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Nascente Fazedor de Chuva

As almas inquietas, de Sassa e Cuca, iniciam um novo desafio.
Obrigado Dolor e Ângela.
Aos que se foram: meu pai Haylton Luccas e minha avó Lázara de Oliveira Luccas, porque as suas histórias tornaram-se a inspiração fundamental para esse desafio.
E aos que estão aqui: meus filhos Guilherme e Renato, à minha tia Anita e aos meus irmãos César e Álvaro, um pouco de nossa própria história envolvidas por essas águas.( Cuca)

“ Águas do meu Tietê,
Onde me queres levar?
- Rio que entras pela terra
E que me afastas do mar...
... Meu rio, meu Tietê, onde me levas?”
Trechos diversos de “ A meditação sobre o Rio Tietê”, de Mário de Andrade, 1945
...e nesse olho d’água se inicia mais um desafio dos Fazedores de Chuva:
“ Nascente Fazedor de Chuva”.

Na Pedra Rajada, Serra do Mar, fica no município de Salesópolis, numa altitude de 1.030 metros, a 22 quilômetros do Atlântico. Lá, onde nasce um pequeno olho de água cristalinas, sob duas pedras envoltadas por uma vegetação silvestre, há uma placa de bronze onde se lê: "AQUI NASCE O RIO TIETÊ. Sociedade Geográfica Brasileira 1554-1954".
Desprezando o mar, o Tietê avança interior adentro. Depois de andar um pouco, começa a se engrossar com as dezenas de braços d'água que formam seus primeiros afluentes. Possui 1.136 quilômetros ate chegar ao seu destino: o Rio Paraná e suas águas só chegarão ao mar depois de percorrerem mais de 5.000 quilômetros, até chegar à Bacia do Prata e finalmente, ao oceano.
Geograficamente, divide o estado ao meio, cruzando-o leste a oeste. Historicamente, foi importantes personagens desde dos tempos do descobrimento - durante os bandeiras, as monções, a cafeicultura, a industrialização. Economicamente, é uma grande fonte de energia. O Tietê deixou de ser um simples curso d'água para tornar-se um verdadeiro mar. Ele é quase desconhecido para os que convivem com ele. Mas um desconhecido muito especial: um desafiador que nunca propôs uma navegação fácil aos aventureiros que nele se lançaram. ( Mãe Natureza)

Ao adentrarmos ao parque, um portal nos avisa:

Tanto do ponto de vista ético quanto do pragmático, o desenvolvimento sustentável representa a única saída para conciliar produção de riqueza e bem estar para a sociedade sem comprometer a sobrevivência do planeta e da espécie humana. Estabelecer uma relação harmoniosa entre as três dimensões que baseiam o conceito de desenvolvimento sustentável no Brasil. (Mãe Natureza)

...e como mostram os avisos, aqui deixam-se apenas pegadas...pegadas a caminho do oeste, rumo ao o Rio Paraná! Vem conosco!
Última edição por Sassa e Cuca; 16-10-13 às 07:40.
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Ah! Queridos FC Sassa e Cuca, que felicidade designar como apaixonados aqueles que decidem percorrer e conhecer este gigante que ousa desprezar o mar e escolher para que lado quer aplicar a lei da gravidade.
As lembranças, as histórias, os relacionamentos, a cumplicidade, bem, já temos elementos mais do que suficientes para sentir a têmpera dos relatos e a carga de emotividade que acompanharão o desafio de vocês, nos fazendo desde já, com ansiedade, esperar a próxima atracação neste gigante que é fonte de vida.
Parabéns e obrigado pelo privilégio em nos permitir participar desta linda jornada, que nos deixará além de hipnotizados pelo Tietê, mais conscientes das nossas potencialidades, histórias e patrimônio.
Que prazer!!!
Fazedores de Chuva
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Muito lindo este Desafio e os seus primeiros relatos!
Acho apenas que o Rio Itajaí Açu já está com ciúmes...
Boa sorte e mandem notícias!
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Queridos FC,
Eu e meu marido, com 54 anos, somos de uma geração que brincou e pegou peixinhos, nas margens do Tietê junto à Ponte das Bandeiras, em São Paulo - Capital. Nossas famílias eram sócias do Clube de Regatas Tietê que tinha acesso diretamente com o rio. No final da década de 60, essa área foi desapropriada para dar um novo contorno ao rio e viabilizar a construção da Marginal Tietê naquele ponto. Depois disso...muita coisa mudou! Nada de saudosismo pois, a cidade já era uma metrópole e precisava evoluir mas, não havia a preocupação e muito menos, a cultura sobre impacto ambiental. O que faz com que hoje, nossa responsabilidade seja bem maior. Abraços!
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“Nascentes Fazedor de Chuva”
INTRODUÇÃO
"Se você não quer ser esquecido quando morrer, escreva coisas que vale a pena ler ou faça coisas que vale a pena escrever.”
(Benjamin Franklin)
Onde começa o desafio? Em nós, esse desafio iniciou em nós mesmos, ao conhecermos o Dollor e a Angela . Nos vimos apenas por duas vezes mas, suficiente para a luz que brilha nesse casal, pudesse nos iluminar e depois de acompanhá-los pelas postagens no site Fazedores de Chuva , nos descobrimos e nos identificamos como “ almas inquietas”. Dessas descobertas à generosidade que tiveram ao aprovar e incentivar este desafio, tomamos coragem, bom humor e muita vontade em escrever coisas que valem a pena ler.
Senhores, tomem seus lugares e boa viagem junto às águas do querido Rio Tietê....e aí, bora lá? Tô indo!!!!!
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PARTE 1: de casa à nascente
Tanque cheio, trilhas e rotas estudadas, de camiseta nova e carro identificado partimos da Aldeia da Serra – SP.

(- Mas, eu tenho que fofocar senão, não me “guento”: nossa partida atrasou um pouquinho, pq o maridão demorou para pentear os cabelos. Sabe né, essa coisa de chapinha, anti-frizz...tá legal, RUMO A SALESÓPOLIS!)

Saindo de casa, em Itapevi, com destino a Salesópolis são 139 km e ambas cidades fazem parte da Grande São Paulo. O tempo de viagem? Sendo muito mas muito otimista mesmo, esse trajeto poderia ser feito em pouco mais de 2 horas porém, em se tratando desta metrópole hiper-super-mega congestionada, a coisa complica e fica completamente imprevisível a duração da viagem. Passando o portal de Salesópolis

seguimos diretamente para o Parque Nascentes do Tietê:

O parque possui 1,34 milhão de m² e sua área, coberta por Mata Atlântica, apresenta a biodiversidade característica, tanto de plantas como animais. Além de poder visitar e conhecer nascente do rio, existe um museu bem interessante com fotos do percurso do rio pelo estado

Uma coisa bem legal é a “ Sala das águas”, onde se encontram tubos de ensaio, em que podemos ver a cor e a análise da água nas diversas localidades. Uma descoberta interessante é a de que o Rio Tietê tem um dia especial para ele: 22 de setembro uma vez que, nesse dia em 1996, foi inaugurado esse importante núcleo com o apoio e as parcerias de diversas entidades e fundações.
Encontramos também, quatro trilhas que são monitoradas: da Nascente, da Araucária, da Pedra e a do Bosque. Na trilha da Nascente, encontramos onde tudo começa:


Podemos observar as águas límpidas ainda tímidas, porém valentes ao contornarem as pedras.

Aos poucos, o rio vai adentrado pela mata. Seguindo seu curso, ainda parecendo um riacho, ele cruza uma estrada interessante: a Estrada da Petrobrás.

Essa estrada, liga Salesópolis à cidade litorânea de São Sebastião e, na verdade, serve de apoio à Petrobrás, devido ao oleoduto de 235 km que leva petróleo do porto de São Sebastião às refinarias de Paulínia ( região de Campinas-SP). No meio da serra, encontramos uma estação de bombeamento:

Por duas vezes, percorremos essa estrada que atravessa o Parque Estadual da Serra do Mar

e oferece vistas muito bonitas de montanhas, picos e vales. É toda em cascalho e muito visitada por apreciadores da natureza, jipeiros, bikers entre outros.
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FC Sassa e Cuca, assim não é possível!
Com o filme sendo contado desta maneira, não fosse a paixão e o respeito que já sentimos e aprendemos a ter pelo Tietê, pela valentia dele em fazer o caminho mais longo e não dar o braço a torcer para o Atlântico, nem iríamos mais desafiar o Nascente FC.
Aliás, que felicidade ter inclusive uma trilha homônima!
Adoramos a forma como foi feito este relato e toda a comunidade FC tem a agradecer muito a inspiração e a perseverança de vocês com relação a este desafio, simplesmente genial, ou melhor do que isto, apaixonante.
Por favor, continuem nos permitindo participar destes momentos que vocês tão bem sabem traduzir em sentimentos que captamos com muita facilidade já que vocês vivem a essência de um dos pilares filosóficos dos FC:
"mais importante do que o veículo que amamos, mais importante do que o destino que sonhamos, é a companhia que não podemos perder"
Agora, sinceramente, quase não reconheci o Sassa com o novo penteado.
Seria uma alegria e uma honra se pudéssemos contar com a presença de vocês no VIII Encontro Intl dos Fazedores de Chuva!
Vocês já inspiraram mais pessoas a fazerem o Nascente FC!
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Agradecemos palavras tão carinhosas. Estamos dando nosso melhor: relatando, fotografando, pesquisando, fazendo tudo de forma a poder dividir com vocês as belezas, curiosidades, histórias e tantos contos e " causos"......
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PARTE 2: da nascente à cidade
"Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. A ousadia tem genialidade, poder e magia em si." (Goethe)
Para chegar ao Parque das nascentes, existem dois caminhos principais, saindo de São Paulo, capital:
1º- Rodovia Ayrton Senna , Rodovia dos Tamoios, Rodovia SP 88: percurso de quase 184 km. ( sem passar por Salesópolis)
2º- Rodovia Ayrton Senna e Rodovia SP 88: percurso de 109 km ( passando pela cidade, primeiramente e depois de 17,5 km, chega-se ao parque).
Optamos pela segunda rota sendo assim, saindo do parque, retornamos a Salesópolis. A cidade é tranqüila, pacata mas, não nos enganemos com isso. Seus quase 16.000 habitantes contam com uma ampla programação cultural, religiosa, gastronômica e esportiva distribuída ao longo dos 12 meses do ano. Entre elas temos encontros regionais de caiaques, de cowboys, de moto clubes e muitos outros.
Seu nome foi dado em homenagem ao 4º presidente do Brasil, Campos Sales.
Um dos principais símbolos da cidade é a Igreja Matriz de São José, a maior obra de engenharia e arquitetura do local e fica num lugar bem alto e assim pode ser vista de qualquer ponto da cidade. 
No seu interior vemos belíssimas obras de arte desenhadas em suas paredes, entre afrescos e arabescos

e, um conjunto de vitrais realmente belos 
A história da construção dessa igreja é bem interessante: os próprios fiéis que a construíram. E, 1909, chegou na cidade um padre extremamente interessado nas obras da matriz e extremamente inteligente ou melhor, habilidoso. Sensibilizava a todos para essa grande obra e, uma vez recebeu a doação de um grande carregamento de tijolos para a construção mas, o mesmo foi deixado num local distante e na parte baixa da cidade , dificultando o andamento da obra. Diante de tal fato, após verificar o problema, o padre teve a brilhante idéias de realizar uma procissão e, sabiamente, colocou no itinerário, o local onde havia sido depositado o tijolo. Essa procissão foi realizada atraindo inúmeros fiéis vindos de várias partes da região, e, ao passar pela pilhas de tijolos, cada um empunhava um tijolo, levando-o ladeira acima, até à obra, contribuindo, assim, para a construção da “Casa de Deus”.
Outra grande idéia desse padre é que, como meio de obter recursos financeiros para a compra de mais materiais, ele criou e estabeleceu um leilão em torno da igreja e assim, as pessoas doavam produtos comercializáveis e o dinheiro arrecadado dessas vendas era revertido para o andamento da obra.
O mais curioso é que, com isso, criou-se uma tradição, pois esse leilão que era sempre realizado todas as primeiras quintas-feiras de cada mês, acontece até hoje nas ruas que circundam a igreja
mesmo local em que encontramos a prefeitura do município:

Meu marido observou que estava tudo em ordem na prefeitura, menos o atendimento canino, que estava muito lento.....rsrsrsrs

Na praça da matriz, encontramos um obelisco com placas que reproduzem um documento da Câmara Municipal com os seguintes dizeres:
sobre a localização da cidade referindo-se ao Rio Tietê.
Existem vários pontos turísticos. Um deles, a Senzala, é um belo exemplo do que era a técnica construtiva conhecida como Pau a Pique e Taipa de Pilão, ou seja, paredes de barro socado :

Para nós, chamar essa construção de senzala nos pareceu errado porque, pelas disposições do interior da casa, a presença de forro em alguns cômodos e outros detalhes, não sugerem essa utilização e, depois de nos informar melhor soubemos que, na realidade, essa casa serviu por muito tempo, como ponto de parada dos comerciantes que percorriam a rota, conhecida como Rota do Sal, para a comercialização de produtos, dentre esses a compra e venda de escravos, servindo também como ponto do “pouso”.

Outro local que desejamos destacar é que depois que o Rio Tietê adentra pela mata, após sua nascente, parece que ele vai se “ fortalecendo” e, de repente, acaba represado transformando-se numa bela obra, a Barragem de Ponte Nova:

Vocês sabem o que é um “ Piezômetro”? 
Pois bem, aprendemos que tratam-se de furos que servem para monitoração de níveis da água nos aqüíferos, sendo essenciais para uma correta avaliação do coeficiente de armazenamento. Essa barragem é um dos reservatórios de água do Sistema Produtor do Alto Tietê . Na visita, é possível conhecer a formação de uma barragem e como ela funciona. Local maravilhoso para caminhadas. Na barragem localiza-se um radar meteorológico para prever chuvas com até 5 horas de antecedência, num raio de 200 km². E também, existe uma pousada bem bonita e aconchegante e, segundo nosso guia, às vezes aparece até algum cantor sertanejo para alegrar os hospedes.
Ah, Sassa e Cuca também é cultura! Até mais!
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FC Sassa e Cuca, que prazer a leitura do relato e parabéns pela riqueza dos detalhes.
Sem dúvida, essa dupla não é fraca!
Também me pareceu um pouquinho baixa a Barragem da Ponte Nova, mas de agora em diante com a presença de vocês, os Fazedores, o sobrenome não tardará a aparecer.
Certo, Fazedores de Chuva?
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