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Ver Versão Completa : Desafios do trajeto Fairbanks a Prudhoe Bay



Renan Xavier
23-09-11, 13:12
Sem dúvida, um dos trechos mais insólitos e difíceis de todo o trajeto Ushuaia - Prudhoe Bay é um de seus extremos, a ida de Fairbanks a Prudhoe Bay, no Alasca. O GCFC Artur Albuquerque reuniu alguns pontos desafiantes para que você vá preparado, sabendo o que vai encontrar pela frente.


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TRAJETO FAIRBANKS – PRUDHOE BAY

29JUL: FAIRBANKS – COLDFFOOT (415,14 KM)

GPS a aproximação do Circulo Polar Ártico. As letras miúdas informam que estamos na latitude 66º 20´. Agora falta pouco. Ele está logo aí na frente, na latitude 66º 33´. E pronto, ali está. Uma bela placa de madeira à beira da rodovia, informa que exatamente naquele ponto, passa o Círculo Polar Ártico.
As principais áreas pelas quais passa o Círculo Polar Ártico são: o norte do Canadá, o sul da Groelândia, o extremo norte da Islândia (ilha de Grímsey), o norte da Escandinávia e o norte da Rússia. Ao longo do tempo os Círculos Polares movem-se, estimando-se esse movimento em cerca de 15 metros por ano no sentido da redução.

O dia de hoje começou bem para nós, no Blue Roof Bed & Breakfast. Bem cedo, Joe nos aguardava com o breakfast feito por ele mesmo, e, segundo ele, especialmente preparado para motociclistas. Doravante, vamos procurar mais esse tipo de hospedagem, pois o custo benefício é grande. De quebra, deixamos reservados três quartos para a volta, e mais, deixamos por lá os nossos pertences que não precisaríamos para a ida até Prudhoe Bay, aliviando assim, o peso em nossas motos.

O trecho planejado para hoje, até Coldfoot, em torno de 400 Km, segundo informações, era todo em asfalto. Entretanto, a partir de Livengood, em muitos longos trechos, o asfalto sumia, dando lugar à uma estrada de terra batida. Esses trechos sem asfalto estavam muito bem conservados, permitindo velocidades de até 100 km/h.

A James Dalton Highway (AK 11) é uma estrada de cascalho de mais de 600 quilômetros, que sai da cidade de Livengood e segue em direção ao norte, aos confins do Alasca. A única construção no caminho é um oleoduto com 3 mil quilômetros que atravessa o Rio Yukon. A pista é muito escorregadia para os enormes caminhões que trafegam por ela, e pedras enormes costumam voar sobre os pára-brisas.

O abastecimento neste trecho é feito no Yukon River Camp, 221 km depois de Fairbanks. O local é bastante simples, mas dispõe de hotel e restaurante, onde degustamos uma sopa de salmão de excelente qualidade.

Outra novidade que encontramos por aqui foi a utilização da rodovia como pista para pouso e decolagem de pequenos aviões. Placas informam que os aviões têm prioridade. Esses aviões são utilizados por pessoal que faz a inspeção do oleoduto, que acompanha a rodovia. Esse oleoduto transporta petróleo da produção, em Prudhoe Bay, para ser embarcado em navios, no Golfo do Alaska, no Oceano Pacífico.

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Durante a viagem, a moto do Chico voltou a chorar. Algumas gotinhas de óleo marcam o local onde ela estaciona. Na metade da tarde, chegamos à Coldfoot. Quase íamos passando, sem perceber. A cidade é muito pequena. Na verdade, é um acampamento, com abastecimento de combustíveis, um hotel, e um restaurante. Algumas milhas à frente, em Wisemann, existem dois hotéis, que descobrimos mais tarde, já estarem lotados. É para lá que íamos, deixando para trás, o abastecimento, importantíssimo, porque é o único até Prudhoe Bay. Inclusive, para garantir, levaremos alguns galões extras, já que o próximo abastecimento está no limite de autonomia das Harleys (240 miles). Nossa impressão não foi à toa. Afinal, conforme o censo de 2000, Coldfoot conta com 13 (treze) habitantes, em seus 95,9 quilômetros quadrados.
E aqui aproveitamos para pernoitar no Slatter Creek Inn, típico hotel de acampamento, sem luxo, mas com o conforto necessário, à um preço razoável: USD$200,00 por apartamento. E no restaurante, um jantar especial, do tipo “all you can eat” por USD$19,90. No cardápio, além de saladas, arroz, batatas, salmão e pernil suíno, e para sobremesa, deliciosa torta de amoras e pêras. Talvez um dos melhores jantares da viagem.


30JUL: COLDFOOT – DEADHORSE (389,60KM)

Coldfoot Camp está cerca de 55 milhas, ao norte do Círculo Ártico, na margem oriental do médio rio Koyukuk, na junção com Slate Creek, que drena para o leste. Este é o lugar da comunidade de antigas mineradoras de Coldfoot, construídas aqui na virada do século. De acordo com registros históricos, a cidade original de Coldfoot teve escolhido o seu nome no verão de 1900, quando um grupo de desbravadores chegou até o Koyukut, e, ficando com os pés frios, retornou. O início consistiu em um salão de jogos, duas casas para viajantes, duas lojas, e sete “saloons”. Em cerca de 1912, os mineiros foram relocados em Wiseman, cerca de 11 milhas ao norte daqui. Atualmente, Coldfoot é um acampamento temporário, construído em 1970 para acomodar até 260 trabalhadores, durante a construção da rodovia estadual Alaska, e até 450 trabalhadores durante construção do oleoduto Transalasca. A altitude aqui é de cerca de 1.062 pés.

Desde a nossa chegada à Coldfoot, ontem à tarde, ouvimos diversos comentários a respeito da estrada até Prudhoe Bay, do péssimo estado em que ela se encontrava devido a fortes chuvas, e, pior, que as Harleys não passariam. Um verdadeiro terror. E isto vinha principalmente de motociclistas que passaram, em suas trails.

Amanheceu (se é que anoiteceu!) com tempo firme. Só um espesso nevoeiro cobria os morros vizinhos. Os tanques foram enchidos até a boca, com a moto em pé (bem na vertical) para caber mais combustível, e ainda, alguns galões sobressalentes para enfrentarmos algum imprevisto, e ganhamos a estrada.

A rodovia AK-11, ou Dalton Highway, está em obras, em toda a sua extensão. E o terror dos motociclistas é a dupla: patrola e caminhão da água. A primeira aplaina a estrada, deixando atrás de si, muita terra fofa. E o segundo joga água, para que, com o movimento dos caminhões, compacte o piso. Só que, enquanto não passarem os caminhões, e aquela água não secar, fica um lamaçal só. Não há moto que resista. É chão na certa.

Nestes 390 Km que separam Coldfoot de Deadhorse, a rodovia está em boas condições, permitindo velocidades de até 100 km/hora, com toda segurança. Após Happy Valley, que alegria. Asfalto, o velho e bom asfalto, e por 45 Km. Happy Valley é outra pequena cidade, com cerca de 500 moradores, apenas.

Deadhorse é composta principalmente de instalações para as empresas que operam nos campos de petróleo de Prudhoe Bay, bem como moradia para os trabalhadores dessas empresas.
À medida que avançávamos em direção ao Oceano Ártico, a paisagem ia mudando. Os bosques de pinheiros deram lugar à extensa pradaria coberta por capim. As montanhas sumiram. Muito longe, no horizonte, o céu azul e a terra se encontravam. Nenhum sinal de chuva. Agora nada mais era capaz de nos deter. Deadhorse estava bem ali, quase podíamos tocá-la com as mãos.
Quatro da tarde, estacionamos as Harleys em frente ao Artic Caribou Inn. Amanhã iremos a Prudhoe Bay, de ônibus, pois não é permitida a entrada de veículos particulares. Somente excursões organizadas.

31JUL PRUDHOE BAY

Impossível não falar sobre o hotel que estamos hospedados em Deadhorse: o Artic Caribou Inn. Como todas as construções daqui, é composto de vários conteiners ligados entre si, formando extensos corredores, em várias alas. Os apartamentos são pequenos, porém muito confortáveis. Tudo climatizado. A diária custa 190 dólares para duas pessoas, pensão completa: “all you can eat”. E a comida é da mais alta qualidade. Frutas frescas, saladas verdes, várias opções de carnes, sempre servidas em um bufê muito bem arrumado. Refrigerantes e sucos à vontade, o dia todo, que você mesmo “pega”, na máquina. Eu chamaria isto de um verdadeiro centro de engorda. Precisamos “vazar” daqui, sob pena de sobrecarregarmos as Harleys na volta.

Conforme previsto, hoje fomos conhecer Prudhoe Bay. A segurança é rigorosa. Veículos particulares são barrados. Somente podem circular por lá, os veículos das empreiteiras, e o ônibus do hotel que nos leva.

Rápida parada do ônibus, e nos é dada a rara oportunidade de termos contato com as águas do Oceano Glacial Ártico. Momento único que é festejado por todos. Alguns até ensaiam um mergulho, porém, mais parece uma cerimônia de “lava-pés”.

O petróleo aqui extraído é transportado pelo “pipeline” (oleoduto) por 800 milhas até Valdez, no Golfo do Alaska, Oceano Pacífico, onde é embarcado em navios petroleiros e levado para refinarias nos Estados Unidos.

O Golfo do Alasca é um braço do Oceano Pacífico definido pela curva da extremidade sul da costa do Alasca, que se estende desde a Península do Alasca e ilha Kodiak à oeste, até ao arquipélago de Alexander à leste.

Final de tarde, necessitamos aprontar nossas Harleys para a longa jornada de volta. Estão cobertas de lama. Uma delas, quase perdendo o suporte da sinaleira traseira; outra quebrou os dois suportes do morcego; outra perdeu a mola do pezinho, e outra rompeu os dois suportes das malas laterais. Os tanques estão vazios. Faremos o possível para que todas cheguem à Fairbanks, a mais próxima oficina HD, a 880 km daqui.

Jhenao
22-05-14, 00:46
Excelente relato, espero poder realizar este viaje y para ello les pediré consejo e informacion.
Un abrazo y a continuar rodando