É um pequeno povoado, que é conhecido no nosso meio porque abriga a famosa Floresta de Placas, onde a maioria dos motociclistas gostaria de colocar uma placa de seu moto clube, como fez o Roberto, afixando em um dos totens do local uma placa dos Harley’s Dogs MC. Como nesta pequena cidade, em todos os lugares que passei, não há miséria.
Todos que vem desbravar um local como este, vem em condições de trabalhar. Se não tem a “ferramenta” apropriada para ganhar o seu pão, ou morre de frio ou vai embora. Não há como viver de migalhas. Além de descansar o corpo e a máquina e colocar o Blog em dia, fui caminhando um 2 km para espairecer e respirara a atmosfera da cidade. É raro ver alguém andando à pé pelas ruas. Pelo ronco poderoso, as grandes camionetes parecem ter dúzias de cilindros. Todos com quem cruzei, nos mais diversos lugares, sempre foram muito amáveis e educados. Nas construções, obviamente, utilizam muito a madeira e o estilo é colonial.
Aos futuros viajeros, que cruzarem a Alaska Highway, recomendo com ênfase a hospedagem no Historic Air Force Lodge (airforcelodge@yahoo.ca), pois além de ser um local extremamente agradável, é metade do preço dos demais hotéis. Além disso, o proprietário Michael Lexou é um amigo, que faz de tudo para nos ajudar. Valeu! Ir:. Michael. Muito obrigado. TFA. I love Canada.
Diário de Bordo:
Watson Lake – Taylor (Parcial = 957 Km / Total = 26.410 Km) – Quanto me preparava para partir, vejo uma camionete do Brasil toda adesivada, estacionada em frente a pousada. Infelizmente, não pude falar com os paulistas. Só podiam ser paulistas e muito bem relacionados, porque algumas logos estampadas eram todas do mais alto nível político e financeiro. Parti com um dia ensolarado e finalmente pude guardar a capa de chuva. Na Alaska Hwy ainda estava frio, mas dava para aguentar com a segunda pele e a jaqueta de couro. Mal a estrada penetrou mais profundamente na floresta, consegui fotografar um urso negro e mais a frente uma névoa muito densa encobriu tudo, me obrigando a reduzir a bastante a velocidade. Ficou bem mais frio. Mas, ainda dava para suportar. Mais a frente, o tempo abre e outros ursos negros aparecem e quilômetros a frente, vários bisões estão na estrada. Passam muitos grupos de motociclista em sentido contrário e fazem o mesmo gesto de cumprimento californiano, baixando o braço à 45º e abrindo a mão, em saudação ao motociclista que segue em sentido contrário. Mais estrada e após uma curva, freio bruscamente porque havia uma família numerosa de cabritos monteses lambendo alguma coisa nas frestas da estrada. Depois de abastecer em Coal River Lodge, o tempo abriu e esquentou um pouco. Estrada perfeita e paisagem maravilhosa, que atingiu o ápice ao penetrar na região de Muncho Lake. O cenário espetacular me obrigou a parar: entre montanhas, um lago imenso de um azul leitoso, que me lembrou a beleza do Lago Argentino, em El Calafate. A estrada seguia beirando o lago por um bom pedaço. Alguns quilômetros depois de Summit Lake, a estrada avança por entre as montanhas, é o Stone Moutains Provincial Park. O cenário é impressionante, mesmo com a chuva que voltou a fazer parte da paisagem. Abasteci em Toad River Lodge e conheci o biker John, com sua Honda Shadow, trazendo a sua casa a reboque. Passo pelo povoado de Fort Nelson e 200 km mais tarde vem a desenvolvida e bonita cidade de Fort Saint John- devia ter ficado por lá. Com preguiça de avançar até Dawson Creek, às 06:00 PM parei em Taylor e fui testar a minha teoria de hotel mais barato em cidade pequena. O chinês disse que tinha água quente e acesso Wi-Fi a Internet e como preço era razoável para a região ($70.00 CD). Paguei adiantado sem ver o quarto. Me dei mal. Além do sinal de acesso a Internet ser fraquíssimo e insuficiente, as condições do quarto eram precárias e o cheiro de mofo do tapete estava
insuportável. Lugar feio, depressivo. Sem ânimo para reclamar ou fazer qualquer outra coisa, curti a pior noite de toda a viagem.
Última edição por Renan Xavier; 02-08-11 às 00:32.
Continuamos acompanhando a trajetória de Artur Albuquerque, que está quase concluindo sua viagem. No momento, está no Canadá. Confira o post de seu blog.
Diário de Bordo:
Canmore – Banff – Canmore (Parcial = 30 Km / Total = 27.403 Km) – Hoje, com mais tempo, logo após acordar,
conclui a leitura dos Comments do Blog, que tantos amigos, disponibilizando seu precioso tempo, tiveram a
paciência e gentileza de escrever. Muito obrigado, irmãos. Desculpem-me por nem sempre poder responder. Realmente, nos momentos e dias difíceis as mensagens de apoio da família e dos amigos me trouxeram forças e levantaram o meu astral. Agora, hospedado no Hostel Bear, estou mais tranquilo porque a região é belíssima, as pessoas hospedadas são muito cordiais e como estou adiantado no meu cronograma, o custo do hostel é o ideal para eu poder esperar alguns dias, economizando energia, até poder avançar para Billings, meu próximo compromisso. Estava um sol maravilhoso e resolvi ir conhecer a pitoresca e bucólica cidade de Banff, que é como são em arquitetura e beleza, todas as cidades dessa região. Depois de passear um pouco pela cidade, fui conhecer o Indians Buffalo Nations Museum, que mostra como era o estilo de vida e traços das culturas das tribos (armas; tendas; ritual do fumo; artefatos
para cavalgar; etc) que abitavam as várias regiões, além dos vários animais empalhados (Eagle; Caribou; Buck Mule Deer; American Buffalo; Musk Ox; Rocky Mountain Sheep; Mouse; etc), que ainda existem no Canada. O nome do museu é um tributo ao Grande Chefe Walking Buffalo, que percorreu todas as nações indígenas e as principais nações modernas do mundo, pedido que os povos vivessem em paz e que os índios fossem tratados pelo homem branco como um irmão.
Depois, acelerei a Electra, subindo a montanha para conhecer o Banff Gondolas Explore. Não fiz o passeio de gondola porque imaginei que lá em cima deveria estar muito frio – estava sem agasalho – além do preço do passeio ser o valor de um pernoite no hostel. Satisfeito por ter saciado a curiosidade, voltei para Canmore. Na cidade, procurei um lugar agradável para tomar um café. Estacionei em frente um lugar bonito e agradável. Tinha um casal sentado logo na mesa da frente, junto a calçada. Perguntaram sobre a viagem que eu estava fazendo e começamos a conversar, inclusive sobre o as grandes cidades do Brasil e seus cinturões de miséria (periferias e favelas). Derek e Diana são canadenses, residentes em Calgary e estavam em Canmore a passeio. Derek também é motociclista e ambos, muito gentis e atenciosos, me convidaram para conhecer Hot Springs. Para acompanhá-los retornei Banff e voltei subir a montanha onde fica a Gondola, pois um pouco mais a cima era Hot Springs, um complexo estrutural criado há muitos anos, em função de uma límpida e quente piscina natural. Passamos a tarde de molho em uma água, que vinha do coração das montanhas, com 39ºC. Acho que os últimos resquícios do pó do Alasca, que estavam entranhados na minha pele, ficaram na famosa piscina do Canada. Quando tentei fotografar o local e o casal de amigos, a carga da bateria tinha acabado. Mais tarde, me convidaram para jantar. Ante tanta gentileza e amabilidades dos novos amigos canadenses,
não tinha como lhes dizer não. Fomos comer fundi de legumes e carnes exóticas, além de uma garrafa de vinho para comemorar a nova amizade e a minha viagem, no Gryzzlly Restaurant, em Banff. Casa muito bonita, bem decorada com serviço e comida excelentes. Na hora da conta, perguntei se a casa aceitava cartão de crédito e o Derek falou: “nem pensar”, pois eu era seu convidado. Em certa oportunidade, a Diana me confidenciou que o Derek tinha ficado impressionado com a minha viagem e tinha ficado muito feliz em me conhecer. Em seguida, mostraram-me várias coisas interessantes em Banff e à noite, antes de seguirem para Calgary, me conduziram até Canmore, na porta do hostel. Fiquei feliz com tanta atenção e cordialidade e triste por não ter como agradecer. Em homenagem aos novos amigos
canadenses, Derek e Diana, transcrevo o que o Grande Chefe Pés Pretos Walking Buffalo disse, à época, aos presidentes do Canada e de outras grandes nações, que estavam apoiando a sua luta em prol da paz entre o homem branco e todas as nações indígenas: “vim encontrar com estranhos e achei meus irmãos".
GCFC Artur está em Great Falls e Billings. Já são mais de 28 mil quilômetros rodados. Estamos acompanhando esta aventura do Grande Cacique Fazedor de Chuva a partir de seu blog.
Diário de Bordo: Great Falls – Billings (Parcial = 379 Km / Total = 28.496 Km) – O céu continua azul e no início da manhã o clima ainda está frio. Mas, desde Calgary, já é possível viajar sem qualquer agasalho especial. saindo da cidade, registro algumas imagens de Great Falls e sigo em busca da placa que indique as rodovias 200, 87 e 3 E, que me levarão a Billings. Mantendo o motor em um regime de 2.500 giros, a Electra serenamente corta a grande pradaria; surgem pequenas elevações espalhadas pelo campo e as fazendas já estão preparando os rolos de feno para estocar o alimento do gado para o longo inverno. A raça de gado preferencial sem dúvida é o Angus, preto e vermelho, que é visto na maioria das pastagens. Após o meio-dia, a jaqueta de couro já é dispensável. Às 02:00 PM, no posto de gasolina Conoco, após a bifurcação para Harlowton ou Billings, o PHD Magnus Valente com a sua Dyna preta e vermelha, enquanto me esperava, saboreava um típico cachorro-quente. Cumprimento o irmão brasileiro, agradecido por me receber e vou rapidinho pegar o meu. Conversamos algum tempo e pegamos a estrada. Após percorremos uns 200 km, chegamos a sua bela e confortável casa, onde sua esposa Karole e seu filho de 10 anos Nicholas, todos brasileiros, estavam nos aguardando. Bom estar entre amigos e poder conversar em nossa língua natal, até tarde da noite. Eu lhes contei sobre a parte da viagem no extremo Alaska e ele sobre a realização do sonho de sua família, ao ter sido convidado para vir trabalhar nos States, em 2009. A sua expertise na área de automação e o seu positivismo frente a vida com certeza absoluta em breve lhes darão o Green Card.
Última edição por Renan Xavier; 10-08-11 às 11:36.
Diário de Bordo: Billings – Hill City (Parcial = 641 Km / Total = 28.758 Km) – Parti de Billings com um dia maravilhoso e o ar ainda gelado. O destino era Hill City e deixei o GPS presenteado pelo meu amigo Magnus Valente me levar – agora que estou mais tecnológico, vou ter que mudar o meu discurso de old school sobre o uso do GPS. No caminho, uma infinidade de Harley transitava em pequenos grupos, pelas estradas, em todas as direções. Fui conhecer o local onde aconteceu uma das batalhas mais espetaculares da colonização americana, protagonizada pelo Gen. Custer, entre soldados e índios: The Little Bighorn Battlefields National Monument. Em cada posto de gasolina e em cada bar de cruzamento de estradas, havia uma grande quantidade de Harleys e as pessoas comemoravam aquecidas pelos raios de confraternização, que se irradiavam desde Sturgis. Era uma grande e contagiante festa. Parei para abastecer, vieram conversar comigo sobre o adesivo do Alaska, na minha Electra e me sugeriram ir conhecer a Devil’s Tower; saí 60 km da rota. Agora, com GPS podia abusar. Sol brilhante, clima agradável, a estrada adentrando a mata, parecia um jardim florido de Harleys. Passei por Deadwood, que é uma linda cidadezinha, que mantem a arquitetura dos idos dos anos 1800 e a mesma atmosfera de aventura no jogo e na busca de ouro. A noite chegava e as centenas de faróis de motocicletas iluminavam todas as direções da Black Hills National Forest. Com a alma leve e o coração cheio de felicidade, cheguei a Hill City. Viagem fantástica, principalmente para um velho motociclista, que viaja sozinho, desde o Alaska.
GCFC Artur, uma alegria poder estar viajando contigo!
Tenhas certeza de que depois, passado o tempo, em casa, chegarás a conclusão que poderias ter "ficado" um pouquinho mais nas estradas, principalmente aí, nos Estados Unidos, onde a viagem, decididamente, não é uma aventura, e sim, um belo passeio.
Não estou aqui para ensinar o padre a rezar a missa, mas aí, encostado de Sturgis, está um dos lugares mais lindos dos EUA, o Mount Rushmore National Memorial, em Keystone, além de uma série de atrações, que já deves estar a par.
Simplesmente, imperdível, assim como o passeio de trem pelas Black Hills.
Gorgeous!
Abraços
Dolor
Presidente dos Fazedores de Chuva
Recebemos mais algumas notícias do GCFC Artur Albuquerque. Confira abaixo.
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Diário de Bordo: Rapid City – Albert Lea (Parcial = 830 Km / Total = 29.748 Km) – Os amigos do Harley’s Dogs MC partem e quando estou preparando a Electra para seguir meu curso, chegam o Edinho e o Aloisio, que tinham se hospedado no meu hotel, na noite anterior. Estou me sentindo um vampiro; é como se eu me alimentasse da presença dos amigos. Então, resolvemos seguir juntos até Milwaukee. Partimos tarde; o Aloiso na moto e o Edinho no
carro. Iríamos até onde fosse possível. Pernoitamos em Albert Lea, às 09:00 horas da noite.
Diário de Bordo: Rapid City – Acordei cedo e parti para o hotel onde estava hospedada a galera da excursão do Gilberto – Brazilian Bike Travel. Não podia deixar de dar um abraço em todos, principalmente, nos meus irmãos PHD Cacau (Salvador – BA) e no PHD Nabuco (Rio – RJ). Quando cheguei, já estavam preparando mais de 15 motos para a partida. O carro de apoio do grupo era um grande caminhão que levava as malas; e inclusive já guardava uma motocicleta – alguém já devia estar enjoado de pilotar. Falei e abracei todos os amigos e tiramos umas fotos. Em seguida, voltei para o meu hotel em tempo de encontrar com a minha turma – além do Lelinho, eu era o segundo “agregado” aos Dogs – e irmos passear na região do Rushmore Mt. À noite, me levaram para jantar no “Red Lobster”, a fim de honrar a promessa feita a mim pelo Presidente do Harley’s Dogs, o Robertinho. Além do privilégio da convivência, de compartilhar a alegria e o companheirismo como integrante circunstancial do grupo, o Peter ainda fez a gentileza de colaborar com alguns tanques de gasolina para a minha volta. Viver pela primeira vez a experiência de passear de Harley pelas estradas infestadas de motos das Back Hills e
Badlands, no encontro de Sturgis – para quem é fissurado em motociclismo – é algo muito especial; e ainda na companhia de amigos como o Peter, Renato, Kappa, Ricardo Bruno, Julio e Lelinho foi a melhor consagração de uma viagem de sonhos, que eu poderia imaginar. Ao meu irmão Roberto e amigos dos Harley’s Dogs MC, muito obrigado.
GCFC Artur Aluquerque está retornando. Deve passar hoje pela Ciudad del Mexico. Trazemos aqui o último post de seu blog.
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Diário de Bordo: Matehuala – San Miguel de Allende (Parcial = 391 Km / Total = 34.927 Km)
Parti sem a companhia do Sol. O dia de viagem iniciou-se semi-nublado, frio e escuro. Durante o alvorecer, uma neblina forte cobriu a estrada e reduzi a velocidade. Numa viagem desta, cair, nem pensar. Passei por várias cidadezinhas interessantes e a estrada era o que tinha de mais moderno. Muitas gasolineras davam tranquilidade quanto ao combustível. Em Dolores Hidalgo, tirei uma foto da bandeira nacional “à meio pau”, em sinal de luto nacional.
Mas, chegar a San Miguel de Allende me deu mais tranquilidade. Cidade histórica, bem conservada, muito bonita e turistas por toda parte. E o sol de domingo dava ares de dia de festa. Quando vagava pela cidade em busca de hotel, encontrei um grupo de Harleyros que me aconselhou a procurar hotel próximo ao centro da cidade. Fui ver a Pousada La Aldeia, muito cara. A Casa Bonita achei muito aconchegante, confortável e com preço razoável ($650.00). Nesta esta etapa da viagem, viajando sozinho, adoto a filosofia espartana: pouca comida, hotel barato e gasolina à vontade. Mas, o alto astral da cidade me convidava a relaxar. Depois que me acomodei e deixei a Valiente em na garagem fechada coberta, fui “turistar” um pouquinho: coloquei minhas sandálias havaianas, uma calça de agasalho e tomei o rumo da Plaza Principal.
A arquitetura histórica conservada, incluindo o calçamento de pedras das ruas, cada esquina exige admiração. Para concluir o papel de turista, fui almoçar tacos no restaurante TenTen Pie – com direito a uma taça de vinho, uma torta de limão e um gostoso café local ($233.00) – onde o gerente Pablo Sánches Navarro me atendeu com toda cortesia e amabilidades, além de tirar uma foto minha, fazendo um brinde especial. San Miguel de Allende é tão agradável, tem tantas obras belas para se ver, que é um lugar que vale a pena voltar.
O povo mexicano, alegre, receptivo e amigável, merece muito reencontrar a paz. Amanhã, passo pela Ciudad de Mexico, paro para apreciar a Heroica Puebla e pretendo pernoitar em Oaxaca, seguindo o roteiro de lugares imperdíveis, sugeridos pelo Edinho.
GCFC Artur, muito bom saber que tudo caminha bem.
O conselho é o de sempre: desfrute!
Estás muito próximo de León, onde temos o GCFC Manuel e os amigos do Iron Wing. Para teu conforto, segue o email do Manuel: quintacuarto@gmail.com e os telefones: 477 670 1085 (celular) 477 717 2407 (res), que penso, deverias telefonar. Não deixe também de chamar o Braga, em Oaxaca, cujo número, imagino devas ter. Caso contrário, me informe.
Abraços
Dolor e Angela