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Ver Versão Completa : The Long and Winding Road



Dolor
20-06-12, 00:42
Apresentação

Inicialmente faremos a apresentação do Márcio de Souza Silveira, segundo o próprio:

Brasileiro, solteiro, nascido no dia 27 de agosto de 1982, em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, especialista em Direito, filho de motociclistas.

Aos 13 anos adquiriu sua primeira motocicleta e já aos 16 anos fez uma viagem pilotando. Depois da experiência, seguiu unindo o motociclismo as aventuras e viagens.

Já empreendeu aventuras de moto pela Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Bolívia, Paraguai, e no Brasil pelos estados do RS, SC, PR, SP, MS, RJ, ES, DF, MG, TO, GO, BA, PI, MA, PA, CE, RN, PE, AL, SE e PB.

Participou de diversos encontros de motociclistas pelo Brasil, freqüentou cursos sobre técnicas de pilotagem de motocicletas, participou da Copa Mercosul e Campeonato Gaúcho de Motovelocidade.

Está constantemente interagindo em diversos grupos, encontros, fóruns, redes sociais, revistas e sites sobre motociclismo.

Já rodou mais de 600.000 km de motocicleta, levou mais de 60 tombos e já teve a oportunidade de testar, experimentar os seguintes modelos de motocicletas:

1.Yamaha AXIS 90
2.Yamaha Jog 50
3.Suzuki AE 50
4.Suzuki Bandit 600N
5.Sundown Palio 50
6.Kymco djw 50
7.Hyosung cab 100
8.Yamaha BW´s 50
9.Suzuki RM 80
10.Suzuki Gsx 750 F
11.Sundown Akros 90
12.Suzuki Katana 125
13.Honda cbx200 strada
14.Honda c100 biz
15.Honda xlr 125
16.Suzuki gs 500
17.Yamaha Dt 200
18.Sundown super fifty
19.Suzuki Intruder 250
20.Yamaha DT200R
21.Honda XR200
22.Honda NX350 Sahara
23.Suzuki Hayabusa
24.Honda Cg 125 Titan
25.Honda Cb 500
26.Suzuki TL 1000s
27.Honda NX4 falcon
28.BMW F 650 gs
29.Suzuki Freewind 650
30.Suzuki Intruder vs 800
31.Kawasaki Vulcan 500
32.Honda Cg titan 125 ks
33.Suzuki GSX-R 750
34.Suzuki Savage 650
35.Yamaha YZF R1
36.Kawasaki ZX-11
37.Honda CBR 600
38.Honda CBR 1100 XX
39.Kawasaki ZX-6R
40.Yamaha VMax 1200
41.Kawazaki ER-500
42.Yamaha 750 S. Tenéré
43.Yamaha XT 600
44.Honda CBR 450
45.Suzuki marauder 800
46.Kawazaki ZX-7R
47.Husqwarna Wr 250
48.Suzuki GSx 1100W
49.Suzuki DR 800
50.Suzuki GSX 750 W
51.Triumph Daytona 955i
52.Suzuki GSXR 1000
53.Honda tornado 250
54.Yamaha xtz 125
55.Kasinski prima 50
56.Honda twister 250
57.Suzuki Burgman 400
58.Yamaha XT660R
59.Suzuki Burgman 125
60.Yamaha neo at 115 2206
61.Yamaha ys 250 fazer
62.Honda CBR 1000RR
63.Honda CRF 250
64.Honda CRF 400
65.BMW R 1200 GS
66.BMW HP2
67.BMW K 1200 S
68.BMW K 1200 R
69.Quad yamaha 350R
70.Quad yamaha Grizzly
71.Yamaha 250 Lander
72.Yamaha YBR 125 ed
73.BMW F650GS Dakar
74.Ducati 999
75.BMW R1100GS
76.BMW R1200GS adventure
77.BMW G650X-trail
78.Honda CB 450 DX
79.BMW R 1150 GS
80.Yamaha YBR Factor ED
81.Suzuki yes 125
82.BMW F 800 GS
83.Honda XRE 300
84.BMW R 1100 RT
85.BMW F800 R
86.Suzuki DL1000 Vstrom
87.BMW F650GS(bi)
88.BMW G650GS
89.BMW R1200C
90.Honda CB600 Hornet
91.Kawasaki ZX12R
92.BMW K 1200RS
93.Suzuki Boulevard LC1.5
94.BMW K 1300GT
95.Yamaha XJ6N
96.BMW K1200LT
97.Kawasaki ER6N
98.Suzuki GSX650F
99.BMW R1150RT
100.BMW S1000RR
101.HD XL883R Sportster
102.Honda Varadero
103.HD Night ROD ED
104.Honda LEAD 110
105.HD Softail Deuce 1450
106.Dafra Citycom 300i
107.YAMAHA MT-03
108.YAMAHA XJ6F
109.YAMAHA XT1200Z ST
110.HONDA XL700Transalp
111.Kawasaki Ninja250R
112.Kawasaki Ninja650R
113.YAMAHA TDM 850
114.HD Road King Classic
115. Suzuki Dr350
116.Ducati Multistrada ST
117.Dafra Riva 150

Com este currículo admirável gostaríamos de registrar os nossos sentimentos e conceito sobre aqueles que tem o espírito da aventura no coração, especialmente sobre duas rodas, que são reconhecidos como Fazedores de Chuva.


Diferentes a cada quilômetro rodado.


Em alguns de nós há essa centelha comum, que nos propõe o praticamente impossível como se estivesse a nossos pés. É inexplicável esse sentimento que ora nos empurra, ora nos puxa - mas sempre nos move.

Seguimos com a certeza de que uma hora chegaremos e de que em outra hora regressaremos ao que nos é confortável e familiar.

Há outras certezas que carregamos, de que os segundos não voltam e de que, tampouco volta o que éramos no exato segundo anterior.

E voando sobre as motos, estas certezas são as mesmas.

Mudamos a cada quilômetro que vencemos, a cada paisagem que nos envolve, a cada pessoa que nos saúda.

Carregamos a certeza de que todo amanhecer é diferente e belo, pois é o único que se tem já que todos os outros não são mais nossos - no máximo, nos integram.

Almas inquietas

Eternos viajantes e sempre de passagem, assim nos definimos.

Almas inquietas que buscam apenas vencer os próprios desafios sem travar uma luta contra os desafios alheios.

Afinal, porque a competição se há espaço para todos nas estradas desta vida?

Sigamos lado a lado, pois ao final a luta é sempre com a gente mesmo, com os nossos anseios, com as nossas expectativas, com os nossos medos, com o nosso vigor.

Aos amantes do mundo, da cultura, das gentes, do sublime, do absurdamente belo, dos adjetivos e dos nomes, da fantasia e do realismo, eis um espaço raro de se sentir em casa.

Almas inquietas, aprocheguem-se para uma boa prosa em volta de nossa fogueira.

Há taças de bom vinho para todos e sorrisos sinceros!

Boa viagem e estamos na torcida para que o Márcio consiga, em percorrendo os extremos da terra aqui pelo lado das Américas, uma vez que já foi batizado no Sul, ser certificado como um Grande Cacique Fazedor de Chuva, quando do seu batismo em Prudhoe Bay, no Alasca, Estados Unidos, vindo a fazer parte desta Elite do Motociclismo Mundial, cumprindo o slogan dos FC, quando dizemos:

"Qualquer um pode fazer, porém, poucos o fazem..."

Abraços
Dolor
www.fazedoresdechuva.com
Presidente

Dolor
20-06-12, 01:16
O Início e o Motivo

Publicado em 18 de abril de 2012

2207

“Um homem precisa viajar por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu, para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor – e o oposto. Sentir a distância.” (Amyr Klink)

2208

Realizar novamente o sonho de sair para uma aventura de motocicleta, mas desta vez, percorrer a maior distância, visitar o maior número de cidades e países, experimentar diversos climas, estradas, povos, culturas, sem muito planejamento, sem a necessidade de uma data de retorno, sem GPS, sem carro de apoio e telefone de longo alcance, sem recursos financeiros próprios e de forma racionada, buscando registrar as principais localidades, vilas e cidades, destacando os diferentes tipos de estradas, solos, vegetações, diversidades climáticas, altitudes e diferenças culturais.

Esta não é uma viagem de férias. Ela é a própria vida e seu sucesso cresce junto com seu tempo de duração, com a distância percorrida, as culturas, costumes e pessoas conhecidas. Cresce junto com o quanto de curiosidades, conformismos, medos e limitações forem vencidas. Cresce junto com o horizonte e a consciência de quem nela vai viver.

Para isso, decidiu-se iniciar a aventura percorrendo um dos lugares mais inóspitos da América do Sul, uma das estradas mais difíceis, em razão do tipo de pavimento, do clima frio e chuvoso e da falta de estrutura. Mas proporcionando paisagens incríveis, e possibilitando testar tanto o piloto como a motocicleta e os equipamentos em situações adversas. Trata-se da Carretera Austral e seus arredores, incluindo o Parque Torres Del Paine.

As informações colhidas, as fotos registradas, as experiências vividas e o apoio recebido serão divulgados em diversos grupos, encontros, fóruns, redes sociais, revistas e sites sobre motociclismo, de forma que possam estimular pessoas que compartilhem do mesmo desejo e o sonho de viajar pela região e de empreender uma grande aventura de motocicleta, independente dos recursos e do valor do equipamento que possuam. Acredita-se que as informações postadas servirão de orientação para que outras pessoas possam se espelhar e acreditar na possibilidade de realizar aventuras sobre duas rodas.

Dolor
20-06-12, 01:28
Roteiro – Parte 1

Publicado em 19 de abril de 2012

O roteiro serve como um norte, como um guia, mas sem engessar a viagem, podendo ser alterado durante o percurso, sempre com a finalidade de aprimorar, de reduzir riscos e de buscar os objetivos. A distância total contabiliza apenas o trecho cidade a cidade, mas existirão os percursos até as atrações, pontos de interesse, locais de parada, eventuais desvios, erros de trajeto e etc., estimado em aproximadamente 1.500km.

A saída será em Florianópolis no dia 1 maio de 2012, tendo essa primeira parte um tempo estimado de 30 dias para ser terminado.

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DIA 1 – Florianópolis – Porto Alegre = 500 km

DIA 2 – Porto Alegre - São Gabriel – Santana do Livramento = 500 km

DIA 3 – Santana do Livramento 340 Salto 300 Santa Fé = 640 km

DIA 4 – Santa Fé – Córdoba = 350 km

DIA 5 – Córdoba – Mendoza = 670km

Ver: Curvas de Villavicencio pela Rp52 até Upsallata, Puente Del Inca, Cristo Redentor em Las Cuevas (4000m Altitude) à 188km de Mendoza, Parque Aconcágua – Mirador Laguna Horcones

DIA 6 – Mendoza 105 Upsallata 70 Puente Del Inca 4 Parque Aconcágua 70 Los Andes 150 Val Paraíso = 395 km (Vina Del Mar + 9 KM)

Ver Valparaiso: Mirador Portales, Mirador Esperanza, Mirador O’Higgins e Mirador Marina Mercante, Paseo 21 de Mayo, Paseo Yugoslavo, Paseo Gervasoni, Paseo Atkinson e Paseo Dimalow, Balneário Rocas de Santo Domingo.

Ver Vina del mar: Praia Reñaca, Morro La Campana, Antartic Ice Bar.

DIA 7 – Val paraíso – Algaborro = 76 km

Algarrobo ver: maior piscina do mundo (Resort San Alfonso Del Mar)

DIA 8 – Algarrobo – Santiago = 120 km

Santiago Ver: Cerro Santa Lúcia (Av. Bernardo O Higgins, 499), Cerro São Cristóbal. Jazz nos bares do bairro Bellavista e noite no Providência e Universitário. Vale Nevado (46km – verificar hora de subida e descida)

DIA 10 – Santiago 194 Curico 216 Chillan = 410 km

DIA 11 – Chillan110 Los Angeles 162 Temuco 112 Pucón = 389 km

Ver: Parque Nacional Villarica, Vulcão Pucón, Cuevas Vulcânicas (prox. vulcão Villarica)

DIA 13 – Pucón - Puerto Varas = 380 km

Ver: Parque Nacional Vicente Pérez Rosales (64km), vulcão El Tronador e Osorno

DIA 14 – Puerto Varas 103 Ancud 85 Castro 92 Quellón = 280 km

2210

DIA 15 – Quellón – Chaiten = 6h de Ferry

DIA 16 – Chaiten – Puyuhuapi = 217 km

Ver: Parque Nacional Queulat – Ventisquero Colgante

DIA 17 – Puyuhuapi - Coihaique = 183 km

DIA 18 – Coihaique – Chile Chico = 380 km

DIA 19 – Chile Chico - Caleta Oliva = 364 km

DIA 20 – Puerto – San Julián = 350 km

DIA 21 - Puerto San Julián 360 Rio Gallegos 260 Punta Arenas = 620

Ver: Pinguinera Seno Otway (65km)

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Rio Gallegos 260 Punta Arenas = 620

Ver: Pinguinera Seno Otway (65km)

DIA 22 - Punta Arenas – Puerto Natales = 260 km

Ver: Parque nacional Bernardo O´higgins (Glaciar Pio XI), Torres Del Paine a 112 km (Macizo del Paine, Lago Grey, Salto Grande e Laguna Amarga)

Ir a Torres Del Paine por Cerro Castillo

2212
DIA 24 – Torres del Paine 300 Rio Gallegos 360 Puerto San Julián = 660 km

DIA 25 – Puerto San Julián 350 Caleta Oliva 79 Comodoro Rivadavia = 429 km

DIA 26 – Comodoro Rivadavia - Puerto Madryn = 441 km

DIA 27 - Puerto Madryn 240 San Antonio Oeste 171 Viedma 275 Bahía Blanca = 686 km

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DIA 28 - Bahía Blanca - Rosário = 793 km

DIA 29 – Rosário 180 Santa Fé 28 Paraná 407 Uruguaiana = 615 km

DIA 30 - Uruguaiana – Porto Alegre = 650 km

DIA 31 - Porto Alegre – Florianópolis = 500 km

Cidade a cidade: 12.435 km

Extras: 1.500 Km

TOTAL estimado: 13.935 Km

Bolívia – Julho / Peru – Agosto / Equador – Agosto / Colômbia –Agosto / Venezuela -Setembro

Dolor
20-06-12, 01:36
Carretera Austral

Publicado em 20 de abril de 2012

A Carretera Austral (Ruta CH-7) é uma rodovia localizada no sul do Chile. Seu traçado atual de 1.240 quilômetros une Puerto Montt a Villa O’Higgins na comuna de O’Higgins, sendo a principal via de transporte terrestre da Região de Aisén e da Província de Palena na Região de Los Lagos, permitindo a ligação destas com o resto do território chileno.

Devido às complicadas características geográficas do território, no qual predominam os Andes Patagonicos, lagos, turbulentos rios e a presença de campos de gelo, a rodovia está em permanente manutenção. Grande parte da rodovia carece de pavimentação.

Sua construção iniciou-se em 1976 por ordem do Regime Militar, sendo um dos projectos mais caros e ambiciosos de todo o século XX no Chile. O trabalho dos membros do Exército do Chile habilitaria os diferentes trechos da rodovia ao longo dos anos 1980 permitindo a conexão da Patagônia chilena com o resto do país após anos de isolamento. A rodovia ainda não está completa e vários trechos são percorridos através de balsas, principalmente na parte setentrional da província de Palena, entre Hornopirén e Caleta Gonzalo.

2214

Dolor
20-06-12, 02:18
Adversidades da Parte 1

Publicado em 21 de abril de 2012

“Se ao escalar uma montanha na direção de uma estrela, o viajante se deixa absorver demasiado pelos problemas da escalada, arrisca-se a esquecer qual é a estrela que o guia”. (Antoine Saint-Exupéry, autor de O pequeno Príncipe)

Alguns dos fatores adversos são as baixas temperaturas e o pouco tempo com luz solar, tornando menor o tempo de viagem de dia, reduzindo a temperatura e aumentando os riscos do desconhecido à noite. Isso acontecerá pelo fato de a viagem se estender até o extremo sul da América do Sul, aproximando-se do Pólo Sul, em razão da inclinação do eixo da terra, nessa época, a região sul estará recebendo pouca luz solar e entrando no inverno.

Abaixo, os registros de nascer e pôr do sol, temperatura máxima, mínima e média da cidade de Punta Arenas no Chile, um dos pontos de passagem, em maio.

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Os fortes ventos que varrem a região patagônica também são um desafio a ser enfrentado. Aumentando o cansaço, o consumo, o perigo e reduzindo a velocidade. Os ventos acima de 100 km por hora são comuns e por vezes não deixam os aviões pousarem na região e fazem com que as árvores cresçam inclinadas.

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Outra grande dificuldade enfrentada, é que grande parte do roteiro será através de estradas de rípio, uma mistura de terra com cascalho ou seixos. Os seixos são do tamanho de uma bola de gude até o tamanho de uma laranja, muito comuns no sul da Argentina e no Chile.

Dolor
20-06-12, 12:55
New Helmet

Publicado em 22 de abril de 2012

Hoje recebi a ligação do Marcão, representante da www.winner-motors.com.br em Santa Catarina, convidando para que eu fosse receber meu novo capacete! Ainda tive o prazer que escolher, o modelo, o tamanho e o grafismo. Adorei o branco perolizado com partes imitando fibra de carbono. Acredito que esse modelo seja bem prático para essa viagem, confortável e ainda muito belo. Um Zeus 3000A. Único capacete 3X1 do mercado(Articulado,integral e jet). Tecnologias: Capacete com abertura frontal. Casco de resina termoplástica injetada. Viseira de fácil remoção. Viseira solar integrada. Tecido interior antialérgico e removível. Cinta jugular com engate rápido. Ventilação multiponto com condutores de ar. Construído com alta tecnologia. Acabamento em alto padrão. Design moderno. Capacete muda de flip-up para jet. Forro multi-materiais Cool-Weave. Inovativo sistema de troca de queixeira e viseira sem o uso de ferramentas. Peso 1680 (+ 50gr ). Tudo que eu preciso para cair na estrada. Fiquei muito feliz, não vejo a hora de partir. Muito obrigado Marcão e Winner-Motors, representada também pelo Sr. Gustavo.

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Jhonny
20-06-12, 14:09
Um belo capacete, tenho problemas com a forma dos capacetes Zeus, que acabam não servindo em minha cabeça, em especial no queixo que fica de fora...

Quanto ao fato de ser o único 3 em 1 do mercado, eis ai uma propagando enganosa, meu sonho de consumo Shark Evoline II também é 3 em 1 e sem a remoção ou instalação de componentes:

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Além deste também encontramos a venda a partir do final de 2011 a marca NEXX (http://www.nexx-helmets.com/home.aspx)que chama muito a atenção por seu modelo 3x1:

http://www.scootercrazy.com/acatalog/big-nexx-x40.png

E também um modelo articulado que mantem uma pequena proteção na base do capacete demonstrando muito mais resistência segundo o fabricante:

http://www.setmotas.com/loja/images/x30.png

Dolor
20-06-12, 15:09
Teste da moto c/ bagagem

Publicado em 9 de maio de 2012

A revisão na moto foi finalizada.

Trocado filtro de ar e os roletes, lubrificou-se rolamentos, verificou-se correia, pastilhas, bateria, apertou-se o corpo de injeção e etc.

Hoje ela está com 16,3mil km.

Mandei fazer alguns adesivos com o nome do Blog, comprei ferramentas extras de manutenção, chave allen 5, e L sextavada 19, 17, 12,10, coloquei alguma bagagem na moto para dar umas voltas e ver como fica.

Agora falta pouco.

Estou muito ansioso e apreensivo, passo o dia pensando o que falta?

O que estou esquecendo?

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Dolor
20-06-12, 15:27
Prévia da partida

Publicado em 10 de maio de 2012

Hoje, fazendo a prévia da prévia da saída!

Assim não da vontade de partir!!

Grandes Amigos, agradeço todas as dicas, todas as felicitações e desejos de boa viagem.

Momentos assim são tão inesquecíveis quanto toda a aventura.

Antes desse maravilhoso encontro, passei a tarde na concessionária trocando óleo de transmissão e comprando peças extras, vela, correia, lampadas, pastilhas, filtro de ar e 1 litro de óleo.

Ficaram prontos os adesivos com o nome do Blog, um já foi colado na moto.

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Dolor
23-06-12, 11:07
Despedida

Publicado em 16 de maio de 2012

Seguindo nas despedidas, domingo à noite, 12 de maio na Lagoa da Conceição alguns amigos se reuniram para um bom bate papo e novamente felicitações e desejos de boa viagem.

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Ai estavam o Thadeu Neuzi e esposa, Flavia Zapelini, Tonicão, Leão e esposa, Ruy Medeiros, Chedid, Ana Marcia de Souza e Paulo De Tarso Brandão.

Novamente obrigado…
www.mundodemoto.com

Dolor
23-06-12, 11:15
Partida!!

Publicado em 16 de maio de 2012

Em 14 de maio de 2012, por volta das 8 horas, com a moto marcando 16.281km, saí do norte da ilha de Florianópolis e novamente encontrei amigos as 9 horas no trapiche da beira mar.

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Paulo de Tarso Brandão, Delmar Girardi, Benneton e Ruy Goulart (tirando a foto), acompanharam por um trecho incial.

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Assim não da vontade de partir pessoal! Ainda nesse dia parei em um posto em SC, na Br, e vejo algumas pessoas com o Jornal DC na mão, dizendo você é o cara do Jornal!! Eu ainda nem tinha o jornal e eles deram para que levasse de recordação….

Masáaa to famoso!

Indo para Caxias do Sul, dia lindo sem chuva, a moto fez 29,5km/l.

Cheguei na casa do Gilberto Daihead Ditesta, que me forneceu balaclavas, diversos kits de segunda pele, protetor de coluna de 2 tipos, jantamos em família, risoto, vinho, conversas de viagens, aventuras, de trabalho e etc..fiquei maravilhosamente hospedado na casa deles, de onde ainda escrevo para vocês..

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Momento não quero partir 2!

Cultivar amizades!!

Que pessoas incríveis!!
www.mundodemoto.com.br

Dolor
23-06-12, 11:24
Caxias a Gramado

Publicado em 16 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Hoje, 15 de maio de 2012, decidimos que eu ficaria mais um dia em Caxias do Sul. Então pela manhã fui passear pela cidade, de moto, no centro e arredores, mais um dia lindo, almocei em família. Na tarde fui fazer um passeio de Caxias do Sul a Gramado, ida e volta. Que ótima escolha, foi maravilhoso. A estrada é muito sinuosa, pista simples, mas linda, coberta de árvores. Até o momento só dias maravilhosos, tanto no sucesso da viagem como no clima. Acho que esse capacete me deixa com as buchechas apertadas, vejam nas fotos. Preciso de um tri pé para a máquina, pois isso de ficar botando ela no chão, no capacete, em árvores, clicar e sair correndo para posar está cansando.

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Fui à tarde e voltei à noite, + – 160km rodados. Entre Gramado e Caxias do Sul, na ida, em Nova Petrópolis, peguei um caminho de terra de 10KM para chegar ao Ninho das Águias. Um offzinho light para ir testando a máquina fora do asfalto, nota 10! Tocava nessa estrada a 60km/h. A vista lá de cima é fantástica! Lá em Gramado, tomei um café com amigos Narizinho e Panda, à noite. Literalmente duas figuras, que conheço há mais de 10 anos. Incrível foi encontrar em Gramado 5 conhecidos, todos lembravam meu nome, inclusive pessoas que eu não via há muitos anos. À noite, na volta, curti demais as curvas da serra, não passei frio pois agora ando melhor equipado com a seguda pele, balaclava e protetor de pescoço.

Dolor
23-06-12, 11:32
Caxias a Porto Alegre

Publicado em 16 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Em 16 de maio de 2012, após um café da manhã reforçado na casa do Gilberto Testa e família, colamos alguns adesivos na moto, fizemos fotos com os macacões de couro, arrumei melhor a bagagem que estava mal distribuida, fizemos contato com o Doutel da Steitz, para agendar minha vista a fábrica de botas em Campo Bom, e chegou o momento de seguir viagem, não antes de saborear o almoço sempre maravilhoso da Salete. Fiz algumas fotos na compania da família que por dois dias me acolheu como se parte dela eu fosse. Obrigado por tudo Gilberto, Salete, Giovanni e Rafaella.

2280

Salete, agora eu vi porque o Gilberto ta assim em forma, alimentando-se bem!! Depois desses dois dias com vocês, estou mais forte, mais feliz. Ganhei da www.daihead.com.br , diversas balaclavas, diversos conjuntos de segunda pele, para todos os tipos de condições, 2 tipos de protetores de coluna, protetores para o pescoço, inclusive com proteção contra linhas de pipa com cerol, camisetas e meias específicas para frio e de fácil lavagem, mas o mais importante, foi ser bem acolhido, foi sentir que tenho amigos, e perceber que isso sim é meu maior patrimônio. Estou milionário!!

Saí de Caxias do Sul para Porto Alegre, a descida da Serra Gaúcha pela Rota Romântica é maravilhosa, cena de filme, a moto passando e espalhando as folhas secas no chão. Muitas curvas e mesmo com a moto carregada foi muito divertido. A Citycom na serra andou sempre mais rápido que os carros, fazendo inclusive ultrapassagens nas subidas. Fui de Dois Irmãos a Campo Bom por estradas alternativas, lindas também e que são sempre minha opção. Em Campo Bom visitei a fábrica da www.steitz.com.br, representada pelo Sr. Doutel, que entrou para o grupo de colaboradores fornecendo uma bota impermeável.

2281

Chegada em POA final de tarde, hora do rush, como é de costume, apesar de conhecer muito bem a cidade, pedi a um motoboy a informação, sobre a direção correta e mais fácil para chegar no endereço da loja DAFRA, sortudo que sou, ele disse que estava indo lá! Incrível isso, existiam centenas de motoboy’s, e milhares de outras pessoas para eu pedir inforações. Procurei a concessionária pois estou precisando fazer a troca do rolamento da caixa de direção. Não tem a peça pronta entrega e, apesar de por email eu ter solicitado encomenda de emergência semana passada, ainda não chegou, e pode não chegar até sexta. Pretendo seguir viagem sábado após o aniversário do BMW Brasil Riders na Sud Motors.

Incrível a diferença de valores da gasolina nesse trecho, indo de R$2,89 na serra até R$2,49 na capital e por azar acabei abastecendo sempre no mais caro. Não fiz aferição de consumo.

Dolor
23-06-12, 11:40
4 dias em Porto Alegre

Publicado em 19 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Hora do rush, foi quando cheguei a capital gaúcha, final de tarde, do dia 16 de maio de 2012. Como ainda em Florianópolis havia percebido a necessidade da troca dos rolamentos da caixa de direção da moto, e a CC de SC passou a informação de que seria necessário 10 dias para ter a peça em mãos, decidi iniciar a viagem e efetuar a troca em Porto Alegre. Não acredito que isso fosse afetar em nada o desempenho da moto, mas ideal sair com tudo em dia. Na saída em Florianópolis mandei email a CC de POA, Mauri Motos, que respondeu prontamente e fez a encomenda com urgência. Então, na chegada em POA decidi já passar pessoalmente na CC para confirmar a instalação da peça. Apesar de conhecer bem a cidade, para fazer o caminho mais rápido, já que estava próximo ao horário de fechamento da oficina, pedi informação a um motoboy, que para minha sorte disse estar se deslocando até a mesma oficina, fui atrás por vários atalhos e chegamos no horário. Lá de cara me informaram que dificilmente a peça chegaria até sexta feira. Banho de água fria. Segui para a zona sul da cidade para me hospedar com todo conforto na casa da minha avó, chegando lá descarreguei toda moto, nessa hora é que vejo quanta coisa eu carrego.

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Esses primeiros 6 dias de viagem, pois escrevo agora dia 19 de maio, às 17hrs, foram fora do padrão de uma viagem despojada e sem recursos como a minha. Duas vezes hospedado em lugares 5 estrelas, por pessoas mil estrelas, na família do Gilberto Testa e na casa da vovó.

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O dia seguinte a chegada aqui na capital foi até agora o mais cansativo da viagem. Dia 17 foi o dia que fiquei dentro de casa as 24 horas, e cansei mais que os dias que pilotei a scooter. Fiz atualizações e aperfeiçoamento do www.flickr.com/motohouse, www.facebook.com/motohouse e deste Blog. Enviei diversos emails e respondi outros tantos, fui entrevistado por msn pela Juliana Fagundes de Tubarão, pela Karina Farias de Criciúma por telefone, e pela Rádio CBN Diário de Florianópolis/SC. Essa última foi ao vivo e ficou excelente, minha voz muito clara, respostas precisas, só achei um pouco estranho escutar a si mesmo, diferente meu sotaque. Vocês podem conferir a última no link acima dedicado as publicações na IMPRENSA. As duas primeiras serão publicadas em sites e Web Rádios, assim que prontas, eu publicarei aqui. O entrevistador da CBN me enviou de imediato, como solicitei, o arquivo em Mp3 no meu email, mas tive imensa dificuldade de postar isso no Blog e Face, até que o amigo Felipe Pagnossin transformou ela em vídeo, então postei no Youtube e copiei o link no face e blog, mas isso levou horas e foi um teste de paciência. No mesmo dia o Repórter Renato Gava da Zero Hora e Diário Gaucho, jornais de grande circulação do Grupo RBS, fez contato comigo e combinamos que no dia seguinte eu iria até a sede do Jornal para uma entrevista. Ainda, para minha feliz surpresa, o Jefferson da Mauri motos ligou onde estou hospedado e me avisa que a peça chegou, marcamos também para a sexta a instalação. Foi dormir lá pelas 2 da manhã.

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Na sexta acordei com o despertador, estiquei mais uma hora na cama, e pensei que assim viajar dá trabalho, até despertador eu tenho que usar, tenho que ficar horas no computador, preocupações, prazos e etc. Novamente, indo até a CC Dafra, perguntei a um motociclista qual melhor caminho e ele me avisa que trabalha na farmácia ao lado, que eu seguisse ele. Definitivamente sou sortudo e muito. Espero não estar gastanto todas minhas fichas de sorte antes de um momento de maior necessidade. Chegando lá falei com o Mauri, diretor da Mauri Motos, sempre muito atencioso, me emprestou uma Dafra Riva com 500km rodados, cheirando a nova de tanque cheio. Passei o dia rodando com ela e tenho que parabenizar o Alexandre Gaspar da Dafra, pois passei a tarde me surpreendendo com a Dafra Riva 150. Essa moto custa R$5.000,00 e tem um lindo painel com conta giros central, indicador de marchas digital, freio dianteiro à disco muito potente, engate de marchas muito preciso e rodei sempre em baixos regimes, entre 3 e 4 mil rpm com bom torque, isso deve gerar uma grande economia de combustível e componentes do motor, e ainda é muito bonita. Ainda de manhã, saí da CC Dafra e fui até a Ducati falar com o amigo e gerente do grupo izzo Leandro, depois fomos almoçar numa churrascaria com outros 6 amigos motociclistas, voltamos na Ducati e peguei a Riva para ir até o sede do Zero Hora falar com o Gava. O dia lindo, quente e convidativo para uns passeios pela cidade, decidi rodar um pouco mais com a Riva, passando pelo parcão e outras regiões bonitas da cidade de Porto Alegre, que gosto muito. Na Zero Hora conheci a redação do Jornal e com o Gava muito papo motociclístico, pois ele é proprietário de uma XT 660R e pensa em trocar de motocicleta, e já fez também viagem de moto pela Argentina e Chile. Voltei na CC Dafra, a moto estava pronta, falei com o Mauri, fizemos fotos, e para minha surpresa, apesar de o total do serviço e peças ter atingido trezentos reais, nada foi me cobrado. Ufa, teria ido a falência… Depois.. retorno para casa.. rush.. à noite visitei uma amiga e novamente dormi na madrugada, lá pelas 3hrs.

Dolor
23-06-12, 11:50
+ Porto Alegre e seguro

Publicado em 20 de maio de 2012 por Mundo de Moto

No dia 19 de maio de 2012, acordei por volta das 8:30 montei a moto, vesti o equipamento e fui para o aniversário do Grupo Bmw Brasil Riders. No dia anterior tinha combinado com o Renato Gava, do Diário Gaucho, de nos encontrarmos lá. Cheguei lá, comes e bebes, conversas sobre a viagem, fotos, parabéns aos 5 anos do Grupo. Eu estava preparado para seguir viagem mas recebi a informação de que chegara uma encomenda para mim, voltei a zona sul da cidade, e uma caixa do Sedex 10 me aguardava. Era uma máquina filmadora Go Pro e todos seus acessórios, enviada pelo meu amigo de infância, praticamente um irmão, Nestor Heitor Neto, gaúcho, fotógrafo que hoje reside e trabalha em São Paulo.

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Aproveitei para ver emails, face, blog, flickr e etc. Mais uma notícia maravilhosa, o Thadeu e a Neuzi, amigos motociclistas, gauchos mas que hoje vivem em Florianópolis e foram nas despedidas la na ilha, botaram sua casa em Alegrete/RS à minha disposição. Tendo em vista o adiantado horário, decidi sair no domingo, com folga de tempo. Passei o resto do dia em casa, pois a moto estava com toda a bagagem embarcada, e para descansar bastante.

Hoje, 20 de maio de 2012, domingo, completo 7 dias de viagem e saí rumo a Alegrete/RS, como sempre um dia lindo de sol e ótima temperatura para pilotar. Após rodar 140km, parei para abastecimento em Pantano Grande e constatei uma mancha de óleo no motor. Levei 2 minutos para decidir voltar a Porto Alegre onde tenho certeza de ter assistência de qualidade e segurança, tirei uma foto com sorriso amarelado. Sorte estar perto de Porto Alegre, a constatação foi feita no momento certo e hoje foi um bom passeio de moto. Antes aqui do que na Argentina. Hoje paguei o primeiro pedágio da viagem R$4,00. Na chegada de volta a Porto Alegre e seguro, uma parada para foto num painel de homenagem a Bento Gonçalves e à República do Rio Grande do Sul e outra as margens do Rio Guaíba, onde o pôr so sol é sempre apreciado pelos gaúchos.

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Quando estou na estrada ou rodando pela cidade, pilotando a moto sempre penso em tadas coisas que desejo postar aqui, vejo outras, lembro de outras, mas quando sento aqui acabo esquecendo. Existe um gravador de pensamentos?

A moto está na garagem com tudo montado nela, toda bagagem fica lá. Será que vou lá tiro tudo para dar uma volta pela cidade à noite? Mas também posso tirar a noite para aprender a fazer funcionar a Go Pro? Razão ou Emoção?

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Pessoal, agora às 21:33hs, como eu imaginava que a moto tinha uma vazamento de óleo, fui retirar toda a bagagem da moto para levar amanhã na CC. Depois de tirar tudo, vi que eu tinha ali embaixo do banco 2 litros de óleo, que vazaram com a vibração, o óleo escorreu por um respiro desse compartimento, que é bem acima do motor, e me passou a impressão de vazamento no próprio motor.

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A moto não tem na…da! De toda forma amanhã de manhã vou botar tudo na moto, passo na CC, para que verifiquem, e sigo para Alegrete/RS. Ok OK… podem me chamar de tanso que eu aceito… mas nossa vejam as fotos quem olha um motor assim banhado a óleo volta correndo.. heuheue.. amanhã vou enrolar o cabo.. descer a lenha..

Dolor
23-06-12, 12:02
Porto Alegre a Alegrete

Publicado em 22 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Em 21 de maio de 2012, segunda-feira, acordei sem pressa, por volta das 9hrs. Senti que a manhã estava mais fria. Como no dia anterior tirei toda bagagem da moto, hoje fiz uma pequena seleção de coisas que achava não serem mais necessárias. Acordei decidido a tentar fazer toda a volta pelo sul da Ámérica do Sul, invertendo meu roteiro, com a finalidade de chegar mais cedo a Punta Arenas e vir subindo a Carretera Autral e sul do Chile até Santiago. E decidi também, que vou passar pelo Brasil no final dessa primeira parte, como está nos mapas do roteiro, só que ao contrário. O motivo dessa inversão é a preocupação com o frio extremo, assim, chego mais cedo a Punta Arenas e vou subindo devagar, mesmo assim ainda acho que será quase impossível aguentar o frio e terei dificuldade com o anoitecer cedo. Aqui em Alegrete anoiteceu às 18hs, imagina descendo mais uns 4 mil km.

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Depois de um banho, um café da manhã, arrumar a bagagem e instalar na moto, saí às 11:30hr, abasteci e verifiquei o consumo do dia anterior, que foi de 30,5km/l. Fui até o Mauri motos, e fizemos a troca do óleo, com 2,5mil km de uso, rodaria ainda mais 500km, mas aproveitei estar na Concessionária, não gostaria mais de levar óleo na moto depois daquele vazamento todo que me fez voltar, então coloquei o que eu tinha na moto. Verificamos que era necessário a troca de pastilhas dianteira e traseira e assim foi feito. Adesivos com o blog devidamente colados na oficina e loja do Mauri, agradecimentos e pé na estrada por volta das 12:30hr.

Confesso que colocar tudo na moto e tirar é um trabalho duro. Esse meu trabalho novo, moto-aventureiro, terá que me render horas extras pois todas madrugadas estou atualizando blog, face e flickr, baixando fotos, respondendo emails, acordo cedo para preparar a bagagem, passo a tarde pilotando a moto. Quero ver o dia que tiver que acampar, montar e desmontar barraca. Hoje já me falta tempo para escrever mais. Para parar na estrada quando lembro de algo e anotar. Tirar mais fotos.

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Na saída de Porto Alegre paguei novamente o pedágio de R$4,00. Aproveitei para colocar meu Mp3, mas estava sem bateria. Não adianta, sempre esqueço algo. Nos pedágiso seguintes não foi necessário pagamento. Segui sempre memorizando o telefone de atendimento de socorro da rodovia. Na medição de consumo seguinte, constatei 28,3km/l. Hoje rodei + – 520 km da zona sul de Porto Algre até a cidade de Alegrete ainda no estado do RS. Rodei aproximadamente 100km à noite, o que eu já tinha decidido não fazer por motivos de segurança, mas como aqui em Alegrete eu ficaria na casa de amigos, segui o planejado. E assim foi, chegando aqui procurei a Kika e o Nelson, irmão do Thadeu, nosso amigo motociclista de Florianópolis que participou sempre das nossas reuniões de despedida. Logo chegou o Diogo e saimos para jantar.

À noite vi que esqueci em Porto Alegre minha escova de dente.

Em 22 de maio de 2012, acordei lá pelas 9hrs e saí para cortar o cabelo por R$7,00 e comprei uma escova de dente nova. Alegrete é uma cidade antiga, seguidamente o trem passa apitando. Na parte da tarde, aproveitei para aprender a usar a camera filmadora Go Pro, instalei ela na moto e saí pela cidade para verficar se ficou bem fixada. Um ótimo teste pois Alegrete tem quase todas as suas ruas com calçamento bem ruim e antigo e a camera foi aprovada, fixei ela no peso de guidão do lado direito, foi o único lugar onde a braçadeira serviu.



Depois de várias voltas pelas praças de Alegrete, voltei para a casa do Diogo Maurique, que estava me hospedando, e tomei um café da tarde com o pai dele, comi um bolo delicioso e escutei uma história intrigante. Contou-me o Sr. João, que décadas atrás ele foi convidado para ser diretor do presídio, como substituto somente por um mês, ele aceitou e no presídio havia uma cela sem cadeado, a grade tinha um parafuso, pois aqueles presos eram os mais perigosos e não podiam conviver com outros, ele pediu ao agente prisional que retirasse um dos presos e levasse até a sala dele para uma conversa. O preso contou sua história, de que sofreu abusos desde a infância e com 12 anos matou a primeira pessoa, com 19 a segunda. Dentro do presídio havia matado outra, e mesmo assim o Sr. João decidiu dar a ele uma chance, conseguiu para ele um trabalho no campo e lá ele mostrou-se um trabalhador exemplar, até que um dia ele foi a um bar e matou uma pessoa. Em seguida ele se entregou a polícia. Perguntado porque ele pela primeira vez se entregou, respondeu que não queria prejudicar o Sr. João, pessoa maravilhosa que deu a ele a chance de trabalhar e ainda levou muitas melhorias ao presídio. Depois ele foi solto, fez faculdade, formou família e hoje é um aposentado. Não que eu considere isso de família, aposentadoria e faculdade como um grande mérito, mas a moral da história, no meu entender, apesar de que uma vida não vale uma lição, mas realmente uma boa ação gera uma boa reação. Então, quanto tocar alguém, toque positivamente, e tocar eu digo pelo fato de simplesmente passar na vida dela, pode ser com o frentista do posto, o caixa do banco e etc, o positivo vai render e vai ficar.

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À noite fiquei bem feliz quando a Karina Farias, de Criciúma me informou sobre a publicação de uma matéria sobr a viagem no site www.satcweb.com.br, o link direto está lá na página de IMPRENSA.

Dolor
23-06-12, 12:20
Alegrete a Salto/UR

Publicado em 24 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Em 23 de maio de 2012, saí de Alegrete após um belo café da manhã na casa do Diogo, coloquei toda bagagem e abasteci a moto, por volta das 10hrs estava na estrada rumo a Quaraí, fronteira com o Uruguai. Neste décimo dia de viagem completei no meio do caminho 2mil km, fotografei o painel e segui, terminando em Salto com 2,2 mil km totais.

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Ontem à noite durante o jantar, entre amigos falamos que hoje a previsão era de chuva. Previsão certeira. Quarenta quilômetros depois de sair já parei embaixo do telhado da porteira de uma fazenda para colocar roupa de chuva. Mais um exercício de paciência, além da bagagem , de baixar fotos, de postar nos blog, face e flickr, e etc, colocar a capa de chuva também é um trabalhão, ainda mais sozinho e com vento. Depois parei para pegar o Mp3, e ai sim, só parei novamente na fronteira com o Uruguai para fotos e abastecimento, pois a gasolina no Brasil, apesar de ter abastecido à R$2,98 o litro, ainda é mais barata que no Uruguai. Eu faço uma conta simples. Da hora que eu acordo até rodar os primeiros 50km levo em média duas horas e meia com tranquilidade.

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A Citycom saiu do Brasil!! Está no Uruguai!!

Estou feliz por isso mas tenho que dizer que os 10 dias de Brasil foram inesquecíveis. E isso foi obra das pessoas que estiveram comigo. Eu não esperava e nem planejava isso. Todos lugares que passei, eu já tinha ido antes, mas agora foi totalmente diferente, fui com a minha City, fui sozinho, fiz amigos, fui sem pressa, fiz fotos, foram dias lindos, nenhum acidente, nenhum problema e muitas surpresas.

A entrada no Uruguai foi tranquila, após a ponte apresentei identidade e documento da moto, os policiais ficaram conversando e curiosos com a Citycom.

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Do lado uruguaio da ponte está a cidade de Artigas, serviu apenas de passagem, achei a saída para Salto pedindo informação uma vez, e já fui informado de que a estrada estava em condições ruins. Eu tinha pensado em mandar umas mensagens de texto para pessoas queridas via celular e para isso estava guardando uns créditos finais até a fronteira, mas atravessei e pensei que do lado do Uruguai ia pegar sinal, mas não e fiquei sentindo falta disso.

Moto de tanque cheio, já sabia que não havia posto por 200 quilômetros até Salto, fui rodando a 90 km/h, fazendo uma média altissíma, mas ainda não aferida, parei para fotos na estrada deserta, campos de todos os lados, um cheiro delicioso que me lembrou outras viagens que fiz. Na parada tirei a capa de chuva e luvas de chuva.

Na fronteira não fiz cambio de moedas nem carta verde. Deixei para resolver isso em Salto.

Em Salto, cheguei por volta das 16hrs, procurei pelo Ruben, que me levou até uma casa de cambio, onde troquei cem reais por novecentos pesos uruguaios, depois fomos tentar a carta verde numa seguradora, que pediu para eu retornar às 10 hrs do dia seguinte, e ainda me deixou no hotel TIA, na Calle Brasil. Internet wi-fi no quarto, ótimo para atualizar tudo. Banho quente, uma volta pela cidade de moto à noite e percebo que a Citycom virou atração. Aqui não tem esse modelo, mas Uruguai é um país de motos, cada porta de casa tem uma parada na frente, geralmente modelos Scooter e Cub.

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Estou muito feliz que a viagem esteja seguindo seu propósito, ou seja, 10 dias de viagem, inesperados 2,2mil km rodados, e nesse exato momento não sei para onde vou daqui à 7hrs quando eu acordar. Nisso que considero parte 1, tenho um objetivo principal, conhecer e percorrer uma parte da Carretera Austral no sul do Chile, e objetivos secundários em toda região sul do Chile, de Val Paraíso para baixo, a travessia da cordilheira ao lado do Aconcágua e Mendoza. Não estou com vontade de descer toda a Ruta 3 na Argentina até Ushuaia, pois esse trecho já fiz duas vezes.

Dolor
23-06-12, 21:31
Salto/UR a Uruguaiana/BR

Publicado em 25 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Em 24 de maio de 2012, amanheci em Salto e saí para verificar a resposta do corretor de seguros sobre a carta verde. A resposta dele foi negativa quanto a possibilidade de se fazer a carta verde fora do Brasil. Somente se a placa da minha moto fosse do Uruguai. Depois dessa notícia saí atrás de outras seguradoras, passei em umas 4 e nenhuma fazia. Até no banco de seguros estatal eu fui. Quando eu estava saindo da cidade, parei numa tenda para tomar uma coca e um cara lá me diz que a um tempo atrás uns brasileiros de moto passaram na cidade e fizeram a carta verde a seguradora Royal. Fui até lá, mas em Salto o intervalo no trabalho é das 12 às 14 e 30. Tudo fechado. Fiquei aguardando para depois de tanto tempo obter outra negativa quando a elabração da carta verde no Uruguai. Minha idéia era sair de Salto e seguir para Córdoba/AR, mas arriscar sem o seguro nem pensar. A carta verde é um seguro contra terceiros obrigatório para estrageiro rodar no Mercosul.

A única opção era ir a Uruguaiana no Brasil, e foi isso que fiz. Antes abasteci e paguei com cartão de crédito, pois diz o frentista que quando vier a fatura terei 28% de desconto. Tanque cheio por 340 pesos uruguaios, caríssimo! A gasolina custa o litro 37,70 pesos, e eu troquei 100 reais por 900 pesos, mas a conta é próximo a 10/1 e ai você vê que a gasolina deles está 3,70 o litro. Vamos aguardar a fatura e conferir.

Além desse grande intervalo de trabalho, e se não me engano às 17:30 hs já fecha tudo de novo, do preço da gasolina, eu achei curioso que numa cidade pequena as pessoas de bicicleta param no sinal.

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O mais incrível desse dia é que eu cheguei a conclusão de que realmente tenho algum problema grave de esquecimento frequente ou falta de atenção. Depois que parei numa tenda para lanche tirei as luvas e botei na parte da trás da moto, ai saí e mais à diante vejo um senhor na calçada gritando e abanando pra mim, foi a luva que eu esqueci atrás da moto e caiu no meio da rua. Peguei. Depois eu estou indo embora, já na saída da cidade e vem um carro trás de mim farois piscando, chega do meu lado e me mostra o motorista a minha pastinha com documentos. Parou o carro eu peguei com ele. Eu nem sei onde eu deixei cair, mas lá dentro estava documentos, todos carregadores e etc. Tenho tanta sorte que eu posso largar as coisas na rua que alguém vem me entregar depois. Mas essa desatenção está me preocupando. Em Porto Alegre esqueci umas coisas lá, fico pensando as coisas que eu esqueço por ai e nem percebo.

Fui para o Brasil, desse vez rodando a 120km/h, para chegar antes dos despachantes estarem fechados, no último posto antes da fronteira abasteci e gastei meus últimos pesos que restaram, dos 900 que comprei. Estrada ótima, deserta em relação as do Brasil. No Uruguai nunca me pediram a carta verde nem mesmo fui parado pela polícia.

A fronteira tanto de entrada no Uruguai quanto de saída foram fáceis e rápidas, cheguei em Uruguaiana ainda às 17 horas e me informei rapidamente sobre qual despachante elabora Carta Verde, achei fácil, fez na hora e me custou R$198,00 por um prazo de 30 dias. Feito isso, fui até a Concessionária Felice Dafra, fui muito bem recebido, colei meus adesivos no show room e oficina, sentamos todos para uma conversa sobre a citycom e outros modelos e fui convidado pelo Gerente Paulo para pernoitar na sua casa, o que aceitei sem pestanejar. Lá fui cercado de cuidados pela família, jantamos, conversamos, tomei banho e dormi muito bem.

Dolor
23-06-12, 21:52
Uruguaiana a Santa Fé/AR

Publicado em 26 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Em 25 de maio de 2012, completei 13 dias de viagem e 3.000km. Estou em Santa Fé, Argentina. Já rodei por três países nessa viagem (BR, UR e AR). Logo pela manhã, fui direto a Dafra para por segurança fazer a troca da correia dentada de transmissão. Como não havia a peça pronta entrega, peguei a correia nova que eu levava de reserva. Então estou usando a nova e tenho a usada de reserva, que usarei somente se a que está na moto agora se romper. Mas como fiz 19.000km com a original, tenho certeza que antes de fazer 19mil com a nova, estarei no Brasi para uma revisão geral na moto. Limpamos a vela, que estava preta em razão do combustível de má qualidade, que em algum momento usei na moto, não sei se no Brasil ou Uruguai. Limpamos o filtro de ar, calibrei os pneus, confirmei com a Dafra a desnecessidade de colocar um anti congelante no radiador, pois o usado originalmente na moto já tem tal função e resiste a baixas temperaturas.

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Saí da loja e fui direto fazer a passagem pela fronteira do paso de los libre, super tranquilo, necessário apresentar apenas a carta verde, o documento da moto e a identidade. Ali mesmo fiz um cambio de reais para pesos, e segui. Procurando a estrada para Santa Fé, errei um retorno mas foi necessário rodar apenas alguns metros a mais. Como fiz cambio de pouco dinheiro, queria fazer pagamento em cartão de crédito e muitos postos não aceitaram, fui seguindo até que a moto entrou na reserva. Comecei a rodar a 80km/h e parei para perguntar a uns senhores se tinha posto mais na frente. Me tranquilizaram dizendo que mais 5km eu chegaria. Ufa, mas já foi um susto desnecessário.

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Esse trecho em direção a Santa Fé, realmente tem muito caminhão, é a Br 101 da Argentina, mas uma grande reta. Chegou um momento que haviam crateras cruzando a pista, rodei quase 1 hora nesse trecho, tendo quase que parar antes dos obstáculos para passar com a citycom, e dando várias pancadas em outros quase imperceptíveis. Fiquei bem apreensivo com medo de amassar a roda, furar pneu, quebrar suspensão ou rachar o quadro. Mas passamos eu e moto ilesos.

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Nos trechos seguintes não foi difícil encontrar postos de combustível e até o momento meu galão de 6 litros extras vai vazio para evitar mais peso. Em nenhum momento a polícia me pediu propina, fui parado apenas uma vez, verificaram documentos, ficaram curiosos com a camera filmadora e segui.

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Cheguei em Paraná, e paguei um pedágio de 7 pesos para passar pelo túnel subfluvial e sair do outro lado na cidade de Santa Fé. Esse túnel foi inaugurado em 13 de dezembro de 1969 e podemos saber mais sobre ele aqui: http://www.tunelsubfluvial.gov.ar/

A chegada em Santa Fé foi com um final de dia lindo, a cidade parecia estar de férias, todos andando de moto, caminhando e de bicileta na beira do rio Paraná que separa Santa Fé de Paraná, uma linda beira mar. Fiz um passeio pela orla, pelo centro, procurei hotel e me hospedei por 135 pesos no centro. Na noite dei umas voltas pela cidade, que tem um casino e um porto reformado muito parecido com o Puerto Madero de Buenos Aires. As coisa aqui são caras, já não existe mais a Argentina onde era tudo mais barato que o Brasil, pelo contrário, muitas coisas mais caras inclusive o Macdonalds. Caminhando à noite é claro que eu perdi alguma coisa, a embalagem plástica da máquina fotográfica.

Podemos ver mais sobre Santa Fé aqui: www.welcomeargentina.com/santafe

Dolor
23-06-12, 23:13
Santa Fé a Nono

Publicado em 26 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Em 26 de maio de 2012, botei o despertador para sete e meia da manhã, acordei e pensei se por acaso eu tenho algum compromisso? Tenho horário para chegar a algum lugar? Tem alguém me esperando? Desliguei e dormi até as nove. Esqueci que era sábado e eu queria ver o treino de F1, eu ando meio perdido nos dias, só sei os dias em números, pois tenho que postar no blog. Comecei a arrumar as coisas, liguei o computador e escrevi mais no blog, tomei um banho, vesti minha calça e bota e fui buscar a moto na garagem do hotel, que era na quadra de trás. Só me hospedei em hotel com nome estranho até hoje, o TIA em Salto (600 pesos uruguaios), o NIZA em Santa Fé (135 pesos argentinos) e hoje aqui em Nono, o Nono Hostel (65 pesos argentinos), esse até faz mais sentido, pois esse é o estranho nome da linda cidade. O cambio eu calculo arredondando, como se 1 real compra 10 pesos uruguaios e 1 real compra 2 pesos argentinos.

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A gasolina segue com alto preço, no Brasil paguei em média 2,85 reais por litro, mas chegou a 2,95 e em Porto Alegre 2,45 reais por litro. No Uruguai, as duas vezes em que abasteci, pois entrei de tanque cheio, custaram 37,70 pesos o litro. Já na Argentina, vi gasolina de 5,99 pesos, mas cheguei a abastecer por 7,40 pesos o litro. Estou gastando esse absurdo com gasolina e ainda fiquei com a vela preta. A Citycom faz a parte dela e eu a minha, sendo que já obtive 34,5km/l com esse scooter, nessa aventura, com essa carga, fiz várias médias de 30km/l, mas agora as últimas foram de 25km/l, pois peguei estradas de alta velocidade e rodei a 120km/h. Hoje passei por uma estrada de concreto, velocidade máxima permitida de 130km/h e até curvas com inclinação tinha, estrada que ligava Santa Fé a Córdoba, excelente.

Hoje na estrada eu tive a idéia de vender pacote múltiplo de utilidades. O Mundo de Moto Touring Adventure SPA, só para mulheres, pois eu não vou carregar homem na minha garupa mundo a fora. A cliente vai emagrecer, fazer turismo, aventura, sofrer e conhecer esse novo esporte. Digo isso porque a última vez que almocei foi em Alegrete/RS na casa do Diogo, nem me lembro que dia e não tenho a menor vontade de almoçar, tenho que me obrigar a comer. Tenho que cuidar disso para não adoecer. Deixando as brincadeiras de lado, antes que me apareçam clientes, também porque esse Moto-Spa tem limite de peso, a moto só leva 150kg, teríamos que troca a Scooter por uma com mais capacidade de carga, vou seguir escrevendo sobre meu dia.

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Arrumei a bagagem na moto, aquele trabalhão, mas cada dia faço melhor. Hoje na estrada a bagagem não saiu nem um centímetro do lugar. Como estava de tanque cheio, parei no porto reformado para tirar uma foto, que era bem perto do hotel, e segui para Córdoba, achei fácil a saída, claro que sempre pergunto para um e outro, paro num posto, vejo o mapa, dou uma erradinha, mas sempre é tranqüilo, nunca me perdi.

As estradas na Argentina, próximas a grandes cidades são excelentes. Assim que parei para abastecer a primeira vez, o frentista falou que vinha chuva. Rodei mais 10 km e ele acertou, nos primeiros pingos achei uma parada de ônibus no meio do nada, daquelas minhas sortes, e botei o equipamento de chuva, que só tirei aqui em Nono, de onde estou escrevendo agora.

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Hoje o dia foi fantástico, pois peguei boas estradas, e depois de Córdoba, parei num posto vi diversas motos passando. Um deles parou e eu perguntei onde iam tantas motos e ele me diz que vão a Copina fazer curvas. Mas na hora pensei que então eu vou também! Sai do posto, depois de comer um pão com salame e queijo, e fui em direção a serra. Fui a Villa Carlos Paz, nas margens do lago San Roque. Cidade linda, muito animada, com muitas motos, quadriciclos circulando, barcos no lago e pessoas nas ruas curtindo o dia. De C. Paz comecei a subir a serra pela ruta 20, final de tarde e muitas curvas, cenários de filme, estrada ótima, muitas motos descendo a serra, e somente eu subindo, pois logo a noite caiu e o frio chega forte, mas estou muito bem equipado. Depois de fotos, frio gostoso, cheguei em Mina Clavero, uma cidade de aventura, alternativa, cheirinho de serra, de lareiras acessas, e acabei me hospedando na cidade 9km ao lado chamada Nono. Pedi informações no centro de informações turísticas, que me indicou o hostel, onde perguntei do quarto coletivo, sua lotação e estavam apenas duas chicas argentinas, então decidi ficar. A cidade tem wi-fi, mas como também diversos outros lugares na Argentina que tem Wi-Fi, não funciona bem. Noite bem fria, fui no supermercado comprar uns cereais, suco e um bolo com uvas passas. Sempre é bom ver o preço e pensar um pouco, uma coca-cola 2L estava 12 pesos e o suco de pêssego natural, excelente, 6,99 pesos. No Brasil o suco é mais caro.

Sobre Nono podemos ver mais aqui: www.welcomeargentina.com/nono

Sobre Mina Clavero podemos ver mais aqui: www.welcomeargentina.com/minaclavero

Sobre Villa Carlos Paz podemos ver mais aqui: www.welcomeargentina.com/villacarlospaz

Dolor
23-06-12, 23:21
Nono a Mendoza

Publicado em 28 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Acordei às 9hrs com o despertador das minhas colegas de quarto. Pulei do segundo andar do meu beliche e fui até a cozinha tomar um café com leite e comer um pão com doce de leite. Vi que o dia estava daqueles que me deixam feliz, céu azul. Essa noite não tirei nada da moto, e ela ficou guardada na garagem descoberta ao lado do meu quarto, mas com portão fechado. Então foi rápido sair hoje de manhã. O trajeto que segui depois de Nono, foi com a vista ao lado esquerdo da serra que atravessei no dia anterior, somando o céu azul a um monte de curvas, igual a felicidade. Hoje não pensei em economia de combustível e acelerei, como fiz no dia no anterior. Não fiz média pois nem sempre completei o tanque por inteiro, mas acredito que tenha conseguido os 25km/l litro habituais.

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No caminho para San Luis, a Citycom atingiu 20mil km de experiência. Paramos no acostamento para fotografar, contar parabéns e assoprar as velinhas. Era possível ver o sorriso tanto nela quanto em mim, naquele dia lindo, naquela estrada perfeita com aquele plano de fundo de cinema, daqueles que você olha e parace que desenharam, que não é real. Das centenas de garotas que estiveram comigo, inclusive as tops como BMW, Ducati e Harley-Davidson, três eu guardo na lembrança com muito carinho, pois elas passaram momentos inesquecíveis comigo, sabem muito da minha vida, deram o sangue pelo meu prazer e foram muito valentes. Elas são a Yamaha Axis 90 ano 1995, minha primeira moto, o scooter que eu sonhava, viveu comigo por mais de 30 mil km, a Suzuki Gs 500E ano 2000, a moto que marcou meus 18 anos, carteira de habilitação na mão e o mundo debaixo das rodas, viveu comigo por mais de 70 mil km e agora a Citycom, estamos casados a mais de 20 mil km, apaixonados, em lua de mel pela América do Sul. Essas três garotas, me tiraram o sono enquanto não estiveram na minha garagem, e depois que chegaram, perdo horas admirando elas. Elas foram as 3 que eu nunca pensei em troca-las. Parabéns Citycom!! Comemoramos em alto estilo na Argentina e com uma chegada triunfal a Mendoza.

Em San Luis, parei num posto YPF para abastecimento e comer o que restou do jantar de ontem, cereais e suco de pêssego. Aproveitei para carregar um pouco da bateria da máquina que tinha acabado pouco antes, botei numa tomada dentro da loja de conveniências, pedi autorização para o rapaz do caixa e saí de novo para abastecer a moto, quando voltei, pedi para conectar o notebook, mas era outra pessoa no caixa e mandou eu me indicou a tomada, mas era a mesma que eu tinha posto o carregador da máquina, ai fui lá e não estava mais. Eu comecei a falar com ela em português, bem rápido e ela não me entendia, fiquei meio nervoso. Ai expliquei devagar e ela apontou que estava lá dentro da sala para minha segurança.

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Segui e a estrada que era cheia de curvas virou um retão pista dupla de asfalto perfeito, no qual eu aproveitei para acelerar forte e chegar logo a Mendoza. Mais uma parada para abastecimento e final de tarde eu estava em Mendoza com toda tranquilidade, dia maravilhoso, mais pareceu um filme esse último dia. Mendoza é lindo, toda cheia de árvores nas ruas, parques, temperatura ótima, mas dizem que no verão é bem quente pois falta circulação de ventos. Pesquisei onde me hospedar e fiquei na Calle Belgrano, no hotel Savoy, no mesmo padrão porcaria de sempre.

Sobre Mendoza podemos ver mais aqui: www.welcomeargentina.com/mendoza

Dolor
24-06-12, 22:24
Mendoza a Uspallata

Publicado em 29 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Em 28 de maio de 2012, acordei e tomei café com leite e 2 croissant, fui na rua, olhei o céu e estava nublado, mas o recepcionista do hotel, sabendo que eu iria subir a cordilheira já me animou, dizendo que o tempo em Mendoza não tem haver com o tempo na montanha.

Procedimentos matinais, bota tudo na moto, limpa viseira, veste equipamento, procura posto, quando acha só tem a premium, mas estou usando a gasolina super, mais barata. Como eu estava de meio tanque, achei com facilidade a saída para o Chile e abasteci na estrada. Logo na saída o visual da estrada fantástico com a cordilheira ao lado, totalmente tomada pela neve, até o vento frio descendo de lá eu já sentia. Pela lateral da estrada estavam também lindas vinículas, como é tradicional aqui nessa região. Seguindo no caminho, comecei a pensar como a estrada ia passar por aquela parede branca, tomada de neve, a montanha cada vez maior a medida que eu me aproximava.

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Logo começaram curvas deliciosas, pista simples, passando por dentro de uns pequenos tuneis, com a montanha ao lado. Eu tentava olhar para o topo mas me sentia um pouco tonto e tinha que tirar a mão do acelerador nas curvas para não passar reto. Subindo passei por um poste caido mas não dei bola, parei no primeiro posto para completar o tanque e não arriscar e o frentista me informou que não tinha energia e não poderia abastecer. Mas como agora decidi me previnir, em Mendoza eu carreguei 5 litros extras no meu galão que levo no meio dos pneus, segui tranquilo até o Povoado de Uspallata, onde parei numa posto YPF com gerador e completei o tanque, claro que sempre os frentistas jorram gasolina pelo entorno da boca do tanque, atendem com má vontade. Mas não me preocupa a moto, mas sim os poucos ml de gasolina no lixo.

Aqui em Uspallata é onde foram filmadas algumas das cenas do filme Sete Anos no Tibet. Um pequeno povoado com ruas de terra varridas pelo vento, uma vez e outra levamos uma poeirada na cara. Está a 110 km de Mendoza.

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Saí do posto e segui o caminho, mas 1,5 km depois encontrei uma fila de veículos no acostamento e fui passando todos até chegar numa barreira com dois policiais que trataram de me barrar e me avisar que a passagem estava fechada, que nos dias anteriores nevou demais e estavam limpando a estrada, sem previsão de abertura. Voltei ao posto e encontrei Alexandro e esposa, de São Paulo, viajando por aqui com uma Harley Davidson Road King. Ficamos de conversa e fomos diversas vezes ver se a rota estava aberta, como nos chegou a informação de que abriria aproximadamente as 17 horas, paramos numa tenda e tomamos os 3 litros dos tradicionais vinhos da região, muitas risadas da situação, estavamos bem aquecidos.

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Realmente liberaram o caminho final da tarde, eu subi uma parte da cordilheira, ventos fortes me impediam de andar a mais de 80km/h, mesmo com acelerador totalmente aberto. Insistente rodei até Puente del Inca, a 2.720 metros de altitude e a 80 km de Upsallata. Lá, fiz fotos e com gelo por toda parte me recordei de quando cruzei a noite, parte do Paso de Jama, pelo deserto do atacama, em direção ao Chile em 2005, e tive que dormir dentro de uma casinha da aduana pois a estrada e eu congelamos. Experiência tem que servir para algo afinal e viajar sozinhome faz ser muito mais cauteloso. Optei por voltar a Uspallata. Mesmo porque rodar nestas estradas é algo que você pode fazer dezenas de vezes sem enjoar.

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A Puente del Inca é uma formação rochosa que sofreu os efeitos erosivos das águas do rio de Las Cuevas, na região do Aconcágua, em Mendoza, Argentina. As ruínas são de um hotel de águas termais, e a coloração vem das águas sulfurosa que minam no local.

Toda essa atualização e post no blog fiz de dentro da loja de conveniências do posto YPF Full aqui de Uspallata, com calefação, enquanto eu conversava com outros dois amigos que fiz por aqui, um Francês e outro Alemão, o primeiro a 1 ano na estrada e o segundo a 5 meses, mas a moto parada do lado de fora do vidro do lado da minha mesa chama a atenção de todos e muitos entram para conversar, tirar dúvidas, matar a curiosidade.

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As vezes, não consigo terminar o post no mesmo dia, mas para tranquilizar aos que acompanham, acabo publicando e complementando ele um ou dois dias depois, então se algo pareceu incompleto, volte lá que provavelmente hoje já está terminado, afinal cheguei em Uspallata às 11 horas do dia 28 e agora são 7 horas do 29, mas o sol não aparece, estou aguardando ele jogar aqui o primeiro raio para partir. Está muito frio!

Dolor
24-06-12, 23:09
Uspallata a Viña del Mar

Publicado em 30 de maio de 2012 por Mundo de Moto

Em 29 de maio de 2012, aproveitei a internet do porto YPF para atualizar blog e outras mídias, aperfeiçoar alguns menus e posts, mandar notícias e etc. Fiquei nessa atividade até às 3 horas da manhã, já que a conveniência tinha calefação e internet wi-fi. A essas horas do lado de fora do posto estava muito frio. Fechei o computador e dei uma olhada na cidade de moto, pensei em montar a barraca, mas não me senti seguro, estava frio, sozinho, montar à noite não era uma boa idéia e decidi voltar ao posto e aguardar o dia amanhecer. Calibrei o pneu da moto, vesti mais roupas, tinha tempo. Comi duas pequenas barras de chocolate e tomei um café com leite grande e muito quente e às 7 horas e 40 minutos o céu começou a receber um pouco de luminosidade e então resolvi sair em direção à Cordilheira.

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Claro que foi difícil, depois de no dia anterior ter dormido à 1 hora da manhã e acordado às 8 horas, subido até Upsallata, chegado aqui às 11 horas e ficado até às quase 8 horas do dia seguinte, e ainda sair pra rodar por + – 7 horas para chegar a Viña del Mar no Chile, mas de novo explico que uma vez já fiquei preso à noite no deserto do atacama em razão do frio e do perigo de nessa região pilotar à noite. A estrada em razão do gelo muitas vezes está molhada, tem muitas curvas, muito vento, muito frio, muitas pedras que caem das montanhas. Outra razão fundamental era que justamente esse trecho era um dos maiores atrativos da viagem, e eu queria um dia inteiro para fazer ele. Como na outra vez que passei da ARG para o CH pela cordilheira, é um lugar tão lindo, que não sabemos quando poderemos voltar aqui, então minha vontade’é ficar hora olhando, apreciando, admirando, brincando e tirando fotos lá no topo.

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E essa, apersar de sofrida, foi de novo uma decisão maravilhosa! Realmente a experiência anterior fez a diferença e o meu dia 29 de maio de 2012 foi espetacular! Perfeito! Um sonho. Sobi a Cordilheira bem equipado, usando 3 segundas pele, 2 balaclavas, 2 proteções no pescoço, 3 meias, e uma sobre jaqueta. Me serviu como um teste para dias frios e a única coisa que está me faltando é mais proteção nas mãos. Estou pensando em adapatar um protetor de mãos na Citycom, só para evitar ventos. Tentarei fazer isso em Santigo, onde vou trocar o óleo também.

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Na subida, não parei no Puente del Inca pois já tinha parado no dia anterior e toquei direto para o portal do Aconcágua. Cheguei lá com os primeiros raios de sol ainda tocando o pico da montanha e vieram baixando vagarosamente. Com muito frio tirei a primeira foto somente com o capacete aberto, e eu sempre tendo que achar lugares para botar a máquina e sair correndo para a foto, tanto corre corre no gelo começou a me esquentar, me divertir, eu estava alucinado por ter chegado naquele lugar, eu gritei, pulei corri no gelo e fui pegando intimidade, tomei uns escorregões tanto de moto como a pé, mas não caí. Arrumei a máquina de todas as formas, a moto também subi pelo meio da neve com a bota atolando até as canelas para chegar ao mirador. Quando o sol baixou tirei mais fotos. Fiquei mais de 2 horas lá. E vi o quanto meu equipamento é bom, pois de tênis e jeans seria impossível se deitar e caminhar no gelo. Na outra vez eu estava com uma bota de motociclismo mas não era impermeável e não consegui ficar pisando no gelo muito tempo e ainda sai com o pé molhado no frio. Dessa vez eu deitei, pulei, sentei e fiquei igual criança lá. Faltou um pedaço de papelão pra fazer ski bunda.

Fiz um filme em HD, de um pequeno trecho da subida da cordilheira, que pode ser assitido aqui: http://www.youtube.com/watch?v=-PHfYzLHtKI

Depois dessa primeira parada para fotos, corri tanto pela neve que tirei uma das balaclavas e a sobre jaqueta, cheguei a ficar suado. Seguindo pela estrada, logo mais à diante cheguei a aduana integrada, onde fiz tanto a saída da Argentina como a entrada no Chile, mas não antes de ter que carimbar muitos papeis, apresentar os mesmo em diversas cabines, mas não foi demorado. Eu ainda tinha 300 pesos argentinos, que na minha idéia, eu passaria no mínimo 3 dias na argentina, e pensei que trocando por pesos Chilenos, teria ainda o mesmo valor para passar os mesmo 3 dias no Chile, então na fronteira troquei 300 pesos argentinos por 21 mil pesos chilenos. Desci a cordilheira pelo famoso trecho chamado de los caracoles, e segui em direção a Viña. Estradas maravilhosas, mas logo cheguei ao primeiro pedágio de 500 pesos, e depois outros se seguiram e ai vi que meu cambio não foi bom, e isso se confirmou quando parei no primeiro posto, e vi o preço da gasolina acima de 800 pesos, ou seja, pagando os pedágios e completando com uns 9 litros de gasolina já se ia metade do meu dinheiro que duraria na argentina uns 3 dias, e eu nem tinha jantado e me hospedado. Nesse posto então não abasteci e botei no tanque os 5 litros que eu levava de gasolina extra num galão no banco traseiro, entre os pneus reservas. Quantidade suficiente para chegar a Viña.

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Nessa passagem pela Cordilheira do Andes, que se chama Paso Libertadores, existe um túnel de 3 km de extesão, a exatamente 3.175 metros acima do nível do mar.

No trecho de Los Andes até um pouco antes de Viña del Mar, senti novamente uma das vantagens da viagem de moto. Havia uma fragância no ar, fiz um longo trecho com o capacete aberto, rodando a no máximo 80 km/h, apreciando o cultivo das vinícolas. Nessa região, no entorno de Santiago, os chilenos produzem os melhores vinhos e existem diversas vinículas, daí deriva o nome Viña del Mar.

A chegada em Viña foi para fechar com chave de ouro mais um dia, que teve apenas como imprevisto o cambio ruim da fronteira. Maravilhosa cidade e já senti a hospitalidade e educação do povo chileno. Aqui eu nem preciso pedir informação, só paro a moto no sinal, olhando meu mapa e o motorista ao lado já me pergunta o que estou procurando. E isso aconteceu diversas vezes. Peguei meu guia que indicava um Hostel, achei ele, negociei preço, confirmei sobre a internet, já que esteva calejado de internet com problemas na Argentina, depois de conferir tudo decidir ficar num quarto sozinho, já que estava sem dormir na noite anterior e nem saí mais do quarto, foi banho, conferida na internet e dormir sem jantar.

Dia fantástico que fez valer a viagem. Estou muito satisfeito e forte para as próximas estapas.

Para ver mais sobre Viña del Mar, visite este site: http://www.vinadelmar.cl/

Dolor
25-06-12, 08:50
Viña del Mar a Santiago

Publicado em 2 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 30 de maio de 2012, acordei no hostel lá pelas 9 e 30, trouxeram o café no quarto, já liguei o computador para seguir fazendo posts no blog, baixando vídeo no youtube e outras coisas necessárias para botar tudo em dia, comecei arrumar a moto e isso durou até às 13:30hs quando finalmente estava tudo pronto para partir. Na noite anterior, o Fernando de Florianópolis me colocou em contato com amigos dele aqui no Chile, falamos pelo telefone do hostel e me avisaram que iriam me receber em Santiago. Saí então para explorar Viña e adorei! Linda, fui em todas as praias, e ainda pela avenida costanera até outra cidadezinha chamada Cóncon. Fiz diversas fotos, sempre naquele estilo põe a máquina e sai correndo para aparecer na foto.

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Outra vantagem da moto é que vou onde os carros não vão, então diversas vezes entrei em lugares para pedestres, quando não havia ninguém, fotografei a moto ao lado de atrações, cheguei na beira da praia, da montanha, na pontinha do mirante, subi por trihas, tudo com a moto. Depois de tanta foto a bateria da máquina acabou. Então na praia de Reñaca, a mais badalada, vi um café de frente para o mar, onde deveria ter uma tomada, sol de final de tarde, entrei e dei de cara com um cheesecake maravilhoso! Perfeito! Enquanto a máquina carregava a bateria eu me sentei para apreciar lentamente o cheesecake de amoras, no sol, com a vista para o mar de Reñaca e a citycom estacionada na minha frente. Uma família ficou algum tempo olhando a moto, me viram vestido com a jaqueta, me chamaram, fizeram diversas perguntas e me parabenizaram. Sempre entrego o meu adesivo com o endereço virtual do blog para que essas pessoas que por ai me encontrem sigam acomapanhando a viagem.

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Aqui tem anoitecido cedo, às 18:30hs já é noite. O fuso horário aqui em relação ao Brasil é de uma hora mais cedo.


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Chamou minha atenção aqui no litoral do Chile, a quantidade de avisos de possibilidade de tsunami, e existem diversas placas, umas avisando ser área de Tsunami, outras indicando por onde fugir, e até uma faixa enorme avisando o dia do treinamento para casos de terremoto e tsunami.

Depois de ter encontrado diversas pessoas de diversos países, como os amigos motociclistas da França e Alemanhã lá em Uspallata, em Reñaca conversei com umas garotas que também tiravam fotos na praia, elas eram da Guatemala.

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De Viña fui a Val Paraíso pela aveninda que circula a costa, somente 7km, praticamente colada, é uma cidade portuária, maior, sem o charme e clima de Viña. Após uma panorâmica decidi saguir para Santiago onde os amigos já estavam avisados, mas olhando meus documentos dei falta da carteira onde eu levava cópias do documento da moto, da carteira de habilitação e da carta verde. Voltei no Hostel e não estava, ou seja, perdi. Mais essa, incrível! Eu ando com tanta coisa no bolso, MP3, máquina de fotos, chave reserva da moto, Itoken do Itau, moedas, dinheiro, documentos, carteira. Por isso também escolhi essa Jaqueta Alpinestars Quantun DNS, tem diversos bolsos e os que eu uso para coisas grandes são feitos na parte externa, não causam incomodo nem me pressionam se estão cheios.


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Chegada tranquila em Santiago fui andando até onde me pareceu mais central e de um posto liguei para Agustin e Mario que foram me buscar, por sorte eu estava perto. O telefone público funciona com uma moeda de 100 pesos chilenos, mas eu não conseguia chamar, então uma pessoa que estava sentada próximo fez a ligação do celular. Depois descobri que para chamar celular tem que botar 09 na frente do número. Logo os amigos chegaram e os segui até em casa, onde conheci também Antonio, irmão de Mirta, esposa de Agustin, mãe de Fran e Mario. Todos andam de moto e gostam de viagem. Já foram ao Brasil de moto e pretendem ir novamente. Em casa muito bate papo, um delicioso jantar e claro, banho e dormir.

Dia seguinte, 30 de maio de 2012, sem pressa alguma, primeira vez que lavo roupa, na verdade a máquina lavou, depois banho, barba feita pela segunda vez em toda viagem, peguei a moto e saí pela cidade. Percebi que falta o costume, a cultura motociclística em Santiago. Terrível andar de moto aqui e para eles a moto é um inimigo, buzinam o tempo todo, sinal de luz, jogam o carro contra você, não dão espaço, ou seja, cheguei aqui com costumes de brasileiro e me vi mal nessa capital que sofre com trânsito, poluição e muito estresse. São Paulo é um luxo perto de Santiago nesse quesito. Logo a moto que é a solução, pois mantém a liberdade, diferente dos coletivos, que te condenam a obedecer horários e caminhos. A poluição é terrível, acho mesmo que peguei um dia um pouco pior, pois vi pessoas de máscara na rua. A cidade fica cercada pela cordilheira e o ar não circula, a nuvem de poeira e poluição não se dispersa. Depois de Viña, uma decepção Santiago.

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Nesse mesmo dia fui ao Parque Metropolitano de Santiago, entrada de 1.500 pesos, é lindo, outro clima, cheio de pessoas andando de bibicleta, lindos caminhos, consegui percorrer todo ele de moto. Subi até o Cerro San Cristóbal para ter a vista toda da cidade, mas claro, em razão da poluição eu vi mais nuvens de poluição do que a cidade. O parque realmente é uma paz no meio do caos, mas lá de cima você ainda escuta buzinas, sirenes, como em filmes de New York. Acho que as pessoas que buzinam não tem a mínima noção do alcance do som irritante que elas emitem. Incrível a altitude que eu estava, eu nem via os carros mas escutava as buzinas. Aguardei até o pôr do sol e fotografei. Na volta para a casa dos amigos, claro que me perdi. Eu gosto e pratico me perder pela cidade, mas aqui me cansou isso, dificuldade demais de achar o caminho certo. Cheguei aqui sem mapa da cidade, e lá no parque ganhei o mapa do parque e da cidade, mas não tem toda cidade.

Para saber mais sobre o Parque Metropolitano de Santiago acesse: www.parquemet.cl

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Mais uma boa noite de sono e mais um dia em Santiago, no primeiro dia de junho decidi visitar as estações de esqui, já que nos dias anteriores, fiquei satisfeito e cansado com a complicada capital. Ontem, na volta do Cerro San Critóbal, passei pelos tradicionais bairros Providência e Bela Vista, agradaveis mas normais, um de belas casas e outro de barzinhos nas calçadas, e passei também pelo Palácio La Moneda, mas não tenho nem vontade de fotografar. Então tomei o caminho para a Cordilheira novamente, mas não pela auto pista, dessa vez sem pedágios, logo começaram curvas deliciosas e eu com a moto sem carga acelerei e me diverti demais, a Citycom apesar de pneus que já não oferecem toda aderência me permitiu grandes inclinações. Mas logo chegamos ao trecho com curvas numeradas, uma serra incrível com curvas de menos de 10km/h, mais lentas que uma esquina, buracos, areia e pedras que caem da montanha que me levaram a 3 mil metros de altitude na estação tomada de brasileiros, Vale Nevado.


Fui a estação La Parva, mas ela é um pouco mais baixa e não tinha quase movimento, mas a estrela das montanhas, Vale Nevado, lotada de brasileiros, me guardou uma surpresa incrível! Realmente um presente que me emocionou. Avistei o Marcos e a Catia, representantes da Winner-Motors em Santa Catarina, uma das primeira pessoas que eu falei sobre a viagem, e que nem mesmo me deixou terminar de falar, perguntou o que eu precisava, me permitiu escolher o capacete do meu gosto, tamanho e cor e me presenteou, mas o maior valor não foi do capacete, foi a confiança. E lá estava eu com o capacete! Nos emocionamos muito, tiramos fotos, falamos sobre a viagem, me convidou para à noite nos reencontrarmos. Incrível, não marcamos nada, como faz dias que ele saiu do trabalho também não sabia que justo hoje, naquele dia e horário estaríamos os dois amigos de Florianópolis nos encontrando a 3 mil metros de altitude no Chile! Ele estava de excursão e iam uma garotas cariocas que também tiraram foto comigo, pois o namorado de uma delas tem uma Citycom e está adorando também a Scooter. Na noite fui ao encontro dele no hotel e saimos para jantar. Custamos a acreditar! Não poderia ter pessoa melhor para eu encontrar, as palavras de incentivo e confiança me empurram mais à frente, sabendo que junto comigo tenho pessoas assim. Quando estava lá no Vale Nevado, começou a dar uma nevadinha leve e eu tratei de descer rápido.

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Claro que na volta até a casa dos amigos eu me perdi horrores, fiquei meio cansado disso. Na hora de ir à noite jantar com Marcos e Catia acertei tudo mas era bem mais perto. Depois, casa e dormir. Já foram 4 tanques de gasolina no Chile, ou mais, não me lembro bem, mas andar em alta velocidade e se perdendo tanto, consumiu muito.

Em 02 de junho, passei a manhã em casa atualizando o blog e a tarde fui na casa do Antonio Reyes, amigo chileno que trocou o óleo e o pneu traseiro da citycom. Na casa dele, tinha todas as ferramentas e não poderia ter oficina melhor, pois usei o Wi-Fi da casa dele, coca-cola, e depois dos trabalhos, já na noite fria a mãe dele nos serviu um delicioso lanche, chá, pães e etc. Ainda me presenteou com mais luvas de lã e a sua irmã Mirte me presenteou com um lindo gorro pela aeronautica chilena na Antártida. Então agora um pneu a menos para carregar atrás da moto, diminui o peso. O dianteiro troco mais à diante, sem dúvidas antes de entrar na Carretera Austral, se lá for possível chegar e cruzar. Na noite fomos todos na casa de amigos motoclistas, muito frio, muito papo, perguntas e fotos. Chegamos de volta na madrugada do dia 3 às 4hrs da manhã.

Dolor
25-06-12, 23:26
Santiago a Pucón

Publicado em 5 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 3 de junho de 2012, estava tão bem hospedado na casa do Agustin e família que levantei tarde, pois na noite anterior chegamos do encontro entre amigos motociclistas, era domingo, café da manhã, seguimos de conversas e fiquei para o almoço, quando chegamos as 15 horas comecei a me arrumar para sair. Fotos, despedidas e me acompanharam de carro até o início da ruta 5, a Panamericana. Esse estrada tem aproximadamente 48.000 quilômetros, se estende desde Prudhoe Bay no Alaska até Quellón no Chile. Na galeria de fotos abaixo inseri um mapa da Panamericana. Vamos ver se chego a Quellón!

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Seguindo pela Panamericana, fui vendo a noite chegar, com o sol batendo na Cordilheira, com seus picos congelados, estava um dia lindo, lua cheia e muito frio. Entrei a noite rodando, o frio aumentando e eu pensando em chegar a Chillán. Comecei a perceber que não seria possível, estava frio demais e sentindo sono. O tempo nos pedágios me atrasam demais, tira luva, põe luva, e são 3 pares uma por cima da outra.

Estava me sentindo muito seguro na estrada, que é excelente, pelo menos os pedágios servem para manter a estrada em ótimas condições, é perfeitamente, sem esse frio extremo, rodar noite à dentro. Os postos de combustíveis são excelentes, completos, internet, muita comida, calefação e até banho quente por 500 pesos.

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Acho que se aproximava das 21 horas quando eu rodando pela estrada altamente confiável, vejo já a alguns metros alguns pedaços enormes de pneus que sairam de algum caminhão que ia a frente, desviei deles por centímetros e passei raspando. Depois pensei que só faltava mesmo eu cair nessa estrada depois de ter passado por outras muito mais difíceis, com chuva, barro, terra, buracos, à noite e em países menos seguros. Então parei num posto Copec, comi um enorme sanduíche, que pela primeira vez veio como estava no cartaz eme custou 3.990 pesos chilenos. Pedi para botar a barraca atrás do posto, chamaram a gerente que pensou um pouco e permitiu depois de dizer que não se responsabilizava por danos e roubos, mas aqui é o país onde menos me preocupo com isso. Pessoas educadas, maioria prestativas e honestas.

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Em 04 de junho de 2012, acordei quase as 9 horas da manhã, na barraca. Na noite anterior eu pensei que ia acordar umas 7 horas, mas eu estava tão quentinho. Pena que coloquei a barraca no terro com um pouco de inclinação e ai dava uma escorregada o saco de dormir. Experiência, agora aprendi, na próxima vou tentar um local plano, mas embaixo da árvore foi uma decisão acertada. Fui até a moto e vi o banco molhado, passei a mão com luva e seguiu molhado, ai apertei o banco e quebrou todo o gelo. O sereno congelou à noite no banco da moto e isso que já era 9 horas da manhã. Me disseram que fez – 3 graus na madrugada.

Claro que na hora de desermar a barraca nesse frio eu não consegui de forma rápida botar ela na mesma embalagem que eu tirei, mas enfiei tudo dentro do saco estanque que levo atrás da moto, abasteci no posto, e parti, e na estrada entrei já um pouco depois das 10 horas, rumo a Pucón, mais de 500 km pela frente.

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Como no meio da moto eu levo uma mochila, botei uns pesos, na verdade milhares de pesos chilenos num bolsinho lateral, para quando eu chegasse no pedágio. Eu levanto a mochila, a moça do pedágio pega o dinheiro, põe de volta o troco ali, eu sempre digo que não quero o ticket e sigo viagem sem tirar luvas. Ufa!. Aquilo me fazia perder muito tempo no pedágio. E aqui tem pedágio demais, por 600 pesos cada. Já paguei 14 no Chile.

Eu estava vestido com 3 meias, 3 luvas, 3 proteções de pescoço, 3 blusas e calças tipo segunda pele, 2 balaclava mais a Jaqueta e Calça de moto. Sorte que não tenho embreagem na mão, pois os dedos não dobram, muita luva. E mesmo assim, estava com frio. Isso mes preocupa, pois e quando chover? E se esfriar mais que isso? Ainda pretendo rodar em direção sul uns 1.800 km.

Muito vento na estrada, mas não ainda aquele vento patagônico da Argentina, mas já suficiente para o consumo cair para 22km/l, ajudado pela velocidade constante de 110 ou 120km/h. Gasolina aumentando de preço em relação a capital, mesmo usando a 93, a mais pobre de todas, me custa 830 pesos chilenos o litro. Depois de abastecer 4 vezes, pagar muitos pedágios, acho que uns 7, passando Temuco peguei a estrada para Pucón. Cheguei em Villarrica, uma cidade a beira do lago de mesmo nome, e também com o mesmo nome do Vulcão. Rodei pela cidade e pela avenida que costeia o lago, mas meu objetivo mesmo era ficar em Pucón, cidade mais nova e mais perto do Vulcão. Dizem que é mais cara a hospegem em Pucón, seguindo a lei da procura, mas eu estou aqui na baixa temporada, tem turista, mas estou sozinho no hostel que escolhi, todo para mim a um preço saboroso. Aqui no Chile o caro é a gasolina e o pedágio em excessso, o resto, pelo menos fora de época, está acessível. Ao chegar aqui pesquisei somente 2 pousadas, ou hostel, e como o preço estava o mesmo que no meu guia antigo, ótimo, escolhi e fiquei muito satisfeito. Correndo para um banho quente, depois de escolher o maio quarto e o que tem mais aquecimento.

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O visual do Vulcão Villarrica é impressionante. Ele está situado na cordilheira dos Andes, IX região da Araucania, Chile, nas coordenadas geográficas: 39.42°S 71.93° W. Seu cume se encontra a 2843 m de altitude, e é classificado como um estratovulcão. Em seu sopé encontram-se as cidades de Pucón e Villarrica. Este vulcão permanece coberto por neve durante todo o ano. É também conhecido como Rucapillán, ou “casa do demônio” na língua mapuche. Este vulcão, junto com o Quetrupillán e o Lanin (sendo que o último é compartilhado pela Argentina e pelo Chile) encontra-se dentro de uma área de preservação ambiental conhecida como Parque Nacional Villarrica.

O Villarrica é um dos mais ativos de todo o Chile. Sua última grande erupção ocorreu em 1984, quando a população de Pucón teve de ser evacuada (embora a lava não tenha atingido a cidade). Ainda hoje, quase 30 anos depois, ainda é possível identificar o trajeto que a lava tomou nesta erupção pelas ravinas formadas na floresta presente no sopé do vulcão. Embora na atualidade ele não esteja em erupção, é comum observar fumarola ser expelida de sua cratera.

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Em 5 de junho de 2012, acordei tarde e aquecido, tomei café ainda com as compras do dia anterior, chocolate quente, pão e doce de membrillo. Era o dia de partir para Puerto Montt, mas eu pouco tinha visto de Pucón. O preço da hospedagem estava convidativo, eu tinha emails a responder, e estava muita chuva. Essa combinação de chuva com frio extremo me dá medo. Então decidi ficar e de novo decisão super coerente, pois ao meio dia abriu o tempo, lindo sol, oas nuvens sairam e revelaram o vulcão Villarrica, enorme. Peguei a moto e fui ao mirante da cidade, a praia do lago, e iniciei uma subida de moto a base do vulcão. Subi bastante até chegar a neve que havia no caminho, segui na neve, mas a moto começou a patinar, patinar e querer escorregar para os lados da estradinha, e se ela cai lá, nunca mais eu tiro, pelo menos sozinho. Até me arrisquei demais para fazer boas fotos e curtir a neve de moto. Queria um pneu off road na Citycom, estar com ela descarregada e usando todo meu equipamento de proteção. Senti frio demais, desci e voltei ao hostal da Carmem. Banho quente para descongelar, feliz com o visual, com as fotos. Saí aquecido para ir no supermecado comprar umas coisinhas para o lanche, sempre compro o doce de mebrillo que comecei a comer na casa do Agustin e Mirta e não parei mais, sopinha de aspargos e chocolate quente. Depois, internet, cama e esperar o dia seguinte.

Dolor
26-06-12, 21:05
Pucón a Chiloé

Publicado em 8 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 06 de junho de 2012, lá pelas 9 horas da manhã vi que o dia estava lindo, daqueles que convidam para a estrada. Sem pressa alguma, pois estava muito bem hospedado no Hostal da Carmem, que é muito simpática e me deixou super à vontade, me senti em casa. Desci na cozinha e me servi com o que tinha na noite anterior comprado no supermercado, sempre o mesmo café da manhã aqui em Pucón, pães com doce de membrillo e chocolate quente. Tomei um banho muito quente, comecei a me vestir, acertei as contas com ela e arrumar as coisas na moto. Não muitas, pois aqui em Pucón, deixei barraca, pneu e malas laterais na moto, só retirando o que eu ia usar.

Nessa noite o que me preocupou foi o início de uma dor de garganta, mal que a anos me faz eventualmente sofrer, mas havia muito tempo não se fazia presente. No primeiro sintoma botei na boca uma pastilha bem gostosinha, anti-inflamatória e com outros benefícios. Peguei a bula na internet para ver quantas eu poderia tomar, em que freqüência.

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A moto ficou no terreno do Hostal, mas não ficou coberta e ficou visível da rua. Não me preocupei, achei a cidade muito segura. Diferente de Santiago, onde todos parecem ter medo e sempre se preocupam se a moto não vai ser roubada. Não me lembro se já contei aqui, mas fui num posto em Santiago, parei do lado da bomba e ninguém me atendeu, ai eu olhei os outros motoristas abastecendo seus próprios carros, e uma pessoa atrás de camadas de vidros e mais grades, falando pelo microfone, e exigindo pagamento antecipado para depois liberar a bomba. Posto da Petrobrás.

Despedidas e partida às 12 horas, rodei até Villarrica onde abasteci e parei para foto na frente do lago e vulcão ao fundo, ambos com o mesmo nome da cidade. Para chegar a Pucón, tive que sair da Ruta 5 e entrar uns 50 km a oeste, por uma estrada pista simples e sem pedágios. Na volta para Ruta 5, outra estrada segundária mas não a mesma da ida. Nela levei o segundo susto da viagem e incomparável ao primeiro que foi aquele pedaço de pneu de caminhão na estrada à noite. Estrada cheia de subidas e descidas, cercada de árvores, eu com a viseira escura abaixada. Depois de uma subida, havia uma descida cega. Você sobe, mas não sabe o que existe na continuação da estrada, e para meu azar, a estrada asfaltada acabou, uma placa na sombra, exatamente onde o asfalto acabava, avisava já muito tarde que a pista estava em reforma. Eu vinha a 120 km/h, moto carregada, pneu dianteiro bem gasto, dei uma leve pressionada no freio traseiro e entrei assim na estrada de pedrinhas, em descida e com a lateral com grande desnível, daqueles que parecem te sugar. Nessa hora o sangue frio é 90%, pois acredito que muitos cravariam o freio e o chão seria a continuação. Confesso que fico impressionado como pode que tantos pensamentos passem ao mesmo tempo pela minha cabeça em menos de um segundo. Pensei que ia cair bem ali naquela vala ao lado da estrada, pensei que eu estava bem equipado para isso, pensei que queria que ao menos os manetes não quebrassem, pensei que a moto estava impressionantemente bem equilibrada e eu já tinha atravessado um bom trecho sem cair e em altíssima velocidade, acredito que a uns 100km/h, quando se eu tivesse tido a opção atravessaria a uns 50km/h, finalmente pensei que sim, eu ia sair dali ileso. O final disso é que não sei bem como, um misto de sangue frio, de ação certa no momento certo e também de sorte, me fizeram passar ileso, só tendo que segurar o coração para não cuspi-lo no painel.

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Logo mais encontrei a Ruta 5, pista dupla, segurança, 4 pedágios até Puerto Montt. Antes disso ainda parei num posto Terpel, tanque cheio, estava com muito frio e fui na conveniências. Comprei a promoção de 2 cachorros quentes por 1.690 pesos. Aqui os cachorros quentes são um pão fininho com uma salsicha, e ai você serve à vontade o molho, que é apenas os prontos, mostarda, maionese e etc.

Como fiquei traumatizado com o cambio que fiz no Paso Libertadores, fronteira Argentina com Chile, quanto meus 300 pesos argentinos, que me serviriam para uns 3 dias no mínimo na argentina, viraram 21000 pesos chilenos, o que me serviu para apenas um dia, adotei uma estratégia, que pode até não ser a melhor em termos financeiros, não parei para fazer a conta, mas extorquido não serei mais, já que lá só tinha uma casa de câmbio e logo mais à diante tinha pedágios. Em diversos postos, ao abastecer, pedi ao frentista que cobrasse no cartão 10 ou 20 mil pesos a mais e assim fui juntando uns pesos no caminho. Vou pagar IOF, mas vai para os bolsos dos brasileiros e não dos argentinos ou chilenos.

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No caminho, o Vulcão Osorno foi uma maravilhosa companhia na paisagem. Maravilhoso, com o sol de final de tarde fazendo a neve que o cobre completamente brilhar. O frio estava me maltratando e a moto com a velocidade alta e o vento forte fazendo média entre 21 e 22km/l. Eu acelerava para fugir do frio e para chegar logo a Puerto Montt com o escritório da Navimag aberto.

Duas coisas engraçadas aconteceram, num dos pedágios, como em todos os outros, eu pedi que a moça do caixa que não me entregasse o ticket, em espanhol claro, todas entenderam, mas essa colocou o ticket na minha mão, eu entreguei de volta e ela não pegou, eu disse para botar no lixo, disse que não queria, ela dizia que não servia para ela, fiquei ali naquilo um tempo e comecei a rir. Acho que ela ficou nervosa que não me entendeu bem nas minhas primeiras palavras, de capacete fechado e balaclava tampando a boca e depois não conseguiu escutar bem o que eu falava, não prestou atenção. Eles falam muito rápido, e existem diversas diferenças do espanhol dentro do Chile e principalmente para a Argentina. Pneu vira llanta na Argentina e aqui vira neumático, e a gasolina vira nafta e agora bencina, que falando, tem o mesmo som de vencina, ou seja vizinho. Mas com calma todos se entendem, só não pode ficar nervoso.

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Depois, em Purto Montt, perguntei a um rapaz de moto onde era o porto, onde era o ferry, onde era a Navimag, e ele não entendeu nunca, eu também comecei a rir e pensei, mudei de país e não percebi, agora aqui no sul ninguém me entende, mas isso foi ele andando na moto dele e eu na minha. Mas eles têm sotaques, algo como um paulista tentando falar com um manézinho pescador do Pântano do Sul. Acho que aqui no caso o manézinho sou eu.

Achei o Navimag, que faz as linhas Puerto Nateles a Puerto Montt e Puerto Chacabuco a Puerto Montt, as duas nos dois sentidos, ida e volta. No escritório da frente, a Naviera, que faz Quellón Chaitén e Puerto Chacabuco a Quellón. Uma vez por semana cada linha dessas e por sorte, a que eu queria, de Quellón a Chaiten ia sair no dia seguinte. Não comprei nada, pois é possível comprar na hora pelo mesmo preço, perguntei sobre a linha Puerto Chacabuco a Puero Nateles e ninguém faz. Uma certa dificuldade ainda nos dias da semana, mas sei que Lunes é segunda, sábado é sábado, domingo é domingo e viernes é sexta. Ai falta Miércoles, Jueves e Martes. No nosso padrão, eles entendem rápido, só não entendem porque não começa na “primeira-feira”, mas depois de saber que começa na segunda, ai o resto é fácil. Na Naviera informaram que eu deveria estar no máximo às 15:30 no porto em Quellón para embarcar a moto, depois o embarque de passageiros serias às 22hs, o navio sai da baia às 24 e fica no mar até às 3hrs, pois não pode chegar em Chaitén à noite, e o percurso leva 4 horas aproximadamente.

Inicio a chata busca por hospedagem, e logo percebo que aqui nessa cidade feia, tudo é mais caro que lá na linda Pucón, méritos da Carmem, que somou o bom atendimento, com ótimo preço numa cidade maravilhosa, resultado é vontade de voltar, mesmo gostinho que ficou de Viña Del Mar. Começo por um horroroso, sem garagem, perto da rodoviária, que me lembrou o hotel deprimente de Santa Fé e de cara descartei, vi outro mais caro, e até que achei um intermediário. Existe uma influência psicológica nessa escolha, como ir ao supermercado com fome, é buscar hotel muito cansado, à noite, morrendo de frio, com medo de ficar doente. Fiquei muito satisfeito com minha escolha, mas paguei com dor, uma noite por mais que o dobro de Pucón. Larguei a moto na frente do hotel, preenchi os papeis, subi ao quarto. Banho quentíssimo e deitei na cama, comecei a senti calor, sono, preguiça, mas a moto estava na rua.

Vesti um jeans e as botas, as jaquetas e fui guardar a moto, quando vi na esquina a duas quadras um Mcdonalds, fui correndo pedi o meu amado curto de libra, no Brasil quarteirão com queijo, voltei correndo também e cama. Sim eu escovei os dentes antes.

Em 07 de junho de 2012, acordei com despertador, que eu tinha decidido abolir, mas foi necessário para não perder o único ferry que partia essa semana ainda. Mas fiz todas as contas erradas, peguei meu aparelho de celular, que hoje não serve para nada, pensei que ele estava no horário do Brasil, ou seja, uma hora mais tarde, então, como queria acordar às 7hrs, botei o celular para despertar às 8hrs. Acordei, fui tomar café, subi e liguei o computador, pois na minha idéia estava muito cedo, tinha margem. Mas o computador sim estava no horário do Brasil, e o celular estava no do Chile, não sei como nem porque, não me lembro de ter mudado. Refiz as contas e como teria que rodar apenas 265km até Quellón, seguia com boa margem de segurança.

Esta noite também deixei tudo na moto, então me vesti com o máximo de roupas e sai, fiz abastecimento no primeiro posto e rodei até encontrar o final da estrada e onde há o embarque no ferry para Chiloé. Havia um saindo e nem mesmo parei a moto, embarquei direto, pagamento somente em dinheiro, 6.500 pesos.

Dolor
26-06-12, 21:21
Chiloé a Chaitén

Publicado em 10 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Seguindo no mesmo dia 07 de junho de 2012, achei que os fatos que vou descrever mereceram um post exclusivo.

Após o desembarque tranquilo no Arquipélago Chiloé, que muito me surpreendeu, pois tudo que eu li sobre o Chile, não fazia nenhum tipo de destque ao arquipélago, nada havia me chamado a atenção nos estudos anteriores a viagem, segui rodando lentamente, a uma média de 100km/h. Estava com tempo sobrando para chegar no porto antes das 15:30hs.

Chiloé é um arquipélago ao sul do Chile. Além de um grande número de ilhas de menor tamanho, compreende a Ilha Grande de Chiloé, a quinta em tamanho da América do Sul (depois da Terra do Fogo e as ilhas brasileiras de Marajó, Bananal e Tupinambarana) com aproximadamente 250 km de extensão e uma média de 50km de largura.

A estrada que cruza Chiloé ainda é a Ruta 5 (Panamericana) e lá em Quellón, cidade do embarque no Ferry da Naviera Asutral, seria o km inicial, que termina lá no Alaska. Cheia de curvas, pista simples, alguns caminhões e diversas partes em obra, realmente não permite uma média acima de 90km/h. O visual é incrível, trasmitindo paz, tranquilidade, casinhas no meio do campo, sempre com a chaminé expelindo fumaça do aquecimento à lenha, cheia de subidas e descidas, morros e aventualmente a estrada se aproxima do mar.

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Esse aquecimento a lenha usado em excesso aqui no Chile é uma fonte de poluição, com o pauco gás que o Chile produz, só consegue abastecer com gás encanado as residências de Puerto Natales e Punta Arenas, mas até que sentir o cherinho de lenha, ver a fumacinha na chaminé de cidades como Pucón e aqui no Chiloé é muito agradável. Sempre dá vontade de parar a moto, bater na porta daquela casinha, imaginando uma sala quentinha e perguntar “sai um té ai?”.

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Dia lindo, tudo indo muito bem, cheguei em Quellón às 11:30hs, altamente antecipado, pois esse barco só tem uma vez por semana e já estava me achando o maior sortudo por ter uma saída exatamente no dia que eu cheguei. Procurei o porto, foi um pouco difícil. Lá uma pessoa me informa que eu teria que comprar a passagem no escritório da Empresa Naviera Austral, e era no centro. Fui procurar e agora sim levei um cansaço. A cidade é minúscula, eu achei a rua, mas a placa é tão pequena que passei na frente de uma portinha de madeira umas quatros vezes e não vi. Lá comprei a passagem pelos 35.500 pesos chilenos, aproximadamente 72 dólares. Me informei sobre outras rotas, principalmente sobre a volta de Puerto Chacabuco para Quellón e o mais importante, que horas eu deveria estar no porto. A atendente ligou para uma outra pessoa que confirmou às 17 horas.

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Lá de Quellón tem-se um visual lindo do Vulcão Corcovado, de 2.300m de altura, coberto de neve como todos os outros.

Como eu iria desembarcar na Carretera Austral, mais precisamente em Chaitén, cidade destruída pelo Vulcão de mesmo nome, resolvi fazer umas compras no mercado local, e amarrei as sacolas na moto. Fui ao posto enxer o tanque, galão de 6 litros também na moto, parei num restaurante para uma almoço não muito bom.

Em maio de 2008, a erupção do vulcão Chaitén provocou a evacuação de todos os habitantes da cidade, convertendo a Chaitén praticamente em uma cidade fantasma. Ele estava a 10.000 anos sem entrar em erupação e está localizado a 10km noroeste dessa cidade, que vai ser reconstruída pelo governo em um local próximo.

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Como eu queria manter o padrão de prevenção na viagem, cheguei no porto meia hora antes das 17hrs. O mesmo homem que me mandou comprar a passagem na agência disse que o navio já tinha atracado ali e embarcado um único carro e estava no mar já, que eu deveria ir no escritório. Lá fui eu, que agora já sabia o caminho. Cheguei lá, pareciam já estar me esperando, já todos com sorriso amarelo na cara, e eu pergunto que horas o navio vem ao porto de novo. Começam a se justificar, dizendo que abriu uma brecha no porto, que tinha maré naquela horas para atracar, que eu não tinha telefone para entrarem em contato. Eu sou bem traquilo e dou mais risada do que faço cara feia, e acho que assim se consegue as coisas com mais facilidade. Eu já estava tratando direto com a gerente da empresa ali no local, que resolveu que o barco de passageiros viria no pier pegar a moto e levaria até o navio. Fui até o pier e esse barco é um barquinho pequeno que vai em cima do grande, serve para pegar passageiros e levar até ele, e impossível de botar a moto nele, o pier era muito alto e ele muito fino. Veio o capitão do navio até o pier e disse que não voltaria até o porto. Eu voltei lá no escritório, me ofereceram o dinheiro de volta, eu não aceitei, ofereceram então que eu voltasse a Puerto Montt e no dia seguinte pegasse o que sairia de para Chaitén, eu não aceitei também pois eu teria que rodar de volta 270km, dormir mais um noite no hotel, passar de novo no ferry de Chiloé para Pargua e rodar até P.Montt. Me ofereceram então pagar a hospedagem e eu não aceitei.

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Eu fiquei lá dentro do escritório, quentinho, sentei numa mesa, usando a internet e aguardando uma solução, pois eu sabia que o barco só saia ali da baía de Quellón a meia noite. A gerente veio com a “maravilhosa” solução: “conseguimos outro barco para levar a moto”. Fui de novo até o mesmo pier, e lá estava um barco de pescado, de madeira, décadas de uso e exatamente da largura da Citycom. Estava também um cara da empresa Naviera. Perguntei então quem iria botar a moto ali e iria tirar lá. E ele faz um gesto e falando: “Eu e você”. Ai minha risadinha simpática já tava ironica. Então vamos lá! Um dentro do barco, outro fora, um degrau pro pier de cimento, uns 30 cm de água no meio, duas cordas amarrando o barco que balança, cai a roda dianteira, bate o fundo do motor da moto no pier, empurra mais, cai a de trás bate paralama e está dentro. Antes disso tirei toda carga da moto, joguei no meio do barco, por sorte também não cai nada na água. “Vamos amarrar? Não vamos assim mesmo. Ok, vou segurando no freio então”. E fomos em direção ao meio do oceano, onde o navio estava acorado. O cara que estava comigo, chama no rádio alguém dentro do navio, que abre a porta de trás, a rampa gigantesca que deveria descer em terra firme para carros entrarem, agora baixou no meio do mar. O barco aproxima-se, bate na rampa, jogam 2 cordas, amarram de qualquer modo e vai ser assim mesmo, agora tinham mais alguns dentro do navio para ajudar. De toda forma, se a moto afundasse na água, independente da profundidade era perda total na moto e nessa parte da viagem, já que outra Citycom só no Brasil, mas que o fato de estar do lado daquele navio enorme e no meio do oceano aumentou o medo, isso é verdade. De novo, passa roda da frente, bate o fundo na borda do barco, passa a de trás. Eu no barco pequeno empurrando a moto e outros no grande puxando, e logo que passou já gritei para empurrar lá para cima. Joguei, malas, galão da gasolina, sacolas de supermercado na rampa do navio, o pequeno se afastou e consegui respirar, sem acreditar muito no que fizemos e o quanto arriscamos, e isso tudo à noite, o que torna o mar ainda mais assustador, escuridão profunda e gelada.

Dentro do barco, aproveitei para pegar uma garrafa pet de coca 2 litros que estava vazia, cortei no meio e com fita silver fiz uns protetores de mãos reciclaveis, sabendo do frio que eu iria encontrar pela frente. Ao subir, logo perguntei do Wi-Fi, e diferente do que me informaram na venda dos bilhetes, agora não tinha, cancelaram pois estava causando complicações ao funcionamento dos intrumentos do navio que também usam o mesmo sistema. Conheci a sala dos motores. O navio está equipado com 2 motores de 9 cilindros cada, 18 no total, e a minha moto 1. Eu embarquei antes dos passageiros, pois o embarque dos veículos, foi às 16:30hs, passageiros era às 22hrs, ai o navio ficaria das 22 às 24 na baía de Quellón, mas era obrigado a sair dali às 24hrs. Então, como a viagem leva 5 horas, e em Chaitén não permitem atracar à noite, ele navegou uns minutos, saiu da baía e ficou parado até às 3 da manhã.

Dentro do navio tinha a minha moto e um carro. Eu e mais uns 6 passageiros. E ainda queriam me devolver o dinheiro. Depois descobri que essas linhas são subsidiadas pelo governo, acredito que para ajudar na recuperação de Chaitén e desenvolvimento da região onde íamos desembarcar, isolada do mundo, pois sem dúvidas essa viagem seria um prejuízo gigantesco para empresa.

Comi um pouco do que comprei no supermercado, desci onde estava a moto e peguei meu saco de dormir e colchonete, botei num grande espaço entre poltronas e dormir.

Acordei em 08 de junho de 2012 com às luzes do barco se acendendo, avisando a chegada em Chaitén. Fui na janela, visual fantástico, percebe-se a cidade, de poucas casas, destruída, um vulcão enorme ao fundo, uma neblina rasteira e muita vegetação. Depois de uma noite toda no mar, que de onde parti já era um lugar sem nada e já tinha atravessado uma balsa e um arquipélago inteiro, chegar ali me fez refletir o quanto longe e isolado de qualquer coisa eu estava.

Dolor
27-06-12, 15:36
Chaitén a La Junta

Publicado em 12 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 08 de junho de 2012, o desembarque em Chaitén/CH foi muito tranqüilo, desde a parte interna do navio até terminar de atravessar a rampa. Depois já foi possível constatar o piso coberto de gelo. O capitão, que nada tinha falado comigo até o momento, uma figura de cara bem fechada, soltou lá fora suas palavras: “cuidado, escarcha”. Significa que tem gelo na pista. Terminei de botar luvas, saquei uma foto, quando ia fechar o capacete vem um carro 4×4 descendo a ladeira com as quatro rodas travando, para na minha altura e uma mulher de carona abre o vidro e fala: “muito corajoso, não passe de 40 km/h”. Isso tudo foi em menos de cinco minutos.

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Tudo pronto e já o começo é derrapando para sair do porto. Curioso, chego ao centro de Chaitén e realmente incrível a cidade destruída pelo vulcão em 2008 estar assim até hoje. Parece filme, fiquei pensando na situação da necessidade de abandonar sua casa, pois o vulcão ao lado está cuspindo cinzas que cobririam a cidade. As casas estão lá, de portas fechadas, algumas não agüentaram o peso das cinzas e caíram, outras somente com vidros quebrados. Percebi o topo do Vulcão Chaitén expelindo fumaça constantemente. Saquei fotos, tira e põe luvas, sigo à diante com precaução e saio da cidade. Estrada branca de neve, perigo está vestido de noiva, numa reta a 60 km/h a moto simplesmente sai debaixo de mim e eu levo um deslizante gelado de metros deixando uma marca no chão. Nem deu tempo de pensar nada antes de cair. Só pensei depois de estar no chão. O que mais pensei repetidamente era o fato de ter caído nos primeiros 20 km da Carretera Austral, fazendo as contas, em 500 km seguindo nessa média eu ia cair ainda 24 vezes. Certamente o meu chassis (corpo) não ia agüentar e nem mesmo a moto. Já achei sorte quando constatei que com a moto nada houve além de um ralado na parte baixa da carenagem e comigo só um pouco dolorido, mas pouquíssimo. Levantei a moto, botei no canto da estrada e ai sim tirei foto. Sei que algumas pessoas tem o sangue frio de cair, tirar a foto e depois levantar a moto, mas eu pensei ainda que poderia vir um carro, pois eu estava perto de Chaitén e parar naquele gelo ele não ia conseguir, além de estar com tanque cheio mais combustível extra no galão.

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Qual minha opção no momento? Seguir à diante, reduzir a velocidade, mas mesmo assim estava muito difícil pilotar, até mesmo em pé era difícil caminhar, então segui a aproximadamente 30 km/h com os pés arrastando no chão. Isso abaixa demais o centro de gravidade da moto e garante um equilíbrio extra, mas uma conseqüência, meus pés ficaram extremamente gelados com a neve e o gelo que batia nas botas. Por mais incrível que pareça, eu comecei a torcer para que o pavimento terminasse, já que ele está apenas perto da cidade, mas nessa velocidade, tudo demora a chegar. Quando chegou a parte de terra, surpresa total, a dificuldade continuou a mesma. Obviamente na parte de terra também havia gelo, mas uns quilômetros depois o gelo quebrado e derretendo virou uma lama lisa, que brilhava com a luz do sol. Segui na mesma velocidade, na mesma posição e agora além dos pés congelados, a bota cheia de lama gelada, mas só por fora. Nem mesmo na queda passou gelo para parte interna do equipamento. Na queda a maior pancada foi no quadril e cotovelo, mas a escolha certa do equipamento de proteção me salvou.

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A primeira cidade estava a aproximadamente 150 km, La Junta/CH. Fiz as contas e pensei que se fosse possível rodar sem parar, a 30 km/h, eu chegaria lá às 14 horas. Não incluí na conta possíveis tombos. Então assim fui, tendo que engolir o coração a cada minuto, ofegante, segurando o guidão força, viseira semi-aberta, pois a respiração embaçava tudo, pernas cansando pela posição. Estava tenso, cansado e com medo, mas ao mesmo tempo, pensando que ali eu estava, na temida Carretera Austral, com a Citycom, aquele era o momento de acertar tudo, de ser perfeito e me concentrei apenas em uma coisa, tirando todas as contas, preocupações, cidades, lugares e possibilidades da mente, para chegar a La Junta. Tentei não olhar para o painel, pois era só decepção com a velocidade e quilometragem percorrida, e isso me causaria angustia. Aquela frase “devagar e sempre” nunca fez tanto sentido como agora.

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No caminho vi placa que indicava o Ventisqueiro Yelcho, entrei e parei a moto assim que começava a trilha, todo equipado, peguei a mochila com coisas importantes e caras e segui o caminho a pé, mata fechada, sozinho, de capacete e luvas. O Ventisqueiro é lindo, enorme, impossível de por fotos passar toda emoção de vê-lo, pois não retrata bem a distância, o vento, o barulho do gelo e água do derretimento caindo. Não demorei muito, voltei e segui.

Cheguei em La Junta realmente por volta das 14 horas, parei no posto Copec, estava decidido a dormir ali, perguntei do horário de funcionamento, para ter certeza que seria possível abastecer no dia seguinte ao sair, procurei onde ficar. Existiam na cidade algumas opções, fiquei na que tinha internet e pagamento com cartão de crédito. Hopedaje da Marisel. Deixei a moto na frente e subi para tomar um banho. O banho não estava muito quente, como eu gosto, no modo descongelar, e o chuveiro batia no meu ombro. Não demorei, pois não estava gostosa a situação e pensei que tinha que fazer algo em relação a Cyticom. Decisão número um foi botar o pneu novo na frente. Procurando pelo povoado, encontrei depois de passar por três, um que topou fazer o serviço. Ele não tinha a mínima noção, pois ali não existe moto, mas eu tinha, só não tinha como tirar o pneu da roda e colocar novamente, pois a roda sair da moto é fácil, dois parafusos.

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A parte que eu sabia foi simples, agora tirar o pneu da moto, deu trabalho, tentou de diversas formas, claro com a roda no chão, arranhando tudo, depois de martelada de todo lado saiu, colocou o pneu novo, martelada, roda no chão, toda picada, pintura descascada, como a traseira está também, roda na moto, pagamento de 2.000 pesos, voltei na Marisel.

Decisão número dois foi comer tudo que eu levava de comida extra, pois tinha doce, suco, pão, e isso fiz durante a noite e manhã seguinte. Decisão três foi botar os 5 litros de gasolina extra no tanque e levar o galão vazio. Meu objetivo foi baixar o peso da moto, pois então estava agora com mais de dez kg a menos e esperava mesmo que isso fizesse uma diferença sensível. Justamente eu que sempre digo que a moto deve ir estar o mais leve possível, me lembrei disso e também fiz uma pequena limpa em papéis, guias, revistas e etc. Antes de dormir botei a moto próxima ao vidro da sala da pousada, deixei malas, barraca e tudo mais na moto, que às 8hrs já estava com um pouco de gelo. Subi ao quarto, onde eu não conseguia nem tirar as mãos debaixo das cobertas para escrever no site, alguns cachorros na rua latindo me incomodavam, mas o cansaço vence sempre e dormi com o notebook ligado me esquentando mais.

Dolor
27-06-12, 19:27
La Junta a Coyhaique

Publicado em 14 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 09 de junho de 2012, manhã fria e iniciei por vestir peça por peça do equipamento, isso leva sempre aproximadamente 20 minutos, pois são dezenas de peças, uma sobre a outra, camada por camada, mais protetores de pescoço e de coluna, balaclava, capacete, coloca a Go Pro na moto e pronto.

Enquanto eu me aprontava, a dona da hospedagem veio duas vezes perguntar se eu ia fazer o pagamento. Acho que ficou um pouco assustada porque eu andava equipado e pensou que ia me escapar, também acho que é tão raro alguém passar por lá agora que a sede dela pelos meus rarefeitos pesos estava grande. Então meu lado implicante floresceu, pois não gostei da desconfiança e eu aprontei tudo mesmo, cheguei a colocar a luva esquerda, liguei a moto antes de ir pagar, acho que ela quase morreu de angústia. Fui até ela e uma em cima da outra.

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A moto com um pouco de gelo, já passava das 10 horas da manhã, pegou de primeira, como todas outras vezes, independentemente da temperatura, da hora, chuva ou sol. Segui a filosofia de sair na hora que estivesse pronto, sem correria, sem despertador, pra rodar o que fosse possível. Na hora do pagamento a senhora da hospedagem, eu digo a ela que pretendo ir a Coyhaique, e ela de pronto responde que não é possível, que a estrada tem gelo, lama e está muito ruim. Eu acreditei nela na parte da estrada, mas não na parte do não é possível, ai eu acreditei mais na minha idéia mesmo.

Não fiquem pensando que é só sofrimento a viagem, eu adoro pilotar e nessa saída, mesmo sozinho, mesmo na Carretera Austral, mesmo com um penhasco do lado eu mandei ver na máquina, sem pena, chegando a desenvolver 90 km/h na terra molhada com buracos e curvas. Não penso que arrisquei demais. Crianças brincam de certas coisas extremamente arriscadas também, geralmente os pais nem imaginam e me lembro bem o que eu fazia.

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Aqui na Carretera Austral, não precisamos nos preocupar em tirar foto no primeiro lago bonito, nem na primeira ponte alaranjada, nem no primeiro rio de águas claras que desce da montanha. Eles são abundantes, realmente lindos, a paisagem é fantástica, estava na natureza selvagem.

Por diversas vezes parei para apreciar a paisagem, as pontes e os rios, olhar para as montanhas com neve. Mas tirar foto não, pois tinha que tirar as luvas e o frio estava demais. Logo mais cheguei a Puyuhuapi, aproximadamente 40 km depois de La Junta e que tem 500 habitantes. Sempre cauteloso, sabia que ali havia um posto Copec e entrei na cidade para abastecer. Não tinha ninguém no posto de duas bombas, mas logo apareceu, pois escutou o barulho da moto o responsável pelo abastecimento. Incrível o preço, 925 pesos chilenos, quatro reais aproximadamente. Mas incrível também que havia como pagar com cartão de crédito, coisas de Chile. Na saída da cidade, há uma subida e uma vista linda do lago enorme que chega à porta da rua principal. Impossível não tirar uma foto ali.

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Seguindo à diante, encontrei a placa que indicava o caminho para chegar ao Ventisqueiro Colgante, claro que entrei lá com a moto. Como em Pucón, também estava lá a recepção a placa do valor de ingressos e a porteira aberta sem ninguém nem guia, nem controles. Fora de época tem suas vantagens, como ter ficado de dono de diversos parques e atrações, e ainda pousadas. Caminho pela trilha super fechada, molhada, novamente todo equipado, mas dessa vez deixei a mochila na moto, levei só a máquina de fotos. Cara a cara com o gigante gelado, fotos e volto pela trilha. Na hora de sair na estrada, como sou super esquecido, não me lembrava de que lado tinha vindo, pois existiam duas placas idênticas dos dois lados, rodei para um lado e para outro na frente da entrada até que sai um homem de dentro da casinha à beira da estrada, na entrada do parque e eu pergunto para ele a direção de Coyhaique. Um daqueles momentos de sorte.

Aquela tocada emocionante teve uma conseqüência gravíssima. O guidão começou a se soltar, ia para frente e para trás e para um lado e para outro, deixando a roda dianteira um pouco solta, às vezes tomando o rumo lateral sozinha. O tempo fechou e começou a chuva leve, que molhou mais ainda o piso de lama. Eu sabia que estava no caminho certo e que o pavimento uma hora havia de aparecer. A estrada estava muito fechada, de maneira alguma passam dois carros de forma rápida em sentidos contrários, ela é super estreita e com a lateral numa inclinação que suga a moto. Uma pick-up aparece em sentido contrário, eu faço sinal para parar e pergunto quantos quilômetros para começar o pavimento, mas a resposta não é precisa, me diz que quando baixar do outro lado da montanha tem pavimento.

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Eu estava congelando, principalmente os pés, o guidão estava quase saindo na minha mão, a viseira tinha que ficar um pouco aberta para não embaçar demais, o chão estava deslizando absurdamente, estava chovendo, a estrada estava apertada, cheia de buracos, a noite estava chegando e no meio do mato, cercado de árvores altíssimas, aparentava ser muito mais escuro, além do céu cinzento, e ainda recebo a notícia que tenho que atravessar uma montanha. Era o parque Queulat, que se encontra na província de Aysén e o seu ápice é o monte Alto Nevado, com 2.255 metros acima do nível do mar.. Na verdade o Ventisqueiro Colgante já estava no Parque Queulat, mas essa montanha me apavorou. A média anual de temperatura nesse parque é de 4 a 9 graus e a precipitação média é de 3.500 a 4.000 mm.

Iniciei a subida da montanha, bem assustado e realmente pensando que o mais difícil tinha aparecido. A moto não podia parar ali, era botar a vida em risco se algo de errado acontecesse. Ninguém passava, e fui tocando a 20 ou 30 km/h, fazendo as curvas da subida da montanha, de 90 graus, a 10 km/h. E sempre torcendo que a descida aparecesse. Mas subi, subi, subi, subi tanto, e passando por tanto buraco que o guidão afrouxou mais e tudo no entorno estava congelado e coberto de neve até que numa das curvas da subida a moto derrapou bem forte, me levando a pensar que o pneu traseiro tinha furado, mas não, era o gelo no chão. Pronto, estava formada a condição que eu mesmo diria que é impossível e eu mesmo não tentaria atravessar aquilo nem que me pagassem. Qual opção? Somente seguir, cauteloso, acelerando na medida de manter-se de pé e seguir em frente. Depois de muito trabalho, ofegante, frio e cansaço físico extremo, começa a sonhada descida. Sonho? Equivoquei-me, pesadelo. Pois a descida assim como a subida é íngreme e naquelas condições eu comecei a descer com a roda traseira travando, 10 km/h e os dois pés enfiados na lama pra não deixar a moto aumentar a velocidade. A situação era absurdamente difícil e arriscada. Eu não tive a ousadia de olhar para o painel, para não aumentar o susto, mas eu estava a mais de 1h naquela montanha. Eu apertava tanto as manoplas que minha mão direta doía bastante.

E eu que tanta piada fiz sobre voltar só com o guidão na mão, em diversas situações em que andei em estradas difíceis, ali estava com a situação de fato. Acredito que a mais difícil da minha vida no motociclismo. Eu nenhum momento eu pensei que não era capaz de atravessar a montanha, me preocupava com falha mecânica, pneu furado, noite chegando, já pensava o que ia fazer se algo acontecesse, como ia pedir socorro. Nesse local nem mesmo era possível montar a barraca em caso de problemas, pois eu iria me molhar todo, não ia suportar o frio e neve da noite, e não havia lugar mesmo. Preocupante era cair na lama com gelo e ficar com o corpo molhado. Segui, segui e segui, avançando metro a metro. Ninguém passou, mas eu, sozinho encontrei o pavimento em Los Cisnes. Eu parei a moto, desci dela, esqueci frio, chuva lama, dei uns gritos de celebração dentro do capacete, uns pulos de felicidade, uns socos no ar, e nesse mesmo instante tudo aquilo invés de dificuldade se tornou uma vitória, uma lição, uma história e uma vitória. Eu olhei para a Citycom coberta de lama e nunca achei tão linda. Parecia dizer para mim que não duvidasse dela. Aos meus olhos estava tanto ela como eu maiores do que realmente somos. Depois dessa existe algo capaz de nos parar? Então vamos seguir que Coyhaique nos aguarda.

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Acelerei forte, dominando a frente solta, estrada linda, mas molhada, ainda parei para algumas fotos, abasteci mais uma vez, enfrentamos mais uma montanha, com pavimento, e avistei Coyhaique do alto, já de luzes acessas. Luz do sol rarefeita. Lembrei-me da senhora me dizendo ser impossível, de outros achando um absurdo essa scooter na Carretera Austral, outros apavorados com a viagem solo e ainda uns com a época escolhida. E disse para mim mesmo, acho que até em voz alta, pois eu falo diversas vezes dentro do capacete, que foi fantástico, que valeu cada metro de aventura, que vencemos.

Entrada na cidade, procura por hotéis, caros, optei por um intermediário, com banho muito quente, quarto só para mim, espaçoso, recepção educada e preço que valia a vitória. Deixo a moto com tudo em cima, banho, troca de roupa e saio para comer num lugar muito legal, Mamma Gaucha, uma pizza grande toda para mim e muita coca-cola, deliciosa, os Chilenos comemorando a vitória no futebol sobre a Venezuela e a classificação para participar da copa no Brasil. Senti como numa festa para mim, no gol eu sentia com se o eu fosse o artilheiro. Fantástico! Consegui! Fui dormir com essa frase na cabeça:

“Já temos a primeira Citycom 300i do mundo a passar pela Carretera Austral”

Dolor
27-06-12, 22:10
Coyhaique a Chile Chico - Parte Um

Publicado em 19 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 10 de junho, domingo, fiquei de preguiça na cama até altas horas da manhã. No hostel que escolhi ficar, estava incluso o café da manhã, e que surpresa, o melhor café da viagem, com cereais, ovos mexidos, iogurte e diversos tipos de pães. Para nós brasileiros, acostumados ao nosso estilo de café da manhã, é um sofrimento aquele café com leite argentino, ou o chá chileno, acompanhando somente de um pãozinho. Se quiser escapar disso, escolha um hotel cinco estrelas ou faça suas compras num mercado.

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Queria assistir ao Gp do Canadá de F1, já que o de Mônaco perdi por estar na estrada. Então comecei a procurar o canal que ia transmitir e perguntar as pessoas se elas sabiam a programação da TV. O horário foi chegando e nenhum canal estava transmitindo a corrida, então busquei na internet e assisti pelo computador.

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Na minha cabeça, duas questões estavam latentes. Primeiro o reparo na moto e segunda era a dúvida de para onde seguir. Essa segunda era de extrema importância, pois nessa época os barcos só partem de Porto Chacabuco, a 65 km de onde eu estava, uma vez por semana, e o próximo era quarta, que me levaria de volta a Quellón, uma viagem de dois dias.

O reparo na moto poderia esperar a segunda e procurar alguém que fizesse, mas como estava com tempo livre, decidi eu mesmo fazer uma tentativa. Não tinha plena certeza de onde estava solto, se apenas frouxo ou se faltando um parafuso. Botei a moto na frente do hostel, peguei minhas ferramentas e comecei a desmontar as carenagens frontais, sempre tomando o cuidado de organizar bem os parafusos que eram retirados. Liguei meu notebook onde tenho gravado o manual de manutenção da moto, para ajudar na montagem e desmontagem de forma correta.

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Ao mesmo tempo em que desmontava eu pensava que desmontar é fácil, queria ver montar de novo. Já pensei em pessoas fazendo piadinhas de que no final iam sobrar parafusos. Cuidadoso, observei que não faltava nenhum parafuso, aproveitei para verificar o aperto de todos que estavam ao meu alcance e estavam todos firmes, cheguei então ao parafuso, único que segura o guidão à caixa de direção, e ele estava no lugar, mas realmente frouxo. Peguei as ferramentas que trazia embaixo do banco, tinha várias, menos a 14 sextavada em L, ideal para esse reparo. Pedi então ao dono do hostel que tinha a 14, mas não em L, assim foi um pouco mais difícil, mas consegui fazer o aperto. Fotos da moto peladinha no frio, pois a noite indicava que ia chegar e a temperatura lá fora já começava a me castigar um pouco.

Uma garota entrou no hostel e logo saiu acompanhada do dono, que me perguntou se eu podia responder a ela um questionário sobre turismo na região. Lógico que sim, segui montando a moto, respondendo e conversando com ela. Estava cheio de elogios ao Chile, que realmente é um país admirável, excetuando-se a capital poluída e de motoristas mal educados. Reclamação eu teria somente sobre o valor do combustível, que é realmente caríssimo.

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Moto pronta, bagagem recolocada, nenhum parafuso sobrando, fiquei imensamente satisfeito com o reparo feito, não era nenhuma quebra, nenhum defeito, um parafuso apenas frouxo para uma exigência absurda que fiz da moto é um lucro gigante. Evitei assim gastos com oficina e estava livre para decidir sobre o rumo da viagem.

E a decisão foi seguir um pouco mais ao sul do Chile. Na noite gelada, eu fui novamente a Mamma Gaucha, pois no dia anterior tinha visto alguém comendo uma salada com salmão que me deixou com água na boca. Mas o que ganhei foi um balde de água fria, pois cheguei tarde para um domingo à noite em Coyhaique, abaixo de 0 grau, restaurante fechado, me restou comer um lanche, sanduíche tipo X-tudo e aqui ainda vai abacate. Nesses dois dias à noite fui a pé pela cidade, tanto para dar um tempo da moto como para ver a cidade de outro ângulo. Adoro uma caminhada numa cidade desconhecida, ainda mais essas pequenas. Dormir cedo para acordar cedo e preparar o zarpe no dia seguinte.

Dolor
27-06-12, 22:21
Coyhaique a Chile Chico - Parte 2

Publicado em 19 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 11 de junho de 2012, segunda-feira, lunes no Chile, uma hora a menos que no Brasil, acordei no mesmo padrão sem pressa, sem estresse, café da manhã farto e com calma, decisão tomada, seguir para Chile Chico, me informei e existia na cidade escritório de companhias que faziam a travessia de ferry do Lago General Carrera. De Coyhaique eu teria que rodar até Puerto Ibañez, passando pela Punta del Diablo, trajeto de uns duzentos quilômetros, pegar o ferry e chegar em Chile Chico em aproximadamente duas horas. Caminhei pela cidade e não encontrei o escritório, voltei no hostel e me explicaram de novo onde era. Novamente fui, caminhei bastante e cheguei dando de cara com uma faixa escrito “Cerrado”. Abanei para uma pessoa lá dentro, que veio do lado de fora e com paciência me explicou que nesta época somente a empresa Sotramin fazia esse trajeto e onde estava localizada. Caminhei bastante, subindo uma ladeira pela cidade, comecei a suar cheio de roupas, mas encontrei a empresa, que me informou horário de saída, ou seja, 19 horas. Achei ótimo, pensei um pouco, comprei a passagem, minha e da moto.

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Voltando na hospedagem, resolvi tirar uma foto de como são os pneus de carros aqui, cravejados para rodar com segurança no gelo, mas fazem um grande barulho rodando.

Estava com tempo sobrando, fiquei na hospedagem me arrumando, e na internet buscando informações, dando notícias pelo facebook, preparei a moto e me informei sobre o trajeto. Momento tenso da viagem, todos me dizem que tem escarcha na ida para Puerto Ibañez, ou seja, gelo na pista. Saí correndo pela cidade a pé, buscando as três lojas de peças de carros que existem, a fim de comprar a corrente líquida para pneus, mas nenhuma tinha disponível, tudo foi vendido. Confesso que fiquei um pouco nervoso, não tinha outra opção, me preparei, completei o tanque, equipamento vestido, passagens no bolso e máquina na estrada buscando o caminho de onde eu embarcaria no ferry. Saí de Coyhaique às 14 horas, para embarcar às 19 horas, alta margem de segurança.

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Depois de alguns minutos na estrada, começo a subir, e subir aqui nessas estradas nessa época significa neve e gelo. E assim foi, curvas e a paisagem foi ficando belíssima, já pensei na hora que foi mais uma decisão acertada, trecho que recomendo, Coyhaique à Chile Chico ou vice-versa. Passei por diversos lagos congelados, mas não era uma casquinha de gelo não, pois numa parada para fotos joguei uma grande pedra no lago e ela saiu pulando e deslizando mas não quebrou o gelo. Claro que não ia ser tão simples assim esse trecho, sempre tem que vir uma emoção forte e uma dificuldade. Gelo na pista, todo cuidado, pilotando na ponta dos dedos, nenhum carro passando na estrada, ótima margem de tempo para não perder o ferry.

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O visual nessa estrada é incrível, foi ótimo ter tempo, pois fiz diversas paradas para fotos e para admirar as montanhas nevadas distantes. Parecia uma pintura, um quadro, uma obra de arte. Mas essas paradas para fotos exigiam uma habilidade extra, pois eu tive a sorte de na pista congelada, ter um pequeno trilho que algum caminhão ou carro que passou antes fez, mas para tirar foto eu tinha que passar pelo gelo e ali estacionar. Certos lugares como esse, sempre deixam um gostinho de quero mais. São daqueles que você fica olhando, olhando, olhando e nunca se satisfaz, tenho esse sentimento.

Cheguei ao trecho em descida com diversas curvas, paisagem coberta de neve, nova parada, e de novo aquela emoção de atingir um lugar incrível e o melhor é que esses trechos nem programados são, apareceram de surpresa, revelados depois de uma montanha, depois de uma curva. Tudo que surpreende positivamente é muito melhor do que algo bom, mas já esperado. Dessa vez o gelo não me derrubou, o trecho foi bem menor e com trilhos, se comparado com a saída de Chaitén.

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Segui rodando até chegar a Puerto Ibañez, cidade de ruas contadas nos dedos das mãos, poucas pessoas nas ruas, mas um fantástico final de tarde nas margens do Lago General Carrera. O ferry já estava no porto, apesar de faltarem ainda mais de duas horas para a partida. Não existe, pelo menos nessa época do ano, um escritório da Sotramin, empresa que faz a travessia no ferry, perguntei e o atendimento é dentro de uma lanchonete, onde fiquei as esperando a hora do embarque, aquecido pela lenha queimando. Mas o fim de tarde estava convidativo, o lago estava lindo, caminhei pela orla, fiz diversas fotos, curti demais o visual do pôr do sol nas montanhas, muito bem abrigado por todo meu equipamento. Ventava demais, nem preciso dizer que o vento era cortante, geladíssimo, parecia até que eu sentia o cheiro de neve no vento que passou pelo topo das montanhas, mas já acho que era delírio meu após o excesso de neve e gelo.

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No momento de embarcar no ferry, como na outra vez, me deixaram por último, mas fiquei ali curtindo ver os carros e caminhões embarcarem, o vento fazendo todos correr para a parte interna. Esse ferry é maior que o que me levou a Chiloé, pois é um trajeto de duas horas, então ele tem dois andares, na lateral, fechados, com mesas e poltronas, TV com vídeo, mas sem wi-fi. No meio do lago, subi na parte externa, pois o lago estava com algumas ondas e senti o ferry batendo na água, fiquei curioso de ver a escuridão do imenso e gelado lago, sentir o vento e a água respingando. Como sempre, todos perguntam de onde vem, para onde vai e sempre faço amigos. Combinei de sair do ferry com um grupo de três amigos que vinham trabalhar no reparo de antenas de telefonia móvel, para nos hospedarmos na pequena Chile Chico. O desembarque foi às 21 horas.

No posto Copec, único da cidade, perguntei se aceitavam pagamentos com cartão de crédito, a resposta foi negativa. Eu tinha cartão de crédito, reais, 6.200 pesos chilenos e um tanque vazio. Ruas desertas da cidade, mas logo encontramos uma hospedagem, que eles decidiram que era suficiente e econômica, sem nem mesmo pesquisar por outras. Custo da noite, com café da manhã, seis mil pesos, e fui convidado pelos amigos para me deliciar com pizza. Bem, achei que estava tudo resolvido, abrigo, alimento, amigos, valor exato para pagar a hospedagem, dia seguinte eu pensaria na continuação, então foi banho e uma noite de sono.

Dolor
27-06-12, 22:35
Márcio, não há como negar a tua valentia e consequente coragem!

Parabéns por esta experiência incrível, como num "trailer" da proposta dos Fazedores de Chuva, para o Grande Cacique Fazedor de Neve, que é visitar os estados da Terra do Fogo e do Alasca, durante o inverno, valendo ainda, os últimos trinta dias do outono e os primeiros trinta dias da primavera.

Incrível como já estás pronto!

Aproveitando, gostaria de saber um pouco mais sobre a "corrente líquida" para os pneus.

Abraços
Dolor

Dolor
28-06-12, 11:41
Chile Chico a C. Rivadávia

Publicado em 22 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 12 de junho de 2012, amanheceu um dia daqueles que me deixam feliz, céu azul naquela cidade à beira do lago. O Lago General Carrera é enorme, o maior do Chile, mas uma parte dele está na Argentina, e lá se chama Lago Buenos Aires, a superfície dele tem 1.850km2 e chega a 590 metros de profundidade, maior que ele na América do Sul, apenas o Titicaca, que ainda espero conhecer.

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Pulei da cama mais cedo, percebi o movimento dos amigos se preparando para partir e tomei café com eles. Despedidas e desejos de boa viagem, entreguei meus seis mil pesos a dona da hospedagem, me restaram duzentos pesos, duas moedas de cem, ou seja, um real. Sim, isso mesmo! Não errei a conversão, cheguei à saída do Chile com exatos um real, por um lado era ótimo, tudo que saquei foi usado no limite correto, mas o imprevisto, que sempre acontece, afinal não sou profeta para prever tudo, era o fato de eu ter encontrado o primeiro posto de combustível chileno que não aceita cartão de crédito nesse dia.

Esta noite novamente, no padrão de confiança chileno, deixei tudo na moto, ressalto isso sempre, pois tenho algumas coisas embaixo do banco da Citycom fechadas à chave, mas todo o resto, malas laterais, barraca, saco de dormir, tudo fica preso apenas com elásticos e qualquer um pode pegar e levar enquanto durmo, mas nunca aconteceu e a moto passou a noite nos fundos da hospedagem.

Equipamento vestido, fui de moto até o mirante da cidade para sacar belas fotos e apreciar a manhã. Como em quase toda cidade do sul do Chile, em razão do frio e falta de aquecimento a gás, percebe-se no ar a fuligem da queima de lenha para aquecimento das residências. Sempre nesses momentos à vontade é passar ali o dia apreciando. Tudo isso que o homem não constrói me impressiona. Algumas pessoas gostam de ver prédios, museus, igrejas e esculturas. Eu vejo também e aprecio, mas não me prende, agora certamente uma paisagem dessas me hipnotiza.

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Desci do mirante e na avenida principal da cidade, encontro um senhor descendo de uma van com escritos que indicam fazer turismo entre Argentina e Chile. Pergunto para ele sobre casas de cambio, bancos e postos de combustíveis na cidade fronteiriça Argentina chamada Los Antiguos. Em Chile Chico, impossível, trocar reais, sacar dinheiro com cartão de crédito e abastecer a moto, então, decidi ir com a gasolina que me restava até o país vizinho. Ficou a maravilhosa lembrança do Chile, estava ali me despedindo desse país de pessoas honestas, gentis e que sabem como receber. Saí do Chile, depois de conhecer de norte a sul de leste a oeste, nessa e em outras viagens que fiz, faltando somente um lugar, que talvez um dia a oportunidade surja, e me leve até lá, o Parque Torres Del Paine.

A passagem na fronteira foi super fácil, tranqüila, saída de um e entrada noutro, rodei mais uns milhares de metros e cheguei à cidade de Los Antiguos, direto no posto de combustível. Surpresa, não aceita cartões de crédito.

Fui então ao único banco da cidade, uma fila gigante, mas fui direto ao gerente que me sugeriu tentar o saque de pesos com cartão de crédito no caixa eletrônico, não consegui e voltei, ele disse que iria me ajudar, mas o banco estava tão cheio que me cansei de ficar ali. Ao sair falei com um senhor do lado de fora, perguntando se alguém fazia cambio, e ele sugeriu que eu fosse até um restaurante falar com o proprietário que costumava fazer cambio para turistas. Fui e a solução foi passar 330 pesos no cartão e receber 300 pesos em dinheiro, suficiente para seguir com folga. Abasteci no único posto da cidade, tanque cheio, pesos argentinos no bolso, segui rodando mais uns 50 km e cheguei a Perito Moreno, paro num posto BR e completo o tanque pagando com cartão. Na Argentina existe sempre o temor de pagamento somente em dinheiro.

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Lago General Carrera no espelho rodeado de montanhas de picos nevados, já passava das 13 horas e tinha pela frente mais de 500 km até Comodoro Rivadávia, meu objetivo do dia. Nesse trecho foi nítida a chegada na Argentina. Para quem já rodou nesses dois países de moto, e tem certa percepção, nota que até o cheiro muda, as retas nas estradas, os ventos, estrada pista simples.

A estrada pista simples oferece uma dificuldade a mais. Quando um caminhão cruza no sentido contrário, pelo fato de todos serem enormes e rodarem sempre acima de 100 km/h, o vento que eles produzem me faziam quase sempre perder 10 km/h de velocidade e ainda levar um soco de vento e isso independe da moto utilizada, mas quanto mais proteção aerodinâmica ela tiver, melhor, pois ela sofre o impacto e você cansa menos, ainda assim, eu cuidava em me equilibrar bem e até mesmo já inclinar a moto um pouco para dentro da pista, pois o vento te joga para fora. Isso pode ser agravado se já existir um vento contrário natural, ou reduzido se o vento estiver a favor. Quem já rodou de moto acima de 200 km/h, sabe que o vento exerce uma força que nos exige fisicamente, e em diversas situações, somando o vento contrário do caminhão ao da velocidade da moto, chegamos a mais de 200 km/h de vento com facilidade, e isso de forma repentina, como uma parede de vento, repetida vezes. Pista dupla com uma proteção central tem diversas vantagens além de segurança, na moto cansam menos, não prejudicam o consumo e velocidade como as pistas simples.

Nessa região abasteci a 4,7 pesos o litro de gasolina, utilizando sempre a mais barata, que aqui chamam de super. O manual da motocicleta faz apenas uma recomendação, boa gasolina e sem chumbo, o que esse combustível estava suprindo, e com uma diferença grande para a gasolina brasileira, aqui não há aquela adição de álcool e com octanagem mais alta.

Tempo bom, dia bonito, estrada boa, apesar de simples, o incomodo era apenas eventualmente um vento lateral agravado pelo vento contrário de outros veículos grandes. Como era um trecho sem atrações, não parei para fotos, acelerei para chegar a Comodoro pegando o mínimo possível de noite, fazendo apenas paradas para abastecimento. Não foi necessário usar gasolina extra, encontrei postos que aceitavam cartão de crédito, tudo tranqüilo. O que me desanimou um pouco foi que toda entrada e saída das cidades que ficavam nesse trecho eram cercadas por lixões, mas não aterros sanitários, eram quilômetros de lixo espalhado e voando. Esses detalhes são imperceptíveis em nossa rotina, lembrei do Brasil, de Florianópolis e diversas outras cidades que são assim também. Elas podem até ter atrações que muitas vezes o turista nem alcança, mas eu já sinto uma decepção, um desânimo na entrada feia.

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Depois de rodar bastante chego novamente ao oceano atlântico, ou seja, pela oitava vez cruzei a Argentina toda de leste a oeste e a Citycom cruzou a América do Sul de leste a oeste duas vezes, na ida e na volta. Estou então na ruta 3, tradicional estrada que leva a Ushuaia, tomo o sentido norte em direção a Comodoro Rivadávia, uma parada para foto nas quase infinitas praias de pedras.

Estrada com muita ondulação, e comecei a rodar até mesmo numa velocidade menor que alguns caminhões, pois estava com tempo, cheguei ao oceano atlântico ainda com final de dia, e estava próximo da cidade, sem pressa, mas foi necessário administrar a passagem pela estrada em condições ruins com a velocidade segura no meio dos caminhões, que são fartos na região produtora de petróleo. A vantagem é o valor do combustível, que na cidade cheguei a encontrar por 4,1 pesos.

Já estive nesta cidade em outra viagem e meu interesse era apenas pernoitar, só não contava com o alto valor das diárias, rodei bastante até o centro da cidade e diversas voltas até decidir pela melhor opção de hospedagem, por 150 pesos, calefação, internet, banho privado e sem café da manhã. A moto dormiu na frente da hospedagem e eu fui ao supermercado comprar um lanche. Sentei na parte de restaurante da hospedagem, claro que conversando com as pessoas que lá estavam, e depois de ter feito meu lanche, um dos amigos que estava conversando foi buscar uma pizza, disse que pediu pequena, mas lhe deram uma grande então compartilhou comigo. Segunda noite seguida de pizza, mas eu adoro e pode mandar a terceira que eu me agrado, ainda mais a convite.

Mas a diferença de Chile para Argentina já se faz presente na chegada, além da estrada simples em más condições, entradas de cidades sujas e feias em relação as chilenas, na hospedagem você tem que pagar na entrada, e mesmo com a experiência anterior eu fiz isso, cheguei no quarto e lá a internet não pegava, apesar de eu perguntar, calejado que estou com esse fato, e recebi a afirmativa da recepcionista. Toda bagagem da moto estava já no quarto, eu tinha trocado de roupa, estava quentinho, não perdi meu tempo reclamando, sentei na sala onde pegava e cansado fiz o uso mínimo da internet, pois queria ir descansar. Aqui, além de tirar tudo da moto, fui questionado dezenas de vezes se a moto iria dormir na rua, eu respondia sempre que sim, mas eles revelam que moto que dorme na rua não amanhece no mesmo lugar no dia seguinte. E assim é o bem vindo à Argentina, ruim, caro, inseguro e nada simpático.

Dolor
28-06-12, 15:05
C. Rivadávia a Trelew

Publicado em 24 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 13 de junho de 2012, amanheci na capital do petróleo argentino, Comodoro Rivadávia, sem pressa nem despertador, comecei a vestir o equipamento e arrumar as malas. Como no quarto não pegava o sinal da internet, fui à sala da hospedagem para ainda responder emails, postar dados, mapas no site e outras atividades. O quarto tinha boa calefação então não senti o frio, mas fui surpreendido pela neve que caía, ao olhar pela janela.

Claro que minha companheira me aguardava firme e forte na porta, ninguém teve a ousadia de tocar ou levar ela para longe de mim. Passava das 10 horas da manhã e claro que como eu estava na Argentina, logo veio àquela pergunta: “O senhor vai se hospedar mais um dia?”, pois eles sempre exigem que mesmo que não haja nenhum outro hóspede, que você entregue o quarto às 10 da manhã, não importa se cheguei às 9 horas da noite, que a internet prometida não funcionava e nem que paguei antecipado.

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Peguei todas as minhas coisas e botei na sala, liberei o quarto, e fiquei usando o computador. Pensei que a neve fosse para ou diminuir, mas ela aumentou, o frio seguiu intenso, pensei em ficar mais um dia aguardando, mas queria voltar ao Brasil. A moto já estava de tanque cheio, montei a bagagem e parti já passada às 13 horas. Encontrei fácil a saída da cidade e mesmo nevando peguei a estrada. Um fato complicador na pilotagem na neve, é que ela cola na viseira, não escorre, e não sai fácil nem mesmo passando a luva. E a estrada seguia ondulada, pista simples e escorregadia, e com acostamento de lama, só não era pior que o da Ruta 14 onde atolei ao sair da pista.

Percebi que a neve estava forte, que a pista realmente estava com muita neve e eu iria subir para um trecho mais alto, então avistei um carro 4×4 no acostamento, com dois homens trocando o pneu furado, parei para falar com eles que afirmaram que era bom pegar uma informação com a polícia sobre a passagem à diante, se estava aberta, pois eles não tinham vindo do mesmo sentido que eu ia. Então voltei uns 10 km até o posto da polícia. Informaram que havia bastante neve, mas que uma máquina limpava a pista e que era possível passar com cautela. Na frente do posto policial havia um posto de combustível BR, onde completei o tanque e o galão extra. Voltando à pista outro policial no mesmo posto me para, e vê que sou brasileiro e começa a contar que esteve no Brasil, me falas umas palavras em português, pergunta de onde sou e para onde vou, e isso tudo, seguindo o padrão argentino, eu parado no meio da pista, uma fila de caminhão atrás e ele de papo furado me atrasando. Quando eles vão aprender a pedir para as pessoas encostarem o veículo no acostamento? Talvez depois que construírem o acostamento.

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Eu estava totalmente decidido a seguir viagem e assim fiz, a estrada ficou totalmente tomada de neve, ainda ganhei um pouco de altitude, frio fortíssimo, neve caindo e apesar do pouco movimento, talvez por já passar da metade da tarde, havia um trilho na neve, eu rodava onde as rodas dos caminhões passaram, a uma velocidade entre 50 e 60 km/h e sempre temendo o gelo no piso. Muito diferente da neve, que funciona como uma areia e tranca o avanço da moto, também desliza, mas não como o gelo no piso que torna quase impossível rodar por deslizar demais.

O cenário era incrível, branco de todos os lados, inclusive em cima e embaixo, impossível de ver o começo e o final da estrada. Para minha surpresa avistei um carro indo na minha frente e decidi que manteria uma distância segura e ele serviria de guia, sem dúvidas a roda dele iria abrir um caminho mais novo, e eu iria perceber as condições da pista com o aumento ou redução da velocidade dele. Preocupava-me o avançar das horas, o frio em excesso, a baixa velocidade, e eu ficava aguardando o momento em que eu sairia da neve, em que aquilo iria passar, em que eu poderia rodar a pelo menos 90 km/h, pois a próxima cidade estava a 300 km de distância, e já passando das 14 horas nessa velocidade a estimativa de chegada seria às 20 horas, ou seja, continuar assim era impossível pois noite ali era certeza de hipotermia, e ainda um problema mecânico sem dúvidas levaria a situação de abandono da moto e pedir carona para fugir do local.

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Se eu conseguisse gravar tudo que eu penso na estrada seria ótimo, pois é muito mais interessante que dados técnicos e relatos de frio e calor e estado de estrada. Mas ainda sinto essa dificuldade de transpor aqui depois de chegar ou depois de dias dos fatos. Mas o pensamento de abandonar a moto sempre esteve comigo, por estar só, noite chegando cedo, frio extremo, estrada sem movimento, sem socorro, e no caso da Carretera Austral no inverno, uma selva congelada, salvar-se é sempre a prioridade.

Percebi que o carro começou a reduzir demais a velocidade, me aproximei, senti que estava tudo bem com a estrada, não entendi o motivo e mesmo sem querer fui obrigado a passar vendo o carro com duas pessoas dentro, falhando e aos trancos. Continuei observando pelo espelho e o carro parou no meio da estrada. O motorista abriu a porta e saiu, deu uns socos no carro no mesmo tempo que dei uns tapas comemorativos na Citycom, pois o carro falhou e nós passamos, seguimos, eu e ela, uma Scooter, uma moça jovem e forte.

Raras vezes eu vi o indicador da temperatura do líquido de arrefecimento indicar redução de temperatura, ela é sempre muito equilibrada e trabalha na mesma temperatura, sempre a ¼ acima do mínimo, mas hoje estávamos até com neve no radiador, que é baixo, próximo ao solo e roda dianteira.

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Rodei bastante nessas condições, mas a estrada começou a descer e aos poucos a neve foi parando. Parei num posto, que não aceitava cartões de crédito, completei o tanque, e entrei na loja de conveniências para descongelar. Pedi o tradicional submarino argentino, muito quente e o melhor de tudo é agarrar a caneca com as duas mãos. Comi uma barra de chocolate e outro submarino. Cada um que entrava na loja se espantava e invariavelmente perdia uns segundos no frio observando a moto, vinham falar comigo e perguntavam do frio, de onde vem para onde vai. Fiquei quase uma hora lá dentro me aquecendo. Verifiquei que passava um pouco das 17 horas, noite caindo, e tinha ainda exatos 200 km até a cidade de Trelew, sem dúvidas o lugar eleito para pernoitar, já saindo do propósito de não rodar à noite.

Um dos que conversaram comigo na loja era caminhoneiro motorista de uma cegonha e ofereceu-se para colocar a moto em cima e que eu fosse de carona com ele, mas agradeci, vesti balaclava, luvas, capacete e paguei a conta de mais de 50 pesos, mais caro que muitos almoços e jantas, mais caro que o abastecimento. Segui tranqüilo, à noite, rodando a 110 km/h, sem problemas algum cheguei a Trelew, onde busquei hospedagem e ainda uma cidade com altos preços para a média que eu vinha pagando, depois de passar por quatro encontrei um satisfatório por 130 pesos.

O garoto da recepção tinha uma moto Ybr 125 fabricada no Brasil, e o incrível é que lá ela é vendida por menos que no Brasil, mas ainda assim, nesse ano passou a ser fabricada pela Yamaha da Argentina. Ele foi bem gentil, informou que a internet não alcançava o quarto e eu mais calejado foi enfático na pergunta, me auxiliou a subir com a bagagem da moto, pois ela dormiria na frente da hospedagem e de novo eles apavorados com isso. Em um momento eu estava ainda na recepção e a proprietária entrou perguntando sobre o que eu faria com a moto, eu sempre afirmando que ficaria onde na beira da calçada e ela pediu que ao menos, enquanto eu preenchia dados para hospedagem, eu fosse à moto retirar a bagagem. Chegando lá, dois policiais já me aguardavam intrigados com a moto carregada de coisas e com a filmadora, e me informaram que era inseguro deixar ali, achei engraçado a própria polícia te avisa que não tem segurança, só faltava me multar por estacionar na rua. O garoto gentil então me avisa que às 24 horas ele sairia e deixaria o cadeado que atava a moto dele ao poste para que eu fizesse o mesmo com a minha, e assim fizemos às 24 horas, pois depois de um banho quente no quarto fiquei na recepção usando a internet.

Dolor
29-06-12, 23:17
Trelew a Luján

Publicado em 26 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 14 de junho de 2012, dei início aos preparativos para saída de Trelew já pelas 10 horas da manhã, novamente como no dia anterior fui perguntado se permaneceria um dia a mais e neguei, usei a internet na recepção para mais atualizações, coloquei as coisas na moto, que como todas as outras vezes estava me esperando perfeita, e mais uma vez pagamento em dinheiro da hospedagem, o que me fez ficar sem pesos. Na cidade postos aceitavam cartões, mas não queria arriscar ir para a estrada assim, sem dinheiro e então fui ao banco. A conclusão é que reais por pesos só mesmo em Buenos Aires e Santiago, e que banco na Argentina tem tanta fila ou mais que no Brasil. Na Argentina, horário de banco é pior ainda, chegaram às 13 horas e eles fecharam, pensei que era para o almoço, mas não, só abre no dia seguinte mesmo.

Fui tentar então num posto YPF, agora estatizado pelo governo, abastecer com cartão e pedir para voltar um troco. Negado. Se fosse fácil não ia ter graça. Fui saindo da cidade, tanque vazio e vejo um posto BR. Expliquei ao frentista e ele disse que sem problemas, enchi o tanque, passamos mais pesos no cartão, botei no bolso e toquei pra estrada já passada às 13 horas.

Contando essa passagem agora, já terei cruzado a Argentina oito vezes de leste a oeste e três vezes de norte a sul, então meu objetivo depois de sair de Chile Chico, minha última cidade na Carretera Austral e no Chile, era pilotar para o Brasil curtindo somente o prazer de acelerar a City por estradas internacionais. Quando cheguei a Coyhaique, depois do pior trecho da Austral, comemorei e pensei que agora era tocar para Brasil na ponta dos dedos, só seria necessário cautela e atenção. Mas justamente eu, que não gosto muito que perguntem para onde vou ou de onde venho, pois tenho dificuldade na resposta, estava com esse sentimento de vitória antecipada demais. Recuso-me a fazer uma viagem com um destino como objetivo, a viagem é a ida e volta completa, eu não fiz uma viagem ao Chile, eu fiz uma viagem que passou por dezenas de maravilhosos lugares, uma viagem sem um destino, onde todas as noites, geralmente perto das 24 horas, decidi que rumo tomar no dia seguinte, passar pela Austral, era sim um dos objetivos da viagem, junto com tantos outros. Conheço pessoas que vão a Ushuaia e voltam em 15 dias, ou seja, a atração foi o asfalto e o objetivo chegar lá no lugar definido. Se for apenas para rodar e curtir asfalto, nada melhor do que ficar rodando na quadra de casa.

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Fui obrigado a me recordar que dificuldades podem surgir até o momento de entrar na garagem pela última vez, que a viagem não acaba na metade, que podemos nos surpreender quando menos esperamos por momentos bons e difíceis também. Recordei que no primeiro dia depois de Coyhaique, passei com gelo na inesperada Cuesta Del Diablo, que na Argentina peguei uma inesperada nevasca, e isso tudo depois da “impossível” Carretera Austral.

Qual a opção então? Apesar de ter várias a única que eu aceitava era então comemorar todo dia! E assim fiz ontem à noite quando depois de passar pela nevasca, gelo, neve, tantos me botando medo, como foi em todos os outros momentos, cheguei à noite em Trelew com tudo perfeito, sem problemas, sem pneu furado, sem falta de combustível, sem tombo, sucesso! Soco no ar, grito no capacete! E nesse dia 14, tomei a estrada com esse objetivo, seja qual for o obstáculo, chuva, vento, frio, calor, pista ruim, à noite estarei comemorando.

E sabe o que aconteceu, não choveu, não nevou, segui na pista simples sem dificuldades, sem sono, sem fome, sem pressa, sem problemas mecânicos, sem problemas com polícia, então foi esse o dia de levar na ponta dos dedos, levar a criança pra casa. Entrei pela noite pilotando até chegar, depois de aproximadamente 550 quilômetros, na cidade de Viedma.

Entrando na cidade comecei a pesquisar pelos hotéis, sempre na faixa dos 200 pesos para cima, o que eu estava decidido à não pagar. Rodando pela cidade uma rapaz de moto se aproxima e me pergunta se estou procurando hospedagem, me guia até uma e me passa os telefones e email dele para caso eu precise de algo. O valor pedido era 140, fechei por 120, com café, garagem, internet no quarto, banho quente e calefação, claro que isso nas palavras do senhor da recepção. Adivinha! Lógico que no quarto mal pegava a internet, mas dessa vez eu não aceitei pagar antecipado. Banho e sai para comer algo, caminhei bastante até a praça e sentei num bar muito legal, onde claro, passava futebol e os argentinos a cada minuto faziam “uuuhhhhh” e “uuuhhhhh” de novo nos “quase gols” do Boca. Comi muito bem e caminhei de volta, dessa vez dormindo antes da meia noite, moto na garagem e pela primeira vez neste país dormiu com bagagem embarcada. Esse dia monótono, que eu tanto aguardei me desagradou e pensei que pro seguinte eu tinha que aprontar algo, estar dormindo mais cedo já me trouxe idéias. Dia sem fotos.

Dolor
30-06-12, 09:49
Trelew a Luján - Parte dois

Publicado em 26 de junho de 2012 por Mundo de Moto

Em 15 de junho de 2012, acordei aproximadamente oito e meia, sem despertador, mas tomado pela idéia da noite anterior, café e outras atividades como se vestir, hoje foram mais rápidas, guardei na moto somente o tênis, o jeans e as coisas de banho, fui fechar a conta e falei da falta de internet, pedi desconto favorecido por não ser o mesmo recepcionista da noite anterior e bati o martelo nos 100 pesos a noite, pagamento em dinheiro. Agora aprendi.

Moto na rua e pensei que começamos bem hoje. Nada de correria, busquei um posto que aceitasse cartão de crédito e encontrei um BR a caminho da saída da cidade, tanque cheio, pego a saída velha da cidade que passa por uma ponte feita para trens, com um trilho no meio e isso exige bastante cuidado, claro que ninguém pensa na moto quando constrói ruas, estradas e outros caminhos, ali era tocar no trilho e cair, mas passei tranqüilo e antes das 10 da manhã estava a caminho de uma cidade mais ao norte da Argentina.

A idéia de hoje, já que ontem foi monótono, apesar de comemorável, foi fazer mais um teste com a Citycom. Defini uma espécie de hat-trick para essa viagem, ou seja, que ela durasse mais de 30 dias, que rodássemos mais de dez mil quilômetros e que fizéssemos num dia, mais de mil quilômetros. A expressão “hat-trick” tem origem inglesa e remete a um antigo truque de mágica onde o ilusionista tirava três coelhos de uma cartola. Hoje é usada em diversos esportes, como no futebol, quando se marca três gols numa partida, ou em corridas de carro, quando o piloto marca a pole-position, a melhor volta e ainda vence a corrida.

E assim fui de mão no fundo, cabo enrolado, mais de nove mil quilômetros depois da última revisão, quando a fábrica recomenda a cada três, desde Santiago sem troca de óleo, eu exigi mais essa da City. O consumo caiu para próximo dos 20 km/l, um pouco de vento contra, 120 km/h de média, algumas paradas em postos de combustíveis onde não aceitavam cartão de crédito me custaram alguns minutos, mas cheguei à Bahía Blanca, 300 quilômetros depois, aproximadamente às 12 horas e 30 minutos, encontrei um posto YPF lotado, onde abasteci pagando com cartão e entrei na loja de conveniências. Muitas pessoas estavam almoçando uns enormes pratos muito apetitosos, chamei a garçonete e pedi meu “lomo napolitana com papas fritas” igual ao da mesa em frente. Não me lembro de em nenhum momento ter almoçado, mas ali foi irresistível. Maravilhoso, depois para beber e não combinando nada, um submarino argentino, isso é chocolate quente. Saí de lá de tanque cheio, eu e a moto, aquecido, alimentado e me sentindo forte para mais 700 quilômetros. O relógio marcava treze horas e trinta minutos. Estava muito frio, mas não aquele freezer na última regulagem como lá no extremo sul, aqui pelo fuso horário ganhei uma hora e ainda pelo fato de já estar mais ao norte, à noite já tardava um pouco mais a se apresentar.

Com 800 quilômetros rodados no dia, à noite chega de forma completa, numa estrada de pista simples, com movimento por estarmos nos aproximando da capital e já estar na província de Buenos Aires. Aqui posto de combustível não é mais problema e todos aceitam cartão de crédito. Botei minha gasolina extra no tanque para reduzir peso.

Reduzo um pouco a velocidade. Ainda à noite paro para abastecer, mas logo que saio fico com muita sede e paro novamente para beber uma Coca-Cola. Nessa parada, não tirei capacete nem balaclava. Peguei um canudo e enfiei por baixo da balaclava e assim fiquei sentado um pouco na loja de conveniências do posto. Vantagens de um capacete com queixo articulado é poder abri-lo nesses momentos, e isso fiz muito em postos, hotéis e agora nem pra beber tirava mais. Pensei que, já que era noite, o que ia mudar 10 minutos a mais ou a menos, melhor pilotar sem sede, sem fome, de tanque cheio, com uma única obrigação e totalmente focado na atenção. Aqui novamente percebo outra frase que sempre digo, “o perigo são os outros”, pois alguns motoristas de carros, por conhecerem a pista, por terem melhor iluminação, por não estarem rodando a 800 quilômetros num dia, por não estarem se obrigando a tanta responsabilidade como eu, por terem seguro, por terem a quem recorrer em caso de problemas e também por às vezes pensarem que são o Juan Manuel Fangio, dirigiam numa velocidade incompatível com a pista e eu tinha que estar atento então com o que vinha na frente e atrás.

Como estava decidido, e como não gosto de deixar o serviço pesado para depois, pois no dia seguinte meu objetivo seria entrar no Brasil e teria que passar fronteiras, fui insistente em fechar o dia de hoje com nada menos que mil quilômetros, e isso aconteceu na cidade de Luján. Parei já por volta das 21 horas, procurando hospedagem, encontrei a praça principal da cidade, muito bonita, com uma basílica enorme e na frente um hostel de um motociclista. Recebeu-me muito bem, pediu 80 pesos com café e internet, expliquei da viagem, perguntei se poderia pagar com cartão o que ele negou e me perguntou de onde eu tinha vindo hoje. Apostei com ele, que se ele acertasse pagaria os 80 e se ele errasse ficaria ali por 70 pesos. Ele errou e se surpreendeu com a distância. Botei minhas coisas no quarto muito grande, com sacada de frente para a linda praça e basílica, hostel muito legal, internet funcionando perfeitamente, o motociclista me recebeu com muita simpatia, me ajudou com a bagagem, um preço ótimo, moto embaixo da sacada sob meus cuidados, noite linda. Até que enfim Argentina! Era disso que eu falava o tempo todo. Era isso que eu queria, existe e se está funcionando é porque é possível atender assim. Esse merece e aqui está o site do hostel para quem passar ou for visitar a cidade: www.estacionlujanhostel.com.ar. Sobre a basília de Luján, vale conferir fotos e dados aqui na Wikipedia: http://es.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Nuestra_Se%C3%B1ora_de_Luj%C3%A1n

Depois do banho quente saio a pé e vou a uma pizzaria bem simples, pedi uma pizza grande, mas só comi a metade, na hora de pagar não tinha cartão, então lá se foi quase todo dinheiro. Sim, antes eu perguntei se tinha, mas o meu é Master e pensaram que era Visa. Perguntam de onde sou, explico algumas coisas, na grande tela do computador abrem meu site, outros que estavam ali ficam admirados também, e ai a conversa vai e vem, chega às 11 da noite e começamos a falar da presidente Cristina Kirchner. Visível que a população mais pobre gosta dela, apesar da subida de preços, eles dizem que agora podem comprar, incentivados pelos programas de assistência social. Consigo dar um fim no papo que estava ótimo como a pizza, e apesar do grande trabalho ter sido feito hoje com sucesso, o dia seguinte me reservava 700 km até o Brasil.

Preciso dizer que comemorei? Preciso dizer que a Citycom é fantástica? Estou cansado? Não! Tive algum problema mecânico? Não! Chegando ao hostel vejo a City na calçada e dou um sorriso para ela que me olha com cara de feliz, e parece me dizer: “Sou como você, duvida de mim para ver!”

Dolor
04-07-12, 08:10
Luján a Uruguaiana

Publicado em 4 de julho de 2012 por Mundo de Moto

Em 16 de junho de 2012, depois de tomar um bom café, arrumar a bagagem, vestir o equipamento, montar bagagem na moto, pedi para o motociclista proprietário do hostel tirar uma foto minha na frete da Basílica de Luján, acertar as contas, o horário já avançava pelas onze.

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O tanque estava já na reserva a alguns quilômetros e saí em busca de um posto com cartão de crédito, o que me sugou ainda uns minutos. Achei um posto na saída, tanque cheio e pago, dia lindo de sol, moto na estrada.

Objetivo do dia já estava definido e foi conquistado no dia anterior com a alta quilometragem percorrida por antecipação. Hoje aproximadamente 650 quilômetros me aguardavam até Uruguaiana, já no Brasil. Claro que eu pretendia sair mais cedo hoje, mas acordei tarde, pois dormi tarde e já sabia que pegaria noite na estrada novamente, pelo sexto dia seguido. Saída em direção norte, depois de 60 mil metros, passei pela cidade de Zarate e entrei na Ruta 14, uma reta costeando a face oeste do Uruguai, com asfalto perfeito, permitindo uma boa média de velocidade, com segurança e sem necessidade de pagamento de pedágios para motos.

Depois de rodar sem tirar fotos, moto ligada no modo “me leva pra casa”, paisagem sem graça, cheguei a Concórdia, ainda na Argentina, onde decidi me despedir desse país e entrar no Uruguai. Parei no posto e completei o tanque da moto e ainda o galão extra de 6 litros, fiz um lanche na loja de conveniências e mesmo assim restaram alguns pesos. Melhor assim por segurança. Decidi comprar gasolina extra, para chegar a Uruguaiana sem abastecer mais, e sem precisar comprar a gasolina caríssima do Uruguai e sem precisar trocar dinheiro.

Saindo da Ruta 14, rodei um pouco em direção leste, encontrei as aduanas e fiz rapidamente os trâmites de saída da Argentina e entrada no Uruguai, sempre sem passaporte. Final de tarde chegando e a paisagem no Uruguai é interessante, lindos campos, sol se pondo, estrada pista simples em razoáveis condições. Esse trecho é exatamente o mesmo que fiz no começo da viagem, quando fui de Salto a Uruguaiana fazer a carta verde. Ruta 3, deserta, só eu.

Ainda com um restinho de claridade no céu encontrei a aduana de saída do Uruguai, faço os trâmites e como a moto já estava na reserva coloquei o combustível que levava extra no tanque, que passa a marcar acima da metade, suficiente para chegar a Uruguaiana, no rio Grande do Sul. Na aduana do Brasil, que nessa fronteira não é unificada, passo direto, pois sou brasileiro.

Mais um momento daqueles de olhar para o retrovisor e ver um mundo que passou por ali, lindo, mais um momento daqueles de flashbacks mentais, maravilhoso. Brasil, Uruguai, Argentina e Chile. Cordilheira do Andes, Viña del Mar, Aconcágua, Santiago, Pucón, Carretera Austral. Geleiras, vulcões, gelo, neve, lama, vento. Vinícolas, praias, rios, desertos e selvas, sol e chuva, Pacífico e Atlântico, norte e sul, leste e oeste.

Acabou? Não. Noite fechada e o trecho da fronteira até a cidade, de aproximadamente 50 quilômetros me pegou de surpresa. Rodando a 100 km/h, de repente, no susto, vejo que a estrada tem um trecho grande de terra, plana, lisa, daquela que derruba, mas de novo, sangue frio é a solução, esquece freio e acelerador, esquece de mudar de direção e deixa a moto passar sozinha. Assim saio do outro lado em pé e inicio a frenagem, pois outros trechos assim surgem. Iniciei um acelera e freia chato e perigoso por quase todos 50 quilômetros que faltavam até a cidade gaúcha. Eu deveria saber, pois comigo é sempre assim, sempre tem aquele teste final, aquele momento noturno “acorda que ainda não acabou”.

Sucesso e trecho superado. Vejo as luzes da cidade se aproximarem e vou rodando um pouco no modo “adivinha onde estou indo”, nem eu mesmo sei bem, por acaso acho a avenida principal, pego o sentido certo, entro na rua certa e saio do lado da Concessionária Felice Dafra. Eu aprendi já que às vezes realmente só pensamos que não sabemos algo, mas sabemos sim, só precisa fazer. Não tenho a mínima idéia de como chego a alguns lugares, mas parece que vou lembrando, que sigo o sentido certo, que consigo perceber para onde tenho que ir, que percebo de onde vim, para onde vou, onde está o mar, o norte e o sul.

Desde a loja, tentei me recordar como fiz da outra vez que fui à casa do Paulo, pois nas noites anteriores, fui convidado para lá me hospedar de novo na passagem pela cidade. Consegui em partes, mas como eu levava o endereço, invés de seguir meu sentido, procurei pelo endereço e Uruguaiana não tem placa com nomes de ruas, ou pelo menos a noite eu não achei. Não foi difícil, perguntei pela rua, encontrei, pela casa, encontrei também, e quando parei no portão da garagem o Alyson, filho do Paulo, abanou da janela e veio abrir o portão.

Todos felizes, sentamos para jantar e me fazem uma pergunta: “E ai Marcio como foi?”. Surpreendente minha dificuldade em responder isso. Primeiro porque não acabou. Mas isso eu resolvo respondendo como foi até ali. Segundo que sou metódico, pensei em contar por partes, do começo ao fim, mas eu os levaria a exaustão, seria com ler para eles um livro de no mínimo 150 páginas. Tive que gritar em pensamento comigo mesmo: “Para de bobagem! Você não se prendeu a nada em toda viagem, que isso agora? Põe pra fora!”. E saiu:

“ESTÁ SENDO MARAVILHOSO, FANTÁSTICO, SURPREEDENTE E INESQUECÍVEL”

Diversos outros adjetivos positivos caberiam, mas ai está um resumo. Depois disso, fui jogando na mesa fatos incríveis e desordenados, perdidos no tempo, mas que fazem todo sentido saindo da boca de um cara visivelmente com a mente embebida em êxtase.

A bagagem ficou na moto e a moto na garagem segura. Tomei um banho quente e a Elaine, esposa do Paulo, me avisa que meu quarto está pronto. Os valores mudam depois e durante uma jornada dessas, escutar a frase “seu quarto” é fantástico, sentar a mesa com uma família é um sonho, o momento mais esperado do dia é o banho quente e estar no Brasil passa uma segurança tremenda. O difícil é conseguir tirar o sorriso de orelha a orelha da cara para poder dormir. Pra que pressa, sonhar acordado é um privilégio.

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Dolor
11-07-12, 23:07
Uruguaiana a Porto Alegre

Publicado em 11 de julho de 2012 por Mundo de Moto

Domingo de chuva, 17 de junho de 2012, conversando com o Paulo durante o café é que percebo que estava com um pensamento errado, eu distraído, nem me toquei que hoje, eu iria encarar aproximadamente 700 quilômetros até onde me hospedaria na capital gaúcha. Aqui falamos, “não vamos no afobar”. Estava bem tranqüilo achando que era 500, apesar de já ter feito esse trecho diversas vezes. Totalmente decidido a ir mesmo no domingo de tempo feio, apesar de ter pensado em já fazer alguma manutenção em Uruguaiana, não queria aguardar a segunda. Equipamento vestido, agora com capa de chuva, todos meus pesos já no bolso da capa, e os amigos hospitaleiros me garantem que os postos aqui da fronteira aceitam o pagamento em pesos. Meu objetivo era zerar os pesos e seguir com meus reais. O que eu tinha, na Argentina era suficiente para um tanque.

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Mesmo sendo um Scooter, gosto e tenho o costume de montar nela, passando a perna acima do banco traseiro. Como levo bagagem entre o banco e a coluna de direção e ainda sobre o banco traseiro, só é possível montar passando a perna acima do banco do piloto, eu de frente para a lateral da moto e depois me virando para frente dela. Nada demais para meus 29 anos, mas não é como eu gosto. A maioria das pessoas senta nos Scooters passando a perna pelo vão entre banco e guidão. Portanto, montei de lado na máquina e tomei o rumo da saída, que foi fácil de encontrar pela ótima explicação que recebi.

Rodando um pouco, paro no posto, pergunto dos pesos como pagamento, e pela resposta positiva mando completar com gasolina comum. Na hora do pagamento, entrego todos meus pesos, mas ainda falta, cambio totalmente desfavorável, tento passar o cartão e nenhuma máquina aceita. Real neles.

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O motivo da pressa era participar de um salão de motocicletas e equipamentos em Porto Alegre, neste domingo seria o último dia, o fechamento, e de grande movimento, então, mão no fundo. Adoro pilotar na chuva e estava bem de pneus, a saída foi cedo e a Concessionária já me aguardava para a exposição da moto e depoimentos no belo stand.

Em um trecho um pouco mais lento já verifiquei a moto fazendo 28 km/l de consumo, e apesar dessa boa notícia, a chuva foi constante e forte até a chegada. Foi um trecho no Brasil, já conhecido, sem fotos e atrativos, pilotei com cuidado, mas rápido, na chuva, bem equipado, parando e pagando um pedágio, sem nenhum tipo de incidente que mereça relato.

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Levei anotado o endereço da exposição, hora do rush na capital, encontro fácil apesar de ter que rodar bastante. Explicações na portaria, mas todas as portas se abriram e me guiaram até o stand da marca. Fiquei muito feliz, sucesso, chegada direto no stand, moto com bagagem, molhada, com quase 30 mil km rodados, estacionada do lado do modelo novinho. Adorei observar as diferenças, que se resumiam a sujeira, meus protetores de mãos pet recicláveis, bagagens e nada mais. Qual a mais bonita? A minha modelo aventura, lógico! Mas a chuva nesse trecho foi tão forte que lavou a moto, agora a placa já estava visível.

No salão fizemos diversas fotos, conversas, parabéns, sorrisos e o que mais me intrigou foi a força das publicações, pois todos me conheciam, muitos vinham falar comigo, e eu sempre escutava pessoas na volta apontando e falando de mim, da viagem e que eu era o cara do jornal. Alguns mais tímidos não puxam papo, mas a moto fez sucesso. Fiz fotos com o representante da marca do capacete e da segunda pele, com Mauri e esposa, no stand da loja dele, Concessionária Dafra, responsável por grande parte da manutenção da moto.

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Nessas conversas é fácil perceber que geografia não é o forte da maioria, muitos não sabem se o Chile é pro leste ou oeste, se fui para baixo ou para cima, norte ou sul, exigindo uma explicação completa. Patagônia? Carretera Austral? Cordilheira do Andes? Afinal o que é um Ventisqueiro? Do Atlântico ao Pacífico, ida e volta? Sempre me dei bem em geografia, e percebo o quanto alguns tornam o mundo gigante na imaginação, por desconhecimento. Antes de sair nessa viagem, no dia-dia ainda em Florianópolis, no norte da ilha, um rapaz numa Honda Biz, em pé ao meu lado, minha moto ao lado da dele afirma: “essa moto deve ser boa para ir ao centro”, e o centro ficava a 28 quilômetros de onde estávamos. Não estou debochando dele, e sei que ele deve ter diversos conhecimentos e habilidades que eu não tenho, mas fico impressionado com um aparente medo da distância, desconhecimento de que é possível ir, viajar, ver, que existem diversos outros lugares além do bairro, da cidade, das férias na praia. Torna-se difícil compreender como pode a noite cair no mesmo lugar numa época às 23 horas e noutra às 13 horas? Como achei que não teria habilidade para explicar a ele que eu iria passar na Austral, no inverno, gelo, rípio, lama, fronteiras, países, altitude, noite, temperatura negativa sem necessidade de mapas, computador, e algumas horas, fraquejei e respondi “sim é ótima”.

A noite foi ótima, reencontrei os amigos, fiz novos, fiquei até fechar, pessoas já desmontavam stands e eu ainda prestava meus depoimentos. Ainda com muita chuva, vesti a capa, fui me hospedar e dormir feliz.

Márcio Silveira
20-07-12, 02:54
Grande Amigo Dolor, perdoe a demora na resposta. Estes elogios vindos de você, ainda mais depois de ter sido presenteado com o maravilhoso encontro com teus amigos e família, é uma imensa honra. Espero não decepciona-lo, pois os dias aqui no Brasil estão me causando tristeza. Todos me fazem perguntas sobre as dificuldades da viagem, e citam frio, calor, buracos, lama, neve e outros perigos. Realmente, frente a minha experiência no motociclismo, tudo isso se tornou mais fácil, e o que está me derrubando é o lado financeiro e agora o psicológico.

Sobre essa a "Cadena Spray", não cheguei a usar, pois estava esgotada em todas lojas de Coyhaique/CH, única cidade onde pesquisei, já sabendo que pela frente enfrentaria gelo. Trata-se de um spray para borrifar nos pneus de carros e motos, não sei bem a durabilidade dele, mas acho que uns 30 quilômetros, melhorando a aderência.

Dolor
25-07-12, 23:31
Publicado em 25 de julho de 2012 por Mundo de Moto

Depois de completar essa primeira parte com sucesso, tenho certeza absoluta de ter feito uma escolha excelente no equipamento que usei para este trecho. Não estou exagerando em dizer que ele salvou minha vida, tanto por ter enfrentado temperaturas negativas como por ter trafegado em terrenos cobertos por neve, gelo, lama, pedras, terra e outros. O equipamento foi testado ainda em um tombo a aproximadamente 60 km/h no gelo, do qual saí ileso.

Constantemente escuto que a motocicleta é um meio de transporte perigoso, que nela estamos expostos e que na moto nós somos o para-choque. Discordo de todas elas e sou a prova de que estou certo. Depois de tanto rodar nas ruas, estradas e pistas; nas viagens e no uso diário, estou escrevendo sem nunca ter quebrado um osso, apesar de diversos ralados que até hoje permanecem impressos na minha pele e serviram como experiência, aprendizado e me avisam sempre antes de partir para usar o equipamento completo.

Grande erro que constantemente observo é relacionar o valor da moto, tamanho ou cilindrada, com o investimento necessário em equipamentos. Hoje, qualquer moto, por menor que seja, atinge 100 km/h e nessa velocidade um tombo certamente causará graves ferimentos ou poderá ser fatal.

Um equipamento muito fácil de sempre vestir e carregar, que fará uma diferença enorme num tombo, é a luva. Uma boa luva não vai lhe ceifar o tato com o guidão. Ideal que seja de couro para uso no pavimento de cimento ou asfalto. Algumas, ideais para uso em temperaturas altas e na cidade, oferecem entradas de ar e couro com pequenas perfurações. Quanto mais partes elásticas melhor, uma cinta para melhor fixação no pulso e evitar que ela saia da mão também é essencial. Pense para tudo que você usa sua mão e cogite machucar, quebrar ou mesmo ralar e ficar sem possibilidade de utilização.

Para minha escolha, pensei em diversos fatores e fiz uma equação entre eles. Proteção, beleza, praticidade, peso, conforto e versatilidade.

O capacete eleito para minha viagem foi o Zeus 3000 A. Trata-se de um capacete articulado, ou seja, a parte do queixo levanta, deixando meu rosto exposto. Nessa posição a viseira externa levanta também e tenho à disposição somente a viseira interna e solar. Ainda acho o capacete integral mais seguro, mas como precisava de praticidade para tirar fotos, me comunicar com polícia, nos pedágios, postos de combustível, pedir informações nas cidades e outras atividades ainda mais no frio, considerei esse o ideal. Sou favorecido pela boa proteção aerodinâmica da Citycom. Outros fatores existentes nesse capacete que me levaram a escolha foram o bom tamanho do óculo solar interno, a forração interna totalmente removível e lavável.

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Para os pés, escolhi as Botas Steitz modelo 1020, fabricadas no Rio Grande do Sul. A minha necessidade era de uma bota de couro, realmente impermeável, que não fosse tão rígida como as esportivas, para me fornecer conforto e a possibilidade de colocar diversas meias por dentro. Não tinha experiência ainda usando esta marca, mas me foram recomendadas, ainda assim o proprietário me convidou até a fábrica, experimentei diversos modelos e escolhi a que melhor me serviu. Não passou uma gota de água aos meus pés, me permitiu caminhar sobre o gelo e a neve, diversas vezes enterrando profundamente meu pé. Rodei dezenas de quilômetros arrastando ela no gelo para me equilibrar melhor na moto, chegando a desgastar a sola, que por ter uma espessura ideal para uso touring, não chegou ao final.

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Outro equipamento que considero essencial é o protetor e coluna. Escolhi o modelo de sete vértebras a Daihead. Conheço o proprietário da marca a anos e confio no trabalho dele, por isso fiz contato com ele logo que decidi fazer essa viagem e fui até o local onde produzem os equipamentos no Rio Grande do Sul. Esse equipamento gerou conforto e segurança.

Usei também da mesma marca do protetor de coluna, balaclavas, meias, camisas manga longa, calças tipo segunda pele e alguns protetores de pescoço. Como ia enfrentar muito frio, levei três conjuntos de segunda pele, para usar um sobre o outro. Sem dúvidas é a melhor roupa para usar em viagens e por baixo da jaqueta e da calça de motociclismo, pois é pouco volumosa, justa, bem elástica, o que aumenta o conforto e facilidade de transportar, além de secar muito rápido. Faço uso da segunda pele mesmo que não seja em viagens, me sinto muito confortável e aquecido. Usei e uso protetores de pescoço, tanto para proteger do frio e vento, como de eventuais picadas de animais e pedras.

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Externamente escolhi usar a calça Alpinestars A-10 Air Flow. Como tenho 1.80 e 75 kg, é a que melhor se adapta a meu corpo. As calças do tipo touring oferecem pouca proteção e difícil encaixe da proteção no joelho, que costuma se deslocar em acidentes. Essa calça que escolhi, é a única que não é feita em couro, mas com mesmo tipo de corte e proteção da calça dos macacões de duas peças, oferecendo proteção extra para os quadris, joelhos e canela.

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A jaqueta eleita foi a Alpinestars Quantun DNS, por oferecer além de segurança, versatilidade, com um design de jaqueta casual. Agradou-me o fato de ter diversos bolsos internos e externos, capuz, bolsos com material para aquecimento das mãos, e ser muito macia, pois é feita com 100% de algodão escovado e com tecnologia DNS ®, a jaqueta conta com acabamento impermeável e respirável. DNS ® é a nano tecnologia de impermeabilização aplicada nas superfícies da peça, tanto interna quanto externa, adicionando resistência à absorção de umidade, além de repelir água e vento.

Levei comigo ainda luvas de lã para usar por baixo da luva de couro, outra luva com revistimento de gore-tex para usar no frio e na chuva, capa de chuva tipo macacão, de um tamanho maior que o normal para meus 1.80 e 75 kg, pois uso por cima do equipamento de proteção.

O Gore-Tex é sem dúvidas ainda hoje o melhor tecido impermeável, tem seu preço, pois todo equipamento que recebe esse tecido na sua composição tem um custo elevado. Apesar de estar usando uma jaqueta com tratamento impermeável, prefiro sempre que chove vestir a capa de chuva, e assim evitar que tanto jaqueta como calça, fiquem encharcados, com cheiro ruim ou que se deteriorem em um tempo reduzido, prolongando a vida útil e me permitindo usar após sair da moto e encontrar eles secos no dia seguinte.

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Agora estou no Brasil em busca de mais e novos parceiros para em breve entrar na Bolívia, e também renovar a parceria com os colaboradores já existentes.

Dolor
23-08-12, 19:39
É motivo de orgulho quando um Fazedor de Chuva serve de inspiração para as pessoas, motivando-as a sair das suas zonas de conforto e partirem em busca das suas realizações.

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Neste próximo sábado, dia 25 de agosto, em São Paulo, o FC Marcio Silveira, cuja história está relatada aqui neste tópico, receberá os amigos em geral, na Podium, com detalhes no convite aqui anexado, para contar um pouco da sua história em cima de uma Scooter Citycom 300, e mais do que isso, agora ele será ainda mais ousado, pois terá como destino final o Alasca, e por nossa sugestão, Prudhoe Bay, onde será batizado como um Grande Cacique Fazedor de Chuva.

A única organização no mundo, que certifica aqueles que unem os extremos da terra, pelo lado americano, entre Ushuaia, na Terra do Fogo, Argentina, com Prudhoe Bay, Alasca, Estados Unidos, são os Fazedores de Chuva, que detém a originalidade e a autenticidade deste reconhecimento.

FC Márcio, conte desde já com os Fazedores de Chuva pelo meio do caminho, como portas onde poderás bater e receber os abraços de boas vindas.

Lembramos ainda que o VIII Encontro Intl dos Fazedores de Chuva, durante o período de 15 a 17 de novembro, em Vitória, ES, te espera!

Aprocheguem-se Fazedores de Chuva!