" Do Atlântico ao Pacífico - Duas Rodas e Dois Oceanos."

[sergio pires]

Bem, o tempo da preparação para esta nossa nova viagem está chegando ao fim.
Moto revisada, pneus novos, bagagem em fase final de preparacao, documentos em dia e algum din din no bolso.
A CONFRARIA DO FIN DO MUNDO vai partir novamente. Não estará completa desta vez, infelizmente, mas vai partir assim mesmo.
Nesta 5a. feira as 07:00 em ponto daremos a partida para um passeio rumo ás planícies do deserto argentino, escalando os Andes pelo seu mais belo passo, o de Jama, com direito a visitas a alguns vinhedos no trajeto, daí o título da nossa aventura "Do Atlântico aos Andes - Duas Rodas e Alguns Vinhedos"
Desta vez temos um motivo a mais para estarmos felizes, pois nossas queridas estarão conosco em nossas garupas.
Para quem não conhece a Confraria do Fin do Mundo, ela nasceu na Bahía de Lapataia, á beira do canal de Beagle, numa memorável viagem de 8 amigos realizada em 2010. Seu simbolo é o Taú de São Francisco. O Taú é uma cruz com a forma da letra grega TAU (T) e é a convergência das duas linhas: verticalidade e horizontalidade, significam o encontro entre o Céu e a Terra. Divino e Humano. São Francisco de Assis adotou o taú como seu símbolo.
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Se olharem para o cordão, verão 3 nós. Cada nó tem um significado, qual seja: O primeiro nó significa A Humildade, o segundo significa A Paciência e o terceiro significa A Perseverança. E nós, da Confraria, acrescentamos um quarto nó, que para nós significa A Amizade.
Estamos partindo, e vamos ver se postamos alguns trechos da viagem aqui e, assim, compartilharemos nossas alegrias com voces também.
Um abraço.
S.Pires

[Dolor]

FC Sérgio, já estou grudado!

Desde já desejamos que a felicidade seja o pavimento principal dos milhares de quilômetros que serão percorridos, muito melhor agora com as queridas ou adelitas, para os FC, formando um só corpo. Agora sim o comboio sai completo!

Ficaremos em "terra" à disposição e sempre alertas.

Um privilégio poder sair nesta época, quase outono, com temperaturas muito agradáveis, lembrando para não se cansarem de fazerem os registros fotográficos, simplesmente a materiallização de tudo o que foi vivido.

A respeito do Taú, São Francisco deve estar muito orgulhoso ao ver que vocês fizeram a complementação com o quarto nó. Nem ele pensou nisso!

Parabéns!

[sergio pires]

1o. Dia - Blumenau-Deonisio Cerqueira.
650 km.
Primeira etapa concluida com sucesso, pegamos uma bomba d'agua daquelas de lavar a alma e estavamos de fato precisando. Entao, aproveitamos e deixamos a chuva lavar mesmo as preocupacoes, e todo o peso do dia a dia. Afinal, uma viagem serve tambem para desestressarmos.
Entao a chuva veio, e aproveitamos para deixa-la nos lavar a alma.
O oeste catarinense e paranaense concentra grande parte da producao agricula do pais.
Linda regiao e no final do dia, o Senhor dos Tempos nos brindou com um lindo por do sol
Amanha, a meta e chegar a Corrientes.
E durante o trajeto hoje, decidimos que iremos ate o Pacifico, entao, o projeto mudou de nome e passou a se chamar:
" Do Atlantico ao Pacifico - Duas Rodas e Dois Oceanos."
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[Dolor]

FC Sérgio, não falei que estava grudado?

De um modo geral, a Angela e eu, nunca podemos sair e por vezes quando vamos cruzando o portão de casa uma sensação de fuga, de culpa nos acompanha. Também é verdade que quanto mais vamos nos distanciando da nossa rotina, mais leves vamos ficando e aquelas nuvens de preocupações vão se dissipando e conseguimos, finalmente, entrar em sintonia.

Mesmo perigosa e normalmente inoportuna, a chuva tem esta capacidade, como bem disseste, de ir lavando as nossas almas, limpando-nos do peso das responsabilidades que em boa parte do tempo nos sufocam, permitindo com o passar dos quilômetros que possamos nos integrar com a moto, o vento e as paisagens, transformando os nossos sonhos nesta realidade gostosa que vocês estão vivendo.

Sigam em frente, aproveitem todos os minutos, nos levem com vocês e muito melhor agora com este novo título unindo estes dois oceanos que nos envolvem neste lado do planeta.

[Dolor]

FC Sérgio, se me permitires, posso alterar o título para a nova proposta:

" Do Atlantico ao Pacifico - Duas Rodas e Dois Oceanos."

Abraços e boa viagem
Dolor

[sergio pires]

2o. Dia - Dionisio Cerqueita-Corrientes 650 km
Amanhecer belissimo, e lindas as retas das estradas argentinas.
Amanha, chegamos a Salta para um merecido descanso.
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[Dolor]

FC Sérgio, linda foto do amanhecer.
E que tal a experiência de pilotar uma seis canecos?
Vai atendendo as expectativas?
Espero que a Celise também esteja se sentindo mais cômoda.
Com a atenção e cuidado que dispensas aos equipamentos, a tua Gold deve estar pra lá de gostosa de pilotar.
Aproveitem e nos levem!

[sergio pires]

3o. Dia - Corrientes - Salta 832 km.
O dia amanheceu nervoso, nuvens carregadas anunciavam ja de manha uma tempestade bastante forte.
Pegamos ela de frente, ventos fortissimos e muita agua.
Mas, vencemos o trecho e a seguir, ceu azul. Preparavamos para a travessia do Chaco argentino, e principalmente os Pampas de Los Infiernos. A contar pelo calor, de fato se ali nao e o inferno, mas faz parte do seu territorio.
As estradas argentinas sao um show. Moto no piloto automataico ajustado a 120 km por hora no GPS, e la fomos nos.
5 motos, rasgamos o chaco ao meio, e a tardinha, chegamos a belissima cidade de Salta.
Com todo o esplendor de uma cidade magnifica, suas igrejas seu agito noturno.
Estsmos aos pes da cordilheira, hoje, dia de folga, dia de passear.
Amanha bem cedo, enfrentaremos a passagem para o Chile, ja com um friozinho na barriga pois chegaremos aos 5 mil metros de altitude.
Dolor, sobre a moto, fantastica, os 6 canecos parecem um so. Magnifica!!!
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[Dolor]

FC Sérgio, que comboio bonito!

Tens razão, quando da subida nesse Andes maravilhoso, dá um friozinho na barriga, uma vez que tudo será colocado em cheque; pessoas, rota e equipamento, temperados com o melhor da adrenalina.

Aqui na costa de Santa Catarina, mais especificamente em Balneário Camboriú, depois da tormenta de ontem, sábado, somos brindados com um sol maravilhoso, aliás, o mesmo que os ilumina aí aos pés dos Andes.

Coisa fantástica essa democracia do sol, o mesmo para todos!

[sergio pires]

4o. Dia - Salta no domingo.
Depois de 3 dias seguidos andando de moto, e ainda mais com as queridas na garupa, escolhemos Salta para descansar.
Lindissima cidade, fundada em 1537, suas igrejas e pracas muito bem cuidadas nos remetem a um passsado glorioso.
Vale a pena ficar alguns dias e conhecer todos os locais indicados, e sao muitos.
Como tinhamos somente o domingo, aproveitamos para descansar e passear, alem de claro, de aproveitar a bela culinaria local.
No final da tarde, um temporal fortissimo caiu sobre a cidade e o risco do passo de jama estar fechado existia.
Amanha veremos.....
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Salta tem a melhor empanada da argentina e quem ainda nao comeu empanadas na argentina, tem de programar e comer.
Alem das carnes, e' claro.

[sergio pires]

5o. dia -Salta-Calama - 670 km.
O dia amanheceu chovendo em Salta, frio muito frio e ainda nem chegamos aos pes da cordilheira.
Na noite anterior, tentamos sem sucesso achar hotel em San Pedro do Atacama, sem sucesso, todos lotados.
Entao, nossa reserva foi feita para Calama, que dista 100 km apos San Pedro, e foi essa a nossa alternativa.
Saimos cedo de Salta e aos poucos, fomos chegando ao nosso sonho.
Antes, no ultimo abastecimento, colocamos as roupas mais quentes, balaclava, e tb compramos um saquinho de folha de coca para cada casal. O risco de passar mal na cordilheira e real, entao, mascar folha de coca e recomendado.
A travessia foi sensacional, maravilhosamente bela, um ceu azul anil lindissimo, rotas perfeitas.
Subimos a 5 mil metros de altitude, vales secos, neve no cume das montanhas, e pilotamos no altiplano num bale maravilhoso.
Digo a todos que, aqueles que nao conhecem este passo, o de Jama, devem conhecer.
Voce, com certeza tera uma dimensao diferente da vida, das coisas simples, do belo, do desconhecido.
Foi emocionante.
Chegamos no cair da noite em Calama, cansados, exaustos, mas incrivelmente felizes por estarmos aqui, juntos, entre amigos tao especiais e ter pilotado uma moto, num lugar tao maravilhoso, tao espetacular, que jamais as imagens daquela imensidao saira de nossas mentes.
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[sergio pires]

6o. Dia - Calama - Tocopilla- Iquique - 550 km
Enfim, o ultimo ataque rumo ao Pacifico, ao tao sonhado Pacifico.
Hotel sensacional 5 estrelas em Calama, dormimos bem e acordamos revigorados depois do dia maravilhoso que passamos ontem e no cafe, ainda comentavamos das maravilhas que vimos.
Saimos mais tarde, as 09 horas, e depois de percorrer pouco mais de 230 km, la estava ele, o Pacifico, onde o avistamos na capital nacional da energia, a cidade de Tocopilla. Num risco de tempo, ja estavamos na aduana chilena rumo a Iquique, que tem uma zona franca enorme e por isso, tem uma aduana a parte.
O amigo do Alexandre, Robert que mora em Iquique se deslocou 120 km somente para nos esperar e nos conduzir ate o excepcional hotel frente ao pacifico, onde estamos agora.
Amanha, folga novamente, e depois, iniciamos o regresso pra casa sem antes nao deixar de coletar as aguas do pacifico para ao chegar, mistura-las com as do atlantico, fechando assim, nosso projeto.
Hoje anoite, jantar especialissimo na agradavel companhia do casal Rogert e Esposa.
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[sergio pires]

7o. dia - Iquique
A cidade de Iquique surpreende. Com pouco mais de 150 mil habitantes, a economia e baseada na exploracao das minas de cobre do norte do Chile e por isso, e conhecida como a cidade dos mineiros.
Aproveitamos o dia para conhecer seus pontos turisticos e passear na enorme zona franca la existente. Praticamente tudo o que entra no Paraguay passa pelo porto de Iquique. Seus restaurantes servem excelentes frutos do mar, com destaque para os peixes do dia. Vale a pena conferir.
Amanha bem cedo, iniciaremos o nosso retorno, sem antes coletar as aguas do pacifico, para mais tarde, ja no Brasil, efetuarmos a mistura das aguas dos 2 oceanos.
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[sergio pires]

8o. Dia - Iquique - San Pedro do Atacama
Deixamos Iquique bem cedo, ainda com a cidade acordando. Pela frente, tinhamos poucomais de 750 km ate San Pedro do Atacama. San Pedro esta lotada devido a uma corrida rustica a ser realizada no proximo fim de semana. Conseguimos um hotel meio no escuro mas nao passariamos pelo Atacama sem dormir nesta cidade mistica. Ao la chegar, vimso uma cidade completamente diferente de todas. Deve ser conhecida esta mistura de geracoes, misticismo, enfim, uma cidade diferente.
Chegamos logo apos o meio dia, lanche na praca principal e la fomos procurar o hotel. Se bem que em San Pedro, nao se deve esperar um hotel do jeito que estamos acostumados, entao, o jeito foi curtir e a noite, um restaurante diferente, ruas cheias de jovens, velhos, meia idade, enfim, voces nao podem imaginar, so mesmo estando la para ver. Dolor ja descreveu a cidade quando la esteve. Cidade de loucos...ehehehe. No caminho, belissimas imagens do Pacifico, agora a nossa direita...13726
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[sergio pires]

9o. Dia - San Pedro do Atacama - Salta.
Se voce passar 10 vezes pelo passo de Jama veras coisas diferentes. O retorno maravilhoso, curtimos novamente e desta vez, ninguem passou mal pela altitude, pois dormimos em San Pedro que fica a 3 mil e poucos metros de altitude. Entao curtimos muito a passagem novamente pela mais bela rodovia da america do sul, se nao for, certamente esta entre as 3 maravilhosas sem duvida alguma. Voce, motociclista, deve pelo menos uma vez na vida, fazer o passo de Jama. Pilotar a 5 mil metros de altitude, e simplesmente a experiencia mais maravilhosa que alguem pode sentir.
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[sergio pires]

10o. Dia - Salta - Parana - 1.240 km
Resolvemos fazer uma perna mais longa e nao passar pelo Chaco, evitando assim o calor infernal que nos maltratou muito na ida. A decisao foi entao uma perna de 1.240km entre Salta ate Parana, que fica vizinha a Santa Fe. Saimos cedo, cortamos a Argentina ao meio, conhecemos a pujanca da sua agricultura e pecuaria em ricas fazendas que vimos pelo caminho. Eram 20:30 quando demos entrada num excepcional hotel na cidade do Parana, que fica fizinha a Santa Fe, porem, muito mais desenvolvida e acolhedoura. Rodamos o dia inteiro, e depois de mais de 14 horas pilotando, a Gold Wing mostrou porque e a moto mais confortavel do mundo. Tanto eu como minha querida estavamos inteiros e prontos para um jantar excepcional.
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[sergio pires]

11o. Dia - Parana a Rivera - Uruguay
Rivera faz fronteira com o Brasil pela cidade de Santana do Livramento. Tem um comercio muito bom e um excelente hotel onde resolvemos ficar. Alem das compras num excelente comercio, resolvemos descansar um pouco mais no dia seguinte. Fizemos a entrada no BRasil pela cidade de Passo de Los Libres. Gostoso estar de volta a Patria mae.
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Da esquerda para a direita: Sergio Pires, Alexandre Evangelista, Decio Severino, Alfredo Buatim e Antonio Cesar.
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[sergio pires]

12o e 13o Dias - Rivera - Pelotas - Blumenau/Floripa.
Chegamos com chuva a Santa Catarina, e ao estacionar a moto na garagem, 7.493 km no odometro registraram a viagem mais fantastica que fizemos !!. Nossos 2 amigos ficaram em Floripa, e os 3 casais, chegamos juntos a Blumenau. No caminho, fizemos a coleta das aguas do Atlantico, fechando assim o projeto " Do Atlantico ao Pacifico - Duas Rodas e Dois Oceanos" . Final muito feliz para um projeto fantastico, imagens e emocoes que ficarao guardadas para sempre em nossas lembrancas. Valeu pessoal que nos seguiu na nossa jornada.
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[Dolor]

FC Sérgio e Celise, muito bom te-los de volta depois dum tiro desse calibre, 7,5 mm, ops, km e terminar com a linda foto registrando tanto o crepúsculo do dia quanto da viagem.

Parabéns, com o lamento de terem chegado ao final da "linkagem" dos dois oceanos. Se fosse por mim estaria valendo para vocês a praga lançada aos Fazedores de Chuva, condenados a vagarem pela América sem data para o retorno.

Por favor, nos mantenham informados sobre os próximos projetos e concedam a este velho carona a oportunidade de poder acompanha-los pela pena tão bem aplicada nos escritos envolventes, além dos ótimos registros fotográficos, nos permitindo desta maneira usufruir os caminhos percorridos, pela ótica de vocês.

É um privilégio poder sentir tanta gentileza e delicadeza na descrição do diário da viagem de vocês.

Típico de um gentleman!

Ah! com relação a praga...tomara que pegue.