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  1. #1
    Data de Ingresso
    Aug 2012
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    Rio de Janeiro
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    Matéria Jornal O Diário do Pará (Questionário)

    Questionário:
    1. quando começou sua paixão por motos e pela Harley?
    R – Viajar de moto passou a fazer parte dos meus sonhos, quando ainda criança de colégio interno vi uma Harley-Davidson na estrada, durante uma viagem de ônibus pela BR 116, como cito no início do meu livro “Ushuaia – Viajar de Moto para El Fin del Mundo”.
    2. qual a primeira aventura que você fez montado na moto e como foi?
    R – Creio que a minha primeira aventura de moto foi quando atravessei a minha primeira fronteira por estrada, entre Brasil e Uruguai. Foi quando eu, minha esposa Claudia e mais seis casais amigos rumamos para o sul, com destino ao Encontro de Harley-Davidson que ocorre, anualmente, em Punta del Este. Essa experiência de viajar em um trem de motos com os amigos foi maravilhosa, porque passamos por lugares muito bonitos, as estradas eram excelentes, a convivência era só harmonia e cada parada para abastecer era uma festa.

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Nome:	         Dalton Highway, Alaska.jpg
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    3. Você já foi até para o Alasca de Harley, como foi essa experiência?
    R – Essa foi a viagem da minha vida, que vai ensejar o meu segundo livro “Extremo Alaska”. Partimos do Rio de Janeiro, eu e dois amigos, Roberto e Edinho. Durante a ida, o Edinho voltou de Bogotá. Eu e o Roberto atravessamos para o Panamá e cortamos toda a América Central, México, EUA e Canadá. Em Fairbanks, no Alaska, o Roberto premido por dores insuportáveis nas costas, embarcou a sua Harley e voltou para o Brasil de avião. De Fairbanks ao meu destino – Deadhorse, Prudhue Bay, às margens do Oceano Ártico – ainda faltavam 800 km no rumo norte, pelo Extremo Alaska, através da temida e inóspita Dalton Highway, onde foi filmada a série cinematográfica “Caminhoneiros do Gelo”. Quando me deparei com a famosa estrada, parei a minha Electra e contemplei o Pipeline - duto de petróleo - que seguia paralelo a cordilheira, margeando a infinita highway. Mesmo frente ao grande risco de percorrer toda aquela distância, sem quaisquer tipos de comunicação ou apoio, jamais pensei em voltar; porque tinha me preparado durante uma vida para viver aquele momento. Então, mesmo sozinho e olhando aquela imensidão desértica na frente do meu parabrisa, soltei a embreagem com coragem, porque tinha certeza de que não havia mais como desistir e voltar. Foram 17 horas contínuas para atravessar os 800 km e cheguei a Prudhoe Bay com a madrugada iluminada pelo Sol da Meia Noite. Desde esse trajeto e durante toda a minha volta pelo continente americano, conheci os verdadeiros significados, de liberdade, saudade, medo e solidão. Como bem observou Don Miguel - dono da pousada Vista Hermosa, na Costa Rica – Por essas estradas estrangeiras, você não é nada e não tem ninguém; pois é como se você tivesse perdido o seu lugar, os seus amigos e a sua família. Então, você não tem nada precioso, mas também não tem correntes, nem amarras ou lastro nenhum. Porém, quando retornar a sua terra, dará um imenso valor a tudo que você “perdeu” , porque que passará a ter um valor bem mais elevado para você.
    4. quantas viagens você já fez e como elas acontecem: em grupos de motociclistas, em excursões? Quais os destinos mais memoráveis?
    R – Nunca contei as viagens e nem somei os quilômetros. As viagens acontecem conforme a inspiração e as oportunidades. Viajo mesmo sozinho, mas é sempre melhor viajar com os amigos, principalmente, quanto o roteiro extrapola a abóbada de proteção de civilizações mais avançadas, ao atravessar fronteiras de países subjugados pela miséria e a violência. Os destinos mais memoráveis são as localidades que consagram a seleta comunidade de motociclistas designados Fazedores de Chuva (www.fazedoresdechuva.com), cujo rito de passagem exige que alcancem com suas motos, exclusivamente por estrada, Ushuaia (Extremo sul da Argentina) e Prudhoe Bay (extremo norte do Alaska).
    5. por que viajar de moto é tão bom pra você?
    R - É uma explicação difícil e a resposta varia com o tipo de motociclista - evitar a palavra motoqueiro porque é considerada pejorativa – urbano ou estradeiro. Para mim, quando dou partida no motor da minha Electra é como se me incorporassem asas. Me sinto melhor do que sou; pleno, completo, satisfeito. Principalmente, se estou iniciando uma viagem. Voar em uma moto não tem nada a haver com velocidade. A distinção está na plena sensação de liberdade (fazer o que se quer), de autonomia (depender apenas de si mesmo), de parar ou seguir parar qualquer lugar como para além das montanhas, sentindo no corpo o sol, a chuva e o vento, admirando e sorvendo os cheiros e sons da natureza, levando na garupa a mulher amada e no alforje, o essencial que pode carregar. Nesses momentos, quando é sublime, nada mais interessa.
    Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2012.
    Artur Albuquerque
    artur_albuquerque@hotmail.com
    Última edição por Dolor; 11-09-12 às 14:27.

  2. #2
    Data de Ingresso
    Mar 2011
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    GCFC Artur, me permita assinar embaixo da tua entrevista.

    Quanta sensibilidade e quanta verdade encerram as tuas palavras!

    "... como se me incorporassem asas", tem alguma coisa mais verdadeira do que esta afirmação?

    Parabéns e estamos na contagem regressiva para os abraços em Vitória.

    Aprocheguem-se FC!

  3. #3
    Data de Ingresso
    Apr 2012
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    Artur,
    Parabéns pela entrevista, todo o sentimento do motociclismo foi identificado por você em suas respostas.

    Fechou com chave de ouro com a frase:

    "A distinção está na plena sensação de liberdade (fazer o que se quer), de autonomia (depender apenas de si mesmo), de parar ou seguir parar qualquer lugar como para além das montanhas, sentindo no corpo o sol, a chuva e o vento, admirando e sorvendo os cheiros e sons da natureza, levando na garupa a mulher amada e no alforje, o essencial que pode carregar. Nesses momentos, quando é sublime, nada mais interessa."

    Abraços.

    FC Papalardo
    Última edição por Antonio Papalardo; 14-09-12 às 18:54.

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