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Ver Versão Completa : Desbravando as Americas



Guga Griebeler
26-08-14, 02:44
Depois de conhecer lugares no Peru, Chile, Uruguai, Argentina, Paraguai e passar por quase todos os estados brasileiros, veio aquela louca vontade de voar mais longe...... Sera possivel? Chegarei ate la? pois e.... Alaska na cabeca e vamos la...
Comecei uma viagem com varias possibilidades no dia 11/08/2014 que tem como sua primeira etapa Curitiba-Manaus. Estou quase no final dela e colocarei nos proximos dias um relato dos detalhes deste trecho. Agora eh mais planejamento e foco nas possibilidades da segunda etapa que em breve se iniciara....

serjão
28-08-14, 17:30
FC Guga Griebeler
Parabéns por ter iniciado mais uma jornada, que tenho certeza terminará com sucesso, deixe - nos saber dos passos desta sua experiência que nos enriquecerá também.
Abraços
GCFC Serjão

Guga Griebeler
28-08-14, 18:47
GCFC Serjão,
Obrigado pelas palavras de incentivo. É sempre bom saber que temos amigos nos apoiando pelo caminho...
Forte abraço
FC Guga Griebeler

Guga Griebeler
28-08-14, 20:48
Comecei a viagem com meu amigo Jackson Paraíba em Curitiba no dia 11/08/2014 tendo como a primeira etapa chegar a Manaus.
No primeiro dia fizemos Curitiba-Uberlândia com muita tranquilidade, visto que fomos por São Paulo através do Rodoanel, passando por Ribeirão Preto chegando em Uberlândia ainda com o sol a pino antes das 16 horas.
No segundo dia, saímos em direção a Brasília, passando antes por Goiânia onde queríamos conhecer a concessionaria da Harley. Fomos muito bem recebidos e após algumas trocas de idéia resolvemos mudar nosso trecho do terceiro dia por sugestão de um solicito funcionário que aparentemente conhecia bem a região. Saímos de Goiânia rumo a Brasília, onde após conhecer a concessionaria da Harley de lá, também aproveitamos para passar nos principais pontos turísticos da cidade.
No terceiro dia, conforme sugestão de nosso amigo de Goiânia, saímos bem cedo a ponto de ver um belíssimo nascer do sol na estrada rumo a Chapada dos Veadeiros. Pegamos a BR-010 que possui vários trechos em recuperação onde não há nenhum asfalto por vários quilômetros. Nos demais trechos a estrada está muito boa e recomendo o passeio por lá.4091240913 Chegamos em Palmas-TO pela tarde e ainda tivemos tempo para dar uma bela volta pela cidade.
Quarto dia da estrada, saímos de Palmas e fomos beirando o Rio Tocantins até Miranorte, onde entramos na rodovia Belém-Brasília e após mais centenas de kilômetros em péssima condição chegamos a cidade de Imperatriz no Maranhão.
Quinto dia na estrada e fomos rumo a Belém onde pegaríamos o barco para Manaus. Estrada razoável porem com um calor infernal fazendo-nos parar muito para repor a água que perdíamos através do suor em baixo de nossas jaquetas. Em Belém fomos recebidos com imenso carinho pelo FC Lélio, figura pra lá de carismática que nos acompanhou e mostrou a cidade durante os 3 dias que ficamos lá. Foi muito importante para nos dar suporte na escolha e procura da embarcação que nos levaria até Manaus. 40914
Embarcamos no “navio” Nélio Correa na terça dia 19 e após uma bela Viagem pelo Rio Amazonas chegamos a Manaus em 7 dias... Nossa viagem atrasou devido a vários problemas no motor do barco o que nos colocou a deriva perto de Santarém onde tivemos que ser puxados por um rebocador até o porto.40915
Consertado o motor seguimos viagem até Manaus onde fomos acolhidos pelo VFC Benicio, pessoa sensacional que nos proporcionou momentos agradáveis de lazer e cultura pela cidade.
Dia 26 termina nossa primeira etapa da viagem. Nossas HDs ficaram muito bem guardadas na empresa do amigo VFC Benicio de onde partiremos daqui algumas semanas para a segunda etapa de nosso projeto....40916
Nosso agradecimento especial aos amigos GCFC Dolor, VFC Benicio e FC Lélio pela dedicação de seu tempo e momentos que passaram conosco durante esses dias. Sem palavras para agradecer...

Dolor
28-08-14, 21:53
FC Guga Griebeler, o teu tópico foi movido para o seu lugar de direito, Almas Inquietas, pois quando os sonhos começam a se tornar realidade, este é o Território dos Fazedores de Chuva.

Parabéns pela tua determinação em transformar os teus sonhos em quilômetros, claro, pavimentados pela felicidade de estar em cima da moto rumo ao aquietamento da tua alma.

É maravilhosa essa cumplicidade dos pensamentos com o capacete, dando liberdade a eles de irem aonde quiserem, nos enchendo os corações com aquelas ondas de felicidade, característica destes veículos mágicos, cujos roncos nos alimentam e nos impulsionam, não é verdade?

E o que se falar das pessoas que cruzam os nossos caminhos?

Gente pra lá de especial, se doando pelo prazer de servir, de conhecer e de interagir, movidos pela corrente do bem, nos obrigando a fazer parte desta engrenagem, criando este círculo de grandes relacionamentos, silenciosos, porém, sempre disponíveis para apoiar as Almas Inquietas pelo caminho.

Eu simplesmente sou apaixonado por estas criaturas sempre a postos, reagindo instantaneamente aos chamados, sem nunca questionarem sobre o destinatário das suas atenções.

O fazem de coração aberto e isto é simplesmente maravilhoso!

Parabéns FC Guga Griebeler e obrigado aos FC que o apoiaram, lembrando que a Sede Intl dos FC não sem portas para os seus Fazedores.

Não se esqueçam do X Encontro Intl dos FC, a se realizar em Itajaí, SC, durante os dias 14 e 15 de novembro, onde teremos boas taças de vinho em volta da nossa fogueira da amizade.

Aprocheguem-se FC!

Guga Griebeler
27-04-15, 23:01
Chegamos a Manaus para iniciar a segunda etapa de nossa viagem rumo ao desconhecido… Agora neste segundo trecho, Jackson Paraíba dá lugar a Bibo Kaufmann que me acompanhará até Quito.52205
Dia 1 - Saímos de Manaus bem cedo rumo a Boa Vista. Neste caminho há uma reserva indígena onde a estrada pavimentada se acaba e tivemos que torear nossas máquinas durante dezenas de quilômetros de estrada de chão com muita lama e buracos enormes em meio a Floresta Amazônica… Sem termos a informação correta de abastecimento, ficamos sem combustível, pois não há onde abastecer num raio de aprox. 160 quilômetros… Tivemos sorte de encontrarmos uma boa alma que nos salvou com um pouco de gasolina para continuarmos a viagem…52206
Dormimos em Boa Vista onde encontramos amigos queridos do Roraima Moto Clube que nos ajudaram com a documentação necessária para podermos entrar na Venezuela.
Dia 2 – Saímos rumo a Pacaraima numa estrada agradável de 230 km até chegarmos a fronteira. Após uma imensa burocracia e perda de tempo entre tomar vacinas e ter que ir fazer o seguro obrigatório da moto para rodar no país, depois de quase 3 horas conseguimos seguir viagem. Para fazer o seguro temos que ir até a cidade de Santa Elena de Uiaren – Venezuela e depois retornar para a fronteira onde é emitida a autorização de entrada do veículo.
Entramos por Santa Elena de Uiaren e minutos depois estávamos passando pela “Gran Sabana”, um lugar de visual incrível, junto ao monte Roraima que pudemos disfrutar por um bom tempo até entrarmos numa serra com uma floresta fechada onde mal podíamos enxergar o céu, pista escorregadia e curvas arrepiantes muitas vezes com arvores caídas pelo caminho. Foram momentos de tensão e expectativa de que não houvesse nenhuma barricada ou encontros com assaltantes no final de cada curva. Felizmente tudo acabou bem e entramos numa área onde passávamos por pequenas vilas a todo momento nos fazendo sentir um pouco mais de segurança.
Neste dia não havias postos de serviço no caminho, apenas bombas de combustíveis vigiadas por militares que muitas vezes não queriam nos deixar abastecer. Era sempre um exercício de paciência e muita conversa para conseguirmos sair com o tanque cheio até a próxima parada.52207
Chegamos a Upata já com o Sol se pondo e fomos direto para o hotel Andreas onde conseguimos um quarto para passar a noite. Ficamos por lá mesmo e conseguimos comer algo em um restaurante anexo a ele.
Dia 3 – saímos bem cedo com destino a Puerto La Cruz onde pegaríamos o ferry para Isla Margarita. A viagem foi tranquila com excessão da passagem por Puerto Ordaz onde ficamos presos por mais de uma hora no meio do congestionamento e bagunça do transito sem nenhuma orientação e infra-estrutura dos veículos de transporte de passageiros. Eram dezenas de paus de arara com pessoas caindo para fora e se segurando como podiam… Mas apesar de um povo sofrido nunca se negavam de nos ajudar com informações sobre os caminhos que podíamos pegar para continuar nossa jornada.
Passamos pela ponte Orinoco, muito bela e fomos rumo a El tigre, onde após abastecermos as motos saímos rapidamente por ser considerada uma das cidades mais violentas deste trecho.
Chegamos em Puerto la cruz e com ajuda de um amigo de lá, Capitão Bolivar, conseguimos providenciar rapidamente os tickets para embarque no próximo ferry que sairia em 3 horas… Fomos almoçar em uma espécie de mercado em frente ao mar e mesmo apesar de muito simples, fizemos uma excelente refeição.
Neste dia tivemos a primeira emoção de chegar rodando com nossas motos até o mar do Caribe…52208
Dia 4 – Ficamos praticamente o dia todo descansando em um hotel de Isla Margarita e nos preparando para os próximos dias de viagem que seriam bem puxados.
Dia 5 – Saímos de Isla Margarita e no ferry de volta a Puerto a Cruz conhecemos o Roberto, um motoqueiro da Ilha que trabalhava em Angola e falava bem o português. Ficamos muito amigos e ele nos acompanhou até a saída da cidade nos poupando de entrar no centro e pegar novos congestionamentos. Saímos rumo a Valência passando por Caracas onde fizemos o possível para que fosse o mais rápido possível para evitar as manifestações que estavam acontecendo por lá e fugir de qualquer ameaça de violência ou assalto. Já estávamos avisados que a situação por lá estava bem crítica e perigosa para pessoas de fora. Felizmente conseguimos sair de lá sem nenhum problema e chegamos a Valência antes do anoitecer.
Dia 6 – Saímos de Valencia rumo a Maracaibo, ultima cidade que ficaríamos na Venezuela antes de entrarmos na Colômbia. Durante o caminho tivemos nossa primeira abordagem de militares na estrada. Foi um momento de tensão pois víamos claramente que seríamos extorquidos a qualquer momento. Depois de muitos minutos de revistas, broncas e abre e fecha de malas e bagageiros das motos, quase que por um milagre aparece uma caminhonete com o que pareciam oficiais do exercito e fazem com que os demais militares nos liberassem para seguir viagem. Saímos o mais rápido possível e algumas horas depois estávamos passando por uma imensa ponte de quilômetros de extensão que marcava a entrada da cidade de Maracaibo.52209
Pra variar, nosso GPS nos fez passar mais uma vez por locais da cidade que nenhum turista deve aparecer nem de longe. Mas por muita sorte, conseguimos passar ilesos e chegamos ao hotel onde passamos a noite sob a recomendação de não colocar nem o nariz para for a devido ao perigo e violência da cidade.
Dia 7 – Saída de Maracaibo até a fronteira deveria ser tranquila se não tivéssemos sido parados mais de uma dezena de vezes por grupos de militares que sempre pediam a mesma coisa ou simplesmente queriam ver as motos de perto. Felizmente nenhum desses queria nos extorquir.
Chegamos cedo na fronteira e depois de toda aquela burocracia com documentos, descobrimos que a pessoa responsável por liberar os veículos ainda não tinha chegado. Esperamos por quase 5 horas e até com todo o descaso conseguimos seguir viagem até a cidade mais próxima onde deveríamos fazer o seguro obrigatório para rodar na Colômbia. O local estava fechado para almoço e abriria as 14h. Esperamos por 40 minutos e quando fomos atendidos ficamos sabendo que nosso seguro só poderia ser feito em outra cidade a aproximadamente 80 km de lá. 52210
Resumindo: Depois de perder horas tentando fazer o seguro sem sucesso resolvemos tocar viagem correndo o risco até uma cidade maior, no caso Cartagena onde passariamos a noite. Devido a todos os atrasos do dia e para não termos que viajar a noite acabamos ficando para dormir em Santa Marta, um balneário 250 km antes de Cartagena. Cidade muito simpática cheia de pousadas onde conseguimos um local com camas confortáveis e ótimo banho. Depois deste dia cansativo era tudo que precisávamos.
Dia 8 – De Santa marta a Cartagena foi uma viagem tranquila com um único incomodo de um trecho da estrada bloqueado nos fazendo perder mais de duas horas no transito da cidade de Barranquila debaixo de um sol quente.
Chegamos em Cartagena cedo da tarde o que nos deu tempo para efetuar o seguro obrigatório das motos e dar uma boa passeada pela cidade velha.
Dia 9 – Começam os piores trechos da viagem. De Cartagena a Medellin foram quase 700 km em aproximadamente 10 horas de viagem. Muita chuva e muitas curvas fechadas nas cordilheiras entre as duas cidades. Em alguns trechos era impossível andar acima dos 50 km/hora. Estrada tensa que foi recompensada por uma excelente acolhida que recebemos na loja da Harley Medellin. O pessoal nos ajudou com o hotel e nos deram uma ótima dica para o jantar. Fomos dormir cedo pois já sabíamos o que nos esperava para o dia seguinte…52213 52214
Dia 9 – Medellin a Popayan foi o pior trecho do caminho. As motos derrapavam muito nas curvas das cordilheiras que por vários trechos ficavam sem asfalto que se transformava em caminho de pedras e buracos. Garoa durante todo o trecho das cordilheiras que em determinado momento nos deu uma trégua mostrando um cenário da natureza digno de parar e fazer reverencias tamanha a beleza do lugar. Foi um momento mágico onde a sensação era de estar junto a Deus por alguns minutos. Só de lembrar daquilo já fico emocionado…52211
Chegamos a Popayan, cidade com um centro histórico belíssimo e muito bem conservado. Ficamos a alguns quarteirões num hotel onde antigamente era um monastério.
Dia 10 – Saímos cedo de Popayan com destino a nossa ultima cidade desta etapa da viagem. Quito. Após alguns quilômetros rodados chegamos na fronteira onde ficamos surpresos com a simpatia e receptividade dos equatorianos. Uma vez dentro do equador as estradas começaram a ficar melhores e tivemos uma surpresa positiva cada vez que ficávamos mais perto de Quito, A cidade é muito organizada e de uma beleza natural devido a sua geografia como nenhuma outra cidade que conheci. É uma metrópole cercada de cordilheiras e vales espetaculares que justificam a visita.52212
Dia 11 - Após deixarmos nossas HDs na revisão, passamos ótimos momentos ao lado dos amigos Camilo e Anita que nos mostraram belos lugares da cidade.
Dia 12 – Fomos conhecer mais um pouco da cidade e a tarde pegamos nosso voo para Curitiba.

Gilmar Dessaune
28-04-15, 11:07
Bom dia FC Guga Giebeler,

Nossa!!!

Só de ler já fiquei sem fôlego, imagino VIVER tudo que viveram nesses dias ora relatados: tensão, estresse, riscos diversos, encontros maravilhosos e a realização de estar vivendo uma aventura ímpar que vai mudar a vida de vocês para sempre. Num tem como ser o mesmo após uma viagem dessas.

Espetáculo de fotos e uma narrativa didática e emotiva, tudo bom para nosso querido Território Fazedores de Chuva.

Somos gratos e felizardos por estar compartilhando conosco todas essas emoções, obrigado.

Agora, que nos deixou provar o "doce", ficamos na expectativa... queremos é MAIS!!!! hehehehhe

Abração.

Benicio B
28-04-15, 15:00
52218
Guga a sua narrativa sensacional mostra bem como somos e seremos sempre jovens sonhando e acima de tudo dividindo. Em frente e para o alto (lembra disso) estamos por aqui te acompanhando e alimentando os nossos sonhos.
Abraços de todos nós.
VFCs Benicio, Marcio e Edvan.

Celso Ferreira
28-04-15, 20:02
Parabéns pela aventura.

Viajar pela Amazônia, Guianas e Venezuela estão em meus sonhos.

Vejo que é possível fazer numa Electra.

Belo relato o de vocês. Quando inicia a 3ª etapa?

Abraços,

GCFC Celso Ferreira.

Guga Griebeler
27-05-15, 01:02
Quito – Rio Branco: O Resgate

Dia 1- Saimos de Quito antes de amanhecer e assim conseguimos nos livrar do trafego e ganhar uma horinha de estrada que perderiamos parados nos congestionamentos.
O equador possui belas estradas e as melhores delas estão nos arredores de Quito.
Andamos por aproximadamente 150km por uma excelente auto estrada até desviarmos para uma rota alternativa e começarmos a subir nossa primeira cordilheira que para nossa surpresa tambem foi a última dentro do Equador. Saimos de aprox 21 graus para 2 graus no topo das montanhas e depois de aprox uma hora já estávamos com uma temperatura passando dos 30 gaus. Este desvio que fizemos foi por uma rota indicada no gps, passando por uma cidade chamada Oviedo. Apesar de não ser uma das rotas mais usuais e nos acrescentando uma hora a mais na viagem a paisagem e beleza da natureza mais uma vez compensaram as dificuldades do caminho. Neste dia como tínhamos alfândega para entrar no Peru (que por incrível que pareca não demorou mais que uma hora) foi um dos trechos mais longos que ja fiz numa viagem. Foram 15 horas de estrada de Quito-Equador ate um local chamado Playa Los Organos no Peru. Tinhamos programado ficar numa praia chamada Mâncora, mas como ja estava noite e escuro, acabamos não encontrando o hotel e paramos um balneário a frente. O Peru após a fronteira com o Equador possui diversas opções de estadia em inúmeros balneários espalhados pela sua costa.
Ficamos na Posada los Organos. Bonitinha sem luxo mas com um excelente restaurante onde pudemos apreciar um delicioso ceviche.
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Dia 2- Mais uma vez saímos antes do raiar do dia e fomos presenteados com um nascer do sol numa região de cordilheiras brancas ladeadas pelo Oceano Pacífico. Um visual de tirar o folego por muitos quilômetros até chegarmos a nossa cidade destino chamada Trujillo. Mesmo perdendo muito tempo atravessando diversas cidadezinhas pelo caminho, ainda estava muito cedo e resolvemos tocar mais umas horas chegando em Chimbote, uma cidade maior, as margens do Oceano Pacífico que vive da pesca. Como tudo na vida tem um “Porquê”, paramos num hotel chamado Birilla onde fizemos amizade com o dono, uma pessoa muito atenciosa que nos deu boas dicas das estradas que pegaríamos no Peru. Chegamos a mudar nosso trajeto por causa de suas preciosas informações. Tambem nos indicou um excelente restaurante onde pudemos comer uma excelente carne de boi depois de várias refeições a base de peixe. O que também não é nenhum sacrifício….
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Dia 3 – Saimos do hotel por volta das 6:30h e já pegamos um congestionamento na saida da cidade. Rumo a Lima mais uma vez fomos agraciados por uma ótima estrada no meio de cordilheiras de areia com uma vista fenomenal do oceano pacifico que muitas vezes estava num nivel muito abaixo de onde nos encontrávamos quando subíamos pelas estradas das cordilherias. A chegada em Lima foi tensa. São aproximadamente 30 km de congestionamento até conseguimos encontrar o hotel. Durante uns 10 km andamos com a pista inundada de óleo que dificultava muito a condução e frenagem das motocicletas. Mas tirando alguns sustos tudo correu muito bem. Conhecemos Um pouco do Bairro Miraflores e nos esbaldamos com sua gastronomia.
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Dia 4 – Saimos cedo de Lima e como era domingo pegamos pouco trânsito na saida o que nos permitiu fazer uma boa quilometragem ainda pela manhã. Nosso destino era passar por Nasca ate Puquio, um pequeno povoado no meio dos andes. Foi um dia de visuais muito diferentes, pois costeamos o pacífico, andamos pelos desertos de Nasca e subimos por uma cordilheira de nos tirao o folego tamanha a beleza e que me impossibilita de achar palavras para descrevê-la. Alem de muito linda, uma das mais perigosas que passamos. Muitos buracos e sem asfalto em varios trechos.Foram 160 Km em 3 horas. Praticamente nao tinha retas. Somente curvas e mais curvas….
Nos dirigimos a Plaza de las Armas de Puquio e encontramos o centro da civilização do povoado. - Aqui vai uma excelente dica para qdo estiverem passando por cidades desconhecidas: Sempre procurem a Plaza de las Armas. Todo povoado do Peru tem e é pelos seus arredores que ficam os melhores lugares para dormir e comer - .
Como era Domingo fomos dar uma olhada na missa que estava acontecendo numa igreja de 1732 quase ao lado de nossa hospedaria. Ao mesmo tempo em que pudemos agradecer a Deus pelos bons dias que tivemos até aquele momento ainda participamos de uma bela cerimônia religiosa da comunidade.
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Dia 5 – Saimos de Puquio e o sol ainda não brilhava no céu. Começamos a subir mais uma cordilheira quando a temperatura começou a despencar… Chegou a um momento em que tivemos que parar e esquentar os dedos dos pés e mãos no motor da moto tamanho o frio que estávamos sentindo. Foi um dia de contrastes enormes de temperatura pois a medida que andávamos a temperatura variava entre 0 grau e 29 graus em curtos períodos de tempo. Conseguimos nos esquentar também com um delicioso caldo de galinha, tradicional na região, que encontramos sendo servido a beira da estrada em um pequeno vilarejo…. Depois de 12 horas de estrada finalmente chegamos em Cusco onde passaríamos a noite. Encontramos um belo hotel onde pudemos guardar as motos e depois de uma bela refeição, uma merecida noite de sono.
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Dia 6 – Já estávamos acordados as 4 da manhã. Arrumamos nossas coisas e tomamos um café por volta das 5 horas. Saimos do hotel logo em seguida com destino a nossa última cidade do Perú chamada Puerto Maldonado. Após uns 90 km de Cusco pegamos uma imensa serração no início de uma cordilheira. Depois de muitos quilometros de tensão com muito pouca visibilidade, começamos a subir a montanha a ponto de ficarmos acima das nuvens que provocavam a neblina na estrada. Mais uma surpresa. Quando achamos que já vimos as coisas mais belas da natureza, ela por mais uma vez nos mostra sua infinita variedade de paisagens em cenários quase que impossíveis de se descrever…. Começamos a avistar os maiores picos nevados da viagem que foram crescendo cada vez mais a medida que nos aproximávamos. Eu já tinha passado por este caminho em 2010 mas nessa época do ano a neve estava em quantidades muito superiores. Depois de horas rodando ao lado na neve, em questão de poucos minutos começamos a avistar cordilheiras verdes logo a frente conforme íamos descendo um pouco o nivel de altitude. Era o início da amazonia peruana. Montanhas imensas em meio a floresta com uma trilha de asfalto rasgando suas terras mais longinquas rumo a fronteira do Brasil. Na descida desta última cordilheira fomos surpreendidos por uma imensa ponte caida sobre a estrada o que nos deu como única alternativa descer aproximadamente 15 kilometros da montanha por uma estreita trilha de pedra e terra em meio as árvores e buracos pelo caminho. Nossas Harleys pareciam touros bravos que tinhamos que dominar antes que fossemos lançados delas devidos aos solavancos do terreno.
Vencida esta etapa e chegando novamente a uma estrada com asfalto, fomos descendo com um cenário de montanhas verdes e um imenso rio que levaria suas águas do degelo da montanha até nossas terras brasileiras… Já num nível de altitude mais baixa, começamos a tiras nossas roupas de frio, pois a temperatura já tinha subido para 35 graus. Depois de mais algumas horas, passamos por um garimpo onde anos atrás uma das motos de nossa turma tinha quebrado. Foi um momento de grande tensão que merece ser contado numa outra oportunidade.
Finalmente chegamos a Puerto Maldonado, uma cidade quase que obrigatória para se dormir quando vai ou vem do Brasil ao Peru devido a sua localização. Fica a umas três horas da fronteira com o Brasil e umas 6 horas de Rio Branco no Acre.
Deixamos nossa motos no hotel e fomos de moto-táxi até a Plaza de las Armas para comer algo e reabastecer nossos reservatórios…
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Dia 7 – Acordamos com um forte barulho de chuva. Era somente isso que faltava para completar a viagem. Depois de esperarmos um pouco a chuva diminuiu. Saimos um pouco mais tarde para não chegarmos muito cedo na fronteira e correr o risco de estar fechada. Após um delicioso café numa padaria que encontramos pelo caminho pegamos a estrada as 7 da manhã. Muito tranquilo até a fronteira com o trecho de maior número de lombadas da viagem toda. Eram dezenas delas pela estrada devido ao grande números de povoados existentes por todo o caminho. Fronteira tranquila com pessoas atenciosas. Rapido e eficaz. Após a última Inca Kola da viagem fizemos nossa entrada no Brasil. Este último trecho da viagem até Rio Branco foi um dos mais lentos. Enquanto no Perú tinhamos dezenas de lombadas no alfalto, no Brasil tínhamos centenas de buracos em um asfalto de péssima qualidade. Mas mesmo com esses tristes detalhes de nosso país, mais uma vez a alegria de estar novamente em casa compensou os detalhes da falta de infra estrutura.
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Chegamos a Rio Branco debaixo de chuva e aproveitamos para parar num posto e comer um excelente pão com ovo. Praticamente um banquete para quem estava sem comer a quase sete horas. Os detalhes da viagem de Rio Branco a Curitiba contarei junto com a história do garimpo em nossa viagem de 2010.
Forte abraço a todos que acompanharam nossa viagem e aventuras pela América do Sul.

Resumo da Viagem:
KM rodados: 12.786 de estrada
22 dias rodando
7 dias parados em cidades
7 dias de barco de Belém a Manaus pelo rio Amazonas

Guga Griebeler
27-05-15, 01:04
Porquê o Resgate?
Quando iniciamos nossa aventura em agosto do ano passado (2014) a idéia era de seguirmos até Cartagena e de lá para o Panamá cruzando toda a américa central rumo aos EUA, Canadá e Alaska.
Tivemos que mudar os planos devido a muitos fatores que influenciaram minha vida e de meus companheiros de viagem durante a primeira e segunda etapa da viagem… Mudanças econômicas em nosso país e novos desafios de trabalho foram as principais delas. Para não retornarmos de imediato, resolvemos dar uma esticadinha mesmo sabendo que as coisas poderiam se complicar. Fizemos a segunda etapa saindo de Manaus passando pela Venezuela e Colômbia até chegar a Quito de onde iníciaríamos a terceira e última parte de nossa aventura alguns meses mais tarde. Como tinhamos apenas 3 meses de autorização para permanecermos com nossas motos no Equador, tivemos que nos organizar conseguindo consiliar nossas agendas para o unico possivel período que tinhamos para sairmos juntos e buscar nossas companheiras. 45 dias após deixá-las, estávamos retornando a Quito para “O Resgate”!
Abaixo segue detalhes dessa nossa viagem feita as pressas em meio a cordilheiras, desertos e inúmeras paisagens de tirar o fôlego…

Gilmar Dessaune
31-05-15, 02:59
Boa noite FC Guga Griebeler,

Olha, espetacular a aventura, narrativa e registros fotográficos. Um verdadeiro show para o deleite de nossos olhos.

Quanto mais convivemos aqui no Território FC mais nos surpreendemos com situações inusitadas e lindas como essas narradas.

Tomara que tenha mais em "estoque" ou que em breve estejam gerando mais histórias desse nível pra engrandecer e servir de inspiração para todos nós que vivemos aqui no TFC.

Parabéns por tudo, um espetáculo de ver e ler.

Abração e nos conte mais, se assim o desejar.

Guga Griebeler
31-05-15, 22:34
Prezado VFC Gilmar Dessaune,

Obrigado pelas gentis palavras e fico feliz que tenha gostado da história desta viagem.
É muito bom partilhar de nossas aventuras com pessoas que entendem o que sentimos quando estamos em cima de nossas motocicletas.
Tenho sim muitas outras passagens que seriam dignas de serem contadas. Infelizmente conheci o Fazedores de Chuva a pouco tempo e nunca tive o costume de escrever sobre minhas viagens. Tentarei resgatá-las da memória e se possível dividir com todos os FC's.

Forte Abraço

FC Guga Griebeler

Guga Griebeler
31-05-15, 22:42
Prezado GCFC Celso Ferreira,

Já fiz o relato de nossa última etapa da viagem. Foi mais rápido que eu imaginei.
Não desista de conhecer estas terras ao norte de nosso continente. São espetáculos a parte.
Sempre fui muito fã de Harley e não me imagino desbravar as estradas deste planeta em outro tipo de motocicleta. Até hoje minha Electra nunca me deixou na mão. Mas é claro que algumas vezes sofremos bastante também... rsrsrs Mas faz parte da aventura.

Forte Abraço

FC Guga Griebeler