado do pavimento!

Paisagem típica: casebre na região desmatada

Buracos e mais buracos
Mas em compensação, vimos muitas escolas às margens da rodovia. Escolas novas, recém construídas, todas em ótimas condições. Espero que tenha professores que se disponham vir trabalhar para cá. Época de férias. Nenhuma movimentação nessas escolas.

Uma das muitas escolas que vimos

Lama e buracos tomam conta da rodovia

Lamaçal sem fim

Ainda bem que eles avisam

E hoje não choveu. Ainda!

Feijó, a quarta cidade pelo caminho

A região está toda alagada

Tarauacá, a quinta cidade pelo caminho. Agora faltam somente duzentos quilômetros

Mais alagamentos

Casebres à beira da rodovia

E buracos e lama, bem no meio da rodovia

Este carro foi meu "coelho" por muitos quilômetros

Uma escola indígena

Estamos em terras indígenas
Passava pouco das cinco da tarde, quando finalmente chegamos a Cruzeiro do Sul. A primeira impressão foi boa. Gente simpática, cidade limpa. Claro que a GS foi atração: todos nos olhavam admirados. Depois de um desfile, digo passeio pelas principais ruas da cidade procurando um hotel, optamos pelo Swamy. Muito bom.

Chegando a Cruzeiro do Sul. Ponte sobre o rio Juruá

Cruzeiro do Sul vista da ponte

Umas comprinhas básicas
Histórico do Município
Cruzeiro do Sul fica na Região do Juruá, é o segundo maior município do Estado do Acre, com uma área de 7.781,5 km2; limita-se ao Norte com o Estado do Amazonas, ao Sul com o município acreano de Porto Valter, ao Leste com o município acreano de Tarauacá e a Oeste com os municípios acreanos Mâncio Lima e Rodrigues Alves, e também com o Peru.
Cruzeiro do Sul é conhecido como “Terra dos Nauas”, devido a tribo indígena – os Nauas que ha-bitavam essa região.
O município encontra-se numa região de difícil acesso, distante 680 quilômetros da capital. A ligação rodoviária com a mesma é precária e consequentemente, com outras partes do país. Na época das chuvas, o acesso ao município só é possível por via fluvial ou aérea, tornando assim o custo de vida muito alto, massacrando a população carente que não tem nenhuma expectativa de vida (profissão, educacional e social).
O transporte fluvial resume-se apenas ao transporte de mercadorias para o abastecimento do comércio local e das outras cidades da Região do Juruá (Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Porto Valter e Marechal Thaumaturgo).
O transporte aéreo faz linha regular atuando no transporte de passageiros e de carga (mercadorias).
A população de 67.441 habitantes, onde 38.971 vivem na zona urbana e 28.470 vivem na zona rural. A população vive oprimida pelo alto preço das mercadorias e poucas oportunidades de empregos, uma vez que o grande empregador é o setor público; uma pequena parte da população ativa é absorvida pelos estabelecimentos comerciais, a outra grande parte da população ativa está em atividades informais.
A agricultura e a pecuária são as nossas principais atividades econômicas, destacando-se na produção da farinha de mandioca, que é muito apreciada nos grandes centros urbanos do país, e também na criação de gado de corte.
Última edição por Osmar; 09-05-13 às 21:50.
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Boa tarde Osmar,
Excelente suas postagens e ilustrações com fotos.
Projetei fazer o Cardeal e o Bandeirante em 3 etapas. Ontem terminei de cumprir uma, creio que é a mais fácil, pois fiz o trajeto Vitória > Rio de Janeiro > São Paulo > Curitiba > Florianópolis > Porto Alegre > Chuí > Campo Grande > Goiânia > Brasília > Belo Horizonte > Vitória (onde resido).
Vendo as fotos fiquei imaginando se dá prá ir com uma Virago 535 até Mancio Lima e Uiramutã, a princípio eu achava que não, mas suas fotos me animaram. De imediato já sei que terei que fazer adaptações na moto, pois atualmente tenho um baú que nessas condições não iria aguentar muito tempo com as oscilações, vibrações e os constantes buracos.
Agradeço pelas postagens, pois já começo a visualizar melhor o que terei que ajustar e preparar para as outras etapas.
Sucesso e muitos km rodados pela frente.
Abraços
Gilmar
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Olá Gilmar, boa noite!
Muito grato pelo contato. Assim vamos nos conhecendo melhor e atualizando as informações a respeito dos desafios.
Referente à primeira parte, a que você já fez, acho que é a mais fácil, e já está feita. Parabéns!
E eu teria ficado muito contente se, quando passou por aqui, tivesse feito contato.
A parte mais difícil, sem dúvida, é na região amazônica. Estradas ruins, longas distâncias, e chuva, o grande complicador. Mas a região é muito bonita, e o povo muito acolhedor.
A Mâncio Lima é possível ir em qualquer época do ano, apesar de que, na época das chuvas (no verão), fica um pouco mais difícil, por causa dos atoleiros que se formam onde o asfalto está deteriorado. E são muitos os trechos ruins.
A Uiramutã é impossível ir na época de chuvas, com qualquer tipo de moto. E, mesmo com tempo seco, a estrada vai judiar da Virago.
Quando fores lá, vá com menor peso possível. E não esqueça de reservar o hotel.
E por aqui, continuo à disposição do amigo.
Boas viagens, boas estradas.
Última edição por Osmar; 12-05-13 às 21:25.
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Continuando as postagens neste espaço, referentes às cidades/pontos visitados na perseguição ao desafio “Cardeal Fazedor de Chuva”, chegamos a Mâncio Lima, no extremo oeste do Estado do Acre, e do Brasil.

Quinta-feira, 24 de janeiro.
Nada de chuva em Cruzeiro do Sul. Da janela do hotel onde estamos hospedados (Hotel Swamy) vejo o Rio Juruá muito cheio, quase transbordando de tanta água das chuvas dos últimos dias. O rio é fundamental para a cidade. Por ele chegam as mais diversas mercadorias, vindas de balsa de Manaus, numa viagem de quase trinta dias.

Cruzeiro do Sul. Ao fundo, ponte sobre o rio Juruá

Cruzeiro do Sul. A praça em frente à Prefeitura

Com a minha colega Enilda Alminhana, Chefe da Inspetoria da Receita Federal em Cruzeiro do Sul
Mas ainda faltava algo para completar nossa viagem, algo para justificar a nossa vinda até esta região. E este algo está a 36 quilômetros daqui. É Mâncio Lima, a cidade mais a oeste do Brasil, a cidade que abriga o ponto extremo oeste do nosso país.

O Aeroporto Internacional de Cruzeiro do Sul

Pórtico da cidade de Mâncio Lima

A praça central


Por excelente estrada asfaltada, em pouco tempo chegamos ao nosso destino. Na prefeitura, fomos recebidos pelo Prefeito Municipal, Senhor Eriton Maia de Macedo. Muito atencioso, ouviu nossas explicações, o motivo de estarmos ali, falou sobre sua cidade, sua economia, seu povo.

Com o Prefeito Municipal de Mâncio Lima, Sr. Eriton Maia de Macedo

E nós felizes da vida, por termos cumprido mais uma etapa do desafio do Cardeal Fazedor de Chuva, desafio este que consiste em visitar, de moto, os pontos extremos do nosso país. Já tivemos a oportunidade de visitar, ano passado, em agosto, o ponto extremo leste, na Ponta Seixas, na Paraíba; e em dezembro, estivemos no Chuí. Com esta visita, cumprimos a terceira etapa, faltando só mais uma, para cumprirmos a cruz dos pontos cardeais. Amanhã mesmo partiremos para mais esta etapa.
Completando nosso passeio, fomos até um povoado ainda mais a oeste. A doze quilômetros de Mâncio Lima está a Terra Indígena Puyanawa (conhecida também como “Barão”), cujo líder é o cacique Joel Ferreira Lima, que também é vereador na cidade, eleito para o seu quarto mandato. Atualmente está licenciado, é o Secretário Municipal para Assuntos Indígenas.

Estrada para a aldeia indígena


Chegando à Terra Indígena

Escola indígena

Local de reunião dos indígenas

Estrada em terra indígena. Sem buracos.

Lá vai o cacique!
Na aldeia, o cacique foi muito atencioso conosco, e nos explicou acerca do seu trabalho junto à sua comunidade, principalmente na manutenção dos usos e costumes indígenas. A principal atividade dos índios na região é a produção da farinha de mandioca. Uma das melhores farinhas do Brasil. Tivemos a oportunidade de provar, durante almoço num dos restaurantes da cidade.

Com o cacique Joel Ferreira Lima

Praça central da aldeia, onde realizam cerimônias

Aí, no segundo andar, fomos recebidos pelo cacique

Construções típicas da praça de cerimônias


Um mergulho refrescante (e pose para foto)
Por fim, o registro sobre o comportamento da moto. Irrepreensível. De Mâncio Lima até a Terra Indígena, foram mais de trinta quilômetros, de ida e volta, exclusivamente por estrada de terra, às vezes areião, com buracos, lama e as mais diversas irregularidades, que a nossa GS Adventure venceu com a maior galhardia. Maravilha!
Mâncio Lima - Histórico
Mâncio Lima nasceu de um povoado denominado “Vila Japiim”, elevada em 1913 pelo Capitão Regos Barros. Japiim, pássaro de plumagem preta e amarela muito comum na região do Vale do Juruá. Também foi o nome do povoado que deu origem ao município de Mâncio Lima. Só em 14 de Maio de 1976 foi assinada a lei que elevou oficialmente Mâncio Lima à categoria de Município. Mas, apenas em 30 de Maio de 1977 conquistou sua autonomia e emancipação com a posse do primeiro Prefeito.
O nome do município é homenagem ao Coronel Mâncio Agostinho Rodrigues de Lima, que iniciou a colonização da região em 1889, com um grupo de nordestino sob seu comando.
O município está localizado às margens do Rio Moa, com área de 5.451,1 Km2, na região Norte do Brasil, extremo oeste da Amazônia e no ponto mais ocidental do País. Limita-se com os municípios de Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves e com a República do Peru. Está diretamente ligado aos dois municípios pela BR 364, totalmente pavimentada, numa distância de 36 Km de Cruzeiro do Sul e aproximadamente 30 Km de Rodrigues Alves, sendo também o mais distante da Capital a 700 quilômetros, e seu acesso pode ser feito por via área e em alguns meses do ano por via terrestre em precárias condições.
Mâncio Lima conta ainda com o Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD) que é o quarto maior parque nacional do país, possuindo uma área de aproximadamente 843.000 hectares. O Parque foi criado em 1989 pelo Decreto Federal nº 97.839, como parte de uma política ambiental, objetivando a criação de um cinturão de proteção florestal nas áreas de fronteira do país. O PNSD é uma Unidade de Conservação (UC) de proteção integral, destinada à preservação dos ecossistemas e a fins científicos, culturais, educativos e recreativos, sendo administrada pelo Governo Federal através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. A Localização do Parque abrange cerca de 53% da área total do município de Mâncio Lima.
O Município possui três reservas indígenas: a dos Puyanawas que possui uma população de 403 pessoas, a língua falada é o Pano e sua extensão é de 21.214 hectares; a dos Nukinis que possuem um população de 425 pessoas, a língua falada também é o Pano e a sua extensão é de 27.264 hectares; e a dos Nauas, que estão passando por um processo de reconhecimento, já foi realizado um estudo por uma antropóloga e o processo está sendo estudado, até então os mesmos não são reconhecidos como índios Nauas. Os indígenas têm dois nomes: um na língua nativa e outro em português, e neste caso, a grande maioria tem o sobrenome Lima, adquirido do fundador da cidade, que os batizou com seu próprio nome.
Em Mâncio Lima não existe serviços de transporte coletivo urbano, nem sistema ferroviário. O transporte rodoviário é feito através da Rodovia BR – 364.
Além dos meios de comunicação de massa (radio, televisão), com transmissão do município vizinho de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima conta com uma representação da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). A sua infra-estrutura de telecomunicações é dotada de 450 terminais. A quantidade de terminais em serviço aumentou nos últimos dois anos. Em Mâncio Lima existe sistema de telefonia móvel empresa VIVO.
A última contagem populacional realizada em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico – IBGE mostra em Mâncio Lima uma população de 13.753 habitantes residentes na área do município.
A população rural reside às margens dos rios e igarapés da região, em pequenas comunidades. Cerca de 0,5% dessas possuem energia elétrica, porém não contam com água tratada. As residências do interior são, em sua grande maioria, construídas de forma rústica, cobertas com palha e sem divisão de cômodos.
A alimentação baseia-se na carne silvestre, farinha de mandioca, alguns cereais e legumes.
O Município de Mâncio Lima desde os seus primórdios é agrícola. Tendo como cultura a mandioca, milho, arroz e feijão, com grande escala das áreas exploradas (beneficiada), com a mandioca onde predomina a produção de farinha.
A sede do município é atendida com energia elétrica, de fornecimento contínuo e telefonia fixa e móvel. O município tem um potencial muito grande para o artesanato local, sendo ainda deficiente por não contar de um apoio mais aprofundado nesta área.
Na área de habitação predominam as construções em madeira, por ser abundante na região, com sensível redução de qualidade nas periferias. O êxodo rural já fez surgir a ocupação irregular de áreas urbanas, provocando a formação de vários bairros. As residências são edificadas em madeira de lei e cerca de 15% possui banheiros com fossa sumidouro. Apenas 2% das ruas são pavimentadas com asfalto ou tijolos maciços (é comum nessa região as ruas das cidades serem pavi-mentadas com tijolos de argila).
Mâncio Lima tem uma potencialidade turística natural grande por está localizado na Floresta Amazônica, possuir três etnias indígenas e conta ainda com o Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD) que é o quarto maior parque nacional do país. O PNSD foi considerado, por pesquisadores, o local de maior biodiversidade da Amazônia (Fonte: Prefeitura Municipal de Mâncio Lima).
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Olá Osmar,
Obrigado pela pronta resposta.
As outras duas etapas entraram agora em estado de análise e preparação, pois não sei quando vou poder fazer outro giro, tanto por questões de tempo (férias agora só ano que vem) e orçamento.
Um coisa que me preocupa muito nesses trajetos é a questão do combustível. A Virago só comporta 13,5 litros, uma autonomia baixa pelo que imagino ser a região, pois eu calculo com uma pequena margem de segurança que consigo rodar uns 200km, no máximo 220km com os tanques cheios. Quando vejo o trecho entre Porto Velho e Manaus fico imaginando que vou ter pane seca se não levar um extra.
Quanto à sua recomendação de levar pouco peso, eu entendi que você indicou que preciso emagrecer... kkkkkkk (to brincando, mas num podia perder a piada num é mesmo???).
Quanto ao fato de não ter feito contato quando passei por aí, é que eu tinha que andar rápido, pois meus dias de férias são poucos e tinha que chegar aqui pra dar uma descansada de uns dias e depois pegar estrada para um evento aqui no ES na cidade de Guriri, um dos melhores eventos daqui que eu não queria perder e que vai fechar minhas férias, pois volto ao trabalho na próxima semana dia 27.
Mas fica o compromisso para a próxima viagem.
Desde já está convidado quando vier ao ES.
Abraços e sucesso.
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Olá Gilmar, boa tarde!
Realmente, tua moto tem pouca autonomia para viagens pela Amazônia. Quando fores para lá, deverás providenciar uma boa reserva de combustível.
Quanto ao trecho entre Porto Velho e Manaus pela BR 319, pode ser dividido e duas partes:
A primeira, de Porto Velho a Humaitá, são duzentos e poucos quilômetros de asfalto em bom estado, mas SEM postos de abastecimento.
A segunda, de Humaitá a Manaus, são setecentos (700) e poucos quilômetros SEM asfalto e SEM abastecimento. Mas em compensação, tem muitos e muitos atoleiros, principalmente na época de chuvas, quando fica praticamente intransitável.
Para teres uma idéia, minha moto tem tanque para 33 litros, com autonomia de mais de quinhentos quilômetros (no asfalto), e me aconselharam a levar uma reserva de vinte litros (no mínimo), porque pode haver variação no consumo em estrada de terra. E comida, e água, e barraca.
O normal para os motociclistas que por lá se aventuram, é irem com carro de apoio.
Quanto a diminuir o peso na moto, naturalmente que me referia a bagagem. Mas cá entre nós, um quilinho a menos do piloto, significa um quilo a mais de bagagem/combustível.
Forte abraço e boas estradas e boas viagens.
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Continuando as postagens neste espaço, referentes às cidades/pontos visitados na perseguição ao desafio “Cardeal Fazedor de Chuva”, visitamos Mâncio Lima, no extremo oeste do Estado do Acre, e do Brasil, e agora, retornando a Rio Branco...

Sexta-feira, 25 de janeiro
Agora, no conforto do João Paulo Hotel, em Rio Branco, Capital do Estado do Acre, avaliando tudo o que fizemos nestes três últimos dias, ou seja, a ida e volta a Mâncio Lima, no extremo oeste do Acre, e do Brasil. A cidade está muito longe. Um dia inteiro para ir, e outro para voltar. De moto, naturalmente. São 662 quilômetros pela BR 364 para ir, e outros tantos para voltar. A estrada está toda asfaltada, só que em alguns trechos, é quase impossível transitar, devido à grande quantidade de buracos, e lama. Sim, lama, onde antes tinha asfalto.

Balsa para travessia do rio Juruá, em Cruzeiro do Sul
Ocorre que em certos trechos, a estrada é bastante frágil e não resiste às chuvas nesta época do ano. A situação é tão grave, que até três anos atrás, a estrada era fechada durante os meses de chuvas, para trânsito de qualquer tipo de veículo. Agora, ela está liberada o ano inteiro, e nesta época, somente para veículos de até 8 toneladas de peso bruto.

Escola indígena, às margens da BR 364
As chuvas e o trânsito de veículos vão abrindo buracos, que são tapados com terra, que logo voltam a se abrir, e a formar o lamaçal. Existem equipes trabalhando ao longo de todo o trecho, mas não vencem os buracos.
Mas pensando bem, nós tivemos foi muita sorte. Na quarta-feira quando fomos, choveu somente na véspera. Depois, o dia todo sem chuva, facilitou nossa ida. Quinta-feira não choveu. E hoje também não. Uau!!!! Resultado, que a volta foi por uma estrada seca. Cheia de buracos, mas seca.
A volta é terrível. Mâncio Lima é fim de rodovia. Ir até lá, implica em ter que voltar pelo mesmo caminho, e aí parece que a distância aumenta, os buracos ficaram maiores, os trechos de asfalto bom ficaram menores, e a buraqueira aumenta.

BR 364





Comitiva de mais de setecentos animais



Mas todo este sacrifício compensa. Compensa pelo prazer de encarar o desafio de visitar a cidade mais ocidental do país, compensa por conhecer pessoas que moram nos mais distantes recantos do país, compensa por chegar numa cidade e ser bem recebido por todos, encontrar gente trabalhadora, hospitaleira e simpática, que nos recebem com o melhor dos sorrisos. Compensa por saber que existem pessoas, nesses lugares, que lutam por um Brasil melhor, que fazem a sua parte. Compensa por saber que os dirigentes estão centrados no povo, visando unicamente o bem estar da população. Compensa ver que brancos e indígenas vivem em completa harmonia. Este é o nosso Brasil, um Brasil que vale a pena.
Ao povo de Mâncio Lima nossos agradecimentos pela excelente recepção que tivemos nesta cidade, e agradeço em especial aos funcionários da Prefeitura, todos muito solícitos em nos receber. Nosso sincero muito obrigado ao Prefeito Municipal, Sr. Eriton Maia de Macedo, pela acolhida que nos dispensou, ao Secretário Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Clautevir Costa Lima, pelos preciosos esclarecimentos sobre a vida na região, e ao Secretário Municipal de Assuntos Indígenas Joel Ferreira Lima, o Cacique Joel Puyanawa.

Um lanchinho básico: açaí cremoso com granola
Por fim, cito trecho de uma poesia afixada em um mural na prefeitura:
“Parabéns Mâncio Lima,
Por trinta e dois anos comemorar.
É nesse pedaço de chão,
Que somos os últimos a ver o sol sentar.”
No dia 26 de janeiro recebemos algumas mensagens de nossos amigos, das quais destaco:
“Parabéns, Osmar e Terezinha, pela viagem e obrigado por nos mostrar este pedaço do Brasil. Que Deus os abençoe e proteja na continuidade de seu trajeto. Wilson Roque”
“Ola amigos Osmar e Terezinha. Fico orgulhoso de tê-los como amigos, quero parabenizá-los pela empreitada, mas sabendo que a vida tornou o homem a peça forte da relação, tenho que admitir que GUERREIRA é a Terezinha. Esta viagem não é pra qualquer homem, imagina para uma mulher. PARABÉNS TEREZINHA. Juarez Vargas”
A partir daqui, os relatos desta viagem voltam para o título “Bandeirantando”, referentes aos pontos visitados dentro do desafio Bandeirante Fazedor de Chuva.
Última edição por Osmar; 14-05-13 às 20:52.
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