Renan Xavier
17-10-11, 11:35
A estrada que liga Boa Vista a Manaus, a BR 174, tem o pior trecho que passamos durante toda a expedição. São trezentos e setenta quilômetros de poeira e buracos (não choveu, senão teríamos lama também). Lamentavelmente temos no Brasil as piores estradas, e o combustível mais caro que vimos.
Logo na saída de Boa Vista, a estrada é boa. Foi recuperado o trecho até Mucajaí. Depois, é um verdadeiro inferno.
http://acritica.uol.com.br/amazonia/Reserva-Indigena-Waimiri-Atroari-atravessada-Indigenas_ACRIMA20110314_0048_15.jpg
--- Por GCFC Osmar Becher
Os veículos parecem dançar um estranho bailado, de um lado para outro da rodovia, buscando fugir aos incontáveis buracos. Em muitos trechos o trânsito é feito pelo acostamento. Depois de Vila Jundiá, a rodovia corta a reserva indígena Waimiri Atroari. São mais de setenta quilômetros de muitos buracos. Placas exibem estranhos avisos: “evite parar”, “não filme nem fotografe”, “respeite os índios”.
E mais: soubemos que nesse trecho, a rodovia é fechada à noite, “para não perturbar os índios”. Hummm!!! Em momento algum, vimos índios ou vestígio deles.
http://2.bp.blogspot.com/-IxeyPY21j5Q/TpuD_6-OQ2I/AAAAAAAAAuU/fDg5a1n1duc/s1600/bManaus+055.jpg
Em seguida a rodovia entra no Estado do Amazonas, e o pavimento parece melhorar. Ledo engano. Traiçoeiros buracos se escondem, prontos para engolir as rodas de algum veículo em alta velocidade, cujo motorista não esteja atento.
De barco - Manaus a Belém
Ao final da tarde, conseguimos chegar a Manaus, sãos e salvos. Hospedamo-nos no Hotel Ibis. Agora temos que procurar o transporte para Belém, via rio Amazonas.
E foi durante o café da manhã no dia seguinte, que conhecemos o gerente do hotel, o Fernando, que assim como nós, é um apaixonado por motocicletas. E veio conversar conosco, saber da nossa viagem, se colocar à disposição para nos orientar sobre o transporte de barco até Belém.
Nossa grande preocupação era definirmos o transporte das motos para Belém, via fluvial, para então fixarmos o nosso roteiro de retorno, pelo Brasil, via costa nordestina. Chegamos em Manaus no sábado, e soubemos que o próximo navio sairá somente na quarta-feira.
Na segunda-feira pela manhã fomos apresentados a Lula, o taxista que faz ponto em frente ao hotel. Ele ficou encarregado de nos conduzir pela cidade de Manaus, e principalmente, nos levar ao porto para contratarmos um barco para nos levar a Belém. Foi tudo muito fácil. Dissemos a ele o que queríamos e ele nos levou direto ao capitão do barco Santarém.
http://4.bp.blogspot.com/-taQvRMqe4GE/TpuEGMTa70I/AAAAAAAAAuc/NDwO9eKGyPw/s320/cManaus3+027.jpg
No barco, fomos recebidos pelo capitão Cristiano, e com ele definimos os detalhes. As motos irão no convés, e nós em suítes (com ar condicionado e banheiro privativo).
O transporte de cada moto custará quinhentos reais, e cada suíte oitocentos reais, comidas e bebidas à parte. Examinamos, quero dizer, percorremos o barco, e fechamos o negócio. Embarcaremos na próxima quarta-feira à tarde, com chegada em Belém prevista para domingo pela manhã. Agora é só expectativa por esse trecho da viagem, completamente diferente de tudo o que fizemos até então. A emoção de navegar por quatro dias pelo Rio Amazonas é visível em todos nós, mas principalmente na Terezinha, nossa geógrafa, que por muitos e muitos anos falou sobre o grande rio em suas aulas, e agora está prestes a ter contato direto e demorado com ele.
Anexo ao porto de Manaus está o Mercado Público, famoso por sua arquitetura e variedade de artigos comercializados. O mercado está em reforma, o que não prejudicou a visita. O peixe é a principal atração. São incontáveis as bancas oferecendo os mais variados tipos de peixes, desde sardinhas até gigantescos pirarucus, o bacalhau brasileiro, sem falar das frutas da floresta, ervas e raízes medicinais. Impossível deixar de provar um suco de cupuaçu, ou um sorvete de bacuri.
Para almoço, Lula nos levou a um restaurante simples, mas muito limpo, com cardápio exclusivo em peixes. Deixamos o pedido por conta dele. Foi-nos servido costelas de tambaqui fritas, arroz, farofa e salada. Delícia.
Ao final da tarde fomos visitar o Jian, um harleyro conhecidíssimo na cidade. Ele é o presidente do Hells Angels de Manaus. Levou-nos a conhecer a sede deles. Ficamos impressionados com o que vimos: uma sede muito bem organizada, com fotos de encontros e de membros do grupo no mundo todo, e estrutura para receber os amigos.
E para terminar nosso dia, Fernando, o gerente do Ibis, nos convida para jantar em seu apartamento. Sua esposa Marisa é uma cozinheira e tanto. Para o jantar ela preparou “Tambaqui al Horno”, digo, ao forno, e para acompanhar, spaguetti com atum e baião de dois. Exageramos. E para sobremesa, torta de coco com manjar de cupuaçu. Exageramos novamente.
Na véspera da viagem, fomos a um supermercado comprar algumas mercadorias necessárias, como água, biscoitos, chocolates, e principalmente brinquedos e material escolar, para doarmos às crianças ribeirinhas, que em alguns pontos mais estreitos do rio, se aproximam do navio em frágeis canoas para serem agraciadas.
Em um bairro bem próximo ao centro, em Manaus, está localizada a Harley-Davidson do Brasil (HDB). E para lá fomos. Na verdade, estávamos levando nossas motos para reverem a sua casa, a casa onde foram montadas.
Fomos recebidos pelo Celso Ganeko, gerente geral, e sua equipe. Todos foram muito atenciosos conosco, responderam a todas as perguntas, esclareceram todas as nossas dúvidas e nos brindaram com uma visita à linha de montagem.
Trata-se de empresa de propriedade da Harley-Davidson norteamericana, criada especialmente para atender o mercado brasileiro. Todas as motocicletas Harley-Davidson vendidas no Brasil, são montadas ali.
São centenas e centenas de partes e peças que vêm de fábricas norteamericanas para aqui serem montadas as famosas motocicletas.
Iniciamos nosso tour pela fábrica, pela montagem dos motores. Um a um, são meticulosamente montados. Funcionários altamente especializados recebem o bloco e a ele vão agregando peças, dando apertos na pressão correta, até obterem o produto final, os possantes motores que impulsionam nossas motocicletas.
Assim como os motores, são montadas as rodas, o tanque, o guidon, o sistema elétrico, enfim, tudo montado ali, até o produto final, que é testado em um aparelho chamado “rollertest”, uma espécie de dinamômetro, onde a motocicleta é submetida a uma velocidade de cem quilômetros/hora. Tudo é verificado: precisão do velocímetro, sistema elétrico, câmbio, freios, etc.
Vimos que a montadora aqui possui grande quantidade de peças e pneus à disposição das revendas, porém que não são demandadas.
Ao final, nos brindaram com camisetas comemorativas: da produção de dez mil unidades, e outra da celebração de dez anos de atividade, em 2009.
Encerrando nossa passagem por Manaus, à tarde embarcamos para Belém. O nível das águas do rio está muito baixo, dificultando o embarque. Para chegar até o navio, uma faixa de cem metros de areia fofa, até o cais flutuante. Veneno para as motos.
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Continua >>> As surpresas do trajeto Manaus-Belém de barco (em O Sonho)
Logo na saída de Boa Vista, a estrada é boa. Foi recuperado o trecho até Mucajaí. Depois, é um verdadeiro inferno.
http://acritica.uol.com.br/amazonia/Reserva-Indigena-Waimiri-Atroari-atravessada-Indigenas_ACRIMA20110314_0048_15.jpg
--- Por GCFC Osmar Becher
Os veículos parecem dançar um estranho bailado, de um lado para outro da rodovia, buscando fugir aos incontáveis buracos. Em muitos trechos o trânsito é feito pelo acostamento. Depois de Vila Jundiá, a rodovia corta a reserva indígena Waimiri Atroari. São mais de setenta quilômetros de muitos buracos. Placas exibem estranhos avisos: “evite parar”, “não filme nem fotografe”, “respeite os índios”.
E mais: soubemos que nesse trecho, a rodovia é fechada à noite, “para não perturbar os índios”. Hummm!!! Em momento algum, vimos índios ou vestígio deles.
http://2.bp.blogspot.com/-IxeyPY21j5Q/TpuD_6-OQ2I/AAAAAAAAAuU/fDg5a1n1duc/s1600/bManaus+055.jpg
Em seguida a rodovia entra no Estado do Amazonas, e o pavimento parece melhorar. Ledo engano. Traiçoeiros buracos se escondem, prontos para engolir as rodas de algum veículo em alta velocidade, cujo motorista não esteja atento.
De barco - Manaus a Belém
Ao final da tarde, conseguimos chegar a Manaus, sãos e salvos. Hospedamo-nos no Hotel Ibis. Agora temos que procurar o transporte para Belém, via rio Amazonas.
E foi durante o café da manhã no dia seguinte, que conhecemos o gerente do hotel, o Fernando, que assim como nós, é um apaixonado por motocicletas. E veio conversar conosco, saber da nossa viagem, se colocar à disposição para nos orientar sobre o transporte de barco até Belém.
Nossa grande preocupação era definirmos o transporte das motos para Belém, via fluvial, para então fixarmos o nosso roteiro de retorno, pelo Brasil, via costa nordestina. Chegamos em Manaus no sábado, e soubemos que o próximo navio sairá somente na quarta-feira.
Na segunda-feira pela manhã fomos apresentados a Lula, o taxista que faz ponto em frente ao hotel. Ele ficou encarregado de nos conduzir pela cidade de Manaus, e principalmente, nos levar ao porto para contratarmos um barco para nos levar a Belém. Foi tudo muito fácil. Dissemos a ele o que queríamos e ele nos levou direto ao capitão do barco Santarém.
http://4.bp.blogspot.com/-taQvRMqe4GE/TpuEGMTa70I/AAAAAAAAAuc/NDwO9eKGyPw/s320/cManaus3+027.jpg
No barco, fomos recebidos pelo capitão Cristiano, e com ele definimos os detalhes. As motos irão no convés, e nós em suítes (com ar condicionado e banheiro privativo).
O transporte de cada moto custará quinhentos reais, e cada suíte oitocentos reais, comidas e bebidas à parte. Examinamos, quero dizer, percorremos o barco, e fechamos o negócio. Embarcaremos na próxima quarta-feira à tarde, com chegada em Belém prevista para domingo pela manhã. Agora é só expectativa por esse trecho da viagem, completamente diferente de tudo o que fizemos até então. A emoção de navegar por quatro dias pelo Rio Amazonas é visível em todos nós, mas principalmente na Terezinha, nossa geógrafa, que por muitos e muitos anos falou sobre o grande rio em suas aulas, e agora está prestes a ter contato direto e demorado com ele.
Anexo ao porto de Manaus está o Mercado Público, famoso por sua arquitetura e variedade de artigos comercializados. O mercado está em reforma, o que não prejudicou a visita. O peixe é a principal atração. São incontáveis as bancas oferecendo os mais variados tipos de peixes, desde sardinhas até gigantescos pirarucus, o bacalhau brasileiro, sem falar das frutas da floresta, ervas e raízes medicinais. Impossível deixar de provar um suco de cupuaçu, ou um sorvete de bacuri.
Para almoço, Lula nos levou a um restaurante simples, mas muito limpo, com cardápio exclusivo em peixes. Deixamos o pedido por conta dele. Foi-nos servido costelas de tambaqui fritas, arroz, farofa e salada. Delícia.
Ao final da tarde fomos visitar o Jian, um harleyro conhecidíssimo na cidade. Ele é o presidente do Hells Angels de Manaus. Levou-nos a conhecer a sede deles. Ficamos impressionados com o que vimos: uma sede muito bem organizada, com fotos de encontros e de membros do grupo no mundo todo, e estrutura para receber os amigos.
E para terminar nosso dia, Fernando, o gerente do Ibis, nos convida para jantar em seu apartamento. Sua esposa Marisa é uma cozinheira e tanto. Para o jantar ela preparou “Tambaqui al Horno”, digo, ao forno, e para acompanhar, spaguetti com atum e baião de dois. Exageramos. E para sobremesa, torta de coco com manjar de cupuaçu. Exageramos novamente.
Na véspera da viagem, fomos a um supermercado comprar algumas mercadorias necessárias, como água, biscoitos, chocolates, e principalmente brinquedos e material escolar, para doarmos às crianças ribeirinhas, que em alguns pontos mais estreitos do rio, se aproximam do navio em frágeis canoas para serem agraciadas.
Em um bairro bem próximo ao centro, em Manaus, está localizada a Harley-Davidson do Brasil (HDB). E para lá fomos. Na verdade, estávamos levando nossas motos para reverem a sua casa, a casa onde foram montadas.
Fomos recebidos pelo Celso Ganeko, gerente geral, e sua equipe. Todos foram muito atenciosos conosco, responderam a todas as perguntas, esclareceram todas as nossas dúvidas e nos brindaram com uma visita à linha de montagem.
Trata-se de empresa de propriedade da Harley-Davidson norteamericana, criada especialmente para atender o mercado brasileiro. Todas as motocicletas Harley-Davidson vendidas no Brasil, são montadas ali.
São centenas e centenas de partes e peças que vêm de fábricas norteamericanas para aqui serem montadas as famosas motocicletas.
Iniciamos nosso tour pela fábrica, pela montagem dos motores. Um a um, são meticulosamente montados. Funcionários altamente especializados recebem o bloco e a ele vão agregando peças, dando apertos na pressão correta, até obterem o produto final, os possantes motores que impulsionam nossas motocicletas.
Assim como os motores, são montadas as rodas, o tanque, o guidon, o sistema elétrico, enfim, tudo montado ali, até o produto final, que é testado em um aparelho chamado “rollertest”, uma espécie de dinamômetro, onde a motocicleta é submetida a uma velocidade de cem quilômetros/hora. Tudo é verificado: precisão do velocímetro, sistema elétrico, câmbio, freios, etc.
Vimos que a montadora aqui possui grande quantidade de peças e pneus à disposição das revendas, porém que não são demandadas.
Ao final, nos brindaram com camisetas comemorativas: da produção de dez mil unidades, e outra da celebração de dez anos de atividade, em 2009.
Encerrando nossa passagem por Manaus, à tarde embarcamos para Belém. O nível das águas do rio está muito baixo, dificultando o embarque. Para chegar até o navio, uma faixa de cem metros de areia fofa, até o cais flutuante. Veneno para as motos.
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Continua >>> As surpresas do trajeto Manaus-Belém de barco (em O Sonho)